A truculência da Polícia do Paraná com a chegada de Francischini

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Uma série de iniciativas do novo secretário de Segurança Pública do Paraná revela a atuação desmedida e ameaçando o trabalho de jornalistas

Jornal GGN – O ex-deputado federal, Fernando Francischini assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, em uma das iniciativas do então governador Beto Richa (PSDB) de reformulação do sistema de segurança do estado, quando transformou a Secretaria da Segurança Pública em Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária.

Assim que assumiu a pasta, Francischini recebeu a diretriz para a condução do cargo: “ser firme”, “tirar bandidos das ruas”, “apreender mais armas”, “voltar com as gratificações [aos policiais]”, “colocar autoridades dentro dos presídios”. Na contramão da política de desarmamento, uma das iniciativas adotadas que causou polêmica foi a de oferecer um “bônus” ao policial que apreender mais armas.

“O governador Beto Richa, quando assumiu o governo do estado em 2010, tinha um dos piores salários da polícia do Brasil. Tinha o menor efetivo per capita de policiais militares. Teve um aumento muito grande de cargo, implantação de subsídio. Tudo isso influenciou e jogou o estado quase no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que atrapalhou muito o governador”, defendeu o secretário, em uma entrevista ao G1, em dezembro do último ano, justificando a radicalidade que adotaria pela frente. 

Disse que aceitou o desafio do cargo porque tinha a certeza de que o governador iria ajudá-lo. 

Mas o “pulso firme”, que em tese visaria à melhora para a questão da segurança no estado, não foi consenso, e respingou na liberdade de imprensa. Um coronel aposentado da Polícia Militar, Eliseo Furquim, descreveu a “cultura da violência” que estava sendo praticada pelas tropas. 

Ao colunista da Gazeta do Povo, Celso Nascimento, o coronel e outras fontes sigilosas contaram sobre a visão ultrapassada de políticas de segurança de Fernando Francischini. 

O alerta foi dado: “estamos arriscados a voltar aos tempos do tacape e da truculência policial, atropelando-se preceitos básicos do Estado Democrático de Direito e desrespeitando direitos humanos”.

Ex-policial militar e policial federal, Fernando Francischini chegou a levar o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, conhecido pela sua truculência no trato com a realidade das quadrilhas de traficantes cariocas, ao governador Beto Richa e à equipe policial paranaense – ato considerado impróprio, pelas diferenças de realidades. No mesmo encontro, Francischini também propôs integrar as duas polícias, sob o “sistema Beltrame”, para assegurar a fronteira do Paraná.

Uma semana antes da publicação de Celso Nascimento, a polícia do Paraná havia deflagrado a Operação Lei e Ordem, que prendeu e acorrentou 68 pessoas da periferia pobre, acusadas de crimes variados – as reuniões e diretrizes de Francischini começavam a ter contorno.

“Nascimento: precisamos urgentemente da sua pena! Você, como jornalista, pode nos ajudar: o governador ainda vai se arrepender de ter colocado esse Francischini na secretaria; ele está implantando a ‘cultura da violência’ nas polícias do Paraná. Vai dar porcaria. Precisamos alertar o governador”, exclamou, em outro dia, o coronel Eliseo Furquim ao jornalista.

Naquele mesmo dia, 15 de janeiro, pouco tempo depois de conversar com o coronel, o jornalista entrou em uma via na contramão e foi parado por agentes da polícia, que o abordaram com extrema truculência durante mais de duas horas.

Após nova coluna descrevendo o fato, o secretário de Segurança Pública respondeu em rede social acusando Celso Nascimento de ter tentado uma “carteirada” para evitar a autuação.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se manifestou, lamentando o ocorrido. “Ao acusá-lo publicamente e tentar minar-lhe a credibilidade, o comandante da tropa transmite uma mensagem perigosa à corporação – tal e qual anunciado na coluna de Celso Nascimento”, publicou em nota.

Outros casos de abordagem repressiva contra jornalistas já foram divulgados, como a prisão do repórter Iverson Vaz, da CNT, que narrava ao vivo a ação dos policiais, depois de um ataque a um caixa eletrônico, e foi detido por ultrapassar o cordão de isolamento da PM. 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

21 Comentários

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  1. Este Fransciquini tem

    Este Fransciquini tem historia, e historia podrissima….é só investigar-lo……o Estado do Paraná vai virar um SP, cheio de homicidios ocultos, execuçoes secretas, tiros nas costas e enterro clandestino dos corpos nos canaviais, limpeza genetica de pobres, negros, nordestinos e por ai vai……tipo o que o Alckmin faz em SP???

  2. Este Fransciquini tem

    Este Fransciquini tem historia, e historia podrissima….é só investigar-lo……o Estado do Paraná vai virar um SP, cheio de homicidios ocultos, execuçoes secretas, tiros nas costas e enterro clandestino dos corpos nos canaviais, limpeza genetica de pobres, negros, nordestinos e por ai vai……tipo o que o Alckmin faz em SP???

  3. paraná o melhor estilo coronelismo

    O fraco richa precisa de um truculento para blindar-se.

    O richa elegeu-se no mesmo esquema de estelionato do mentor alkimin. Não falta água apenas isto e o cabo eleitoral neste estado super conservador foi o anti petismo. O governador foi blindado quando prefeito e a imprensa, apenas um orgão filiado da globo, sempre amitiu a nulidade gerencial deste menino mimado; nada fez como prefeito e muito menos como governador.

    Uma greve detonada por falta de pagamentos do estado à rede municipal de transporte e que já completa o segundo dia, dá a dimensão deste gestor da escola psdb.

  4. é dna tucano, sim, mas esse

    é dna tucano, sim, mas esse francischini tem um

    caráter meio fascista,-nazista, direitista,  que é de arrepiar os cabelos. 

    autoritário, típico fundamentalista, parece um débil mental

    de um discurso de uma nota só

    a dirigir uma secretaria de tanta importancia para a população.

    a característica persecutória dele é denotada nos seus pronunciamentos políticos.

    só gera o medo e a insegurança.

    cria um clima de terror que só beneficia a  tal da bandidagem,

    as estatísticas de crimes aumentam e ele cada vez tende a aumentar o autoritarismo.

    esperamos que o governador demita-o para o bem da segurança paranense.

    mas o governador deve apoiá-lo porque assim desvia do assunto principal,

    que é a quase falencia economica do estado por completa ineficiencia administrativa.

    como se viu no ataque à imprensa,francischini  não aceita críticas.

    está acostumado ao esquema de conluio nacional

    da grande mídia com os intereses tucanos, que sempre o beneficiou.

    como ex-agente da pf, ninguém  duvida que esteja envolvido

    com os agentes vazadores do

    processo do lava-jato.

    é uma piada o cara  dar bonus para o policial que apreender armas:

    ele mesmo apareceu num progrqam de tv

    policial com um revólver na cintura.

    esse tal de bonus, aliás, tem exemplos correlatos que o

    denunciam com seus conluiados.

    ao mostrar descaradamente sua arma, incentiva os tiroteios

    iguais aos dos  velhos filmes do velho oeste.

    o manicomio judiciário deveria tomar severas providencias.

  5. Esse sujeito é dos poupados pelo Lava Jato do Sérgio Moro e cia

    Esse sujeito é um dos mentores da República do Paraná do imperador Moro e cia, alguém se lembra dele no Lava Jato

     

    Francischini escondeu um dos suspeitos da Lava Jato

    QUA, 28/05/2014 – 13:56
    ATUALIZADO EM 28/05/2014 – 17:43
     

    Jornal GGN – Considerado um dos canais de vazamento da Operação Lava Jato da Polícia Federal – que investiga a atuação do doleiro Alberto Youssef -, o ex-delegado e deputado federal Fernando  Francischini, do partido Solidariedade (ex-PSDB), deixou de divulgar um dos nomes que surgiram nos grampos da polícia: ele próprio.

    Seu nome foi diretamente envolvido nas negociações entre Yousseff e o deputado Luiz Argolo, também do Solidariedade.

    Lá pelas tantas, Argolo diz a Yousseff que está fechando um acordo “que acho que vai dar certo”. “Francischini fica na liderança fazendo o papel combinado com a gente e eu farei como primeiro vice-líder o encaminhamento em prol do governo e do Palácio. Já falou comigo.”

    A conversa se refere a um suposto acordo entre Argolo e a empreiteira OAS, representada pelo diretor Mateus Coutinho. Por ele, Argolo prestaria apoio ao Palácio e deixaria Francischini trabalhando na ponta contrária, de interesse da OAS.

    Yousseff gostou do combinado:

    – Ótimo, esse é o jogo. Depois colocamos Francisquini no bolso. Um de cada vez!

    E elogia a esperteza de Argolo:

    – Você é fodinha!

    Depois, Argolo pergunta a Yousseff se deve aceitar a Comissão de Orçamento ou a vice-liderança do partido. Yousseff recomenda a vice-liderança, porque assim vai estar com o governo e terá mais controle sobre Francischini.

    Provavelmente a estratégia de Francisquini, ao comandar o vazamento seletivo do inquérito Lava Jatos, foi ganhar imunidade dos jornais. De fato, vazaram até conversas entre o deputado André Vargas e Yousseff usando o nome do ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha em acordos totalmente improváveis.

    Mas o acerto de Yousseff e Argolo, bastante provável – dado o fato de Francischini integrar o Partido de Argolo – permaneceu blindado.

     

    https://jornalggn.com.br/noticia/francischini-escondeu-um-dos-suspeitos-da-lava-jato

     

  6. Truculência ?
    Este é o modo

    Truculência ?

    Este é o modo tucano de governar que,apoiado pela mídia porca deste país,consegue respaldo em boa parte da classe média obliterada pelas visões arcaicas dos colunistas de aluguel.

    Este sujeito,e basta dar uma rápida busca na internet,é quase consenso entre bicudos sem plumagem e,talvez,com alta plumagem.

    O momento do confronto de ideias está cada vez mais próximo após a direita midiática ter abusado de todo tipo de artimanhas para desestabilizar o governo e baixar a autoestima do povo brasileiro.

    O ministro Berzoini certamente comandará este processo e,talvez,possamos finalmente ter uma mídia isenta,pilar fundamental da democracia.

  7. Gangsters

    A cultura da violencia é exibida tambem em outros aspectos do estado:

    Falta de pagamento para fornecedores, sequestro dos precatorios, o tratamento dispensado aos motoristas durante a presente greve, negativas constantes quando pedido informações sobre saude e educacao no estado, cobertura para bandidos que reinam na camara legislativa, etc, etc. Hoje o Parana foi tomado pelo poder paralelo, pela máfia que tem nos tucanos apenas um dos seus braços.

  8. Até tu Francischini

    Acho que a polícia tem que ser enérgica, mas com uma cultura de boa educação, nós temos que respeitá-la pelo que representa e não por medo. Decepcionante, a gravação da policial mostra algumas verdades que estavam escondidas…

  9. Tentou dar carteirada…

    Essa desculpa da carteirada é mais furada que peneira, e só atesta a falsidade da versão do secretário Francischini.

    Carteirada pode ser enquadrada de diversas formas na lei criminal. De ameaça a falsidade ideológica. E por que então o jornalista não foi preso, quando tentou dar carteirada nos PM’s?

    Houve um crime ou tentativa e a polícia liberou sem motivo? O secretário Francischini sabia disso e não mandou apurar a conduta dos policiais desidiosos? Então Francischini prevaricou?

    Como dizia meu avô, na sua humilde sapiência: “é mais fácil pegar um mentiroso do que um coxo”…

  10. PARANÁ X SÃO PAULO

    A  partir da derrota do Aécio, houve uma cisão no partido, e o PARANÁ, agora está querendo dar as cartas no  PSDB.

    Parece haver um projeto já articulado para o BETO RICHA ou o MORO em 2018, com o apoio do AÉCIO, em detrimento de qualquer candidato  de SAO PAULO.

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