A conta Petróleo e a Balança Comercial

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por Roberto São Paulo / SP-2010

A conta Petróleo e a Balança Comercial

—-A redução de exportações de petróleo e derivados em 2013  foi de 28,4% e as importações aumentaram 16,3%, em relação a 2012. Assim, o déficit na conta petróleo passou de US$ 5 bilhões para US$ 20 bilhões. “Temos investimentos crescentes em novas plataformas de petróleo e a expectativa para os próximos anos é de que tenhamos maior produção e exportação de petróleo e derivados. Além de uma menor importação deste produto, revertendo o déficit”, disse o secretário.—

Exportações brasileiras em 2013 têm terceiro melhor resultado da história

02/01/2014-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

De janeiro a dezembro de 2013, as exportações brasileiras chegaram a US$ 242,2 bilhões, o que representa o terceiro melhor resultado da série histórica da balança comercial brasileira, inferior apenas ao que foi registrado em 2012  (US$ 242,6 bilhões) e 2011 (US$ 256 bilhões). Os embarques brasileiros ao exterior no ano passado praticamente repetiram o resultado alcançado em 2012, com redução de 1%. A diferença corresponde a US$ 399 milhões. Menos do que é registrado, em média, em um dia útil de vendas a outros países.


As importações anuais chegaram a US$ 239,6 bilhões, o maior volume já registrado, com crescimento de 6,5% em relação a 2012.  Com esses resultados, o saldo comercial foi de US$ 2,5 bilhões e a corrente de comércio, soma de importações e exportações, atingiu US$ 481,8 bilhões, com crescimento de 2,6% em relação a 2012 (US$ 465,8 bilhões). É o segundo maior valor já registrado, atrás apenas do recorde de 2011(US$ 482,3 bilhões).

Em entrevista coletiva para comentar os dados, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho, explicou que o resultado da balança comercial em 2013 foi influenciado pelas exportações e importações de petróleo e derivados – a chamada conta petróleo.
“Este é um saldo comercial esperado. Nos últimos meses, sabíamos que teríamos um pequeno superávit comercial que se concretiza com este resultado. Tivemos um ano  bastante difícil em função da conta petróleo, da baixa demanda externa e da queda de alguns preços. Por isso, mais uma vez, afirmo que o saldo comercial é conjuntural, e que tem todos os elementos para se recuperar nos próximos anos”, disse Godinho.

A redução de exportações de petróleo e derivados em 2013  foi de 28,4% e as importações aumentaram 16,3%, em relação a 2012. Assim, o déficit na conta petróleo passou de US$ 5 bilhões para US$ 20 bilhões. “Temos investimentos crescentes em novas plataformas de petróleo e a expectativa para os próximos anos é de que tenhamos maior produção e exportação de petróleo e derivados. Além de uma menor importação deste produto, revertendo o déficit”,disse o secretário.

Conforme Godinho, a menor produção de petróleo e derivados neste ano é resultado basicamente da parada para manutenção programada tanto de plataformas e de refinarias. “São paradas planejadas, mas que impactaram o resultado final de 2013. A menor produção também se deveu a uma queda natural de produção de poços antigos, que serão substituídos por novos. De um lado, temos a realidade da menor produção e, de outro, o consumo mais elevado de petróleo e derivados, por vários fatores”, detalhou.

O secretário também chamou a atenção para o crescimento de 1,8 % nas exportações de manufaturados em 2013, com destaque para o crescimento nas vendas de automóveis (+47,2%). Outros produtos que tiveram crescimento de vendas em relação ao ano anterior foram soja  em grão (+ 30,7%), obras de mármore e granito (+25,4), minério de cobre (+20,9%), couro (+20%), carne bovina (+19,2%), milho (+17%) e celulose (+10%).  Outro dado positivo é o primeiro aumento, desde 2007, no número de empresas exportadoras, que passou de 18.630 para 18.810.

No geral, houve aumento da quantidade exportada em 2,8%, resultado superior à previsão do Fundo Monetário Internacional  (FMI)  de acréscimo de 2,7% às exportações mundiais em 2013. Já os preços dos produtos que o Brasil vende para outros países caíram, em média, 2,9%.

Em relação aos mercados de destino das exportações brasileiras, Godinho destacou o crescimento de 10,8% nas vendas para a China, que chegaram a US$ 46 bilhões, um recorde no comércio bilateral. O maior valor registrado até então era US$ 44,3 bilhões, em 2011. Também mereceram destaque na apresentação do secretário de Comércio Exterior os  crescimentos dos embarques brasileiros para Argentina (+8,1%), Coreia do Sul (+4%), Hong Kong (+ 35%), Países Baixos (+14%), Angola (+10%), e México (+5%).

Entre as importações, foram destaque as compras de bens de capital, que aumentaram 5,4% no acumulado do ano, em relação a 2012, o que, segundo o secretário, aponta para uma forte retomada de investimentos produtivos no país.

O secretário também explicou como funcionam as exportações das plataformas de petróleo (nota abaixo). Em 2013, o Brasil exportou 7 plataformas para exploração de petróleo e gás, no valor de US$ 7,7 bilhões. São operações que foram divulgadas pelo MDIC nas entrevistas coletivas realizadas uma vez por mês para comentar os dados da balança comercial. “Não podemos dar  tratamento diferente para uma operação que, para todos os efeitos fiscais e contábeis, é uma exportação. Esta venda é registrada na balança comercial e existe o aluguel desta plataforma, da pessoa jurídica estrangeira para as empresas produtoras no Brasil. Se, de um lado, a venda é contabilizada na balança comercial, de outro lado, o contrato de leasing [aluguel] é contabilizado na balança de serviços com sinal negativo. Tem-se claramente a contabilidade em crédito e débito”, sublinhou.

O secretário reforçou a importância da recuperação do setor naval, que produz as plataformas. “Quem produz são os estaleiros nacionais e não as empresas petrolíferas. A produção se dá pelo ressurgimento de uma indústria naval no país que emprega aproximadamente 80 mil pessoas. As exportações de plataformas de petróleo são amparadas pelo regime Repetro, criado na década de 90 com objetivo de atrair investimentos ao setor. Tivemos sucesso nessa política”, lembrou Godinho.

Ao encerrar a análise dos dados de 2013, o secretário falou da influência do contexto internacional nos resultados da balança comercial brasileira e mostrou as expectativas de crescimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) que foram revistas várias vezes, para menos, durante o ano. A previsão geral de  crescimento do comércio mundial em volume teve redução de 4,5% para 2,7%.  “Este comportamento de expectativa sendo revista ocorre em relação a todos os países. Mostro isso para dizer a vocês que 2013 foi um ano difícil. Na zona do euro, por exemplo, no início do ano operava-se com a expectativa de um leve crescimento, mas, no final, nós temos o registro de uma queda de 0,6%. Nos mercados emergentes, também houve piora sensível de praticamente um ponto percentual, como no caso da China”.

Ao falar sobre o cenário de 2014 o secretário destacou o aumento da safra brasileira de grãos e da produção de petróleo. “Não posso precisar com qual velocidade este movimento se dará, mas trabalhamos com a expectativa de redução no déficit da conta petróleo. Há também a expectativa de aumento de 4,8% na safra de grãos puxada pela soja. E, por fim, uma expectativa de câmbio mais favorável para as exportações brasileiras”. Segundo o secretário, a partir deste cenário, a Secex espera para 2014 que as vendas externas brasileiras permaneçam no patamar elevado registrado nos últimos três  anos.
Acesse os dados da balança comercial brasileira

Veja a apresentação feita durante a entrevista coletiva

Leia nota sobre exportações de plataformas de petróleo

url:

http://www.desenvolvimento.gov.br//sitio/interna/index.php?area=5

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Parabéns Roberto

    Seus posts e comentários são incisivos e desmascaradores dos que produzem notícias futriquentas que só pegam o rabo da vírgula para criar um clima farsesco de crises e fracassos.

    Não fosse esta erva daninha miRdiática, a oposição teria que buscar mais qualidade, as zelites pensariam melhor em seu esperado papel de liderança construtiva (e não de predação parasita), que nem percebem, lhes seria benéfico e saudável.

    Ao invés deste esforço monumental (e desnecessário) de puxar o desenvolvimento como o arrastar de piramidais blocos de pedra, poderíamos estar movimentando o país num ciclo virtuoso de prosperidade.

    Que só aumentaria conforme a crise mundial se esvair (sabe-se lá quando, parece que o objetvo deles é colocar-nos nela).

    Parabéns!

    1. É impressionante como todos,

      É impressionante como todos, o mundo inteiro, conspira contra o Brasil, inclusive a midia, nada é culpa nossa, muito menos do Governo, tudo é culpa dos outros, da midia (sempre ela), da CIA, do Financial Times, nós somos naravilhosos.

      1. Pense num indívíduo “expert”

        Pense num indívíduo “expert” em platitudes!

        Sempre as mesmas críticas eivadas de banalidades.

        É um caso perdido!

      2. No caminho correto, melhorando a distribuição de renda

        Certamqnte precisamos melhorar muito, aumentar os salários dos não qualificados, melhorar ainda mais a distribuição de renda, acelerar o ritmo de crescimento do PIB, melhorar a educação,  a saúde, e muito mais.

        Mas a inflação, as contas públicas, as contas externas já estão em um patamar razoável, não precisa melhorar é só não piorar.

        Desde do choque do petróleo nos anos setenta, a  conta petróleo sempre foi um obstáculo para o Brasil dar saltos no desenvolvimento, baseado na distribuição de renda e no fortalecimento do mercado interno.

        Primeiro ocorreu a tentativa de utilizar o financiamento externo para compensar o déficit na balança comercial, mas a elevação dos juros americanos para a casa do 20% no final dos 70 e início dos anos 80, afastou esta alternativa definitivamente.

        O aumento dos juros americanos provocou a crise da dívida externa, provocando um doloroso e longo ajuste nas contas externas, que só foi concluído  pelo Governo do Presidente Lula.

        Não precisamos produzir grandes saldos na balança comercial, apenas o suficiente para equilibrar as contas externas, não mais nem menos.

        O aumento da produção de petróleo localizado na camada do pré-sal  e a construção de novas refinarias, vai permitir aumentar o saldo da balança comercial.

        Os Brasileiros vão poder viajar tranquilamente pelo Brasil e pelo Mundo, assim como os turistas estrangeiros viajarão para o Brasil.

        Com a correção gradual da taxa de câmbio, os aportes ao BNDES,e  a redução dos juros da Selic haverá um aumento do investimento na produção de bens e serviços, principalmente quando o risco da crise nas contas externas forem definitivamente afastados, o que deve ocorrer quando as novas plataformas estivem produzindo regularmente e as novas refinarias entrarem em operação, substituindo as importações e gerando um excedente exportador.

        anexo: número de empresas exportadoras e importadoras de 2000 a 2012

         

         

        1. A balança comercial do

          A balança comercial do petroleo poderia estar MUITO MELHOR se não se fizesse demagogia com o pre-sal, suspendendo os leilões por cinco anos para criar uma empresa especifica para esse pre-sal (para que?), depois mudar o regime de concessão para partilha, tudo isso atrasou a exploração do pre-sal POR CINCO ANOS e comeu US$300 bilhões da Petrobras. Má gestão, má estrategia, demagogia vulgar, enquanto isso outras fontes de petroleo apareceram no mundo.

  2. Lembranças do passado

    Então a situação  não é boa em 2014, mas vai melhorar. Em compensação, em 2006 a situação era ótima, ou alguns assim queriam que assim parecesse…

  3. Corroboro os comentários do

    Corroboro os comentários do “ed. não logado” com veemência. O Roberto São Paulo sempre nos tras dados precisos para que se possa alimentar o verdadeiro debate. Já desconfiava que tinha sido a “conta petróleo” a vilã pelos resultados sofríveis da balança comercial. Entretanto, fui agradavelmente surpreendido pelo resultado da venda de automóveis. Agora entendo as razões pelas quais os grandes produtores da Ásia, EUA e Europa querem nos processar na OMC…

    Para aqueles de esquerda que fuzilam críticas aos privilégios das montadoras, do agronegócio e do setor mineral (petróleo incluido), olhem mais globalmente e percebam que daí vem o capital e os empregos que irão gerar verdadeiras indústrias autóctones brasileiras como: naval, bens de capital, fármacos e cosméticos, software, defesa e etc.

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