Entre lucros e dívidas, o status da gestora de presídios no Amazonas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Enquanto a empresa que administra o presídio onde ocorreu o massacre de 56 presos no Amazonas, na última semana, a Umanizzare Gestão Prisional faturou R$ 651 milhões nos últimos três anos, grupo ligado à Umanizzare acumulou dívidas que hoje atingem os R$ 200 milhões.
 
O Grupo Coral é um conglomerado de 11 empresas, com sede em Goiás, que teve a decretação de sua falência em 2015. Antes atuante como uma das principais companhias em serviços de limpeza, conservação e vigilância, o Grupo entrou com pedido de recuperação na Justiça em 2011, anunciando dívidas de R$ 76 milhões.
 
Em 2015, a Coral não conseguiu se recuperar e teve falência decretada pelo Estado de Goiás. A massa falida, por outro lado, se manteve com uma dívida somente entre credores privados estimada em R$ 140 milhões.
 
As informações são do repórter Leandro Prazeres, do Uol, que levantou que das 11 empresas do grupo, 9 acumulavam dívidas de pelo menos R$ 61,7 milhões com a União. “Somadas, as dívidas do grupo com credores privados e a União totalizam aproximadamente R$ 201 milhões”, calculou a reportagem.
 
Entretanto, não é apenas de dívidas que o cenário do conglomerado vive. Isso porque a suposta relação da gestora do presídio do Amazonas com o conglomerado não alterou o lucro que a Umanizzare Gestão Prisional Ltda. obteve de pelo menos R$ 650 milhões entre 2013 e 2016, na gestão de cinco unidades prisionais.
 
O elo entre as duas empresas seria o empresário Lélio Vieira Carneiro Filho, um dos sócios da Umanizzare, que chegou a ser CEO do Grupo Coral, além de filho do próprio fundador do conglomerado em Goiás.
 
Segundo levantamento do Portal da Transparência do Estado de Goiás, a Umanizzare faturou R$ 14,2 milhões em 2013, chegando a R$ 300,9 milhões em 2016.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Qualquer contrato de

    Qualquer contrato de terceirização de presidios, dada a questão do risco de letalidade e por envolver a ordem e a segurança publica no seu nivel mais alto deveria obrigatoriamente ser examinado e aprovado pelo TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO e pelo Departamento Penitenciario Nacional do Ministerio da Justiça.

    E um tema de SEGURANÇA NACIONAL e não pode ser só aprovado pelo governador do Estado . Quando ocorre um fato como o do Amazonas, o dano é AO PAIS e não só ao Amazonas.

  2. Isso é inconstitucional. A
    Isso é inconstitucional. A guarda de cidadãos apenados é atividade exclusiva do Estado e não pode ser transferida a iniciativa privada. E da mesma categoria das atividades de fiscalização e policiamento. Só o poder público pode exerce-la.
    Nós EUA essa experiência de prisoes privadas tornou um problema de política nacional. Formaram-se grandes corporações faturando alto por preso “administrado”. Com isso passaram a gastar muito dinheiro com lobbies nos legislativos por legislações penais com mais encarceramento e por mais tempo.

    1. isso….

      O Brasil é de muito fácil explicação. Quer dizer que o problema nunca foi dinheiro. Alias, dinheiro nunca foi problema no país para nada. Como ele escorre ao largo de uma sociedade servil que não tem capacidade alguma de organizar-se é que nos transforma nesta aberração mundial. 220 milhões de lucro por ano. Divida isto pelo número de presos e veremos que seria mais fácil deixá-los em casa vigiados por uma equipe de guardas permanentes e exclusivos. E ainda sairia mais barato. Nossa limitação e atraso assombra o mundo.  

  3. Scapezzare la Umanizzare

    Negócio bom! Deixa a máfia descobrir… de gestão de presídios e lavagem de dinheiro eles entendem melhor do que ninguém…!

    E sabem também a diferença entre umanizzare e scapezzare.
     

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