A operação Datafolha, por Luciano Matins Costa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Luciano Martins Costa

Do Observatório da Imprensa
 

O noticiário de terça-feira (14/4) ainda faz o rescaldo das manifestações realizadas no domingo anterior, e os principais diários de circulação nacional tentam compor um quadro no qual a cena central é o movimento da própria imprensa em favor do impeachment da presidente da República.

O conteúdo das reportagens sobre a crise política, editoriais, artigos e até algumas notas daquelas colunas de inconfidências e fofocas convergem para uma ideia estapafúrdia: justificar um pedido de interrupção do mandato da presidente com base numa pesquisa Datafolha. A lógica dessa manobra depõe não apenas contra a honestidade intelectual dos autores da ideia e dos editores que a abrigam, mas chega a lançar uma sombra de dúvida sobre a sanidade das mentes que conduzem as decisões editoriais da mídia tradicional.

Trata-se do seguinte: se o Datafolha registra que 63% dos consultados são a favor de um processo de impeachment, então há uma maioria de brasileiros que querem reverter o resultado das eleições. Observe-se que não se está falando apenas da lógica falaciosa que se tornou parte central do discurso jornalístico no Brasil. Diferente do paralogismo – que, segundo filósofos e estudiosos da linguística, não é produzido de má-fé, com intenção de enganar, mas nasce da ignorância de quem o produz –, o que estamos observando é a utilização de sofismas maliciosos como suporte para uma proposta moralmente indefensável.

O editorial do Estado de S. Paulo merece ser guardado para uma leitura mais criteriosa, longe do calor da atual crise política (ver “O não a Dilma persiste”). O núcleo de seu raciocínio está na seguinte frase: “O apoio popular ao impeachment de Dilma Rousseff existe, por ampla maioria, como comprovam as pesquisas de opinião pública”. Restaria, apenas, segundo o raciocínio do jornal, “caracterizar a base legal para levar a presidente da República a julgamento”.

Não seja por isso: em perfeita sintonia com a imprensa, o PSDB escala, para “caracterizar a base legal”, o jurista Miguel Reale Jr., que herdou do pai o nome honrado mas ainda luta para compor sua própria biografia. Uma vez que a primeira tentativa, pelas mãos do tributarista Ives Gandra Martins, não produziu efeito, convoca-se o Júnior para a tarefa controversa.

Risco de descontrole

A estratégia de revestir a proposta de impeachment com uma embalagem de legitimidade inclui uma seleção das bases que o jornal paulista chama de “apoio popular” – por isso, a imprensa isolou as facções que defendem o golpe militar puro e simples, e outros propagandistas de ações violentas, que alguns líderes das manifestações chamam de “neuróticos alucinados”. A imprensa reconhece agora como válidos apenas os grupos intitulados “Movimento Brasil Livre” e “Vem pra Rua”.

A mídia tradicional quer substituir o processo eleitoral pelos editoriais, criando a nova receita pela qual o Datafolha vai às ruas, no momento em que se articulam as manifestações, e “constata” a aceitação, por uma maioria contingencial, de um processo de impeachment. Daí, essa aceitação da hipótese de um processo é transformada em verdade absoluta, por meio de artigos, editoriais e reportagens baseadas em declarações.

Em texto analítico (ver aqui), o Estado de S. Paulo apresenta uma visão oposta à que tem sido aqui oferecida, segundo a qual a imprensa brasileira se comporta como o Tea Party, organização de extrema-direita que mobiliza os setores mais conservadores do Partido Republicano nos Estados Unidos. O jornal tenta desvincular movimentos golpistas surgidos na internet, e abrigados pela mídia, da ação de orientação partidária que caracteriza o Tea Party, mas a manobra para legitimar a proposta de impeachment demonstra que a imprensa cria uma agenda favorável a essa oposição que não se conforma com o resultado das urnas.

Os artífices do impeachment teriam que negociar, paralelamente, uma blindagem para Renan Calheiros e Eduardo Cunha, na sequência do caso Lava Jato, e apoiar a agenda conservadora que vai tramitando no Congresso à sombra da crise: propostas como liberação do porte de armas, redução da maioridade penal e extinção de direitos civis e trabalhistas.

Parte do PSDB, que, segundo alguns colunistas, rejeita uma guinada à direita, recomenda cautela, mas alguns de seus aliados, em especial os antigos comunistas do PPS, forçam a agenda do golpe dissimulado.

Resta saber até onde iria a imprensa. Um processo como esse carrega um alto risco de descontrole, porque não se sabe com se comportariam os que votaram em Dilma Rousseff. Eles não leem o editorial do Estado. Eles não usam black-tie.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. Então quer dizer que agora os

    Então quer dizer que agora os golpistas querem que o Datafria tenha o valor de um Pebliscito Revogatório? Eles estão indo longe demais.  No mais, será que existe o termo “honestidade”, intelectual ou de qualquer outro tipo, nesta extrema direita que já está assustando até a direita que não é demente?

  2. Fé e auto-engano

    O grande problema da midia brasileira é sua endogenia. Descoberta a falta de força das ruas, imagina-se que esta é fruto de uma possível falta de foco. Tese advogada por FHC e prontamente adotada por muitos do estamento midiático. O lider do PSDB, de meu estado, célere se colocou a serviço de mais esta tentativa de golpe. O mais incrível é que diante do fracasso que foi o esforço da midia corporativa em encher as ruas com uma campanha ‘nunca antes neste país’ vista, ninguém se pergunta se possuem essa força de fato. #AceitaDilmaVez!

  3. folha e quejandos

    Diante de toda a história que folha, globo (esta fez uma autocrítica há pouco tempo, não sei se foi sincera) e cia já perpetraram no país, com empréstimo de carros, com erros grosseiros de “pesquisa”, com edições especiais, e outros, qual é a legitimidade destes pitacos “isentos” ?

  4. Esses canalhas barões da

    Esses canalhas barões da mídia que estão acostumados a impor governos em cima de uma moralidade canhestra que vão para o inferno. Em nome de qual moralidade, esses papas verbas do governo sonegadores de impostos, se vêem no direito de cassar meu voto?

    Nenhum deles tem a moral, a decência e a honestidade de um só fio de cabelo da presidente da república. Canalhas, quando perdem nas ruas porque o movimento insuflado por eles arrefeceu, vem com esses editoriais indecentes para derrubar a presidente.

  5. O próprio Datafolha

    O próprio Datafolha desmoralizou sua pesquisa com uma outra divulgada ontem no Jornal Nacional. Segundo ela, dos 100 mil que foram ao convescote na Paulista, 13% estavam ali pelo impeachment de Dilma. Ora, 13 mil pessoas na maior e mais anti-petista cidade do Brasil representam nada, nada. Essa insanidade do impeachment já era, não tem como prosperar. Além do mais, quem teria coragem de atear fogo no país e aguentar as consequências? Os esses inconformados acham que a sociedade assistirá passiva e bovinamente a derrubada da Presidente, como ocorreu no Paraguai? 

  6. Não acredito em maioria golpista

    Não acredito nos 63% que o Datafolha afirma que quer o impeachment de Dilma. Isso não combina com menos gente nas manifestações que são majoritariamente de classe média e, como atestam várias pesquisas, compostas em sua maioria por eleitores do Aécio. Os 2 aspectos são contraditórios. Por outro lado, se isso fosse mesmo verdade as pessoas já estariam se estapeando na rua. Moro em bairro de classe média alta e o clima está menos tenso do que nas vésperas e no pós imediato das eleições. Para mim a mídia tradiconal incluindo o Datafolha querem nos envolver a todos em uma clima irreal de maioria golpista. 

  7. O DATAFOLHA não é aquele

    O DATAFOLHA não é aquele instituto que se notabilisou pela pesquisa “Boca de túmulo” com o propósito de alavancar a candidatura da Marina?

  8. NInguém se iluda, estes

    NInguém se iluda, estes loucos estão determinados. De repente, levados por métodos de propaganda além de nossa vã imaginação, pessoas que nem sabem quais são as instituições da República começam a despejar em Dilma e no Partid dos Trabalhadores a culpa até por suas desilusões amorosas. E eles estão preparando o desfecho deste golpe dos retardados mentais para ser dado em Brasília, muito em breve. Vão tentar fazer lá a nossa Maidan tropical, para destruir nosso país. Fiquei espantado com o relato de uma amiga que havia mandado consertar seu relógio e depois reclamou que o conserto havia ficado caro. Ela falou que o relojoeiro lhe indagou com ódio nos olhos: – A senhora votou na Dilma? Ela é que é a culpada pelo dólar estar nas alturas e as peças importadas ficarem caras!.

  9. Este é um excelente recado!

    “…não se sabe com se comportariam os que votaram em Dilma Rousseff. Eles não leem o editorial do Estado. Eles não usam black-tie.” E eu complemento: Não usamos vermelho por usar!

    Os partidos e imprensa golpistas, os moleques coreanos, os vendedores de camisa, enfim, para  este bando de imbecis que confundem liberdade com facilidade de golpe fica o recado.

    Sabem ler? Pingo é letra…

  10. Ontem o senador Alvaro Dias

    Ontem o senador Alvaro Dias do alto da tribuna do Senado, baseado nessa pequisa  data folha, pediu o impeachement da Dilma.

    O  cara de pau disse mais, que é contra a corrupção que foi instalada nesse governo, e que os corruptos da lava jato devem ir todos em cana.

    Será que o senador acredita, que alguém acredita no que eles diz, mesmo sendo coxinha ?

  11. Ontem o senador Alvaro Dias

    Ontem o senador Alvaro Dias do alto da tribuna do Senado, baseado nessa pequisa  data folha, pediu o impeachement da Dilma.

    O  cara de pau disse mais, que é contra a corrupção que foi instalada nesse governo, e que os corruptos da lava jato devem ir todos em cana.

    Será que o senador acredita, que alguém acredita no que eles diz, mesmo sendo coxinha ?

    1. tadinho dele e da folha

      O Alvaro esqueceu!!!!!! de declarar R$ seis milhões à RF, tem todos os requisitos para qualquer pedido de moralidade.

      A folha depois de demitir os últimos jornalistas ainda acredita estar fazendo jornalismo, deve ter feito pesquisa datafolha e acreditado nela.

  12. NEM ENEM !!!

    Pelo desfiles de insanidades e insanos à busca de holofotes e microfones.

    Com faixas, comportamentos e depoimentos,  que de mais ridículos e toscos impossível!!!

    Uma vergonha alheia digna de chorar, de triste constatação,  e que o DATAFOLHA  não registra:

    Eles não são só ANALFABETOS POLÍTICOS, são ANALFABETOS de pai e mãe!!!

    Como a maioria dessa ZELITE fez seu patrimônio, na mão grande, no pau grande e nas coxas.

    Quando abre a boca só  diz MERDA.

    Uma corja de zumbís midiáticos uniformizados e robotizados, gritando;

    PERIGO!!! PERIGO!!! PERIGO!!!

    PASMEM!!!

    De braços dados com o PRÓPRIO.

    ALIENAÇÃO QUE NEM ENEM DÁ JEITO!!!

    MOBRAL NELES QUEM SABE???

    TALVEZ SEJA A SOLUÇÃO!!!

  13. O Golpe Dataguaio é lançado na semana da SP Fashion Week

    Sem jeito o PSDB resolve repaginar o golpe Paraguaio para Dataguaio, com o costureiro Miguelito, na semana da SP Fashion Week. É faz sentido, né, Clodoval Pereira?

  14. Muito pertinente o artigo.

    Muito pertinente o artigo. Bastam 1 neurônio e meio para se deduzir a tessitura composta pelo aparato judicial-repressivo(Juiz Moro-Ministério Público), a oposição política(contando com apoio ostensivo, mas disfarçado do sr. Fernando Henrique Cardoso) e a imprensa partidariza-compromissada com o fim de dar o golpe “branco”; solapar a Ordem Democrática.

    Bem, deixemos os escrúpulos; os palpos de aranha; o medo de denunciar essas invectivas infames contra a soberania popular. 

    Será coincidência o Juiz Federal Moro deflagrar logo na sexta-feira que antecedeu às manifestações a não-sei-lá-das-quantas fase da malsinada Operação Lava a Jato repetindo a o viés performático para a devida reverberação pela imprensa? Será fortuito essa pesquisa da suspeitíssima DataFolha antes mesmo da elite manifestante se lavar, se desfazer dos odores fétidos das ruas e colocar os seus channel? Será obra do acaso, como bem alerta o articulista que essa mesma pesquisa sirva para ancorar o pedido de impedimento pela oposição desvairada?

    O jogo está assim posto. Se vão ganhar, não sei. 

  15. E o resto do Brasil vai

    E o resto do Brasil vai assistir de camarote a mídia junto com meia dúzias de loucos tomarem o poder com uma minoria???

    OAB, UNE, CNBB, Sindicatos e partidos politicos ficarão inertes???

    Querem por fogo no mar para comerem peixe frito… de graça!

    Seria muito comico se não fosse trágico.

    Minha indignação é tanta que não consigo rir de desprezo…

    1. A maioria…

      ” Eles ”  estão subestimando a grande maioria, que calada está assistindo às infâmias e à tentativa de golpe sujo. Que aguardem!

  16. Há uma crise. Mas ela está do outro lado.


    Análise muito boa.

    Só que tem um detalhe.

    Essa imprensa que tenta promover o arremedo de golpe paraguaio já está em coma. Vivendo a base de aparelhos. Passaralhos revoam as redações quase que mensalmente. Jornalistas estão sendo substituídos, (muito apropriadamente) , por humoristas reaças.

    O “Fora Dilma” do Domingo virou um Fora Globo. Emissora desabou na audiiência mais ainda. Logo vai estar disputando telespectadores com a RedeTV. O golpe que ela estava tentando promover virou um tiro de canhão no próprio pé.

    A média de ibope deste Domingo na Globo foi de miseráveis 7 pontos. E essa média é tirada na capital paulista. Com absoluta certeza em outras praças a audiência foi menor ainda.

    Imagine vc, um hipotético anunciante que investe milhões em publicidade, se deparando com números cada vez menores. E continuando a pagar a mesma verba para a Globo. Essa conta não vai fechar…

    Percebam: Não é a Dilma que está fraca. É a imprensa que se desmoraliza e acelera sua jornada ao abismo.

    A  imprensa corporativa brasileira ao se atrelar a oposição e aos coxinhas golpistas amarrou o seu destino numa âncora.

    Agora, Inês é morta.

    E a Dilma mais viva do que nunca.

    1. gastro…

      Tô precisando de um gastro…

      Se meu controle remoto passa eventualmente pelo canal da re3de goebbels, automaticamente me dá  ânsia de vômito !!

      Será que tem cura ???

  17. A mídia brasileira é familiar
    A mídia brasileira é familiar e oligárquica. Todos as grandes famílias da comunicação no Brasil construíram suas empresas à sombra de sua convivência estreita com o poder econômico e seus governos. Nos períodos em que os governos demonstraram maior consonância com os anseios populares, essas famílias, via de regra, conspiravam contra e ajudavam o poder econômico a derrubar tais governos para colocar em seu lugar governos mais afinados com seus interesses. Foi assim ao longo de todo o século XX, sobretudo, em sua segunda metade, quando surgiram os impérios dos marinhos, civitas, mesquitas e frias. O grande triunfo dessas famílias foi o golpe de 1964 e o período que se seguiu até o final do governo fhc em 2002. Com a chegada do PT ao governo, as famílias detectaram imediatamente a realidade de um governo não confiável para elas (tal como os governos de Getúlio, Jucelino e Jango). As famílias, voltaram-se, então, para o velho método de conspiração e tentativas de golpes. A segunda geração dessas famílias (é de se lembrar que todos os seus patriarcas morreram neste início de século XXI) nada mais fazem do que repetir os métodos de seus pais. Só que, além de viverem em uma conjuntura mais complexa do ponto de vista político, têm de enfrentar a ameaça tecnológica da internet, dos tablets e smartphones. São essas novas tecnologias, que as famílias não conseguem incorporar ao seus oligopólios, que possibilitaram a abertura de várias brechas na ditadura midiática que elas impuseram à sociedade brasileira por décadas. A chamada blogosfera representa não só o ressurgimento de um jornalismo mais plural e diversificado, mas também a falência econômica das oligarquias empresariais da comunicação. Ou seja, a adoção dos antigos métodos dessas famílias tem poucas possibilidades de dar resultado nos dias de hoje. No século passado, a vitória política desdobrava-se “naturalmente” em resultados econômicos e empresarias. Uma vitória política das famílias, na conjuntura atual, dificilmente garantirá os mesmos resultados do passado. É uma aposta de altíssimo risco. Mas é a aposta que fizeram. Até porque não têm capacidade de ler, entender e atuar dentro da nova realidade.

  18. Esta pesquisa (?) é mais falsa do que nota de três cruzados

    esta pesquisa, que andou sendo usada para “legalizar” estas manifestação é mais falsa que nota de três.

    é uma coisa típica dos tucanos, basear suas ações em ilusoes de ótica, tipo matéria que saiu na  veja, e agora que ninguem mais acredita na veja, inventaram esta da pesquisa datafalha….

    sabe-se lá se foi feita, onde foi feita, quando foi feita, com que critérios….eu mesmo nem acredito que foi feita.

    mas pra eles nem interessa, basta alguem digitar no word um texto dizendo que a pesquisa deu tanto, que os papagaios de pirata saem por aí citando ela como se fosse a maior das verdades, a verdade suprema….

    ô coxinhas, cês pensa mesmo que nós é trouxa???  nois né trouxa não, sô !!!!

     

  19. É a Grande Imprensa familiar, estúpido…

    LMC mostra de uma forma clara e lúcida o que tenho tentado dizer aqui nos últimos posts… Quem está no comando do Golpe é a nossa grande Imprensa familiar. Existe uma falsa ideia de que eles blindam o PSDB… Não! É justamente o oposto; Aécio e o PSDB andam a reboque da grande Imprensa que age como uma organização criminosa e venal na busca obsessiva de encontrar meios de acabar com o PT ao arrepio da lei. Obrigado Mestre Luciano pelo texto. 

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