Com imagem negativa criada por Dória, 99 e Uber recuaram de acordo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Dória fez confusão: anunciou as corridas gratuitas, sem acordo formal. Ambas empresas, por outro lado, tentaram driblam imagem negativa estendendo os descontos
 
 
Jornal GGN – A desistência da parceria criada pelo prefeito de São Paulo, João Dória, com as empresas Uber e 99 Taxis para fornecer transporte supostamente gratuito a servidores que quisessem trabalhar neste 28 de abril, dia de greve geral, ocorreu por uma grande confusão criada pelo próprio prefeito.
 
Ainda na tarde desta quinta-feira (27), Dória divulgou um vídeo no Facebook anunciando que os 136 funcionários públicos que precisassem se transportar para trabalhar na greve geral teriam um benefício dos aplicativos de graça. 
 
Em uma mensagem enviada aos próprios funcionários, destacava-se que as viagens seriam “inteiramente gratuitas, ou seja, as empresas doadoras não cobrarão nada da prefeitura ou dos servidores”. A medida provocou uma grande reação popular, com as acusações de que a Uber e a 99 Taxis estariam estimulando o boicote à Greve Geral, uma vez que dariam a alternativa de ida ao trabalho.
 
O GGN apurou junto às empresas para entender como ocorreu essa parceria. A 99 Taxis informou que não se tratava de um desestímulo à greve, mas de “fornecer às pessoas uma alternativa de transporte, seja para ir ao trabalho, às manifestações, aos hospitais ou qualquer outro lugar”.
 
A empresa planejou um desconto especial para este 28 de abril, nas principais cidades do país, oferecendo R$ 20 em duas corridas para todos os usuários, que estará disponível das 0h até às 23h59 desta sexta-feira.
 
O GGN questionou, então, o acordo fechado com a prefeitura de São Paulo, tentando estimular os funcionários públicos a não aderirem à greve geral contra as reformas trabalhistas e da Previdência. “A 99 vai estar ao lado de todos os brasileiros que escolherem se movimentar amanhã. Independentemente do seu destino, seja para ir ao trabalho, às manifestações, levar alguém ao hospital, ou qualquer outro lugar”, disse.
 
Admitiu que a Prefeitura de São Paulo “pediu ajuda à 99 para transportar seus servidores”, mas não confirmou que financiaria a corrida gratuita, ao contrário, revelou que era apenas um desconto. E que, após as críticas, a empresa estendeu o benefício à toda a população brasileira. 
 
“As manifestações nas redes sociais ocorridas na noite de quarta-feira foram feitas antes de a 99 anunciar este seu posicionamento. A partir de agora é possível avaliar nossa postura, com informação completa”, emitiu a empresa em nota, ao GGN.
 
Também questionada, a empresa Uber não explicou se estava aderindo a algum tipo de apoio à decisão da Prefeitura de São Paulo, tampouco trouxe detalhes solicitados pelo jornal. Encaminhou, apenas, a descrição do desconto válido somente para os horários de pico neste dia de Greve Geral.
 
Conforme o GGN mostrou em reportagem, a empresa estava oferecendo duas viagens de R$20 de uberPOOL, que é a modalidade de mais de uma pessoa compartilharem o mesmo carro, para quem precisasse sair de casa justo nos horários de entrada e saída dos expedientes: das 7h às 11h e 16h às 20h.
 
Matéria publicada pela Revista Época trouxe, ainda, outra versão do caso. Segundo apuração da publicação, as duas empresas “foram pegas de surpresa com o anúncio do prefeito”, nesta quinta (27), quando não havia nenhuma parceria formal fechada.
 
Mas, diante das críticas e repercussões negativas, ambas as empresas driblaram a suposta tomada de posição contra a greve, informando que os benefícios e descontos estavam estendidos à toda a população. 
 
Foi somente quando Dória anunciou a desistência de pagar a viagem a seus funcionários públicos, que a revista trouxe a informação de que a medida partiu das próprias empresas, Uber e 99 Taxis, que recuaram nas negociações com a Prefeitura de São Paulo.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. J DÓRIA É A COISA MAIS PERIGOSA PARA O BRASIL

    Muito mais do que Collor foi, ele é o candidadto não só da mídia, como da mídia muito piorada que a da época de Collor. Ele representa o tipo de empresário que só quer se aproveitar das coisas do estado. E ele representa os que são assustadoramente contrários às causas populares.

    Merece esta marcação cerrada que jornalistas sérios e preocupados com os destinos do país, como é o caso do Nassif. É preciso estar diuturnamente divulgando o atraso que eles representam.

     

  2. É preciso descobrir qual a

    É preciso descobrir qual a mutreta por trás dessas doações. No meio de uma recessão surge drone, viatura, remédio, reforma de estátua. É muita empresa que de repente acordou de boa vontade, depois de um sono de 30 anos. Ou então alguns advogados descobriram um esquema novo. Vai ter isenções no futuro?

    Eu aposto na ficha de que serão abatidas do imposto de renda, seja das doadoras, seja pelas ongs vinculadas a elas.

    Sendo um fornecimento de produtos ou serviços mediante contraprestação, teria de haver licitação. Sem isso se frauda a Lei de Licitações e de concorrência. Com a declaração de impostos estando sujeitas ao sigilo fiscal, vai ser quase impossível descobrir essa fraude pelas empresas, a menos que alguém escorregue.

  3. Já desinstalei. Pra não ficar
    Já desinstalei. Pra não ficar sem opção tô migrando pró Cabify, porque encarar amarelinho no rio de janeiro é osso.

  4. O Dória diz que não houve greve em SP mas xinga grevistas

    O João Dória, Prefeito de Sampa, negou a greve, que se houve greve, ela durou apenas cinco minutos. Se não houve greve, porque ele agrediu os Grevistas, chamando-os de Vagabundos?

    Ao negar a greve e xingar os Grevistas, o João Dória se assemelha ao pai que mandou o filho ir à feira comprar uma abóbora e este se recusou, alegando que o povo da rua o chamava de Cabeção. O pai lhe diz que é mentira do povo, que sua cabeça não é grande, é normal, etc e coisa e tal. Aí o filho, convencido de que sua cabeça é normal, concorda em ir à feira, comprar a abóbora. Já de saída, ele pergunta ao seu Pai:

    – Pai, dentro de que eu vou trazer a abórora?

    – Traga dentro do seu bonezinho, Meu Filho.

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