Lula defende Unasul para caminho rumo à integração e fortalecimento regional

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Lula disse que é preciso "redefinir uma visão comum e relançar ações concretas para o desenvolvimento sustentável, a paz e o bem-estar"

O presidente Luís Inácio Lula da Silva defendeu na manhã desta terça-feira (30), em encontro com presidentes da América do Sul, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, a retomada do processo de construção da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) como forma de fortalecer a região a partir da integração.

Parafraseando o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que foi secretário-geral do Itamaraty, o presidente brasileiro disse: “precisamos nos recusar a passar mais quinhentos anos na periferia”.

Para Lula, é preciso “redefinir uma visão comum e relançar ações concretas para o desenvolvimento sustentável, a paz e o bem-estar de nossas populações”. Inclusive para enfrentar a crise do multilateralismo da política internacional.

“Com o esvaziamento da Organização Mundial do Comércio, o multilateralismo retrocede e crescem as posturas protecionistas nos países ricos, limitando nossas opções”, declarou o presidente do Brasil.

Lula defendeu que os interesses que unem os países “estão acima de divergências ideológicas” respondendo às críticas de que a Unasul teria inclinações à esquerda. “O PIB somado de nossos países neste ano deverá chegar a 4 trilhões de dólares. Juntos somos a quinta economia global”, destacou.

Na esteira econômica, o presidente do Brasil sugere a criação de uma unidade de referência comum para, no âmbito comercial, enfrentar o dólar e listou algumas autocríticas necessárias para a retomada do instrumento regional.

“Seria um erro restringir as atividades às esferas de governo. Envolver a sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares dará consistência ao nosso esforço”, disse.

Na Unasul, sete países são membros plenos. Uma das missões diplomáticas e políticas é fazer com que novos países ingressem na Unasul. Por isso Lula concentrou esforços em aparar arestas que possam servir de obstáculo para a retomada da integração regional.

“Nossas decisões só terão legitimidade se tomadas e implementadas democraticamente. Mas a regra do consenso poderia estar restrita a temas substantivos, evitando que impasses nas esferas administrativas paralisem nossas atividades”.

Ganhos comerciais e sociais

A Unasul foi criada há exatos 15 anos, em maio de 2008. Lula lembrou que a integração contribuiu para ganhos comerciais importantes. “Formamos uma robusta área de livre-comércio, cujas cifras alcançaram valor recorde de 124 bilhões de dólares em 2011”.

Lula citou ainda a conjugação entre crescimento econômico e distribuição de renda. “Reduzimos nossas históricas desigualdades e logramos avanços palpáveis no combate à pobreza. Segundo a FAO, a América do Sul reduziu, em duas décadas, de 15% para 5% de sua população vitimada pela fome”, declarou.

Tomando como exemplo o período em que a Unasul esteve em operação, Lula entende que os países da América do Sul devem reavivar o compromisso com a integração sul-americana.

Inclusive para enfrentar os desafios geopolíticos atuais, caso da Guerra na Ucrânia, e os desmontes sofridos por cada país diante de governos ao modo de Jair Bolsonaro: expressão de falência econômica neoliberal associada a ideias de extrema-direita.

“As recentes eleições na Colômbia, Chile, Bolívia, Brasil e Paraguai demonstraram o vigor da democracia em nossa região, em escrutínios marcados pela expressiva participação popular e ampla liberdade de expressão”, disse Lula.

Participaram do encontro Alberto Fernández (Argentina), Gabriel Boric (Chile), Luís Arce (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia), Nicolás Maduro (Venezuela), Guilhermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benitez (Paraguai), Chan Santoki (Suriname) e Luís Lacale Pou (Uruguai).

Dos 12 países presentes na reunião, apenas o Peru esteve representado pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, porque a presidente Dina Boluarte está legalmente proibida de deixar o país.

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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