Argentina afunda e Macri abraça Bolsonaro, por Altamiro Borges

O ajuste imposto pelo FMI não resultou em crescimento da economia nem em geração de emprego, conforme as promessas do demagogo Mauricio Macri

do Blog do Miro

Argentina afunda e Macri abraça Bolsonaro

por Altamiro Borges

Sem maior repercussão na mídia colonizada, que só realça a ofensiva imperialista contra a Venezuela, nesta quarta-feira (13) a vizinha Argentina parou. Convocado pelas centrais sindicais e movimentos sociais, o protesto nacional contra o desemprego e a inflação paralisou Buenos Aires e outras 50 cidades do país, com bloqueios de ruas e inúmeras marchas e atos públicos. Segundo a imprensa argentina, que é amplamente favorável ao presidente-rentista Mauricio Macri, as manifestações superaram as expectativas e indicam novos enfrentamentos para breve. Nas próximas semanas, importantes categorias de trabalhadores iniciam suas negociações coletivas. Apesar da inflação ter batido em 47,6% no ano passado, os patrões já anunciaram que não farão a correção salarial e nem concederão aumento real. As centrais sindicais já prometem uma poderosa greve geral.

Segundo Sergio Palazzo, da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), o protesto de quarta-feira teve “como objetivo exigir uma paritária social que contemple os aumentos da cesta básica de alimentos e das tarifas”. Desde junho de 2018, quando o abutre Mauricio Macri firmou acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para conseguir um empréstimo de US$ 57 bilhões, o governo acelerou a retirada dos subsídios a serviços básicos. Nos governos peronistas de Néstor e Cristina Kirchner, os aumentos eram graduais. Atualmente, serviços de água, luz, transporte e gás têm reajustes mensais. Essa política cruel de austeridade fiscal aumentou a miséria social no país, deixando milhares de famílias sem água, luz e gás. Além disso, ela gerou uma explosão da inflação, que corrói os salários já arrochados dos trabalhadores.

O ajuste imposto pelo FMI não resultou em crescimento da economia nem em geração de emprego, conforme as promessas do demagogo Mauricio Macri – que sempre foram amplificadas pela mídia chapa-branca, fisiológica e venal. Segundo dados oficiais, a Argentina encerrou 2018 com índices dramáticos, bem diferentes dos prognosticados no início da gestão neoliberal. As estimativas eram de um crescimento de 3% do PIB, uma inflação de 15%, e um dólar por volta dos 20 pesos. Em dezembro, o país se encontrava em recessão, com contração de 2% no PIB, o governo pediu dois empréstimos ao FMI (no total de US$ 57 bilhões), a inflação chegou a 47,6% e o dólar bateu 39 pesos – com uma desvalorização de mais de 55% da moeda argentina.

A aproximação de dois fascistoides 

Com o agravamento da crise econômica e social e o consequente aumento dos protestos populares, Mauricio Macri optou por endurecer na política. O seu governo descambou ainda mais para a extrema-direita, elevando a repressão e a perseguição aos opositores. Isto explica seu alinhamento automático com os EUA e, agora, com o presidente fascista do Brasil, como aponta recente reportagem da BBC-Brasil. “Neste ano de eleição presidencial na Argentina, o presidente Mauricio Macri, provável candidato à reeleição, sugere uma guinada ainda mais à direita ao se aproximar, com maior sintonia que a esperada, de Jair Bolsonaro. Mesmo sendo um político alinhado à direita, Macri era visto como ‘à esquerda de Bolsonaro’. Segundo analistas argentinos, porém, ele tem ‘clareza’ da importância para a Argentina de manter uma boa relação com o novo presidente brasileiro, já que o Brasil é o principal sócio econômico da Argentina e aliado ainda em outros temas, como o nuclear”.

“Ao se aproximar de Bolsonaro, entendem os especialistas consultados pela BBC News Brasil, Macri estaria de olho também nas urnas e na decisão de fazer frente à ex-presidente Cristina Kirchner, sua principal opositora política. Especula-se que ela, antecessora de Macri, poderia voltar a ser candidata à Casa Rosada, a sede da Presidência. Para o analista Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, a aproximação de Macri a Bolsonaro faz parte da ‘estratégia eleitoral’ do presidente argentino. Outros pesquisadores, como o sociólogo e professor Andrés Kozel, da Universidade San Martín (UNSAM), de Buenos Aires, observaram que a aproximação também pode ter um custo, já que Bolsonaro é um político controverso para parte do eleitorado argentino”.

Com os protestos crescentes na Argentina e as confusões no bordel de Jair Bolsonaro, esta aproximação de dois fascistoides pode virar o abraço dos afogados. A conferir.
Redação

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Estou prevendo algumas demissões na secção da CIA para a America Latina, só conseguiram incompetentes para apoiar, na Argentina o bonitinho de Harvard o Macri, na Venezuela o bonitinjo de Harvard o Capriles agora o Guidon, aqui o bonitinho do Sergio Moro e tivreram que engulir o louco segundo Beniano, todos estão derretendo suas fantasias rápidamente. Vai rolar cabeça nos States. kkkkkkkkk

  2. “O seu governo descambou ainda mais para a extrema-direita, elevando a repressão e a perseguição aos opositores”.
    Essa narrativa me lembra a Venezuela, que não fica apenas na perseguição, mas também mata.

    1. A tendência da extrema-direita é matar os opositores, mas como Maduro não é de extrema-direita, mas de centro, ele não mata seus opositores, são esses que, na disputa pelo posto do Maduro, se matam entre si.

  3. Macri tem os piores assessores políticos do mundo. Só entra em fria. Puseram foto dele com a Hillary, Trump ganhou (Trump no seu ambiente tb e bem antes já tinha ficado com os negócios imobiliários da família Macri em NY). Depois recomendaram q fosse publicada foto antiga dele com Haddad que tb perdeu. Outra bola fora. Agora o Bolsonaro, tudo indica, outra casca de ‘plátano’

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador