O ajuste ampliou a recessão, hora de mudar a política econômica!

Do Brasil Debate

A discussão sobre o que está por trás do desajuste atual da economia brasileira, com crescimento negativo do PIB, inflação alta, desemprego, dólar e juros nas alturas, queda nos investimentos, entre outros indicativos nada animadores, é travada por diferentes correntes de economistas, além de assunto dominante em programas de TV e mesas de bar.

De forma resumida, há, de um lado, quem defenda que a recessão tem origem principalmente em erros na condução da política econômica dos últimos governos e o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy seria uma tentativa de trazer a economia “de volta aos trilhos” e recuperar a “confiança” dos empresários. Essa é a “narrativa hegemônica”, disseminada na grande imprensa.

De outro lado, porém, há os que consideram que o ajuste se baseia em um erro de diagnóstico da situação da economia e é ele próprio o grande responsável por jogar o Brasil na recessão. Nesse grupo estão dezenas de intelectuais que lançaram, apoiados por sete instituições, entre as quais o Brasil Debate, o documento “Por um Brasil Justo e Democrático” (acesse os dois volumes do documento, AQUI e AQUI).

O documento traz justamente propostas alternativas ao ajuste em curso e foi recebido com muitas críticas entre os economistas liberais. Porém, como aponta o coordenador do Brasil Debate Pedro Rossi, em artigo publicado no Valor Econômico em 15/10, resultados da economia mostram que, após a “terapia de choque” do ajuste, houve uma piora drástica do cenário, com aumento da inflação e do desemprego.

Segundo Rossi, “independentemente de erros dos governos anteriores, parece claro que a virada de política econômica tem aprofundado a crise, como sugere o gráfico (abaixo)”.

grafico pais em recessao

De fato, aponta o economista, de janeiro a agosto de 2015, o gasto público primário se contraiu 2,1% em termos reais na comparação com o mesmo período do ano anterior, sendo que o investimento público foi a principal vítima dos cortes – caiu 45% em termos reais.

“Essa contração, simultaneamente ao desempenho ruim das demais variáveis de demanda (consumo, investimento privado e demanda externa), se mostrou pró-cíclica, aprofundou a recessão e contribuiu para a queda de 4,8% da arrecadação, no mesmo período”, explica.

Outra medida do ajuste que ajudou a formar o atual quadro recessivo foi a opção por uma estratégia de choque nos preços administrados, em detrimento de uma estratégia gradualista. Assim, segundo Rossi, da inflação acumulada de janeiro a setembro de 2015 (7,64%), 1,67 pontos percentuais devem-se diretamente ao reajuste de preços da energia elétrica, o que explica 22% do IPCA.

“Esse tipo de reajuste tem um alto grau de difusão em uma economia muito indexada na qual a formação de preços é extremamente oligopolizada e conta com um alto grau de repasses de custos para o consumidor”.

E um terceiro ponto do ajuste para o qual ele chama a atenção é a taxa de juros Selic, que subiu de 11% em outubro de 2014 para 14,25%. Com essa política monetária, o Banco Central trata a inflação brasileira como se fosse um problema de demanda em um momento de contração de demanda e de choque de custos. Essa contração monetária, além de ineficaz para reduzir a inflação, contribui para a recessão ao aumentar o custo do crédito, o custo de oportunidade para o investimento produtivo e, ainda, aumenta as enormes despesas do governo com juros, alcançaram 8% do PIB.

“Estamos piores do que no fim de 2014, quando se iniciou o ajuste com a alegação de que o crescimento viria pela recuperação da confiança dos agentes econômicos. De lá pra cá, a confiança dos agentes despencou e esse discurso perdeu aderência”, analisa.

Felizmente, há alternativas ao ajuste recessivo, o documento “Por um Brasil Justo e Democrático” defende uma agenda pró-crescimento, que repense a estratégia de política monetária, preserve e faça uso estratégico dos gastos públicos com maior efeito multiplicador e com efeitos sobre a competitividade e os estrangulamentos produtivos. É hora de mudar a política econômica!

Redação

17 Comentários

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  1. Detesto esse otimismo “felizmente, há alternativas ao ajuste”

    quando lembro que a presidente é a Dilma. Até ela aceitar que o “ajuste” falhou e que é hora de mudar, já vamos ter escavado 100 metros abaixo do fundo do poço.

  2. Caro Nassif e

    Caro Nassif e demais

    Austeridade sim, mas contra o grande capital. Eles roubam demais, e chamam o processo do roubo de crise.

    Saudações

     

  3. Fim da linha para a política néscia de Tombini-Levy

    A covardia política de se manter a sandice liberal já é simplesmente insustentável. Deu errado, só não vê quem não quer. “Brasil Justo e Democrático” já!

    1. Estavamos muito melhor sem os

      Estavamos muito melhor sem os metralhas cunhas e sua corja, que querem que o Brasil volte a ser colônia, para eles embolsarem o produto do roubo e se mudarem para Suíça. Que por sinal não os quer por lá.

      Quem elegeu o cunha presidente da câmara, deveria pagar por essa crise pré-fabricada na economia.

      Quem disse que eles permitiram gradualismo nas medidas tomadas?

  4. Chega a ser tão absurdo, que

    Chega a ser tão absurdo, que dá para desconfiar que as medidas do Levy sempre tiveram por objetivo oculto agravar a crise. Afinal, o que é melhor para a plutocracia do que criar crises de tempos em tempos, para poder reduzir salários e direitos dos trabalhadores justamente na hora em que eles estão enfraquecidos e não podem reagir?  

  5. já vai tarde

    Nassif,

     

    Vamos ver se esta porcaria de revista consegue acertar uma vez.

     

    Levy entregará carta de demissão hoje para Dilma, diz Veja; Bolsa desaba e dólar dispara

    A publicação diz, porém, que aliados de Levy e outros ministros ainda contam com a possibilidade de que a presidente peça para ele permanecer no cargo e conduzir uma transição para um novo comandante da economia

    Avaliação da notícia:

    Ótima

     Por Rodrigo Tolotti Umpieres|17h08 | 16-10-2015 | Atualizada às 17p1 

    SÃO PAULO – Em meio a rumores sobre uma possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do cargo, a coluna Radar On-line, assinada por Vera Magalhães, da Veja, afirma que ele preparou uma carta de demissão e deve apresentar o pedido ainda nesta sexta-feira (16) à presidente Dilma Rousseff.

    A notícia impactou diretamente a Bovespa. Enquanto o Ibovespa fechou com alta de 0,16%, os contratos futuros do índice com vencimento em dezembro afundaram 800 pontos desde às 17h, indo de 48.300 pontos para 47.500 pontos. Com isso, o Ibovespa Futuro virou de alta próxima de 1,0% para queda de 0,76%

    Ao mesmo tempo, os contratos de DI futuro com vencimento longo passaram a disparar mais de 40 pontos, indo para 16,20%. O dólar futuro, por sua vez, subia 2,43%, para R$ 3,92.

    A assessoria do ministério da Fazenda desmentiu a informação, segundo o Broadcast. Procurada pelo InfoMoney, porém, eles ainda não passaram um posicionamento sobre a informação.

    A publicação diz, porém, que aliados de Levy e outros ministros ainda contam com a possibilidade de que a presidente peça para ele permanecer no cargo e conduzir uma transição para um novo comandante da economia, já que ela ainda não tem um nome definido para assumir o posto.

    A jornalista afirma que a gota d’água, segundo quem acompanhou seu processo de decisão, foi a insistência do ex-presidente Lula em fritá-lo e a falta de empenho do governo em aprovar a CPMF, considerada vital para o ajuste das contas de 2016.

    O tom da carta de Levy é neutro e cordial, e pessoas próximas não descartam a possibilidade de, após conversar com Dilma, o ministro permanecer no posto por mais algum tempo, diz a Veja.

    Outra versão
    O rumo, porém, não é unânime entre os principais veículos da imprensa. Segundo a colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, Joaquim Levy deve se encontrar com a presidente ainda hoje, mas que, segundo “um interlocutor frequente do comandante da Fazenda”, ele “não vai pedir demissão” e “nem será demitido”.

    De acordo com a jornalista, Levy “vai se queixar muito” à presidente. O ministro estaria disposto, no entanto, a relatar que a pressão contra o ajuste fiscal que tenta promover “aumentou muito”, afirma a Folha.

  6. Olhando mau exemplo

    Quando o ministro, a mídia e os midiotas têm na austeridade espanhola uma referência de “austeridade eficaz”, o que é que nos resta? Difícil discutir com quem não enxerga o óbvio.

  7. LULA  DISSE QUE   LEVI  É

    LULA  DISSE QUE   LEVI  É  MEDICAMENTO COM PRAZO DE VALIDADE    EU DIGO  QUE   ESSE PRAZO DE  VALIDADE ESTÁ VENCIDO.  O pacote  que   o  tal do  Levi  preparou   favorecendo  as empreiteiras  estrangeira  ja  é o suficiente para  mandar  esse  medicamento vencido   para  correr.

    essa confiança de agentes  economicos  é tudo  balela  tudo para   esconder  os  verdadeiros propositos  O  Levi  é  economista  da direita  ou  mais precisamente do  CAPITAL  ESPECULATIVO,  do  capital   veroz   desumano que  so  visa  destruir  a  economia  brasileira,   

  8. Teoria conspiratória

    Dilma não cometeu erros acidentais, nem tomou caminhos aleatórios. São coincidencias demais para acreditarmos em acasos. 

    Muitíssimas das decisões de Dilma agradam a elite direitista. Demissão do delegado Protogenes. A indiferença com que Dilma observa a Lava Jato, até reconduzindo o PGR ao seu cargo. O plano de Levi, para abrir o mercado para as construtoras estrangeiras. Aumento de Juros, pelo Copom, e Dilma nada fazendo novamente. Dirceu preso ( novamente, nenhum politico da oposição sendo investigado). A Midia incentivando tudo isto.

    Vários setores e instituições agindo em sintonia com os desejos mais profundos da elite. Judiciário investigando petistas (apenas), o legislativo votando uma lei atrás da outra de cortes de direitos trabalhistas,sociais, etc. A Petrobrás sendo investigada por agentes dos EUA, a convite de nossas autoridades. Um projeto tramitando no Congresso de entregar o pre sal aos EUA. O executivo dizendo amém, a tudo isto.

    Dá a impressão de que permitiram ao Lula ganhar as eleições, apenas para que ele descobrisse o pre sal para os EUA. Agora que ele já descobriu, o controle do Brasil volta aos poucos ao controle da casa grande.  E se não volta formalmente, pelo menos de fato já voltou.

    Os ministros mais anti petistas possiveis são nomeados, mantidos e as vezes até recondizidos aos cargos. Coincidências?

     

    Há a percepção de que, existe uma grande organização direitista, controlando tudo, uma Matrix por trás de cada grande acontecimento nacional – seria a midia que está por trás de tudo isto? Ou seriam ordens vindas de fora do país? Cada membro de algum dos poderes, ou da midia seriam os agentes da Matrix. Quando alguém se rebela, imediatamente, os agentes o interceptam e o neutralizam.

     

    A grande diferença entre a Matrix e o nosso país, é que na nossa realidade não há nenhum salvador, nenhum Neo para vir nos salvar dos agentes da Matrix.

    “Quando um povo é obrigado a obedecer e obedece, ele faz bem; assim que pode sacudir o jugo e o faz, age ainda melhor, porque recobra a sua liberdade.”

  9. Até parece que o governo tem

    Até parece que o governo tem margem para fazer alguma coisa na economia.

    Fazer o que? Reduzir os juros em 4% e torná-lo negativo? Vai provocar uma corrida ao dólar.

    Vai manter o juro e criar linhas de crédito para socorrer as empresas? Com que dinheiro?

    Vai parar de vender o dólar no mercado futuro e deixar o dólar chegar a 5 reais?

    Tão fácil dizer que o o governo tem de mudar a política econômica mas fazer o que se não tem nenhuma credibilidade, nenhuma reserva e arriscar perder os 8% de aprovação?

     

     

  10. Acabou para o Levy. Agora a

    Acabou para o Levy. Agora a economia espera por um piloto de corridas de fórmula um, e não por um capitão de navio em nevoeiro.

  11. #auditoriadadividaja

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=SAlVbjZR958 align:center]

    Ministro é relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 59/2004, da OAB, que pode obrigar o Congresso a realizar a Auditoria da Dívida prevista na Constituição de 1988

    Foto: Renata Saraiva

     

    Participaram da Audiência Maria Lucia Fattorelli, Rodrigo Avila (Coordenação da Auditoria Cidadã da Dívida), Laercio Bernardes dos Reis (ASMPF), Maria Antonieta Cossio Xavier (INTERSINDICAL e ASSUFRGS), Regina de Fátima de Souza (SINTUPERJ), Henrique Olegário Pacheco, Luiz Fernando Rodrigues Gomes (SITRAEMG), José Júnior Alves Mesquita da Silva, Matheus Peres Machado Magalhães, José Francisco Barbosa Oliveira (Núcleo DF da Auditoria Cidadã da Dívida), Paulo Henrique S. Garrido, Fábio Roberto Kruger (ASFOC), Maria Cristina de Araújo (CORECON-DF), Breno de Souza Rocha (SINDIRECEITA), Adeline Cecilia Castilho Dias (MPM-DF), Pedro Banwart (OAB).

    As entidades relataram ao Ministro como o problema do endividamento público afeta as suas respectivas áreas de atuação, reduzindo os recursos para as áreas sociais e serviços públicos fundamentais para o país. Por este motivo, e considerando os inúmeros e graves indícios de ilegalidades desta dívida, que consome mais de 40% do orçamento federal a cada ano, Maria Lucia Fattorelli explicou a Barroso a importância de se realizar uma completa auditoria, com participação cidadã. Maria Lucia entregou ao Ministro um Memorial que resume os argumentos favoráveis ao acatamento da ADPF, e mostra as fragilidades dos argumentos contrários apresentados até o momento pelo Congresso Nacional e pela Procuradoria Geral da República.

    O Ministro se confessou surpreso com as informações, admitindo que até aquele momento se encontrava influenciado pelos recentes noticiários, de que a dívida não seria mais um problema para o país, demonstrando a necessidade de maior divulgação do tema inclusive para os demais ministros. As entidades apresentaram a sugestão para a realização de uma Audiência Pública sobre a dívida pública no STF, de modo a inserir o tema no debate da Corte e mostrar aos demais ministros a importância de que a ADPF seja julgada procedente.

    Quanto à preocupação argumentada durante a reunião de que, mesmo na hipótese de o Congresso instalar a Comissão de auditoria da dívida, tal fato possa não significar a efetiva investigação (a exemplo de muitas CPIs), os presentes esclareceram que há experiências positivas também: durante a recente CPI da Dívida Pública concluída em maio/2010 na Câmara dos Deputados, houve uma grande mobilização por parte das entidades apoiadoras da Auditoria Cidadã. A cada reunião da CPI, ficava lotado o Plenário da CPI com representantes da sociedade, que contribuíram para a elaboração do Relatório Alternativo do deputado Ivan Valente, que aponta graves indícios de ilegalidades. Esse Relatório contou com um número de assinaturas igual ao número de votos dados ao Relatório Final da CPI, formulado pela base do governo e que, apesar de reconhecer diversos problemas em seu diagnóstico, concluiu pela não existência de ilegalidades no endividamento.

    O Ministro também perguntou às entidades sobre a existência de economistas que defendam a causa, e logo foi atendido, pois dentre as entidades presentes se encontrava o CORECON-DF.

    Ao final, o Ministro se comprometeu a estudar o assunto, e as entidades se colocaram à disposição para quaisquer esclarecimentos.

    “Este foi mais um passo dado, na luta pelo cumprimento de nossa Constituição Federal, que prevê, no art. 26 do ADCT, a realização da auditoria da dívida”, declarou Fattorelli.

    Por Rodrigo Avila

  12. Ajuste???

     

    “Ajuste” é uma palavra singela para descrever as atrocidades desse governo. Trapaça, assalto, desrespeito, massacre seriam palavras mais adequadas, mesmo que insuficientes para a verdadeira situação.

    Desde1994 trabalho em uma empresa (geradora de riqueza) que sempre teve entre 1000 e 1400 funcionários. A cerca de um ano e meio começaram as demissões. Hoje somos menos de 700 e houve 70% de redução da produção. É uma rotina de terror e demissões. Semana passada foram mais 31.

    O governo quer a todo custo arrumar suas contas e não se importa com trabalhadores e suas famílias.

    As perguntas são: 

    – Os últimos 31 trabalhadores demitidos ajudaram a pagar mais impostos?

    – A empresa pagara mais impostos com redução de faturamento?

    Obviamente que NÂO

    A velocidade de degradação da economia está muito mais acelerada que os aumentos de impostos pretendidos.

    Precisamos de um governo que inspire confiança e mantenha o trabalho das pessoas. O aumento de impostos só funcionaria nessa situação.

    O grande assistencialismo que um governo pode prover é a geração de empregos e não bolsas. O trabalho promove dignidade para as famílias e impostos para o governo.

    O governo está sulgado toda a sociedade para o buraco.

    Sou seguro que a atual politica economica do governo sem governabilidade da sociedade resultará em um fracasso redundante.

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