“Clima de Guerra”: megaoperação policial em favelas na Zona Norte do Rio deixa ao menos sete mortos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Moradores relatam tensão e violações de direitos pelos policiais. Vias foram fechadas e mais 20 mil alunos afetados

Com a megaoperação da PM em curso, o clima é de guerra na Zona Norte do Rio de Janeiro. | Foto:© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os complexos do Alemão e da Penha, além do Conjunto de Favelas da Maré, todas na Zona Norte do Rio de Janeiro, são alvos de uma megaoperação da Polícia Militar (PM) em conjunto com a Polícia Civil desde as primeiras horas desta terça-feira (27). 

Todas as áreas são dominadas pelo Comando Vermelho (CV), a maior facção do tráfico do estado. Até o momento, ao menos sete suspeitos foram mortos, três ficaram feridos e dois foram detidos. Além disso, dois PMs ficaram feridos. 

O número de vítimas, no entanto, pode ser maior. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram moradores carregando corpos de pessoas baleadas nas favelas. 

O portal dedicado à cobertura de notícias da região, Voz das Comunidades, traz à tona relatos da tensão e de violação de direitos pelos policiais, que estariam invadindo residências sem autorização. Segundo a publicação, o clima é de guerra na região.

Trabalhadores enfrentam dificuldades de se locomover até seus locais de trabalho, já que as principais vias de acesso para o interior das favelas estão fechadas e os ônibus estão sendo obrigados a mudar o itinerário.

Além disso, por causa da operação, mais de 20,5 mil estudantes de escolas municipais estão sem aulas, informou a Secretária Municipal de Educação.

As operações 

De acordo com as corporações, a megaoperação que tenta prender chefes do Comando Vermelho atinge todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, além de comunidades próximas como Flexal, Trem, Engenho da Rainha, Juramento, Juramentinho, Ipase, Guaporé, Tinta, Quitungo e Cidade de Deus.

Agentes das duas polícias, incluindo os do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), fazem parte da operação. 

Mortos e feridos 

Mortos em São João de Meriti

Durante a madrugada, equipes do 21º Batalhão da Polícia Militar (BPM) trocaram tiros com criminosos que saíam do Complexo da Penha com destino à comunidade do Trio de Ouro, no Centro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. 

Quatro suspeitos ficaram feridos e foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jardim Íris, mas não resistiram. 

Mortes na Flexal

Já outros quatro suspeitos foram baleados na Comunidade da Flexal, durante confronto com policiais. Desses, três morreram.

Confronto em Nova Brasília

Na favela de Nova Brasília, no Alemão, criminosos armados atiraram contra o Bope e houve confronto. Três suspeitos foram atingidos e socorridos.

Prisões

No Quitungo, dois adolescentes foram apreendidos com rádios comunicadores e droga por equipes do 16º BPM (Olaria).

Policiais

No Complexo da Penha, um policial do Batalhão de Choque foi atingido no braço e levado para o Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio. O estado de saúde dele é estável.

Um policial do 3º BPM (Méier) foi ferido por estilhaços durante as ações. Ele foi atendido no Hospital Municipal Salgado Filho e seu quadro é estável.

Escolas fechadas

A Secretaria Municipal de Educação informou que, na região do Conjunto de Favelas da Maré, 24 escolas foram fechadas, afetando 8.140 alunos.

No Complexo da Penha, 16 unidades escolares foram impactadas e 4.894 alunos estão sem aula.

Já no Complexo do Alemão, 20 escolas também fecharam, atingindo  7.185 alunos.

Da rede estadual, duas escolas abriram no Alemão, e outras duas na Maré, mas o governo ainda não informou quantos estudantes foram afetados.

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