O espetáculo do ‘desagravo’ a Eduardo Cunha, por Chico Alencar

Cunha, o impoluto, ainda

Cunha, o impoluto, ainda propôs que o congresso aprove lei acabando com a recondução do PGR. É uma tentativa clara de coagir o PGR. Já está na hora do Ministro Teori afastar Eduardo Cunha de todas as suas funções antes que ele proponha leis para coagir também os ministros do Supremo.

Chico Alencar, o tendencioso, pensa que engana aos atentos

O deputado federal Chico Alencar, do PSOL-RJ, que já integrou os quadros do PT, pensa que engana aos mais atentos quando confunde necessidade de se modificar as regras de financiamento de campanhas eleitorais, principalmente a partir da proibição da doação de pessoas jurídicas, especialmente empresas, bem como a necessidade de se implementar uma reforma política ampla, com o endosso a fatos concretos derivados da Operação Lava-Jato.

Empresas devem ser proibidas de doar, isso é certo, já que o poder econômico deslegitima as candidaturas e elas, as empresas, se apossam dos rumos das eleições, sabotando a soberania popular (o voto do povo). Empresa não vota e, portanto, não pode doar. Não há muitas dúvidas sobre isso, apesar dos argumentos contrários. No entanto, nada relativo a essas questões tem a ver com analisar alguns fatos concretos da Operação Lava-Jato. É preciso fazer essa separação, pois pessoas podem estar sendo acusadas de forma errada, ilegítima. Ter uma posição sobre a reforma política (financiamento de campanha incluído) não significa desconsiderar alguns fatos concretos ou acatá-los sem a devida investigação e posterior obtenção de provas.

O deputado deveria ser menos confuso em suas pretensões políticas e entender que a defesa dos acusados não se confunde necessariamente com concordar com o tipo de financiamento de campanha que, em última análise, permite que a corrupção se instaure institucionalmente nas estatais.

É profundamente lamentável, por exemplo, que Chico Alencar, em tom moralista, faça circular esse texto chamando de “revelador” o depoimento de Pedro Barusco, que, a par de se negar a responder as perguntas referentes ao período anterior a 2003 na Petrobras, quando ele mesmo confessou que recebia propina desde 1997, 1998, mas que assim agia por iniciativa exclusivamente pessoal, terminou arrematando que apenas em 2003 foi que o esquema se “institucionalizou”, pretendendo dizer com isso que foi a chegada do PT ao poder que fez com que o esquema de corrupção na Petrobras passasse a incluir o elemento de repasse de parte das propinas para os políticos envolvidos e para os seus respectivos partidos, gravíssima acusação de Barusco que foi feita sem qualquer prova que tivesse sido exibido contra, por exemplo, o tesoureiro do PT, João Vaccari, provas estas que o delator confessa que não possui.

Ou seja, Chico Alencar chama de “revelador” o depoimento de Barusco, que se negou a responder as perguntas sobre os atos de corrupção anteriores a 2003 e confessou não possuir provas dos pagamentos de propina supostamente feitos ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Quando nos deparamos com esse tipo de atuação de Chico Alencar, fica muito claro que ele está usando a investigação para atingir politicamente o governo, fazendo o jogo da oposição, provavelmente porque se tornou um ressentido anti-PT.

Não quero aqui entrar no mérito das acusações feitas contra Eduardo Cunha. Elas são graves e merecem ser investigadas. No entanto, nada disso significa que a corrupção foi institucionalizada pelo PT a partir de 2003, como acusou Barusco, e muito menos significa que Dilma soubesse de tudo. Chico Alencar, sob o manto de enxergar na investigação um importante instrumento que demonstra o erro que é o atual sistema de financiamento de campanha, envereda por instrumentalizar a CPI politicamente para atacar o Governo, o que faz quando endossa o depoimento de Barusco, classificado por ele de “revelador”, quando Barusco não possui provas das acusações feitas contra o PT e quando o próprio delator, protegendo o PSDB e os partidos que davam sustentação ao governo FHC, se recusa a responder as perguntas sobre os fatos anteriores a 2003.

O depoimento “revelador” de Barusco é caolho: fecha um dos olhos e abre o outro, manipulando os fatos politicamente ao diferenciar institucionalmente o PT do PSDB em termos de exercício do poder, fato que ajuda mais ainda ao discurso pró-impeachment.