Como religar a esquerda: para além do complexo do umbigo, por João Feres Jr

por João Feres

1.      Programa da Mídia Ninja sobre comunicação e democracia no Brasil no contexto do golpe. Fui convidado pelo amigo Miguel do Rosário, do Cafezinho, por ser coordenador e criador do Manchetômetro, e lá debatemos com blogueiros e outras pessoas que trabalham com mídias alternativas.

2.      Dia seguinte ao segundo turno das eleições municipais no Rio de Janeiro, o mapa das votações é divulgado, revelando o que muitos temiam e que tantos outros, como eu, já pressentiam: Freixo não conseguiu quebrar o padrão do primeiro turno de ter sua votação concentrada na Zona Sul e suas adjacências. Isto é, não conseguiu penetrar os bairros mais populares da cidade.

3.      Domingo, dia 6 de novembro, participo de reunião para discutir a formação de uma frente ampla de intelectuais e ativistas progressistas com vistas a dar alguma unidade às esquerdas tanto para resistir ao golpe quanto para apoiar candidaturas viáveis nas eleições de 2018.

Uma coisa me impressionou nessas três experiências recentes, todas relacionadas com a esquerda: notei uma tremenda dificuldade dos principais agentes de conceberem ações que tivessem um alcance para além de seu próprio nicho.

Os blogueiros e midiáticos alternativos têm uma incrível fé de que a virada do jogo virá pela internet. Acertam em identificar a questão da comunicação como crucial para o atual embate político brasileiro – coisa que poucos analistas fazem mesmo nos dias de hoje, depois de tudo transcorrido. Ela sempre foi, só a esquerda que não percebeu. Lula, o campeão das eleições presidenciais, se achava invencível perante uma mídia que a seus olhos fenecia por decrepitude. Dilma, então, dispensa comentários. Dizer que o único controle da mídia que conhece é o remoto é algo de uma imbecilidade sem par. Deu no que deu.

Os alternativos, talvez por vício de posição, também não têm solução para o problema a não ser sonharem em se levantar pelo cadarço das próprias botas. Na verdade, trata-se de um grande complexo de umbigo: imaginam o cidadão à sua imagem e semelhança e não veem que uma porção imensa da sociedade brasileira recebe suas notícias do rádio, do Jornal Nacional e do WhatsApp, mas não de Facebook, Twitter ou blogs cult.

A derrota da campanha de Freixo tem a estampa do umbigo. Candidato queridinho da zona sul carioca, dos mesmos bairros onde ribombavam as panelas contra Dilma e o PT, a mensagem de Freixo não chegou ao povo, ou se chegou não convenceu. Será que os eleitores de Freixo vivem nos mesmos apartamentos dos batedores de panelas? Espero que algum survey possa deslindar esse mistério em um futuro próximo. Dizem que Freixo se gabou de não ter usado grupos focais na campanha. Seja por soberba, falso moralismo ou puro amadorismo, fato é que se tornou um exemplo clássico de esquerda em busca de povo.

Na reunião da frente de resistência ao golpe também presenciei a síndrome do umbigo. Tudo é apresentado como sendo muito horizontal, pois organizado pela internet – como se algum serviço de internet tivesse a capacidade de organizar um debate entre pessoas sem que alguém não tenha que mediar e ao final tomar as decisões importantes. Mas o problema não está aí, mas sim na vida para além da internet. Como chegar às dezenas de milhões de brasileiros que não são usuários contumazes do Facebook?

Esse é o grande problema que a esquerda brasileira, parcialmente desconectada dos movimentos sociais de base pela corrosão sofrida pelo PT e pelo posterior desenrolar do golpe: como efetuar a reconexão? Sua solução não é simples, pois a luta pelos corações e mentes dos brasileiros mais pobres é altamente competitiva e a esquerda tem aí um contendor formidável, as igrejas evangélicas.

Seu poder eleitoral foi ainda acrescido pela proibição das doações empresariais e a diminuição do período de campanha – ao diminuir o poder de influência do capital e a capacidade de comunicação direita dos partidos essas medidas contribuem para potencializar a capacidade que as igrejas têm de influenciar eleições e eleger candidatos próprios. Os partidos políticos, vilipendiados pela grande mídia, com menos caixa de campanha e horário eleitoral reduzido à metade têm dificuldade de competir, quanto mais os de esquerda.

Se há solução para a esquerda em nosso país ela passa necessariamente pela superação do complexo do umbigo e por um plano efetivo de religação com as classes populares. É preciso conceber modos de competir com as igrejas evangélicas conservadoras. Essa estratégia deve incluir alianças com setores mais progressistas entre os evangélicos e uma mudança de prioridades nas ações dos movimentos e frentes de esquerda, especialmente na área da comunicação. Não há viabilidade para a esquerda se ficarmos restritos ao circuito Elizabeth Arden da intelectualidade do eixo Butantã-Zona Sul carioca.  

Redação

18 Comentários

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  1. Perfeita a análise.
    E eu me

    Perfeita a análise.

    E eu me lembro da análise leviana de um celebrado sociólogo que se referiu a influência das igrejas pentecostais como positiva para a política no Brasil. Sei …positiva para o atraso e para a imposição de retrocessos sociais, hipocrisia e corrupção. E viva Eduardo Cunha, o mais célebre dos evangélicos eleito. Não que o Marco Feliciano lhe fique a dever. Ao contrário, não consta que Cunha tenha atacado nenhuma mulher como esse canalha atacou a mocinha que o denunciou.

    1. Qual é o nome desse sociólogo?

      Vera Lúcia,

      Qual é o nome desse sociólogo?

      Li quatro livros de Jessé Souza, li e assisti a algumas entrevistas concedidas por ele. Não me lembro dele ter dito que as igrejas neopentecostais tenham influência positiva no que diz respeito à formação política ou para que os eleitores fizessem escolhas políticas que ele considera positivas ou mais a adequadas para o Brasil. O que já li e ouvi de Jessé Souza é que essas igrejas proporcionam um certo alento às famílias pobres e desestruturadas, de modo que a fé muitas vezes retira as pessoas pobres e desesperançadas do caminho quase fatal das drogas e do crime. Jessé Souza diz e escreve isso com base em pesquisas e estudos experimentais que ele, alunos e colaboradores desenvolveram.

      Não tenho apreço ou a mínima simpatia por qualquer uma dessas igrejas neopentecostais; considero seus líderes e pastores grandes charlatães e vigaristas da pior espécie. Mas muitas pessoas que freqüentam tais igrejas são trabalhadoras e dizem que essas igrejas as ajudaram a encontrar um caminho e rumo para suas vidas. O que Jessé Souza expõe nos livros que escreveu – pelo menos naqueles que eu li – não é uma simpatia, opção ou condescendência com os pastores e líderes dessas igrejas neopentecostais; o que ele relata é o efeito percebido e observado na vida da população mais pobre, excluída e que vive à margem da sociedade, quando ela é cooptada pelas igrejas neopentecostais.

      O resutado da eleição municipal no Rio mostra que as igrejas neopentecostais têm sido mais eficientes na comunicação com a parcela mais pobre e excuída. Digo isso com a maior tranqüilidade e como alguém que participou e contribuiu com as campanhas de Marcelo Freixo e Jandira Feghali. A propósito: no último dia 30, ao andar pelas  ruas do Méier e observar a movimentação das pessoas, comentei com minha mulher que eu havia visto poucas pessoas com adesivos do Crivella e um número significativo de pessoas com adesivos de Freixo. Num breve resumo que o arkx fez sobre as zonas eleitorais daquela região, os resultados mostram que Feixo foi mais votado ali do que Crivella. E a região do Méier é no máximo – com boa vontade – uma região de classe média, média-baixa e pobre. Isso mostra que é preciso cautela e um pouco mais de rigor nas análises. Na ZO do Rio, Freixo teve votação quase inexpressiva, assim como em bairros mais pobres da ZN; mas a votação dele não se restringiu à ZS, como acabei de mostrar.

        1. Ufa! Não me enganei nem entrei em curto-circuito.

          Prezada Vera Lúcia,

          Leitora assídua,  atenta e observadora que és, você deves ter percebido que faço críticas duras tanto a Aldo Fornazieri quanto a Wanderley Guileherme dos Santos, considerados ‘intelectuais esquerdistas’, mas que se mostraram oportunistas, detonando a Esquerda, sobretudo o PT, para garantir holofotes e microfones do PIG/PPV, para divulgarem livros, artigos, pesquisas e trablahos de que participam. Eles se mostraram hipócritas e apenas após a consumação do golpe ousaram chamar a Fraude a Jato pelo que de fato é: uma Fraude Política, uma ORCRIM institucional.

          Subescrevo tua crítica.

          Saudações.

           

  2. Governos de Esquerda: sucesso na AL

    Os dois países da América Latina que têm estabilidade política e mais crescimento econômico são governados pela Esquerda por dois mandatos (Bolívia) e por três na Nicarágua. Esses dois países não sabem o que é crise econômica:

    https://actualidad.rt.com/opinion/alfredo-serrano-mancilla/222573-bolivia-economia-eficazmente-precavida

    http://www.telesurtv.net/telesuragenda/Por-que-Daniel-Ortega-goza-de-tanta-popularidad-en-Nicaragua-20161027-0005.html

  3. A despolitização da classe média e o contraponto a mídia

    Prezado João Feres Jr., talvez, parte da resposta, esteja contida neste post (publicado neste espaço, ver link abaixo), onde é analisada a atuação de um segmento específico da sociedade – o dos servidores públicos – e sua importância na construção e na desconstrução de um novo modelo de estado voltado ao bem estar social…

    https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-despolitizacao-da-classe-media-e-o-contraponto-a-midia

    A progressiva despolitização da classe média/servidores públicos e o contraponto à mídia.  

    A questão fundamental em relação ao PT é o atual descompasso entre os servidores públicos e sua atuação.

    As categorias de servidores públicos sempre deram um respaldo politico fundamental para o Partido dos Trabalhadores.

    Explico.

    A grande mídia sempre teve a mesma hegemonia e sempre agiu contra o partido dos trabalhadores e suas organizações, sejam eclesiais, de classe, sindicatos, etc.

    A diferença é que, durante largo período, este setor, formado por servidores públicos, por suas condições financeiras (razoáveis) e por sua origem, em parte decorrente do ingresso no serviço público por meio de concurso, num pais em que, antes da CF/88, o compadrio e a indicação politica era a regra, serviu de amparo ás ideias e politica desenvolvidas por este segmento político partidário.

    No caso, também é de ser ponderado que esta afinidade e defesa, deve-se, em grande parte ao fato, que em razão da proximidade do período da ditadura militar, onde a atividade e a difusão de ideias, de forma livre, para militantes de esquerda, era reprimida, e que em decorrência deste alinhamento ideológico com o regime, a iniciativa privada vetava sua contratação, tais empregos públicos, se configuraram como uma espécie de tábua de salvação para este grupo, o único local seguro, que lhes dava estabilidade no emprego e lhes permitia adquirir certa liberdade e independência, econômica e politica.

    Estabeleceu-se assim, no serviço público, em face da tal conjuntura, a possibilidade de criação de uma grande massa crítica, resultante da junção destes militantes de esquerda e de livre pensadores.

    Este setor público mais qualificado, logo passou a compor um grupo diferenciado junto a classe média e a intelectualidade de origem liberal, sendo este primeiro grupo, em razão de sua politização e de sua luta pela democratização do país, em pouco tempo, passou a ter ascendência sobre os demais.

    Este setor, que de pronto colocava em xeque a antiga forma de ingresso e seus malefícios remanescentes, ou seja, a indicação de chefias incompetentes, em razão da antiga forma de critério, da amizade e da indicação, trouxe novos ares e passou a espalhar sua forma de pensar também em relação a outros campos da politica e logo se tornou hegemônico e a difundir suas ideias, não somente afetas às relações de trabalho, mas à toda estrutura politica e social que havia erigido tal sistema viciado.

    Passaram com o tempo, a fazer o contraponto a mídia, a qual, perante suas reinvindicações, tendia sempre a defesa do sistema e à manutenção do status quo politico e econômico, de modo que, sistematicamente distorcia suas demandas.

    Criou-se, então, um colchão de resistência e desmistificação das noticias da mídia, o que oportunizou ao PT, o necessário contraponto à força dos grandes grupos de comunicação.

    Entretanto, com a  ascensão do partido dos trabalhadores ao poder, houve uma forte valorização do setor público, em razão da politica adotada pelo ex-Presidente Lula,  caracterizada pelo reforço da estrutura do Estado em suas atribuições bem como numa maior  inserção deste na economia.

    Dentro desta visão de Estado, criou-se um grande numero de vagas junto ao serviço público, a serem preenchidas mediante a realização de uma quantidade considerável de  concursos.

    Tais oportunidades, num pais que carecia de empregos com amparo salarial forte, passou a ser ocupado majoritariamente pela classe média, por pessoas oriundas da classe b e c, com boa capacidade intelectual e formação acadêmica.

    Os cidadãos oriundos deste extrato social, ao obterem sucesso em concursos públicos com bons salários, consideraram de plano que haviam obtido uma condição social condizente com seus atributos, e mais, decorrente de seu próprio e único esforço – esqueciam o pressuposto básico, ou seja, que antes de alguém poder passar em um concurso, por sua competência, teria que necessariamente ter havido um concurso, o que somente se deu nos governos Lula e Dilma com a derrota da tese do Estado mínimo.

    Prossigo.

    Conjuntamente com estas medidas, houve a valorização de todos os servidores, inclusive dos  antigos, que apesar de sua forma de ingresso, também passaram a ter o status de elite do serviço público.

    Alterou-se, desta forma, aos poucos, a correlação de forças que havia permitido a formação de um pensamento progressista e com forte inclinação social, e que servia de contraponto à grande mídia, em todos os setores.

    Passaram a existir, dentro do serviço público, conjuntamente com este setor progressista e politizado,  a ala antiga, que ingressou sem prestar concurso e a nova – egressos após 2005, estes sem a memória dos anos de 1994 a 2002 da era FHC e sem a carga ideológica da luta contra a ditadura, sendo que em sua maioria, característica dominante deste grupo, tinham como objetivo a ascensão social através do serviço público.

    Dentro desta nova conformação, passou a se constituir uma nova base de pensamento, conservador e utilitário, que veio a se consolidar com o aumento do poder aquisitivo.

    Anoto, ainda, que, não obstante a qualificação efetiva destes servidores e dos serviços públicos prestados, o caso é que, estes novos servidores consideram que seu trabalho (provavelmente decorrente de sua qualificação pessoal) é extremamente importante e mais, deve continuamente ser valorizado monetariamente.

    Frustrados perante esta continua progressão monetária, passam a ter um viés crítico em relação ao governo, que não lhes oferece novas oportunidades de crescimento funcional e, lógico, salarial.  

    Neste interregno, sobreveio a crise econômica mundial, a qual os atinge no auge de sua realização pessoal enquanto consumidores, ou seja, viajantes do mundo, degustadores de bons vinhos e frequentadores de restaurantes de qualidade diferenciada do ponto de vista financeiro e de classe social.

    Assim, após alguns anos, tendo sempre usufruído de aumentos reais de salários e reestruturações de carreira, após 2011, houve uma retração nestas medidas, de modo que, várias carreiras de serviços públicos ou mesmo de servidores que tenham ingressado neste período de valorização salarial, inevitavelmente passaram a sentir uma diminuição de seu padrão de vida.

    Isto se refletiu imediatamente na questão politica, pois, sendo oriundos de uma classe média despolitizada, o que, unido ao sentimento de desvalorização – que se traduzia tanto no campo monetário, quanto em seu sentimento interno de pertencimento a uma classe historicamente depreciada no que tange ao seu real valor, fez com que, grande parte destes setores, mudassem a postura em relação ao governo.

    No caso o mesmo fenômeno que fez surgir o sindicalismo de resultados, se tornou forte no serviço público federal, e isso, neste final de mandato de Presidenta Dilma, se fez sentir mais forte, com a substituição de lideranças sindicais progressistas por setores conservadores e de outros que se aliaram a estes para tomarem a  direção das entidades de classe, e que nada mais passaram a fazer do que alimentar a insatisfação salarial e direcioná-la em forma de culpa ao governo Dilma.

    Ponto.

    A questão crucial, na realidade é que este setor que servia de amparo ao governo contra a politica sistemática contrária, veiculada através da grande mídia , deixou de fazer o contraponto, e, pior, muitas vezes passou a servir de caixa de ressonância.

    Por ser ideologicamente fraca ou mesmo de origem conservadora, aderiu facilmente a teses contrárias ao governo, bem como, neste embate ideológico, se ressente de uma falta de pertencimento de classe, em outros termos, não se considera como pertencente a classe dos trabalhadores.

    Para finalizar esta breve provocação, a atual falta de politização, detectada nesta campanha presidencial,  é a mesma que foi vista nas manifestações de junho de 2013, quando este grupo de pessoas foi às ruas.

     

     

  4. Sugestões para a guinada

    Excelente análise. Chegar ao povo mais pobre e à classe média baixa –  hoje e também no passado, lembrem do sucesso do Maluf, mais ‘ligados’ aos próceres’ da direita e agora aos seus aliados sentados nas igrejas pentecostais –  não é fácil. Mas sempre há brechas nas muralhas mais intransponíveis. Se fosse assim, o mundo ainda seria como no passado. O grande avanço das políticas inclusivas do PT é que provou ao povo que ele pode sim ser beneficiado pelo Estado, independente de suas crenças religiosas. É por aí que o trabalho das esquerdas, hoje desvinculadas do povo real, deve começar.  Sugestões. Seria bom o PSOL abandonar a sua política de críticas ácidas aos governos Lula-Dilma como fazia na Av. Paulista de SP engrossando o caldo do PSDB, sem entender o seu alcance popular, se quiser se qualificar hoje à conquista das camadas mais despossuídas do país. Seria bom o PT revigorar sua direção com gente jovem, dinâmica e não burocrata como se comportava até a queda de Dilma e continuar a defender as medidas dos governos Lula-Dilma, defesa que estava bem pálida para contrapor os ataques da direita que está convencendo as pessoas de que suas medidas vão salvar o país . Seria bom o PCdoB voltar aos seus primórdios quando fez campanhas inéditas contra o custo de vida em SP com grande sucesso popular. Seria bom o PDT voltar também ao seu antigo caudal bizolista defensor sobretudo da educação inclusiva e deixar de aceitar qualquer político vinculado à direita como faz hoje apenas para aumentar em números o seu quadro no Legislativo.

  5. ex-querda: o complexo do umbigo

    de fato, o maior dos muitos problemas da ex-querda é sua renitência em referenciar-se ao próprio umbigo. e o próprio texto acima é um dos grandes exemplos desta maldição.

    -> Candidato queridinho da zona sul carioca

    primeiramente, Crivella venceu em:

    Freixo venceu em:

    por fim (no momento), quanto a maciça votação de Crivella na Zona Oeste é necessário considerar, entre outros fatores, que também fazem parte da Zona Oeste carioca os bairros da Barra da Tijuca e do Recreio.

    quando a ex-querda para de olhar para o próprio umbigo, e se livrar de seus estereótipos e preconceitos, talvez comece a se religar com a realidade.

    .

     

    1. Haja denegaçao…

      Mas o voluntarismo caracteriza desde antes os psolistas, que acham que governantes têm vara de condao e podem dispensar apoio.

  6. E agora, José?

      As esquerdas nunca tiveram apelo popular no Brasil. Lula rompeu com este paradigma ao ser eleito presidente e até o primeiro mandato da Dilma o assistencialismo foi a política implantada com sucesso pelo PT. Os exemplos são o Fome Zero, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e financiamentos voltados a gerar emprego para o povão. Com as manifetações de 2014, em que a esquerda se une a direita em ataques a Dilma, somadas a crise econômica que finalmente atinge o Brasil, o governo do PT fica muito vulnerável e acaba caindo num golpe lançado pela dobradinha Cunha/Temer, amplamente apoiado pela mídia e justificado pelo STF. Esta população orfã do assistencialismo é captada pelos evangélicos e dificilmente uma esquerda burra tipo PSOL conseguirá romper este apelo.

      Mas a crise continua e se a coisa enfeiar mais ainda, o povão deve voltar a apoiar Lula em 2018. O empresariado que não enxerga nenhuma luz no fim do túnel vai se lembras do crescimento econômico entre 2002 e 2014 e deverá também voltar a apoiar o expresidente.

     O PT no entanto deve pensar menos no poder pelo poder e não se deixar novamente cair no toma-lá-dá-cá pelo apoio político.

    Este governo fascista e antidemocrático que ocupou o Planalto não deve resistir até 2018, nas eleições municipais deste ano foram descartados nos grandes centros e não serão páreo para 2018. O adversário será o PSDB com seus apoiadores na grande mídia e STF.

  7. Whatsapp

    A solução é usar maciçamente o whatsapp, que todo mundo tem hoje, como meio de propagar informações sobre a verdade por trás das igrejas e seus pastores, que tem como único objetivo sugar a economia dos pobres fiéis. Exemplo: O vídeo do Edir Macedo ensinando como tirar dinheiro dos fiéis.

  8. A conexão da esquerda com movimentos sociais de base adiantará?

    Eu não considero o PSOL, nem o PT, nem o PSTU nem o PCdoB como partidos de esquerda. Se foram esquerda, agora estão no mínimo no centro tendendo para a direita. Mas admitamos, por amor ao debate, que eles sejam ou foram de esquerda. A conexão de tais partidos com os movimentos sociais de base adiantaria alguma coisa?

    Acho que não. O PT nasceu e esteve conectado desde o seu nascimento com os movimentos sociais de base mas, apesar dessa conexão, o Lula só foi eleito em 2002, quando assinou a Carta para acalmar os mercados. Quem elege candidatos não é o povo, é o poder econômico. O povo apenas legitima, com seu voto, as eleições burguesas.

    Prá quem discorda que não é o poder econômico que elege candidatos, basta ver que a maioria da elite brasileira é contra o financiamento público de campanhas eleitorais e a favor das ‘doações’ privadas, inclusive e principalmente de pessoas jurídicas.

  9. Afinal existe um milhão de moradores da Zona Sul e Tijuca?

    1 milhão de votos da Zona Sul? Ou escondem a força que pode lutar contra Temer?

    Em contraponto à crítica interessada da Globo e de alguns blogs petistas, demonstramos nesta análise dados reais da votação no Rio para pensar não somente o que foi a votação, mas mais importante o que fazer agora.

    (…)

    Afinal existe um milhão de moradores da Zona Sul e Tijuca?

    mapa do G1 sugere que sim

    A Zona Sul está bem longe de representar 40% dos votantes do Rio de Janeiro, ao contrário da grosseira manipulação dos dados através de um mapa colorido, seja no G1 ou nesta outra matéria do Blog O Cafezinho, para expressar qual candidatura foi majoritária em cada distrito. As cores escondem uma votação que na maioria dos locais esteve “pau-à-pau”. Mas antes de abandonarmos as cores e ir aos números, é preciso alertar os que são de fora do Rio, que mesmo em áreas da Zona Sul há grandes concentrações de trabalhadores e do povo pobre. Afinal, há favelas por todo o Rio, até mesmo Copacabana, escondida atrás dos prédios, tem uma parcela significativa de seus votantes que são moradores de morros.

    Freixo ganha de Crivella em Botafogo, Urca, Humaitá, Leme, Copacabana, Gávea, Leblon, Cosme Velho, Laranjeiras, Jardim Botânico, Lagoa. Ipanema se divide em duas Zonas, em uma Freixo ganha, na outra é Crivella. Na região central, ganha na Cidade Nova, Santo Cristo, Catete, Glória, Lapa, Santa Teresa, Bairro de Fátima, Catumbi, sendo Centro e Santo Cristo divididos em duas zonas, Crivella ganhando nas outras duas. Mas é na Zona Norte onde os números são mais fortes: ganhou em Andaraí, Vila Isabel, Grajaú, Tijuca, Maracanã, Engenho de Dentro, Méier, Todos os Santos, Cachambi, Del Castilho, Engenho Novo, Maria das Graças, Rocha, São Francisco Xavier, Lins de Vasconcelos. Cachambi, Engenho Novo, Maria das Graças e Del Castilho também estão divididos em mais de uma Zona.

    Botafogo, Humaitá, Cosme Velho, Laranjeiras, Urca, Jardim Botânico, Lagoa, Catete, Glória, Lapa, Grajaú, Vila Isabel, Maracanã, Tijuca, Freixo consegue mais de 60%, sendo a maior votação sua a de 67,01% em Cosme Velho e Laranjeiras, que se compararmos em números absolutos, são parcos 18.705 eleitores frente aos 55.037 Tijucanos e uma parte dos moradores do Maracanã que votaram em Freixo. Ou 101.975 se incluirmos o resto do Maracanã, Vila Isabel, Grajaú e Andaraí, uma massa de trabalhadores do funcionalismo público, e setores de classe média além de constar na área destes bairros o Morro dos Macacos, Formiga e várias outras favelas onde se encontram setores mais precários do proletariado dos serviços e comércio (o rio tem pouco proletariado industrial).

    Não há que duvidar que os 170.577 votos daqueles bairros da Zona Norte aonde Freixo ganhou de Crivella são mais que os 129.366 votos nas áreas da Zona Sul aonde ele também ganha. Agora se contarmos apenas os votos das urnas aonde Freixo perdeu na Zona Norte, é que teremos a verdadeira proporção do Rio: 404.546, três vezes a quantidade de votos das urnas ganhas na Zona Sul! Isto acontece porque grande parte desta longa área da cidade, eminentemente mais pobre, onde, não obstante, também há classe média e burgueses (muito minoritariamente) Freixo emparelha Crivella que ganha por menos de 55% em Cascadura, Encantado, Quintino, Piedade, Bocaiúva, Água Santa, Brás de Pina, Olaria, Penha, Engenho de Dentro, Cordovil, Parada de Lucas, Vila da Penha, Vista Alegre, Vila Kosmos, Vicente de Carvalho, Fundão, Galeão, Jardim Guanabara, Portuguesa, Tubiacanga, Tomás Coelho, Abolição, Pilares. Traduzindo, o mapa oculta que Freixo perdeu mas teve muito expressivos 45% dos votos em bairros pobres, proletários, como a maioria dos listados acima, que incluem, entre outras coisas, os chamados “complexo do Alemão”, da “Penha” e o Morro do Dendê.

    As áreas em que Crivella teve um pouco mais de 70%, ficam na Zona Oeste: Bangu, Senador Camará, Guaratiba, Sepetiba, Santa Cruz, Nova Sepetiba, Pedra de Guaratiba, Campo Grande, Senador Vasconcelos; e no extremo Norte do município, beirando a Baixada: Deodoro, Anchieta, Parque Anchieta, Ricardo Albuquerque, Costa Barros, Pavuna, Acari, Irajá. Ou seja nestas regiões onde há um peso maior das milícias, dos evangélicos de políticos que a mídia volta e meia fala que constituem “currais eleitorais”, Crivella ganhou mas mesmo assim expressivos 30% votaram de outro modo.

    Dos números ao que fazer agora…

    Essa polêmica, iniciada em torno de números e bairros tem outro objetivo: se houve mais de um milhão de votantes, em sua maioria funcionalismo público, jovens, com grande peso de setores onde predomina a classe média (Tijuca) mas também obteve expressivo 49% em locais tão precários e moradia de trabalhadores como a Maré, esse um milhão de votos poderia ser um ponto de apoio para desenvolver uma grande luta contra a PEC 241, a reforma do ensino médio, o “Escola sem Partido” e tantos outros ataques que atravessam o plano federal e chegam ao plano municipal.

    A polêmica dos números diz respeito a uma imagem que se tem do Rio, e que os próprios votantes tem do seu voto e suas perspectivas atuais. Cair na imagem vendida pelo Globo e pelos blogs ligados ao petismo que polemizamos acima significa aceitar a prostração, resumir nossa atividade política às urnas de pouco em pouco, aceitar que é necessário “governar para todos”, ser uma “oposição responsável” como Freixo afirmou recentemente.

    Essa é perspectiva que o PT educou e moldou gerações. É possível e necessário desenvolver outra perspectiva. Como disse Carolina Cacau, colunista deste Esquerda Diário “Devemos batalhar pra fazer do Rio, que foi um contraponto nacional ao fortalecimento da direita, um grande impulso na resistência a todos ataques dos golpistas e da direita. É com essa perspectiva que nós do MRT e do Esquerda Diário participamos sem nenhum sectarismo desse movimento, batalhando por um programa anticapitalista, confiando que os trabalhadores e jovens podem avançar nesta perspectiva e fazer desses votos uma força contra Crivella, Pezão e Temer. Esse movimento deve começar por cercar de solidariedade as mais de mil ocupações de escolas e universidades em todo o pais, apoiar as greves que começaram a acontecer nas universidades de todo país contra a PEC 241 e outras medidas de Temer, e todas as demais lutas que estão em curso contra os ataques da direita e da patronal. Exigimos que a CUT, CTB e os sindicatos dirigidos pelo PT rompam com sua trégua com Temer e coloquem suas forças a serviço dessas batalhas para que possam ser verdadeiramente massivas e vencer”.

    1. Boa análise, apesar de alguns erros e redundâncias.

      Esta análise está em sintonia com o comentário-resposta que postei, dialogando com a Vera Lúcia. É preciso cautela e rigor ao analisar a votação obtida por cada candidato, nas diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro. A simplificação que se tenta fazer, atribuindo o rótulo de ‘Mauricinhos da Zona Sul’ ao eleitorado que escolheu Marcelo Freixo ou chamando de manipulados, cegos, ignorantes ou simples massa de manobra dos charlatães e picaretas todos aqueles que escolheram Marcello Crivella é de uma leviandade e desonestidade intelectual inominável.

      Mas é certo que na ZO do Rio, assim como nos bairros do extremo norte da cidade, mais pobres e desestruturados, a vitória de Crivella foi esmagadora. Enganam-se os adeptos e simpatizantes do PSOL ao pensar que esse partido ocupará o lugar do PT; não existe a mínima possibilidade disso acontecer, pois o PSOL não possui nem raízes  nem a legitimidade que o PT possuía no início. Ademais as condições históricas, sociais e políticas de hoje são totalmente desfavoráveis à consolidação de um partido de Esquerda. Quantas prefeituras o PSOL obteve em 2016? Quantos votos o partido obteve nessa eleição? Quantos vereadores elegeu? Houve crescimento em relação a 2012? Em qua capital ou grande cidade o PSOL elegeu o prefeito?

      Ao contrário da Direita, que se une para tomar ou conquistar o poder, a Esquerda e suas facções preferem brigar entre si. Não podemos esquecer que as manifestações de 2013 foram as sementes do golpe de Estado; e nelas estavam o PSTU e o PSOL. Marcelo Freixo, a quem apoiei para prefeito, se acovardou e nada disse sobre o golpe de Estado que destituiu a presidenta legítima, Dilma Rousseff. Jean Willys, um dos deputados mais combativios e atuantes, por pouco não pôs tudo a perder, impedindo a ida de Marcelo Freixo ao 2º turno,  ao dar declarações estapafúrdias, inoportunas e extemporâneas. Luciana Genro é aquela que, para obter os holofotes e microfones do PIG/PPV, tece loas a Fraude a Jato; na conta dela deve-se colocar a culpa pelo fato da Esquerda não ter ido ao 2º turno em POA. É de uma Esquerda como essa que a Direita oligárquica e plutocrática precisa, para sempre continuar no poder. Se as lideranças do PSOL não reverem a postura e a forma de se posicionar e atuar, esse partido corre o risco de ficar conhecido como ‘aquele que foi sem nunca ter sido’. De que adianta o puritanismo se o partido não consegue eleger prefeitos de cidades importantes, não consegue eleger governadores e não consegue chegar à presidência da república? Como o partido vai implementar um programa de governo e uma forma diferente de governar se não consegue eleger chefes do Executivo em médias e grandes cidades, em estados importantes da federação e muito menos o presidente da república? Apenas um partido revolucionário, que pregue a tomada do poder por meio da revolução, pode manter uma linha radical e inflexível, sem concessões, mantendo a ‘pureza ideológica e de princípios’. O PSOL não é e nunca foi esse partido; portanto as lideranças psolistas têm de repensar a estratégia e a forma de atuação, caso tenham pretensão de que o partido possa crescer e eleger chefes do Executivo.

  10. Competição com as igrejas e cooperação com os Cristãos?
    “Os cristãos devem optar definitivamente pela Revolução e muito especialmente em nosso continente, onde é tão importante a fé cristã na massa popular. Mas os cristãos não podem pretender na luta revolucionária, impor seus próprios dogmas, nem fazer proselitismo para suas igrejas: devem chegar sem a pretensão de evangelizar os marxistas e sem a covardia de ocultar sua fé para assemelhar-se a eles.
    Quando os cristãos se atreverem a dar um testemunho revolucionário integral, a Revolução Latino-Americana será invencível, uma vez que até agora os cristãos permitiram que sua doutrina fosse instrumentalizada pelos reacionários”. – Che GuevaraA cooperação com os cristãos de boa vontade é mais importante do que a competição com as igrejas evangélicas reacionárias.

  11. Se não entenderam que aqui no

    Se não entenderam que aqui no Rio de Janeiro houve 47% de votos nulos, abstenções e votos brancos (como voto de protesto), ainda estão bem longe de qualquer compreensão 

    A campanha do Freixo foi turbinada pela/o Globo

    A campanha do Crivella pelas pentecostais

     Os cariocas disseram não à Globo e não à Igreja

    Ps, nenhum do dois candidatos falou do golpe,  da PEC 55, e outros assuntos que dizem respeito à problemática da atualidade brasileira; “pecaram” feio!

     

  12. Ao citar o Butantã, o autor

    Ao citar o Butantã, o autor está sendo otimista. Em São Paulo, o ”Tranquilão” Haddad se muito, nem chegou a cruzar a ponte Eusébio Matoso, ficando na hipsterlândia da Vila Madalena e adjacencias…

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