Rejeição de Janot no Senado pode provocar rebelião no Ministério Público

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A possibilidade de o Senado rejeitar a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador-geral da República tem levantado teses de que o Ministério Público Federal, “100%” engajado na Lava Jato, não vai digerir a notícia muito bem. Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo desta terça-feira (21), os procuradores não pretendem “assimilar em silêncio” a eventual derrota do candidato mais votado pela classe.

“A escolha de alternativa que não tenha o endosso da categoria tornará o órgão ‘rebelado’ e ‘ingovernável’, na opinião de integrantes da força-tarefa que investiga políticos envolvidos na Operação Lava Jato”, escreveu. 

No próximo mês, os procuradores promoverão uma votação interna para escolher o substituto de Janot, cujo mandato termina em breve. Pelo destaque na Lava Jato, o atual PGR é favorito para permanecer ocupando o cargo. Dilma deve acatar o mais votado pelo Ministério Público e levar o nome ao Senado, que fará uma sabatina para avalizar ou não a indicação. 

Como Janot tem irritado políticos de todos os partidos com as investigações que envolvem esquemas de corrupção na Petrobras, o Senado tende a afrontar o Planalto e rejeitar a reeleição do atual procurador-geral.

Ainda de acordo com a coluna, “procuradores que integram a equipe de Janot não aceitam que, em caso de rejeição pelo Senado, Dilma possa simplesmente indicar o segundo colocado aos parlamentares. Eles querem que seja realizada nova eleição.” Mas a proposta não é consensual pois, na visão de uma parte dos procuradores, um novo pleito seria “um desrespeito aos colegas que concorrem e até à presidente da República”.

Segundo o Painel da Folha, “caso o Senado rejeite a possível recondução do procurador-geral da República, o nome mais forte hoje para o cargo é o de Mario Bonsaglia.” Ele deve ser o segundo mais votado da lista tríplice.

Até hoje, nenhuma indicação do Ministério Público endossada pelo presidente da República foi rejeitada pelo Senado.

Embora saibam que rejeitar Janot não vai melhorar a situação de ninguém com a Lava Jato, os senadores ainda podem lançar mão de outra estratégia: “protelar a votação [na Casa], para que Janot saia e seja substituído por um interino sem a mesma legitimidade de um procurador-geral eleito.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Esses procuradores estão

    Esses procuradores estão pensando o que? Que os senadores que são eleitos pelo povo estão alí apenas pra ratificar o que vem do executivo ou seja lá de onde for.

  2. A solução, eleição direta. Como realiza-la.

    ParticipAção Direta

    Poder Judiciário, a democracia chegou

     

    Montesquieu diz claramente que: “Não haverá também liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder legislativo e do executivo, não existe liberdade, pois pode-se temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas estabeleçam leis tirânicas para executá-las tiranicamente”. Ainda completa: “O poder de julgar não deve ser outorgado a um senado permanente, mas exercido por pessoas extraídas do corpo do povo, num certo período do ano, de modo prescrito pela lei, para formar um tribunal que dure apenas o tempo necessário.”.

     

    http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAS7EAF/montesquieu-resumo-espirito-das-leis

     

    Quando pensamos em democratização do Poder Judiciário – o único entre os três poderes definidos por Montesquieu em o “Espirito das leis”, em que o povo não é chamado a participar, mesmo que, como vimos aí em cima, ele tenha defendido tal participação, embora não vislumbrasse como tal se daria – a primeira pergunta que nos vem a mente é:

    Como “confiar” ao “povo” tamanha responsabilidade?

    Eleger magistrados, operadores de direito, pessoas de notório saber jurídico sendo eleitos por um povo que, sabemos todos, é, no mais das vezes, totalmente desprovidos de tais saberes?

    Como outorgar-lhes tamanho poder sem colocar em risco o próprio poder que foi constituído para fazer, operar e aplicar o direito e a justiça?

    Creio ser esta uma preocupação que tem norteado governantes e pensadores em todo mundo, embora não se note, desde a obra do pensador Francês, nenhum grande avanço nesse quesito, nada digno de nota. Até agora!

    Assim é que, em quase todos os países, os juízes das mais altas cortes tem sido nomeados pelo governante eleito de plantão, mesmo que, a meu juízo, em prejuízo da democracia, solapando direito liquido e certo do mais importante dos soberanos, o povo.

    O governo, formado pelo tripé Executivo, Legislativo e Judiciário, coxeia sem a participação da sociedade nesse processo de escolha. Pode ser um coxear insignificante, imperceptível até, ao qual o próprio povo quase não se dá conta; mas a democracia e a justiça sentem profundamente esse mal passo, esse passo manco dado pelos governos e a sociedade em todos os cantos do mundo já começa a cobrar uma maior participação nas escolhas desse obscuro poder e isso é muito bom, a justiça e a democracia agradecem.

    Vamos às propostas:

    Sabemos que vários postos do Poder Judiciário, Ministério Público, Advocacia Geral, Tribunais de Contas e outros onde quer que existam, são nomeados pelo Chefe do poder executivo eleito, seja ele Federal ou Estadual, sendo que no caso do TCU, a indicação é feita pelo Poder Legislativo e nomeado pela presidência, nos governos estaduais é o executivo que nomeia quem vai averiguar suas contas. Sintomático não? Assim é no Brasil, não deve ser muito diferente no resto do mundo.

    Como se dá a democratização desses poderes com a participação da sociedade, sem que paire sobre essa participação o receio da má escolha, sem que se diga que os novos membros do judiciário foi escolhido pela plebe rude, pela escumalha? Isso muito embora, como vimos em escolhas recentes de vários de seus membros, os chefes de executivos, de variadas instancias, não cause a esse povo nenhuma inveja pelas suas escolhas, muito pelo contrário.

    No tempo de Montesquieu certamente ainda não existia a quantidade de advogados que hoje existe em todo mundo e talvez por isso ele não tenha pensado na solução que agora proponho, qual seja;

    1 – Que todo portador de carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), tomem parte na escolha prévia de um número X de candidatos a serem escolhidos pelo povo para os cargos até agora nomeados pelo chefe dos poderes executivos. Isso elimina de uma vez por todas, aquelas in/fundadas suspeitas sobre a sapiência popular em tais escolhas, visto que a escolha será feita a partir de uma cesta indicada por doutos.  

    Essa medida pode ser tomada sem que uma única vírgula seja alterada na constituição, visto que em última instancia caberão aos chefes do executivo a nomeação para o novo posto. Basta para isso que o governante atenda, ou não, ao clamor popular por mais democracia, e a sociedade se mobilize e exija tal reivindicação, inclusive fazendo constar dos programas de governos dos candidatos e partidos nos próximos pleitos eleitorais.

    Após a adoção de tais medidas, não tardará muito para que as mesmas sejam devidamente regulamentadas, com estabelecimento de disputas e mandatos para os magistrados até então nomeados pelo chefe do executivo.

    2 – A participação popular no processo de escolha dos indicados será feita através de votação não obrigatória, em que os interessados em participar do processo de escolha se inscrevem em site do TRE de sua região e ou também na OAB, enquanto se desenrola a disputa e a escolha entre os advogados e juízes, ao fim da qual os vencedores terão acesso a e-mails dos inscritos para fazer a campanha final, com participação popular, agora junto com todos os que participaram do processo anterior.

    3 – A presidenta Dilma tem agora uma excelente oportunidade de marcar seu governo através da ParticipAção Direta da sociedade na escolha dos novos ministros do STF, para isso as organizações sociais precisam pressionar para que o povo participe na escolha dos novos ministros. 

    4 – Estes mesmos princípios podem ser adotados para a escolha dos membros dos Tribunais de Contas. Só que ao invés de buscarmos advogados para nos indicar os melhores conselheiros, buscaremos contadores, economistas e administradores de empresas, em seus respectivos órgãos representativos.

    5 – Um outro ponto interessante é em relação ao Quinto constitucional, que muitos consideram uma jabuticaba, fruta tipicamente brasileira, como um recurso engendrado pela OAB na CFB de 1988, para beneficiar seus pares.

    Se a OAB, que ultimamente tem sustentado um discurso em prol da democracia direta, levar tal discurso a cabo, ela não pode deixar de considerar com muita seriedade, a possibilidade de chamar o povo, na forma descrita nos itens acima a tomar parte na indicação dos membros do quinto constitucional, onde quer que ocorra tal possibilidade, transformando essa “aberração” jurídica, num achado em prol da democracia, da justiça e da participação popular; é o sapo virando príncipe.

    Ao fazer uso da radicalização democrática, usando de um direito constitucional, para chamar o povo a ser parte e tomar parte na construção da justiça, a OAB retoma o seu leito histórico e aponta para outras entidades, ligadas a administração e controladoria o caminho a seguir.

    Quinto constitucional

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Quinto_constitucional

     

    1. Texto gande, propsta simples.

      A grande desculpa para se negar ao povo o direito de escolher juizes e procuradores é que o povo é, digamos, inculto.

      Pois bem, e se juizes, procuradores e outras pessoas que operam o direito fossem pré-escolhidos por conhecedores do direito, como por exemplo, todos os advogados do Basil, fazendo-se uma lista sextupla em que o povo escolheria 3 e submeteria a presidencia  e ao senado? Isso seria possível sem que uma vírgula da lei fosse mudada. Os detalhes no textão aí em cima.

  3. Dilma deve saber quem é quem
    Dilma deve saber quem é quem e indicar aquele que quiser.
    Isso se chama DEMOCRACIA!

    Tanto faz Quem for o mais votado pelo MP!

  4. As chantagens e ameaças

    As chantagens e ameaças viraram prática corriqueira no Brasil, a instituição não pode ameaçar rebelião.

  5. “Ingovernável”(?)

    A rejeição viria por uma causa nem um pouco louvável. Entretanto, o Parlamento teve a oportunidade de apreciar a PEC 37 e abdicou dessa prerrogativa, naquele momento, por uma motivação também nada virtuosa: “o clamor das ruas”. Uma coisa é certa: nessa configuração institucional o MP é um monstro que precisa ser circunstanciado ao regime democrático.

    A reavaliação do modus operandi e papel do MP diz respeito à democracia brasileira, portanto, vai além dos interesses circunstanciais de PT, PMDB, PSDB ou qualquer outra agemiação partidária.

    Como tudo em política é momento e propriedade, penso que deixando as divergências de lado os partidos, tanto de oposição quanto da situação, deveriam reativar a proposta de encontrar os contrapesos e freios institucionas à metástase que se tornou a atuação política do Ministério Público.

  6. “Como Janot tem irritado

    “Como Janot tem irritado políticos de todos os partidos com as investigações que envolvem esquemas de corrupção na Petrobras, o Senado tende a afrontar o Planalto e rejeitar a reeleição do atual procurador-geral.”

    Peraí, não é bem assim não !

    A turma do PSDB está muito satisfeita com o Janot.

    Perguntem ao Aécio Neves que ela vai confirma o que digo.

    Né não Aécio ?

  7. Realmente, chegamos ao fundo

    Realmente, chegamos ao fundo do poço em termos de anarquia institucional. 

    Não beira à petulância, mas a excede em muito  essa suposta indisciplina e desrespeito do parquet para com um dos poderes da República. Escrevo “suposta” porque de tão impensável ainda a avalio mais como fofoca. 

    Reduzindo ao absurdo: suponhamos que o Senado Federal, no uso das suas prerrogativas constitucionais, rejeite a indicação do atual procurador Janot. O absurdo: como reagiria, como se concretizariam essas ameaças, na realidade MOLECAGENS, de alguns procuradores do Ministério Público? Invadiriam em hordas o prédio do Senado e lá surrariam os senadores eleitos pelo povo? Os denunciariam aos lotes ao Judiciário? Desfilariam pela av.. Paulista em pleno meio-dia vestidos de baiana e cantando “Mamãe eu quero”? Meteriam o dedo na gargante e se suicidariam? 

    Por que não vão, como o fazem os cidadãos, as entidades que os agrupam e mesmo outras instituições públicas: ir ao Senado e tentar convencer os senadores e senadoras?

    Afinal, o Ministério Público pensa ser o quê? 

     

  8. Deve ter muito procurador que

    Deve ter muito procurador que entrou por concurso depois de 2003 que não sabe como era antes quando o PGR era pau mandado do PR. Só não podem esquecer que não recebem votos, quem manda é quem, pelo menos em tese, representa o povo. Se os procuradores defendessem mais a República e menos seus partidos políticos, não teríamos chegado a esse ponto.

     

     

  9.   Situações diferentes,

      Situações diferentes, personagens idem. Mas…

      Ao que dizem, ao montar sua equipe de governo o golpista Geisel ouviu: “general, há ao menos 300 nomes propostos para compor o Ministério”. A resposta: “então são 316. 300 dos outros e 16 meus.”

      Moral da história: governo “republicano” é governo emparedado. Depois de iniciado o “serviço”, é beeem difícil por o guizo no gato.

  10. A PGR parece mais uma

    A PGR parece mais uma extensão do Planalto. O fical das leis (PGR) está parecendo mais um advogado do PT. Troca de favores (recondução)?! Está na hora de, no mínimo, acabar com recondução de PGR. Sabemos muito bem que foi a “PresiDENTA” quem nomeou o Sr. Janot para cargo de PGR. Coincidência ou não, o nome dela foi citado inúmeras vezes por delatores da Lava Jato, no entanto, Janot não abriu nenhuma investigação contra ela. Barbaridade!  

  11. Rebelião?

    Até que se mude a Constituição Federal, os 3(três) poderes da Reública são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Não consta que o MPF seja o quarto e que seus integrantes tenham o direito de se rebelarem contra as instituições. Seria o caso de desobediência civil e por parte de funcionários públicos. A punição, independente dos devidos processos criminais, não podria ser menor do que demissão pura e simples. Sem direito àquele privilégio de aposentadoria.

  12. A vice-procuradora é a Ella Wiecko

    Muitos pensaram que ela seria indicada por Dilma no lugar do Janot.

    O MP está com medo dela indiciar o Aécio (o que Janot não faz)

    Wiecko é taxada de “petista” pelos seus colegas promotores.

    O Senado não deve aprovar um promotor corporativista (a maioria deles, tucanos), por isso tanto barulho.

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