Contas de Cunha provocam mudança no tabuleiro da Câmara, por Janio de Freitas

Da Folha

Mudança no tabuleiro

A divulgação de contas suíças ligadas a Eduardo Cunha tornou volátil o interesse em segui-lo
 
Janio de Freitas
 
Se Eduardo Cunha decidir nesta terça (13), como informou, entre abrir o processo de impeachment ou deixá-lo ao plenário, vai fazê-lo às cegas como nunca esteve desde que assumiu a presidência da Câmara. Na oposição, sua esperança em influência de Eduardo Cunha sobre o plenário, para abertura do impeachment, não pode mais se basear nos números antes estimados.
 
A nova situação de Eduardo Cunha mudou a disposição das peças no tabuleiro da Câmara, de sexta-feira (9) para cá. Quanto, como está e como estará nas horas e dias próximos, é imperscrutável. Certo é que a posição da Câmara, no pedido de impeachment formulado pelo ex-promotor Hélio Bicudo e o jurista Miguel Reale Jr., terá decisão política e não jurídica do plenário. Já porque está distante, lá nos tempos anteriores ao golpe de 64, a divisão do interesse da Câmara entre os confrontos políticos e o debate jurídico, como é próprio dos Legislativos autênticos. Mas, no que interessa agora, por outra mudança na Câmara.

 
A divulgação, na sexta-feira, de contas suíças relacionadas a Eduardo Cunha, disseminou a convicção de que o seu futuro na presidência, e mesmo no comando de fato de grande bancada, está comprometido e não tardará a mostrá-lo. O interesse em segui-lo torna-se volátil na raia miúda que tem massa de votos. O risco de ônus futuro faz preferir posição mais promissora. São os deputados da objetividade simples, fundada em conveniência pessoal e de curto prazo.
 
A aliança que vai do centro para a direita, com PSDB, PPS, DEM e parte do PMDB, exige pressa de Eduardo Cunha sobre o impeachment, inclusive para em seguida voltar-se contra ele de verdade. A nota de sábado (10) dessa oposição, sobre o afastamento de Eduardo Cunha, é tão hipócrita que nem diz do que se trata: “Sobre as denúncias contra Eduardo Cunha (…)”. Que denúncias? Não é dito o porquê do possível afastamento, mas é incluído o complemento neutralizante: “Até mesmo para que ele possa exercer o seu direito constitucional à ampla defesa”. De quê?
 
O PSDB ressente-se do desgaste que o cinismo lhe causa, até dentro do partido. Por isso precisa livrar-se o mais depressa da ligação com Eduardo Cunha, mas sem reverter a prioridade que dá ao impeachment, a única ideia que move os peessedebistas na atualidade. E, para a pretensão de impeachment, Eduardo Cunha é necessário ao PSDB: é grande a possibilidade de que, se afastado, o seu sucessor não tenha hostilidade bastante a Dilma Rousseff para querer derrubá-la.
 
A situação de Eduardo Cunha distribui reflexos para todos os lados. Para o governo, porém, não trouxe incerteza prática maior do que a anterior. A hipótese continua a mesma: a aceitação do presidente da Câmara a um dos pedidos de impeachment ou, ao recusá-lo, admitir o recurso do plenário –de legalidade discutível– para que lhe caiba a decisão. Nesse caso, volta-se à flexibilidade aumentada dos deputados que engrossam a decisão.
 
Semana animada, a que vem aí.
 
DELATORES
 
Já como delator premiado, Renato Duque acertou em cheio o PP: disse haver entregue ao deputado Ciro Nogueira R$ 8 milhões, que não eram só para ele.
 
Se Fernando Soares, o Baiano, tem mesmo mantido silêncio sobre Eduardo Cunha, criou-se a expectativa de que as contas na Suíça o convençam de que calar o complica e já não protege o outro.
Redação

11 Comentários

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  1. Já tinha lido o artigo do

    Já tinha lido o artigo do Jânio de Freitas lá pelas quatro da manhã. O medo do que pode ocorrer em termos de retrocesso no Brasil se esses bandidos tresloucados conseguirem o impedimento de Dilma Roussef não me deixa dormir. Jânio de Freitas continua um grande jornalista. Entretando, discordo da frase “Semana animada, a que vem aí”. Melhor seria “Semana de terror pela qual teremos de passar, sem saber onde vai dar!”.

    1. Semana de terror…

      Concordo. Sobretudo partindo de uma pessoa que vai pro tudo ou nada nos proximos dias. Eh o tipo que se cair vai querer levar consigo o maximo de gente que puder, sobretudo quem considera responsavel por sua descida ao inferno. 

  2. cadeira

    “Se Eduardo Cunha decidir nesta terça”.

    Se cunha for reconhecido pelos seus pares como legítimo presidente da câmara,

    Se cunha não for impedido de sentar no trono da presidência, se as tentativas dele não forem prontamente barradas,

    Por evidente, ficará provado o erro de Lula! Que afirmou que eram apenas 300 os picaretas.

    Na verdade bandidos são a totalidade, menos os que se insurgirem e não aceitarem ser presididos por provado ladrão.

    1. Nassif: acabo de ler no site

      Nassif: acabo de ler no site do UOL o que transcrevo abaixo. Melhor, só se for verdade. 

       

      “O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou nesta terça-feira (13) a suspensão de uma manobra regimental acertada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com a oposição, que poderia levar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff ao plenário da Câmara.

      O ministro Teori Zavascki concedeu liminar ao mandado de segurança dos deputados petistas Wadih Damous e Paulo Teixeira pedindo que fosse sustado qualquer processo de impeachment que tivesse por base apenas o rito imposto pelo próprio Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo regimento interno da Câmara.

      O advogado da campanha de Dilma, Flávio Caetano, consultou a decisão no site do STF (Supremo Tribunal Federal), mas diz que ainda não é possível ter acesso à sua íntegra – o que será possível a partir das 11h, quando a corte abre seu expediente.

      Ele acredita, no entanto, que “a decisão suspende a tramitação de qualquer processo de impeachment nas próximas sessões”.

  3. Só quero saber uma coisa: de

    Só quero saber uma coisa: de quem são as mais de cem contas bloqueadas na suiça? Vão dizer ou esconder como as contas do hsbc?

  4. A fraude se chama Aécio Neves

    A fraude se chama Aécio Neves

    http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2015/10/auditoria-pedida-por-aecio-neves.html

    domingo, 11 de outubro de 2015
    Recontagem de votos pedido por Aécio conclui que não houve fraude na eleição. Aécio foi derrotado

    A decisão de promover uma auditoria das urnas foi tomada apenas quatro dias depois do 2º turno das eleições presidenciais do ano passado e foi o primeiro movimento golpista de Aécio Neves
    Aécio Neves e seus pares golpistas sofrem uma derrota. os votos da eleição presidencial, finalmente foram contados. E Aécio não é o presidente. Ele foi sim derrotado por Dilma

    Quase um ano depois de o PSDB pedir autorização ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para promover uma auditoria sobre o resultado da eleição presidencial de 2014, o partido concluiu na semana passada que não houve fraude no processo.

    Um documento elaborado pelo departamento jurídico da sigla deve ser apresentado ao TSE nesta semana, provavelmente na quarta-feira, dizendo que o relatório das urnas não é “conclusivo” em relação a fraudes, mas que o sistema de voto eletrônico “não permite a plena auditagem”.

    Segundo o relato de tucanos que tiveram acesso ao documento, o PSDB vai sugerir que o tribunal faça uma série de alterações no sistema de votação, como adoção do voto impresso, unificação do horário da eleição em todo território nacional e aperfeiçoamento do sistema de voto paralelo, adaptando-se ao voto biométrico. Os tucanos pedirão que o TSE faça um “tese de penetração”, procedimento que consiste em forjar um ataque de hacker a uma urna em condições normais de uso.

    A decisão de promover uma auditoria das urnas foi tomada apenas quatro dias depois do 2º turno das eleições presidenciais do ano passado e foi o primeiro movimento do PSDB de contestação ao resultado do pleito. Em dezembro, o partido abriu outra frente ao protocolar no TSE um pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer com alegação de que eles teriam praticado abuso do poder político e econômico na campanha eleitoral.

    Com o acirramento da crise política, o julgamento pelo Tribunal de Contas da União (TCU) das contas do governo e no TSE da ação aberta pelo PSDB, o pedido de auditoria se tornou, nas palavras de um tucano, “obsoleto”.

    A avaliação majoritária do partido é de que a iniciativa acabou se tornando um problema porque reforçaria o discurso governista de que a oposição quer ganhar a eleição no tapetão.
    Carlos Sampaio, disse que não poderia falar sobre a auditoria,

    A assessoria do TSE afirmou que “até o presente momento” não foi protocolado pelo interessado (o PSDB) qualquer manifestação nos autos do processo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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  5. Do Editorial da Folha

    “Acuado por gravíssimas suspeitas, Cunha perdeu as condições de zelar pelo prestígio e pelo decoro da Câmara, não tem credibilidade para decidir sobre o impeachment de quem quer que seja e, principalmente, carece de legitimidade para ocupar um cargo que o deixa em segundo lugar na linha de sucessão da Presidência da República.”

    Só agora a Folha concluiu que Cunha perdeu as condições de zelar pelo prestígio e pelo decoro da Câmara?

    Até anteontem estava tudo bem, não é mesmo?

    Parece que, aos poucos, os principais autores do golpe paraguaio vão se dando conta de que administrar o dia seguinte na companhia indigesta dos demais atores é uma grande incógnita.

    A Folha, hoje, detona com Beto Richa. Aécio, faz algum tempo, anda na berlinda. Se a Folha ainda tem aliados tucanos, estes só podem ser Serra e Alckmin. Ambos precisam que Dilma cumpra seu mandato até 2018.

    Resumindo. O jogo está muito ruim. Governo e oposição jogam uma pelada de muita canelada, bola pra arquibancada, tropeções, empurrões, gols contra e com o árbitro roubando descaradamente contra um dos times. O placard de 8 x 8 indica falsamente um jogo emocionante. É exatamente o contrário: dezesseis gols contra. Oito para cada lado, indicam um jogo por demais aborrecido.

    Minha maior preocupação é com os hooligans na arquibancada e, principalmente, os fora do estádio.

     

     

     

  6. Golpistas são só meia-duzia e foram pegos no contra-pé

    Não só o Cunha, que não está sozinho no Golpe, mas outras lideranças políticas e empresariais sairão chamuscadas da refrega.

    Repito postagem do post:

    https://jornalggn.com.br/noticia/golpistas-jogam-um-jogo-de-vida-ou-morte-por-saul-leblon#comment-759737

    O que pleiteiam é a volta do comando do Brasil para os políticos aventureiros, não conseguirão ficar contra a população, mais fácil é tirá-los do caminho.

    O texto do Giordano Bruno é claro nesta mecânica, uma pequena tradução do artigo do Paulu Freude “Reflections on The vinculis in genere”

    “Países democráticos desenvolvidos normalmente encomendam detalhadas e sofisticadas pesquisas de mercado sobre tudo: para interpretar os gostos e as tendências dos seus cidadãos e acima de tudo, para descobrir seus desejos escondidos e seus prazeres secretos. A publicidade é cheia de mensagens eróticas, algumas evidentes, outras subliminares. É um governo pela manipulação dos consumidores e pela indução de estilos de vida. Basicamente, a mudança da lógica Machiavélica para a conexão erótica do Bruno consiste numa recalibração da imagem do homem e de como ele funciona na sociedade.

    Da força bruta do Machiavel com um potencial infinito para o vício e a virtude para o Bruno e suas capacidades  para desejos e infinitudes. O mecanismo que leva a isto é o Eros, em todas as suas variações e ele se apega à mente racional e imaginária. É a imaginação que conquista o trono político, não a força. E assim os políticos se tranformam nos artífices dos sonhos e aspirações dos homens, dos clubes, das associações e grupos sociais.

    Seu objetivo é criar, identificar, canalisar e guiar os desejos que nascem da natureza erótica do homem. Somando-se a reflexão, este sistema também têm um elemento “operacional”. É aqui que o Filóloso/Político assume o papel do Artista/Mágico. Um líder moderno assume o comando, mas não nos rígidos caminhos Machiavélicos nem na variação Gramciana do party-prince. Para Bruno, ganhar e manter o poder é uma operação “mágica” (no verdadeiro sentido da palavra) porquanto os fins continuam os mesmos (ter o controle da situação) o que muda são os meios (persuação).

    Assim como um amante enreda em uma teia mágica o sujeito/objeto do seu amor com gestos, palavras, serviços e presentes, deste modo o “mágico social” lança uma teia de suas visões fantásticas do mundo para capturar suas “presas” por meio do seu consentimento. Na visão republicana Machiavélica, o cidadão é, no máximo, um sujeito complacente, já no Bruno o cidadão é um amante que deve ser conquistado e enlaçado. Bruno chama esta corrente de operações de “vincolare” e aos seus processos é dado o nome genérico de laços, que é “vincula”.

    Política não é a ciência Maquiavélica de poder e comandar mas a arte de entender como manipular a mente dos indivíduos e do povo. Bruno trata o problema do ponto de vista do manipulador. Ele é, por excelência, o teórico dos políticos modernos.

    Séculos depois, será Sigmund Freud ( em seu famoso trabalho sobre a psicologia das massas  e a análise do ego, 1921) que irá estudar o mesmo fenômeno psicológico e as relações com o poder sobre o ponto de vista individual ( e não dos políticos) das massas e do indivíduo.

    Enquanto o príncipe do Machiavel é o antecessor do político/aventureiro, o mágico do Bruno é o protótipo dos sistemas de mídias de massas impessoais, auto-censuráveis, manipuladoras globais e reservatórios de inteligência que fascinam e controlam as massas das democracias ocidentais. A capacidade do mágico para controlar os cidadãos é na proporção direta do conhecimento deles e sua habilidade de atender ao que eles mais desejam. E isto se aplica tanto para grupo de cidadãos tomados como um todo como para cada cidadão individual.”

  7. Eduardo Cunha encontra-se

    Eduardo Cunha encontra-se numa “sinuca de bico”. Em sua alma, deseja ardentemente deferir a abertura do processo de impeachment, no que não depende do plenário e, portanto, não se encontra impedido pela decisão do STF. Todavia, sabe que, imediatamente após isso, estará indefeso e os atuais “aliados” se voltarão contra ele, pois sua utilidade terá terminado. Enquanto ele não deferir o processo, ganha sobrevida. Acho difícil que ele defira os requerimentos. Ficará aguardando o próximo e depois o próximo. Creio que a oposição terá que defenestrá-lo da presidência da Câmara. Vamos aguardar.

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