Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

A farsa do “antipetismo”, por Fernando Horta

Antipetismo teórico em percentual de votantes
 
A farsa do “antipetismo”, por Fernando Horta
 
A ciência está cheia de conceitos malformados, mal pensados ou mesmo insustentáveis. Ocorre que até para propor um conceito (ou questioná-lo) é preciso alguma empiria e muito cuidado metodológico.
 
Nenhuma das duas coisas acontece com a ideia do “antipetismo”. Segundo esta noção, existiria na sociedade um sentimento de “aversão” arraigado com relação ao Partido dos Trabalhadores que transcende a lógica e faria com que as pessoas votassem em qualquer coisa (ou coiso) menos no PT.
 
É uma noção largamente difundida na nossa sociedade, desde jornalistas até catedráticos de ciência política e história repetem esta noção, mais ou menos nos mesmos termos. Isto, por si só, já seria indício de problema. As posições mais contestáveis, do ponto de vista científico, sempre estiveram entre as mais plasmadas na sociedade. Como uma verdade imanente contra a qual quem se insurge é “louco”, “incoerente” ou ainda “desonesto”.

 
Poucas noções, contudo, estão mais equivocadas do que a do “antipetismo”.
 
Se expressarmos esta noção de forma mais limpa e lógica poderemos testá-la. Assim, o antipetismo seria a resultante de três afirmativas:
 
1) Que existe uma aversão ao PT e não a outros partidos.
 
2) Que esta aversão faria com que os candidatos do PT e não de outras agremiações fossem prejudicados ou mesmo impedidos nos pleitos. E
 
3) Que esta aversão estaria no campo do irracional imediato, no sentido de impedir aos sujeitos o cálculo racional da relação custo-benefício que rege, em diversos modelos, o posicionamento político.
 
Claro que vamos assumir que todos os condicionantes laterais são existentes. Assim, vamos assumir que os sujeitos têm acesso à toda informação de que precisam, que esta informação não é distorcida e nem politicamente induzida, e que eles podem compreender perfeitamente tanto a informação que recebem, quanto suas consequências. Fazendo isto, aumentamos a chance de uma análise objetiva, uma vez que damos à tese do antipetismo uma consistência que, inclusive, originariamente ela não tem.
 
Entretanto, se, com todos estes reforços, a tese não puder ser verificada na empiria é porque, provavelmente, ela está errada.
 
Vamos olhar então o nosso conjunto universo. Se tomarmos a República Brasileira, desde a criação do PT (1982) e olharmos os presidentes eleitos, temos: Figueiredo (até 1985), Tancredo Neves (não tomou posse), José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique (dois mandatos), Lula (dois mandatos), Dilma (reeleita) e Temer. Se excluirmos todos os que não tiveram votação direta (e não se poderia medir o “antipetismo”) sobram apenas Collor, FHC, Lula e Dilma. Em termos de mandatos, são 4 mandatos petistas e 3 de outros partidos. 
 
Nossa análise aqui não encontra respaldo para a tese do antipetismo. Tomando-se eleições diretas, o PT venceu quatro e perdeu três. E as que foram perdidas não resultaram em presidentes do espectro da “esquerda” para que nos ajudasse a separar o “antipetismo” da oposição das elites a outros partidos de esquerda, por exemplo.
 
Não pode existir “antipetismo” antes da existência do PT. Assim, o marco temporal é importante. Isto porque se antes do surgimento do PT existir uma rejeição semelhante, é possível que o que erroneamente se chama de “antipetismo” seja, na realidade, uma oposição política em função da luta de classes. E que ilumina o PT nos dias de hoje simplesmente porque é este partido que na atualidade lidera as votações em favor da classe trabalhadora.
 
Se olharmos os presidentes do Brasil desde a República (1889), temos que são 37 contando, mesmo à contragosto, com Temer. Destes, apenas quatro (Vargas de 51 a 54, João Goulart, que foi eleito separadamente como vice, de 61 a 64, Lula de 2003 a 2010 e Dilma de 2011 a 2016.) estão no que pode se chamar generosamente de “esquerda”. Quatro presidentes em 37 é uma amostra muito pequena para encontrarmos o “antipetismo”, especialmente quando se sabe que s oposições aos outros dois presidentes (50% da amostra) foram tão ou mais violentas que ao PT, levando um ao suicídio e outro a sofrer um golpe de Estado sangrento. 
 
Assim, vemos que a luta de classes gera uma aversão à esquerda no Brasil muito antes do surgimento do PT. E se contarmos que apenas Lula e Dilma se reelegeram, então é possível dizer-se que APESAR da violenta oposição de classes no Brasil foi somente o PT quem conseguiu sobrepujar este ódio e triunfar. O argumento inverte-se de um “antipetismo” sem base empírica, para um antagonismo de classes com história e exemplos anteriores que é subvertido pela força de um único partido de esquerda no Brasil.
 
Contudo, vamos oferecer à tese do “antipetismo”, mais dois testes. O primeiro é a verificação da racionalidade do cálculo custo-benefício para o surgimento do “antipetismo”. Aos espectros políticos da direita e centro direita o PT é visto como “esquerda” e é ilusório imaginar que em um cenário com opções à direita o “antipetismo” vai ser a força principal de decisão do voto. Nestes setores, portanto, é desnecessário e sem sentido falar em “antipetismo”, eles votariam na direita contra qualquer candidato que se colocasse na posição de antagonista. Sendo petista ou não.
 
É preciso testar a tese do “antipetismo” no único lugar em que ela poderia ser efetivamente vista: na centro esquerda e esquerda não petistas. Ora, é nestes grupos que só pode ser visto o “antipetismo”. É neste cenário que a relação custo-benefício deveria aparecer politicamente e indicar o voto no PT, mas, por outras razões, não se materializa. E aqui a virada do primeiro para o segundo turno nos indica um excelente laboratório.
 
Na eleição de 2002 de Lula, ele havia recebido no primeiro turno, segundo o TSE 46,44% dos votos com José Serra recebendo 23,19%, Garotinho 17,86%, Ciro Gomes 11,97% (!), José Maria (PSTU) 0,47% e Rui Costa Pimenta 0,04%. Vamos imaginar que a esquerda não petista não votou em Lula no primeiro turno e é do tamanho da diferença entre as votações do primeiro e do segundo turno. Lula teve 61,27% dos votos no segundo turno, contra 38,72% de Serra. Uma diferença de 14,83% que foram agregados ao PT. Assim, este antipetismo deve estar no acréscimo de votos que Serra teve do primeiro para o segundo turno mais o aumento dos brancos e nulos.
 
Não é crível dizer-se que Lula recebeu voto de “antipetistas” (especialmente em sua primeira eleição vitoriosa). Se os votos foram para Lula, e Lula é claramente identificado com o PT, isto quer dizer que o efeito não era um “antipetismo” (caracterizado pela irracionalidade do cálculo custo-benefício político), mas uma mera objeção de voto que pode ser contornada com informação e convencimento.
 
Seguindo esta linha, Serra teve 19,7 milhões de votos no primeiro turno e 33,3 milhões de votos no segundo. A diferença seria de 13,6 milhões de votos. Os votos brancos e nulos tiveram diminuição do primeiro para o segundo turno: Brancos diminuíram em 1,1 milhão e os nulos em 3,2 milhões. Já as abstenções subiram 3.1 milhões.
 
Isto significa que, na hipótese mais favorável à tese do antipetismo, o tamanho dele é dado por: 13,6 milhões (acréscimo votos do Serra) – 1,1 milhão (soma da diferença dos votos em brancos) – 3,2 milhões (soma da diferença dos votos nulos) + 3,1 milhões (aumento das abstenções. O resultado seria de 12,4 milhões, se (e somente se) estes votos tivessem sido dados a candidatos de esquerda no primeiro turno. A regra de restrição é que o antipetismo só tem sentido se avaliado dentro da esquerda e centro esquerda.
 
Vamos assumir um erro ideológico. Dizer que TODOS os candidatos opositores a Lula e José Serra eram de esquerda. É um erro, pois Garotinho do PSB e Ciro Gomes naquela época no PPS não eram vistos exatamente desta maneira. Mesmo assim, se somados os valores do primeiro turno deles, temos 25,7 milhões de votos. Deste total apenas 12,4 milhões de votos não chegaram a Lula. 
 
O total de votantes daquela eleição foi de 115,2 milhões de votantes e apenas 12,4 milhões representam o “antipetismo” teórico. Apenas 10,7% dos votos, portanto.
 
Usando a mesma metodologia para as outras eleições temos o seguinte gráfico:
 
 
Lembrando que em 2006 Geraldo Alckmin teve mais dois milhões de votos a menos no segundo turno do que fizera no primeiro turno, e que em 2010 e 2014 Marina Silva não deveria ser considerada candidata de “esquerda” (tanto por seu programa, quanto por seus apoios no segundo turno).
 
E este é o gráfico santificado pelos que atacam o PT hoje. Ele supostamente mostra que candidatos do partido teriam algo entre 10 e 11% (média) de oposição imediata apenas por ser do partido. 
 
Este gráfico é a expressão ajudada do conceito de antipetismo, tomado com suas condicionantes em máximo desabono da tese contrária. Entretanto, ele tem cinco graves erros:
 
1) O gráfico assume que todos os não votam no PT ou em seu principal antagonista no primeiro turno são “de esquerda” e teriam sua decisão de voto estabelecida única e exclusivamente na noção de “antipetismo”. Como se a esquerda fosse majoritária no país e este efeito político só não se realizasse no âmbito eleitoral pelo efeito da aversão ao PT. Esta noção é errada e isto pode ser percebido por meio das votações no legislativo, em que os partidos de esquerda nunca conseguiram somar 30% das cadeiras.
 
2) O gráfico esquece a competência, a campanha e os investimentos dos candidatos opositores ao PT no segundo turno para ganharem votos na disputa eleitoral. Assumindo que todo o voto no opositor do PT é dado pela aversão e não pelas boas propostas, carisma e retórica do candidato.
 
3) O gráfico admite que todas as pessoas que anularam votos, votaram em branco ou não compareceram às eleições – na diferença entre os números do primeiro para o segundo turno – o fazem como expressão do “antipetismo” e não por quaisquer outros motivos.
 
4) O gráfico se perde na falta de historicidade. Parece que nunca existiu, no Brasil, qualquer oposição às esquerdas até o surgimento do PT. Esta noção é errada historicamente e inconsistente nos dias atuais, haja vista que não temos nenhum candidato de esquerda não petista que tenha conseguido ir ao segundo turno.
 
5) O gráfico desconsidera a própria natureza do segundo turno que é jogar “todos contra um” e forçar um processo de decisão eleitoral. O efeito nominado como “antipetismo” pode ser uma simples consequência do sistema de votação no Brasil.
 
Fica um pouco prejudicada a avaliação da última possibilidade (que o antipetismo seja uma consequência da própria existência do segundo turno), uma vez que as eleições anteriores foram vencidas ainda no primeiro turno. A eleição de 1998 fica fora porque Fernando Henrique venceu no primeiro turno com 53% dos votos, com Lula tendo 31,7% e Ciro gomes 10,9%. E a de 1994, pelo mesmo motivo, com Fernando Henrique tendo 54,2% dos votos, Lula 27% e Enéas Carneiro 7,3%.
 
Em 1990, pode-se aplicar a mesma metodologia já que houve segundo turno. Ali, o número que caracteriza o “anticollor” (diferença entre os votos do segundo colocado mais diferença de brancos, nulos e abstenções no segundo turno em percentual de votantes) é 27,7%. Muito acima de qualquer valor mostrado anteriormente com relação ao PT.
 
Assim, o chamado “antipetismo” é um nome oportunista dado a uma série de efeitos diferentes, erroneamente aglutinados numa coisa só, e que, mesmo em sua expressão teórica mais favorável, não encontra sustentação empírica. O que hoje se chama de “antipetismo” é a soma do vetor de rejeição eleitoral da própria luta de classes no Brasil, da incapacidade dos candidatos derrotados no primeiro turno de buscarem os votos necessários para irem adiante e da capacidade dos candidatos que passam ao segundo turno de convencerem – por suas propostas e capacidades pessoais – eleitores a sustentarem o seu projeto.
 
Tudo isto entra na conceituação imprecisa de “antipetismo”. Ainda, existe a questão de que o sistema eleitoral brasileiro cria – por decisão estratégica – a ideia do “todos contra um” no segundo turno. No caso da eleição do Collor, por exemplo, este sistema foi um gerador ainda maior de animosidade, e nada ali tinha a ver com o “antipetismo”.
 
Se tomarmos os números apontados pela hipótese teórica perfeita, de um “antipetismo” na casa de 10 a 11% em média, como válidos (desconsiderando todas as premissas erradas), ainda assim o antipetismo não tem o efeito “bicho-papão” que alguns apregoam. Estabelece que o candidato do PT tem um teto de votos de 88-90%, mas já sai de um mínimo de 21 ou 22% conforme mostra a história. E, não esqueçamos, nos últimos quatro segundos turnos, os candidatos petistas (mesmo com o suposto antipetismo) ganharam as eleições.
 
Há, entretanto, uma notícia boa. Se, num eventual segundo turno entre Haddad e Bolsonaro aplicarmos a mesma lógica e os mesmos números, e adicionarmos 10% de votos ao percentual de Bolsonaro (por conta do “antipetismo”) ainda há por lutar 59% dos eleitores, dos quais 21% (segundo a última pesquisa IBGE) já votam no PT. Na pior das hipóteses existem 38% de votos a serem conquistados para se vencer o fascismo.
 
E vamos vencer!
 
16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Bonita camisa Fernando!

    Fernando, sem retoques.

    Há dias eu venho dizendo (talvez semanas, quiçá meses) que o termo antipetismo é uma fraude, que só se sustenta como instrumento de coalisão nos setores que se autointitulam de “esquerda” e que desejam avidamente o espolio daquilo que já mataram (o PT), mas que de fato não morreu, ao contrário.

    Isso não significa dizer que como espantalho, o “antipetismo” não acabe por interferir no cenário onde está fixado.

    Assim, não é estranho que a mídia comercial, os partidos de direita, as elites enfim, desejem a materialização do complexo processo da lutas de classes dentro dos limites da simplificação do antipetismo!!!

    O problema é ler, ouvir, assistir gente progressista mordendo essa isca, dentre eles, o editor desse blog!!!!

     

    Tão desastroso quando acreditar no antipetismo é acreditar que o bolsopata ou os sentimentos irradiados por ele são uma exceção, um ponto fora da curva do sentimento “civilizado”, “humanista” e “pacífico” do brasileiro, que reage dessa forma  (antissistêmica) porque desacredita no sistema!!!

    O capital eleitoral do “coiso” É SISTEMA NA VEIA!, é o Brasil finalmente mostrando sua cara!

    Exceções somos nós, meu caro.

    Nós somos (ou deveríamos) ser antissistema!

  2. Premissa falsa, conclusão…

    Sua primeira premissa é FALSA: “Que existe uma aversão ao PT e não a outros partidos”.

    O antipetismo é uma aversão ao PT. Ponto. Independe dos outros partidos que podem ou não ter algum tipo de aversão. Aos tucanos (neoliberais, em cima do muro) ou peemedebistas (corruptos), por exemplo.

    Saia do seu gabinete e conviva conosco, no meio da rua, e você saberá que existe um forte antipetismo na sociedade. Só quem pertence ao PT não quer reconhecer o óbvio.

      1. Esclarecendo: não sou fascista

        Há casos de corrupção sobre o PT que são verdadeiros. Outros são falsos, construídos pelos inimigos do PT, traidores do Brasil, etc. Por exemplo:  Lula, pelo que está no processo, é INOCENTE. Mas está preso.

        Mas há um fato social que não pode ser negado e é a isso que me refiro e que os dirigentes do PT também sabem. Há um forte antipetismo na sociedade. Esse antipetismo é usado para gerar ódio e o ódio é o combustível do fascismo. O PT, sabendo disso, deveria ter estimulado a formação da frente democrática proposta e defendida por, por exemplo, Jaques Wagner e Flavio Dino. Mas fez exatamente o contrário.

        Se o fascista ganhar a eleição, quem será responsabilizado politicamente ? Ou ninguém ?

         

        1. Tá se fazendo de burro, ou é mesmo incapaz de compreender?

          Já te respondi dezenas de vezes sobre isso. O PT FORMOU SIM A FRENTE DEMOCRÁTICA. Só nao deu a cabeça de chapa ao Ciro, porque nao tinha motivo nenhum para isso, ora bolas. Deixa de má fé, cara.

          1. A realidade é outra

            Você não dialoga. Você parte pra agressão pessoal. Pra mim, isto tem um significado bem evidente: falácia ad hominem.

            Veja que interessante sua concepção: “O PT não deu a cabeça de chapa ao Ciro”. Numa frente democrática, cabe ao PT dar ou não dar a cabeça de chapa ?  Pensei que isto deveria ser decidido democraticamente, com racionalidade política visando ao interesse do todo.

            O fato é que o PT boicotou a formação da frente, pois os objetivos prioritários dos estrategistas do PT é manter o hegemonismo da esquerda e garantir o protagonismo futuro (isso está numa entrevista dada ao Nassif, que provavelmente você não leu. Se ler, você pode mudar de opinião).

          2. Claro que cabia sim ao PT a cabeça, já q é o partido com + votos

            O que nao faz sentido é que a cabeça fosse Ciro, o candidato de si mesmo. O PT chegou a oferecer o lugar de vice ao Ciro, o que para mim já nao faz sentido. Mas o arrogante declinou. Podia estar agora na posiçao do Haddad, NAO ESTÁ PORQUE NAO QUIS. A frente existe. Nao só o PC do B faz parte dela, mas o PSOL está em aliança tática e o PSB (outro partido que nao devia estar, a meu ver, pois apoiou o impeachment) fez um pacto de nao agressao. E nao nenhuma há falácia ad hominem nisso.

  3. Sentido
    Os agentes se orientam por tal sentido, entao existe.

    E há um “fundamento” (goste-se dele ou nao): a oposiçao aos Direitos Humanos.

    Na visao do antipetismo, significa defender bandido e imoralidade, contra a familia e a administraçao publica, a serviço do “socialismo”, por interesse pessoal, ou puramente contra o “modo de vida tradicional”, razao pela qual devem ser aniquilados.

    Isso foi plantado e regado ao longo se decadas. Pode ou nao estar conjugado com a ideologia de merito, ou meritocracia. É sucedaneo do anticomunismo de decadas antes da,existencia do PT, PT, PT.

    O fato de ter ainda quem vota no PT, PT, PT, nao anula em nada a existencia do fenomeno. Sao milhoes de eleitores que vao votar movidos pela mesma constelaçao de sentido . Mentiroso ou nao, falacioso ou nao, nao cabe ao Cientista Social fingir (ou tentar decretar) que ele nao existe. Seria tratar a Sociologia como uma ciencia normativa.

    O fato é que os doutores dormiram pesadamente e nao viram o monstro emergir no meio da lagoa.

  4. Não sei não….

    Olha, até acho que o autor faz um trabalho louvável em querer definir e precisar melhor o conceito.

    Mas apelar pra história para um fenômeno essencialmente novo não me parece funcionar a fim de mensurar a coisa.

    Talvez ajude a entendê-la, mas não a mensura-lá;

    É um fenômeno essencialmente novo.

    Mas há um outro jeito de enxergar e observar que também considero: anti-petismo é anti-esquerda e o é assim agora porque a hegemonia dos partidos dos trabalhadores assim determina.

    Só quem é mesmo bem ativo na esquerda pra saber das nuances da esquerda, seus partidos e suas linhas etc etc.

    A grande massa dos brasileiros, de longe a maior parte, agora tem que tudo que é esquerda é petista é comunista é marxista.

    Se tem um problema que a direita não tem é de ver o que une a esquerda. A esquerda é que adora olhar pra sí e ver o que lhe diferencia.

  5. Dúvidas: Existe ‘antipetismo’? De onde vêm os bebês?

    Partindo do texto: ‘ “antipetismo”: (…) sentimento de “aversão” arraigado com relação ao PT que transcende a lógica e faria com que as pessoas votassem em qualquer coisa (ou coiso) menos no PT.’. Bom se JÁ EXISTIA uma aversão arraigada ao PT, eu não sei e, francamente, isso não me interessa, no momento. O que sei, sem dúvidas, é que AGORA EXISTE uma aversão ao PT capaz de levar muitos, que até a eleição passada eram “moderados”, a votar no próprio DEMO para derrotar o PT. Como sei? Eu ouvi isso de diversas pessoas que conheço a tempos. Nota: Antes das pedras, informo que eu não sou um desses. 

  6. mas é estranho

    Ded qualquer modo, é muito estranho que um candidato propondo unica e exclusivamente fazer o mal, ou prejudicar a grande maioria da população, esteja à frente nas pesquisas. FAla, por sua própria boca ou pela boca dos outros, que vão terminar de vez com 13º e CLT  , com férias abonadas e mesmo apenas férias remuneradas,  acabar ainda com bolsas de estudo,  universidades gratuitas, saúde e sei lá mais o que. Fala tudo isso, que certamente também afetará a classe média, e ainda assim esteja em primeiro lugar nas “intenções de votos”. Some-se a isso um pensamento absolutamente primitivo e grotesco do candidato e  só nos resta msmo questionar essas “pesquisas”  e mesmo  a licitude das eleições, ou das apurações.

  7. Celsinho, vosê sempre foi um

    Celsinho, vosê sempre foi um dos poucos que respeito dos tempos de militância… Sua colocações têm uma certa lógica, mas lembre que no passado houve havaliações sobre os rumos do Brasil por aqueles que tentaram lutar contra o autoritarismo… O antipetismo é um euforismo ao que o PT passou a representar. Além disso, Quantos se sentiram desiludidos com os rumos do Partido após o pragmatismo ter vencido a razão e as bandeiras de luta que fizeram o PT nascer… Pense nisto e parabéns por você ter se mantido integro em todos estes anos…

  8. Registro ao que irá acontecer

    Uma pesquisa bem interessante publicada pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, ligado a USP. Ao vasculhar 41 mil publicações com mais de 38 milhões de compartilhamentos, registrou 60% de rejeição ao PT. O que é bem próximo da Rejeição de 57% do Instituto Paraná registrou com relação ao Haddad. Para o Bolsonaro, a melhor coisa que poderia acontecer é o Haddad enfrentá-lo, pois provavelmente Haddad irá perder. Em Abril a pesquisa Ipsos mostrou que 57% consideram Lula culpado. O antipetismo é mais forte que o antibolsonarismo. O PT perderá, uma pena que vai ser o Bolsonaro que ocupará o lugar na presidência.

  9. tem um mundo à minha volta.

    Fernando Horta é um cara que aprendi a respeitar e acompanho cada linha que ele escreve aqui. Louvável o trabalho na produção deste texto. Entretanto, à minha volta vejo só crescer esse sentimento de “PT nunca mais” ou “qualquer coisa, menos o PT” e, de segunda feira para cá, unido ao “voto no coiso”. no prédio onde trabalho somos mais de duas mil pessoas. o que vejo aqui dentro, nas conversas de corredor, é o comentário que “só votando no Bolsonaro”. No transporte coletivo, que uso todos os dias, é a mesma coisa. Gente de diferentes classes sociais. Pode até não existir o antipetismo, mas existe sim alguma coisa que está fazendo as pessoas escolherem aquele outro candidato, somente com o objetivo de derrotar o PT. E, tenha o nome que tiver, o resultado será o mesmo

  10. Prá que complicar?

    Pode me chamar de “louco, incoerente ou desonesto” mas o antipetismo existe, sim, e é a expressão de um sentimento que a classe média reproduz há séculos: aversão, discriminação, exclusão dos pobres. O PT é o partido cujos candidatos eleitos mais fizeram pela inclusão dos pobres na classe média, pelo fim dos pobres não pela sua extinção em massa mas sim pela promoção desses pobres a pessoas de classe média, algo que a classe média teme.

    A demência esquizofrênica é que “pobres são os outros, eu sou classe média”. O antipetismo é apenas uma nova forma do secular elitismo, que tá difícil de ser extirpado da nossa cultura, brasileira, e cujo exame é tabu. O que não existe, na verdade, é uma classe média: na realidade ou a pessoa é elite ou é pobre. E se seu sobrenome não é Salles, Rockfeller ou mais uma meia dúzia por aí, você é pobre, não é elite.

    Consciência de classe, recomendaria o barba, consciência de classe…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador