Advogado de Temer admite que “apenas” R$ 1,25 milhão teria sido ilícito

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – A defesa do atual presidente Michel Temer interrompeu a leitura do voto do ministro Herman Benjamin, na ação de cassação da chapa Dilma e Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para afirmar que não seriam R$ 31 milhões o dinheiro ilícito arrecadado pela chapa desde anos anteriores para investir em 2014, mas a propina seria de “apenas R$ 1,25 milhão”.
 
Na que promete ser a última sessão do TSE que poderia encurtar o mandato de Michel Temer, mas já conta com a maioria dos ministros para a sua absolvição, o advogado admite a possibilidade de pouco mais de R$ 1 milhão – considerado aqui como “apenas” e “no máximo” – de recursos ilícitos terem financiado a campanha. 
 
“Do levantamento que fizemos, o que poderia estar contaminado pela linha do voto de Vossa Excelência seria 31 milhões de reais. Destes R$ 31 milhões, apenas R$ 1,25 milhão para ser bem exato é o valor que veio proveniente de empresas investigadas”, disse.
 
O fato, em si, seria suficiente para condenar a chapa e cassar o mandato do peemedebista no Planalto. Se não fosse pelo detalhe que quatro de sete ministros não vão aceitar as provas levantadas pela Odebrecht e pelos marqueteiros de campanha Mônica Moura e João Santana.
 
“Se até 2014, pela limitação da causa de pedir não se poderia analisar, o ministro foi para anos anteriores: 2013, 12, 11, enfim, dizendo que doações legais feitas por essas empresas poderiam ser tratadas como propina, teriam ficado na poupança dos partidos, que teriam investido esse dinheiro em 2014. Se não me engano, é essa a premissa de Vossa Excelência”, disse o advogado na sessão agora há pouco. 
 
“O que eu estou dizendo é: por dados oficiais do TSE, os partidos apenas contribuiram com R$ 31 milhões para a campanha majoritária. Desses R$ 31 milhões, isso são dados oficiais, apenas R$ 1,25 milhão é de uma empresa investigada. Os outros R$ 30 milhões, arredondando, são de outras empresas. Portanto, o que eventualmente poderia estar contaminado, na avaliação da defesa, é no máximo 1 milhão de reais”, admitiu novamente, em explicação. 
 
Indiscutíveis e admitidas pelo próprio advogado de Temer, os indícios foram barrados por uma brecha legislativa: ainda que sob questionamentos, os depoimentos e confissões dos delatores foram interpretados como uma mudança na investigação inicial. Gilmar Mendes, Napoleão Nunes Maia Filho, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira foram os que assim interpretaram.
 
Assine
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. tem erro aí!

    acho que o a matéria se contradiz. O advogado não admite que a camapanha recebeu recursos ilícitos. Apenas diz que das contribuições totais de R$ 31 milhões, apenas R$ 1 milhão veio da fonte acusada de suspeita.

  2. Forçada de barra, como detectou Wilson Ramos

    Alô, editoria do GGN!!!

    Não confundam desejo e torcida com realidade fática. O leitor Wilson Ramos detectou contradição na nota publicada.

    Fica evidente o desejo da editoria pela cassação da chapa presidencial, invocando os mesmos sofismas expostos por Hermann Benjamin em seu empolado e interminável voto/relatório. Benjamin aproveita os holofotes, microfones e manchetes que lhe dão os 15 minutos de fama. Gilmar Mendes mostrou que sem ele Hermann Benjamin jamais teria essa notoriedade; no que está certo, pois sem GM nenhuma das AIMEs e AIJEs teria prosperado, já que na época da propositura de tais ações não havia mínimas provas – até mesmo indiciárias – capazes de lhes dar sustentação e provimento.

    O relator, assim como a editoria, forçam a barra, ao tentar transformar delações obtidas a fórceps, com pessoas presas, coagidas, ameaçadas e torturadas psicològicamente pelos persecutores, de modo a culpabilazar e incriminar exatamente quem os persecutores desejavam e nos termos por eles propostos em provas robustas. Nenhuma dessas delações foi acompanhada de provas materiais, o que por sí só as invalida como prova judicial. Ademais, tais delações  foram contrabandeadas extemporaneamente para o processo exatamente porque ele carecia de um mínimo conjunto probatório capaz de sustentar-lhe a seqüência da tramitação.

    Todos os brasileiros democratas e de boa índole desejamos que Michel Temer e sua camarilha sejam defenestrados do governo federal, mas isso não deve ocorre por meio de ações jurìdicamente nulas, as quais só foram propostas para cassar os direitos políticos da Presidenta eleita, Dilma Rousseff.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador