Os desafios macroeconômicos do próximo governo

Ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa tornou-se um dos economistas referenciais na discussão sobre os rumos da política econômica.

Para ele, o próximo governo enfrentará dois grandes desafios macroeconômicos: um cambial, outro fiscal. O cambial é tornar o sistema de metas de inflação menos dependente da apreciação do real; o fiscal é aumentar o resultado primário recorrente sem deixar de atender às demandas crescentes da população e sem aumentar a carga tributária.

Vamos descrever suas análises por parte, começando pelo histórico do uso do câmbio no combate à inflação.

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A questão cambial no governo Lula-Dilma tem três fases, segundo Barbosa.

A primeira, de 2003 a 2005 foi de correção cambial, com uma apreciação do real eliminando a depreciação dos anos anteriores. Ao final do período, a taxa de câmbio real havia retornado ao patamar de antes da crise argentina e próxima ao pré-Plano Real.

De 2006 a 2008 foi uma fase de apreciação, com o boom dos preços internacionais de commodities reduzindo ainda mais o câmbio, para um valor próximo ao do Plano Real. Esse período terminou com a crise de 2008.

De 2009 a 2011 foi uma fase de apreciação e intervenção, depois que a expansão da liquidez internacional gerou outro boom nos preços internacionais de commodities e devolveu o câmbio aos níveis verificados no final do Plano Real. Segundo Barbosa, esse período terminou no início do governo Dilma, com a introdução de um imposto sobre o aumento da posição vendida em Reais no mercado de derivativos cambiais.

A partir de 2012 o Real começou novamente a depreciar devido ao novo cenário econômico mundial. De dezembro de 2011 a dezembro de 2013 o real se depreciou 21%.

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A partir de 2013 a forte depreciação do real levou o governo a rever sua  estratégia passando a combater a depreciação. NO final de 2013 o Ministério da Fazenda retirou a maior parte da tributação sobre entradas de capital, enquanto o Banco Central passou a oferecer proteção financeira contra a depreciação do real via swaps cambiais. Até meados de 2014 esses swaps equivaliam a 25% das reservas cambiais brasileiras.

Entre dezembro de 2013 e julho de 2014 o real apreciou-se 8%. Sem essas intervenções, mantido o nível real de agosto de 2013, o dólar deveria estar em R$ 2,51, em lugar de R$ 2,23 em julho de 2014.

Contribuiu também para a apreciação a retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos.  Mas a razão maior da luta contra a depreciação cambial foi a inflação.

***

Pelos levantamentos de Barbosa, o BC cumpriu a meta de inflação em onze dos quinze anos desde a adoção do sistema em 1999. Em oito desses onze anos houve redução da taxa de câmbio real; em seis deles, redução da taxa nominal. Os três casos de cumprimento da meta sem apreciação cambial devido a outros fatores: meta bastante elevada em 1999 e controle dos preços administrados em 2012 e 2013.

Com esse modelo errático, a economia passou a ser alvo de manobras especulativas via operações de arbitragem entre taxas de juros internacionais e internas.

Vai-se apreciando o câmbio real até que ele fique tão baixo que o mercado passa a apostar na depreciação do real. 

Luis Nassif

12 Comentários

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  1. Correção gradual da taxa de câmbio

    No Governo da Presidenta Dilma a taxa de câmbio teve uma correção significativa, além disso ocorreu também a redução da tarifa de energia elétrica, a desoneração da folha de pagamento, e a redução da cide, somando todos esses fatores, já ocorrendo uma melhora das condições de competitividade das empresas instaladas no Brasil.

    O melhor caminho seria adotar uma correção gradual da taxa da taxa de câmbio, com uma média de 4% nominais ao ano acima da inflação, em 5 anos teríamos uma correção de mais 20% na taxa de câmbio, ou seja o dólar cotado a R$ 2,80.

    Para isso será necessário reduzir os juros da Selic, e utilizar de forma intensa as Reservas Cambiais, tanto na venda em caso de volatilidade da taxa de câmbio, como na compra em caso de entrada significativa de dólares.

    Lembrando que as Reservas Cambiais, nunca deve se utilizada para tentar segurar uma determinada taxa de câmbio, e sim para trazer a taxa de câmbio para um patamar pouco acima do período anterior ao “estouro da boiada”. já que nesse período os ativos em reais estarão desvalorizados, o que diminui o poder dos especuladores.

    Em 2003 além da dolarização da dívida interna, a dívida pública externa representava cerca de 20% do PIB.

    Neste contexto o Governo do Presidente Lula utilizou a apreciação do câmbio, primeiro para desdolarizar a dívida interna, segundo para quitar parte significativa da dívida externa, e terceiro para comprar dólares e formar uma Reserva Cambial que desse condições para enfrentar as crises cíclicas de liquidez no mercado financeiro internacional.

    Sem a queda do dólar diante do real dificilmente se teria conseguido desdolarizar a dívida interna, muito menos seria possível quitar antecipadamente a dívida junto ao FMI, nem recomprado antecipadamente parte importante dos títulos da dívida pública externa.

    O tamanho das Reservas Cambiais de mais de US$ 200 bilhões em 2008 foi fundamental para ter conseguido resistido a grave crise de liquidez ocorrida após a quebra do Lehman Brothers.

    As Reservas cambias de quase US$ 400 bilhões também foi fundamental para ter resistido a crise de liquidez internacional no inicio de 2013.

    Na crise de 2008. o Governo do Presidente Lula, deve ter permitido a taxa de câmbio voltar a se apreciar, muito provavelmente em função do elevado número de empresas que estavam devendo em dólar sem o devido hedge.

    Agora com o ajuste das contas externas já realizado, com a dívida externa pública representando menos de 5% do PIB, e com todos agentes econômicos mais do que avisados, é possível aproveitar o atual momento de ajuste na política monetária nos EUA para corrigir a taxa de câmbio dentro de patamares compatíveis com a meta de inflação estipulada pelo CMN.

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    Mito V do Debate Econômico Pré-Eleitoral: “Infalibilidade Tecnocrática”

    Posted on01/10/2014by

    Variação anual do PIB 2009-2013 das 10 Maiores Economias Entre as 10 maiores economias — só tem sentido comparar economias de portes semelhantes não dependentes de desempenho exportador de uma ou de poucas commodities –, o Brasil foi a terceira em taxa de crescimento econômico médio anual desde a explosão da maior crise mundial desde a de 1929, ficando abaixo somente da China (8,8% aa) e Índia (6,5% aa). Os BRIC ficaram “fora-da-curva” por causa das dimensões de seus mercados internos, da atuação anticíclica de seus bancos públicos e da não independência de seus Bancos Centrais. Estes não se omitiram na regulação da “exuberância irracional” prévia à crise.

    Entretanto, a “autonomia operacional” do Banco Central do Brasil levou à adoção de um stop-and-go que freiou a retomada e a sustentação do crescimento econômico em nome da prioridade absoluta concedida à estabilização conjuntural da taxa de inflação. A tecnocracia autônoma assustou-se em todos os anos de elevação do crescimento do PIB (2004, 2008 e 2010), abortando-o com a elevação da taxa de juros básica Selic e/ou “a macroeconomia prudencial”.

    Crescimento anual do PIB 1994-2014De fato, com esse stop-and-go, desde 2005, o BCB manteve a taxa de inflação (IPCA) abaixo do teto do regime de meta inflacionária. São inéditos 10 anos seguidos de controle inflacionário abaixo de 6,5% aa. É totalmente falso o terrorismo econômico pré-eleitoral!

    Evolução anual do IPCA 1995-2014 Os defensores da Independência do Banco Central cultivam um “mito fundador” da doutrina novoclássica / neoliberal: a infalibilidade da equipe tecnocrata de plantão em sua diretoria! Justamente pela possibilidade de cometerem equívocos em seu arbítrio da taxa de juros básica que o guru monetarista, Milton Friedman era contra essa “tese”. Preferia que se tornasse uma artigo constitucional a única regra da política monetária: seguir a programação monetária de modo que só validasse o aumento do produto real e não a elevação apenas nominal do PIB.

    Infalibilidade é o dogma segundo o qual o papa, para os católicos, e a Igreja, para os não católicos, são infalíveis, não se enganam em questões de fé ou de moral, quando em exercício solene de seus ministérios. Miriam Leitão, na minha entrevista à Globo News, surpreendeu-se quando eu comentei as “barbeiragens” cometidas mesmo durante a autonomia operacional do Banco Central concedida no Governo Lula e no Governo Dilma. Acho que a surpresa maior foi ela se deparar com um simpatizante petista que não considerou dogmático, “tipo tudo que meu governo fez eu aprovo” ou “o que Keynes disse eu concordo”. Pelo contrário, não abro mão de meu pensamento criativo individual e desdenho o parasitismo do suposto “pensamento coletivo ou oficial”.

    A liberdade de pensamento e expressão deve ser praticada para ser mantida. No caso, eu citei exemplos de que não há infabilidade tecnocrática, “barbeiragens” foram cometidas pela Diretoria do Banco Central em diferentes governos. Daí o risco da concessão da independência ao Banco Central.

    Primeira, o efeito colateral da sobrevalorização da moeda nacional durante a gestão do Gustavo Franco (PUC-RJ) de 1995 a 1998: déficit comercial do Brasil pela invasão de importados e perda de competitividade dos produtos nacionais tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Com isso ele controlou a taxa de inflação, a pressão dos industriais sobre o Presidente FHC exigiu como contrapartida do apoio financeiro à sua campanha de reeleição a flexibilização da taxa de câmbio. Gustavo Franco era contra e teve a hombridade de se demitir: não sei se ele faria isso em caso de mandato de 8 anos independente do Presidente da República eleito…

    Segunda, o efeito desastroso de curtíssimo-prazo em janeiro de 1999 da “diagonal endógena” para a liberalização da taxa de câmbio pregada por seu substituto Francisco Lopes (PUC-RJ) — até hoje ninguém descobriu bem o que ele queria dizer com isso: quebra dos bancos Marka e Fonte-Cidam. Estes especularam com base em informações privilegiadas fornecidas pelo sócio do Chico Lopes em sua consultoria — e erraram! Foram vários escândalos que culminaram com a prisão televisionada ao vivo do ex-presidente do Banco Central, decretada pela então senadora Heloisa Helena (vulga “Heloísa Era Uma Lenda” do PSOL) em uma CPI no Congresso Nacional, devido à sua recusa em dar declarações que o comprometessem no crime de vazamento de informações.

    Terceira, o efeito desastroso da antecipação sem aviso prévio da inédita “marcação-a-mercado” das aplicações em títulos de renda fixa prefixados de setembro para 31 de maio de 2002. A perda de capital decorrente em fundos de investimentos, fundos de pensão e mesmo por parte de investidores estrangeiros levou à fuga de capital para aplicações em dólar. A cotação deste disparou conjuntamente com a pregação terrorista de “Serra ou o caos”. Os tucanos até hoje crucificam o medo pelo futuro Governo Lula como o bode expiatório culpado pela barbeiragem da equipe de Armínio Fraga (PUC-RJ/FGV-RJ), ex-futuro Ministro da Fazenda de Aécio…

    Elevação da SELIC em 10.09.2008 Abaixo a elevação em 15/09/2004 e manutenção em alta (19,75% aa) taxa Selic até 14/09/2005. Elevação da SELIC em 15.09.2004

    Quarta e quinta, as barbeiragens em setembro de 2004 (interrompendo a retomada do crescimento econômico) e setembro de 2008 (elevando juro justamente quando detonou a crise mundial) da equipe tecnocrata (e antipetista) escolhida por Henrique Meirelles (ex-presidente do Bank of Boston), urgido à condição de Ministro (julgado apenas por STF) por causa ameaça de processo judicial contra ele. Ela contava com Afonso Bevilaqua (PUC-RJ). Um dia depois de o IBGE anunciar que o crescimento da economia brasileira em 2006, foi de 2,9%, menos da metade da média mundial, o Banco Central anunciou que o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, pediu demissão e estava deixando o governo “por motivos pessoais”. Bevilaqua, segundo homem na hierarquia do Banco Central, era apontado por critícos da política de juros do BC como a principal influência conservadora nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). No lugar de Bevilaqua assumiu o então diretor de Estudos Especiais do BC, Mário Mesquita (Mestrado na PUC-RJ). A substituição por Mesquita, no entanto, não representou uma mudança no pensamento predominante no BC. Mesquita já tinha trabalhado no FMI e antes de ir para o BC era o economista-chefe do ABN-Amro Bank.

    Em 2003, Alexandre Schwartsman (FGV-SP/USP) foi também convidado pelo Henrique Meirelles para a Diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, onde permaneceu até 2006. Entre 2006 e 2008, foi economista-chefe para a América Latina do ABN Amro Bank, e de 2008 à 2011 ocupou o mesmo cargo no Grupo Santander Brasil. Atualmente, escreve a coluna semanal Opinião Econômica para a Folha de S. Paulo e uma coluna mensal para o Valor Econômico. Schwartsman é conhecido por suas críticas levianas sobre a condução da política econômica do governo brasileiro. Sua demissão do Santander em 2011 foi atribuída, justamente, ao seu estilo irresponsável, que alguns na instituição financeira consideravam como sendo “agressivo” e “arrogante”. Em março de 2013, Schwartsman emitiu outra opinião polêmica, afirmando que um suposto descontrole sobre a inflação por parte do governo brasileiro só poderia ser resolvido pelo aumento da taxa de juros, mesmo que isso implicasse em demissões. Isso em um momento em que a taxa de desemprego no Brasil chegou a um de seus menores níveis históricos, com a inflação dentro da meta estabelecida pelo governo. Atacou tanto a honra de seus ex-colegas do Banco Central do Brasil que este o ameaçou com um processo judicial. Aí, então, apelou para a vitimação. ‘Tadinho…

    Sexta, a exagerada “macroeconomia prudencial”, no primeiro semestre de 2011, da equipe composta de servidores públicos por Alexandre Tombini. Ele formou-se em economia pela Universidade de Brasília em 1984 e tornou-se Ph.D na mesma área pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, em 1991. É um servidor concursado do Banco Central desde 1998, tendo ocupado diversos cargos na instituição, como diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central. Afastou-se do banco entre 2001 e 2005, quando exerceu o cargo de assessor sênior da Diretoria Executiva no escritório da representação brasileira do Fundo Monetário Internacional, sempre colaborando nas negociações do Brasil com o órgão. Depois da “freada para arrumação”, em que “jogou passageiros fora pelo parabrisa”, Dilma Rousseff tomou as redeas da coordenação do Diretoria do Banco Central com a equipe econômica do Ministério da Fazenda, fazendo exatamente o que deve ser feito. Adotou política macroeconômica abrangente e coordenada, envolvendo política de abertura comercial, política fiscal, política de rendas, política cambial e política de juros, em condições internacionais propícias ao acúmulo de reservas internacionais e à sobrevalorização da taxa de câmbio.

    Espero que tenha continuidade essa política econômica coordenada. Considero a equipe de Tombini a melhor que eu presenciei no Banco Central do Brasil, desde que eu me graduei como economista profissional há 40 anos. Isto porque deixou de ser composta por representantes de O Mercado e de A Academia, isto é, tecnocratas com uma linha de pensamento econômico neoliberal antagônica com o programa econômico social-desenvolvimentista eleito democraticamente.

    Vejam,  em síntese, a queda da taxa de juro média nominal entre o governo FHC, o do Lula e o da Dilma:

    Taxa de Juros Média Anual FHC-Lula-Dilma

     

    1. KKKKKKKKKKK

      Isso ái é piada ou quem escreveu estava falando sério ? 

       

      só tem sentido comparar economias de portes semelhantes não dependentes de desempenho exportador de uma ou de poucas commodities 

       

      1. é uma aproximação válida

        A teoria do crescimento tem como uma de suas principais conclusões a de tendência à convergência condicionada: portanto, é correto dizer que o Brasil, cuja renda per capita é hoje a quinta ou sexta maior após o que o Banco Mundial considera alta renda média, não é comparável, digamos, à Bolívia, país latino americano mais dinâmico dos últimos 7 anos.

        Por outro lado, faz sentido, sim, restringir a amostra pelo porte total da economia, sobretudo em um período único na história econômica mundial, marcado pela ascensão de um grupo de países de grande porte e a grande velocidade, reconfigurando completamente as dimensões e os preços relativos das commodities cuja produção na escala requerida é incompatível com sua dotação de fatores. Nesse caso, países cujo PIB depende de forma significativa da exportação desses produtos tende a ser viesado. 

        É verdade que esse efeito também beneficiou o Brasil. Mas em uma proporção muito menor que, por exemplo, Peru ou Colômbia. Toda mineração, exceto petróleo, somada à agropecuária, não perfaz mais que 8% de nosso PIB.

        Ademais, China e Índia tiraram vários pontos de crescimento do Brasil – e de todos países industriais – pela ocupação de seus mercados internos e parte de suas exportações.

        A amostragem pode ser relativizada, mas ela é, para um artigo curto, bastante adequada. 

        Não é demais relembrar ainda que é praticamente unânime que o PIB brasileiro de 2010 inclusive para cá está subestimado em algo entre 0,5 e 1,0% ao ano (só de 2009 para trás sofrerá pouca alteração), ao passo que praticamente todos aqueles países já atualizaram suas conts nacionais. 

         

        1. Então você também considera

          Então você também considera que só tem sentido comparar economias de portes semelhantes não dependentes de desempenho exportador de uma ou de poucas commodities ? 

          1. Considero que quando é prá

            Considero que quando é prá fazer proselitismo o governo compara o crescimento do Brasil até com o da Alemanha ou Reino Unido, mas quando os fatos dão com os jumentos nágua, aí o Brasil só pode ser comparado com Vera Cruz ou Terra Brasilis.

  3. Poxa, com todo o respeito,

    Poxa, com todo o respeito, mas leiam com atenção este parágrafo, com grifos meus:

    “Para ele, o próximo governo enfrentará dois grandes desafios macroeconômicos: um cambial, outro fiscal. O cambial é tornar o sistema de metas de inflação menos dependente da apreciação do real; o fiscal é aumentar o resultado primário recorrente sem deixar de atender às demandas crescentes da população e sem aumentar a carga tributária.”

    Se é verdade que o Nelson Barbosa tenha se tornado “um dos economistas referenciais na discussão sobre os rumos da política econômica”, então nós só podemos estar ferrados.

    Eu até entendo que alguém dentro do governo fale um absurdo destes, até porque governar muitas vezes exigem uma imagem de responsabilidade e, apesar de nem sempre os governantes fazerem aquilo que pregam.

    Agora, de fora do governo, tem que meter a boca no trombone.

    Que importam a inflação e o resultado primário? O Brasil precisa mesmo é mudar de foco: o foco tem que ser o crescimento, o desenvolvimento,  não a inflação ou o superávit primário.

    Ao invés de ver como montar um sistema de metas de inflação menos dependente do câmbio, ninguém poderia surgir, p.ex., abandonar este sistema anacrônico?

    A gente tem que perceber que o mundo muda, e quando o mundo muda, velhas teorias naufragam.

    É o caso do sistema de metas de inflação: isto não funciona em lugar nenhum do mundo. Já até funcionou, mas não funciona mais, e por motivos muitas vezes diferentes em locais diferentes.

    Nos países desenvolvidos, o sistema de metas de inflação deixou de funcionar, haja vista que eles não conseguem criar inflação, nem aumentando explosivamente a base monetária.

    Pelo contrário, o aumento da base monetária nos países desenvolvidos, acaba causando inflação é na periferia.

    E não tem sistema de metas que possa se opor a isto.

    É um absurdo pretender controlar estes fatores.

    A inflação é uma consequência do que ocorre na economia como um todo, não pode ser uma finalidade da economia controlar a inflação.

    A mesma coisa ocorre com as metas de superávit primário: uma bobagem, que até faz algum sentido em épocas de economia forte. Em tempos de crise, o estado tem é que abrir as torneiras.

    Ou seja, enquanto o Brasil não cresce, os economistas estão preocupados com a inflação e em equilibrar as contas do governo (desde Herbert Hoover, no mínimo, se sabe do desastre que é equilibrar o orçamento face a crise econômica).

    Isto não pode ser verdade.

    O fato é que o mundo da economia emburreceu uma enormidade nas últimas décadas.

     

     

     

  4. “Com esse modelo errático, a

    “Com esse modelo errático, a economia passou a ser alvo de manobras especulativas via operações de arbitragem entre taxas de juros internacionais e internas.”

    Tenho a impressão que é o contrário.

  5. Uma maior integração entre o Ministério da Fazenda e o BC

    A questão cambial passa pelo Banco Central, já que é ele quem opera a política cambial definida pelo CMN, e administra as Reservas cambiais.

    Além de reduzir os juros da selic será necessário utilizar as demais ferramentas da política monetária, como a regulação do compulsório, do IOF, normas de regulamentação do sistema financeiro, para controlar a liquidez do sistema financeiro e o crescimento da demanda agregada.

    Em momentos de grande  variação do preços internacionais,  tanto para cima como para baixo, será preciso ajustar a taxa de câmbio para atenuar ao máximo os impactos nos preços internos da economia, para isso será necessário combinar o uso dos swaps cambiais com a venda de dólares da reservas cambiais, ou venda de swaps cambiais reverso com a compra de dólares para aumentar as Reservas cambiais ou para realizar resgastes antecipados dos títulos da dívida pública externa.

    A questão fiscal está interligada a questão cambial, já que com uma taxa de câmbio mais competitiva, haverá um aumento da produção nacional em função do aumento das exportações, e da substituição de parte das importações pela produção nacional.

    O aumento da produção nacional elevaria a renda e a arrecadação de impostos e taxas, viabilizando um aumento do superávit primário “sem deixar de atender às demandas crescentes da população e sem aumentar a carga tributária”,. Lembrando que quanto maior o nível e da renda dos trabalhadores assalariados, menor a necessidade das políticas sociais.

    Dentro disso será fundamental um maior sintonia entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central, de modo que as medidas fiscais e monetárias seja complementares e não conflitantes entre si.

  6. O problema dos economistas é acreditar na economia

    A economia é uma falso saber, uma mentira montada sobre alicerces espúrios, onde o poderio militar é o que define as regras.

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