Em meio a delações contra PMDB e PSDB, procuradores são contra fim do sigilo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, ao lado de Rodrigo Janot
 
Jornal GGN – No ápice das investigações da Operação Lava Jato contra a cúpula do governo, incluindo o próprio presidente Michel Temer, aliados no Congresso, membros do PMDB e PSDB, a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) posiciona-se contra a abertura do sigilo das delações dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht.
 
Até o momento, poucas informações dos depoimentos foram revelados à opinião pública. Conforme divulgou o GGN na reportagem “Em delação de Odebrecht, vaza-se trecho que tenta inocentar Temer“, o que se divulgou foi uma tentativa de blindar o atual presidente do encontro em que o partido teria solicitado o repasse de R$ 10 milhões da empreiteira às campanhas de 2014 da sigla.
 
Por outro lado, as informações obtidas pela imprensa do que Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro da companhia, foram de pessoas que participaram das audiências, sejam advogados, procuradores da República, ou ainda juízes auxiliares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
Assim, trechos da delação não estão completamente esclarecidos ou divulgados. Da mesma forma, não foram divulgados outros depoimentos realizados na última semana, como os executivos Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis, prestados na última quinta-feira (02), no Rio de Janeiro.
 
Nesta segunda (06), serão ouvidos pelo ministro relator do TSE, Herman Benjamin, os ex-funcionários e delatores Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos.  O primeiro é ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira e, em delação à Procuradoria-Geral da República, informou a remessa de, pelo menos, R$ 10 milhões da companhia às campanhas peemedebistas de 2014.
 
Em meio à pressão para que sejam tornados públicos os depoimentos, de forma a revelar a íntegra das acusações dos empresários da Odebrecht contra políticos, a associação de procuradores defende o contrário.
 
Segundo o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, a total quebra de sigilo é prejudicial para a investigação e pode ferir direitos individuais de demais investigados no processo.
 
“Não existe precedente em nenhum lugar do mundo. A retirada do sigilo é contraproducente, prejudica a investigação, prejudica o investigado e também outras pessoas que eventualmente são mencionadas na investigação”, disse. Justificou, também, que a abertura total do sigilo das investigações pode facilitar a destruição de provas. 
 
A manifestação ocorre diante de um projeto que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que busca garantir a abertura do sigilo de investigações e de delações, sejam elas quais forem.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Como é possível,…

    … que  ainda se gaste tempo com esses “procuradores”, …  “delegados”, … “juízes” ….e afins ?  …. Depois das declarações gravadas do Jucá, que sugeria um “acordo amplo” para ” estancar a sangria” …..  que afirmava que o único obstáculo era o Teori, …  “que era muito fechado” e de difícil abordagem…. e que, coincidentemente, acabou morrendo num acidente suspeito cuja investigação sumiu da mídia, abafada com toda a cumplicidade da calhordice nacional…

    Como é possível que se trate essa quadrilha formada por políticos corruptos delatados e os mesmos e manjados membros do assim chamado judicário (PGR, STF, república de Curitiba, etc…etc…), como se fossem cidadãos dignos de respeito e atenção…  

    Nós, o assim chamado povo, que tivemos nossos votos cassados por essa quadrilha do legislativo/judiciário, temos de aturar que o focinho desses bandidos apareça, dia após dia, … na tv,… nos jornais, … na internet , … Temos de aturar isso mesmo sabendo o que esses quadrilheiros fizeram com o país, …  temos de aturar isso sabendo que os bandidos usam de dois pesos e duas medidas para o julgamento nos processos fajutados que estão tramitando nas entranhas do golpe,…

    Como é possível que se leve a sério os parlamentares corruptos e os juízes e procuradores coniventes com a corrupção ?

    O lugar dessa cambada é na cadeia, … 

  2. estrago total mesmo…

    todos desejavam

    e o golpe foi de quem chegou primeiro

    hoje estão aí para cuidar da eficiência

    conspiração nunca vista, oficial e a depender das escolhas dos que chegaram depois

    se o MPF seguir como está, o Brasil nunca estará livres de golpes, golpes muito piores do que o que praticaram

    são todos contra o Brasil

  3. esse robalinho tá mais pra

    esse robalinho tá mais pra muçum… quer dizer que agora, na hora de pegar a picaretagem do pmdb e do psdb eles querem sigilo? Ora, ora e ora, foram favoráveis, inclusive, ao desMoronado divulgar as conversas indevidas e ilegais entre o Lula e a Dilma e entre a dona Marisa e seus filhos. Essa gentalha é quem – desde sempre – estraçalha este nosso merreca-de-país.

  4. Claro

    O sigilo  que eles pretendem seja mantido é apenas pró-forma. Mas possibilita a proteção dos amigos e facilita a prática contumaz de vazamentos seletivos contra outras pessoas, digamos, antipatizadas, tentando conquistar o apoio da opinião pública para suas alegadas “convicções”, na absoluta ausência de provas. Isto tem acontecido com frequência ou estou enganado?

  5. Seria ótimo que, como são

    Seria ótimo que, como são documentos públicos, se desse, ué… publicidade a eles. E nem precisava ser com o estardalhaço todo que as firmas “OESP”, “Globo” e que-tais divulgou o pouco que havia contra Lula, Dirceu e o PT, basta publicar.

    Mas não tem nada… vai ser difícil que esses documentos continuem escondidos, digamos, daqui a vinte, trinta anos.

    Esse pessoal da procuradoria, juízes, inclusive Sérgio Moro, está tão alienado, tão embebido da ideologia liberal – desespero imediatista, só existe o agora, o “fim da História” e outras bobagens (talvez até de profecias e previsões religiosas que diziam que o mundo ia acabar no ano 2.000) – que fica incapaz de ver que vinte anos passam num instantinho e que tanto nosso país quanto o mundo não vão acabar.

    Essa turma ficou feia prá sempre na foto…

  6. Operação boca de urna.

    O que preocupa estes políticos investidos no serviço público não é o garantismo do processo penal e sim a manutenção da manipulação de informações liberadas seletivamente ou melhor, politiqueiramente.

    A propósito, este senhor Robalinho não é o mesmo que esparramou uma operação para liquidar a eleição para governador em Pernambuco em 2016? A operação era para coroar a reeleição de Mendonça Filho com o nocaute do pusilânime Humberto Costa, que era favorito até então. Aconteceu que Lula entrou na briga e acabou elegendo o traíra do Eduardo Campos. Quanto à operação, sem surpresas e sem condenação.

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