O balanço do impeachment no Senado

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A batalha pelo impeachment no Senado, que tem a responsabilidade constitucional para julgar se a presidente Dilma Rousseff cometeu ou não o crime de responsabilidade, vai além de fatores partidários e de oposição ao governo, como também considera o fator Temer na Presidência. Nesse sentido, partidos tendem a formar rachas, uma vez que a decisão dos senadores é etapa final irreversível para a destituição do poder da presidente.
 
O placar atual apresenta uma margem grande de variações*. Dos 81 senadores, 50 são favoráveis à abertura do processo de julgamento pela Casa, mas apenas 39 afirmam que votarão a favor do impeachment, pelos méritos das pedaladas fiscais. Na primeira etapa, quando o Senado decide se aceita votar o processo ou não, que está prevista para o dia 12 de maio, 20 parlamentares votarão contra. E, para o placar final, 21 decidem não afastar a presidente.
 
Nesse balanço, 7 senadores não declararam o voto da segunda semana de maio e 11 também preferiram não se manifestar para a votação final. Ainda na primeira fase, um deles não respondeu, um não irá votar e dois estão indecisos. E, no voto final, três não responderam e 7 estão indecisos.
 
Como se pode perceber, a volatilidade ainda é alta e não se tem uma resposta definitiva de como irá caminhar o impeachment contra a presidente Dilma. Nesse cenário, um fator será determinante: se, como diz o balanço, o Senado aceitar julgar o processo, Dilma será afastada por até 180 dias, ou enquanto o julgamento durar na Casa Legislativa. Isso significa que, a partir do próximo dia 12 de maio, o vice Michel Temer poderá assumir a Presidência do país em até seis meses, que equivale a um oitavo de um mandato presidencial.
 
Nesse meio tempo, negociações do PMDB de Temer e de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e encabeçador do impedimento de Dilma, a nível de Ministérios, cargos de segundo e terceiro escalões, projetos de interesses parlamentares, medidas econômicas de bancadas de peso no Senado, entre outras moedas de troca poderão definir a saída efetiva da presidente. 
 
Um dos partidos que já adiantaram voto 100% pelo impeachment, o PSDB de Aécio Neves (PSDB), analisa se apoiará, ou não, o pós-processo: um governo Temer. O PMDB, que carrega posicionamento histórico de bastidores dos projetos PT-PSDB, agora tenta garantir o apoio da oposição direta à presidente Dilma.
 
A nível estadual, o PSDB encontra-se dividido e decidirá sobre a aliança após consultar seus 78 mil filiados, em reunião do diretório paulista. A maior liderança do PSDB de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, já manifestou que defende um apoio parlamentar, mas não a nível Executivo em forma de cargos no governo Temer. 
 
Por outro lado, os encontros entre o peemedebista e o senador José Serra (PSDB-SP) se intensificaram. Além de já ter sido procurado pelo vice, neste domingo (24), Serra voltou a se reunir com Michel Temer no Palácio do Jaburu. O senador é cotado como um possível ocupante de Ministério. 
 
Além disso, tucanos afirmam que a distância do governo Temer é necessária, considerando as investigações da Operação Lava Jato que miram peemedebistas. “O partido ficará exposto, o tempo todo, a perguntas de como é ser companheiro de Esplanada de investigados”, disse um líder aecista ao Painel da Folha. Ainda, o PSDB é autor do processo de impugnação contra a chapa Dilma e Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim, o que se vê, hoje, no PSDB é um racha sobre o posicionamento entre apoiar ou não o possível mandato.
 
Outro partido que deve definir suas indicações junto à Executiva é o PSB. A sigla se viu em meio a um racha, após orientar seus correligionários a votar pelo impeachment, mas ter parte da bancada contra o posicionamento. Quando definiram não “fechar questão”, ou seja, liberar os filiados a votarem de acordo com convicções próprias, apesar da indicação, da bancada de 32 deputados presentes, 29 votaram a favor e 3 contra na Câmara, no domingo (17).
 
Agora, o partido novamente se reunirá, nesta quinta (28), em convocação do líder Carlos Siqueira, que defende o apoio a Michel Temer no Congresso, independentemente de cargos. Outros partidos, como o DEM, PP, PSD, PR e PRB devem solicitar postos em escalões do Executivo para o voto favorável. 
 
Nessa mesma linha, centrais sindicais como a Força Sindical, a UGT, CSB e a Nova Central, pedirão a Temer, nesta terça (26), um governo com menos juros e mais empregos – medidas já defendidas pelo peemedebista em suas cartilhas, que impõem, como contrapartida, reduções de investimentos em saúde, educação, salário mínimo, previdência social e simplificação de leis trabalhistas.
 
Leia mais:
 
*O mapa utilizado como base de dados foi o produzido pela Folha de S. Paulo aqui e aqui.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. BOICOTE ÀS OLIMPÍADAS JÁÁ,SE

    BOICOTE ÀS OLIMPÍADAS JÁÁ,SE O GOLPE PASSAR!

    Segundo o leitor GilsonAS alguns países já pensam em boicote! (Rússia?)

    ACHEI FENOMENAL,POR ISSO COMENTO AQUI!!!!

  2. Eu não tenho nenhuma razão

    Eu não tenho nenhuma razão para acreditar que o “julgamento” do senado brasileiro será diferente do “julgamento” da câmara dos deputados, se duvidar irá se repetir o “show de horrores”. É o mesmo fisiologismo e a mesma compra e venda de votos, só muda o número de envolvidos de pouco mais de quinhentos para pouco mais de oitenta.

  3. Por toda onda de boataria

    Por toda onda de boataria sobre um possível governo Temer, posso concluir que a briga nos bastidores: está intensa, ninguém consegue se entender, alguns estão com receio de participar de um governo ilegítimo que tentará impor medidas impopulares, o próprio vice decorativo (que continuará decorativo caso Dilma venha à ser deposta) me parece estranho, considerando que pode alcançar sem voto o cargo máximo da República (estarão ocorrendo chantagens?). Resumindo: está em vias de se instalar a República do Vale Tudo. E a grande dúvida: como chegaremos em 2018?

  4. O balanço é:Dilma está fora,

    O balanço é:

    Dilma está fora, é carta fora do baralho, o republicanismo mandou a conta, caros Dilma e Lula.

    Aliás, ja formaram o Ministério de Temer, Serra na educação e Meirelles na Fazenda, podendo indicar o Presidente do BC.

    Olha, pode ser que Temer seja ruim, mas é melhor um Governo ruim do que nenhum Governo.

     

     

  5. De acordo com Jânio de

    De acordo com Jânio de Freitas, cada voto pelo Sim no circo do cunha teria valido duas milhas; apareceu também que cada voto pelo Sim dariam direito a uma cota de 142 cargos ao deputado. Quanto será que vai valer cada Sim no senado?

  6. No senado já valeu

    O dono da Mabel já pagou aos senadores para votarem a favor do impeachmente, investigar esse sujeito não precisa, não vem ao caso. Ninguém se salva, todos estão golpeando a democracia inclusive a justiça.

  7. A batalha pelo impeachment no

    A batalha pelo impeachment no Senado, que tem a responsabilidade constitucional para julgar se a presidente Dilma Rousseff cometeu ou não o crime de responsabilidade…

     

    Enfim, uma afirmação correta neste blog sobre o julgamento no Senado

  8. depois de 180 dias o governo

    depois de 180 dias o governo temerlão não terá mais credibilidade alguma,

    menos do que já tem já de início….

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