As agruras de um servilismo internacional auto-imposto, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Além de ter comprometido as relações comerciais vantajosas que existiam entre o Brasil e os parceiros internacionais conquistados na era Lula/Dilma, o capitão motosserra é mal visto em razão de ter incendiado a Amazônia.

As agruras de um servilismo internacional auto-imposto

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Numa entrevista que deu há muito tempo, Jair Bolsonaro disse que FHC deveria ser fuzilado. O ódio mortal do então obscuro líder da extrema direita teria um motivo plausível (no imaginário dele, devemos acrescentar): as demonstrações de submissão aos EUA que teriam sido feitas pelo presidente tucano.

FHC fez o que pode para cortejar os EUA. Mas a diplomacia tucana fracassou, pois os norte-americanos queriam apenas silenciar o quintal latino-americano com promessas vãs. Naquela época, eles concentravam todos seus esforços em dominar a economia global usando a mão de obra abundante e barata na China (e reciclando no seu próprio mercado financeiro os lucros financeiros da Arábia Saudita e dos empresários que se deslocavam dos EUA para a Ásia).

A roda do mundo girou. Agora quem faz salamaleques e demonstrações de submissão aos EUA é o próprio Jair Bolsonaro. Nenhum líder da extrema direita disse que ele deve ser fuzilado. Tudo indica que a diplomacia bolsonariana também está condenada ao fracasso. Além de ter comprometido as relações comerciais vantajosas que existiam entre o Brasil e os parceiros internacionais conquistados na era Lula/Dilma, o capitão motosserra é mal visto em razão de ter incendiado a Amazônia. Para piorar, Bolsonaro depositou seu amor e suas esperanças num presidente dos EUA que está prestes a cair.

Assim como Bolsonaro decidiu macaquear FHC, em relação ao nosso país Donald Trump está claramente imitando Bill Clinton. Até o presente momento as demonstrações de afeto do norte-americano não resultaram em qualquer benefício econômico para o Brasil. O quintal está sendo novamente silenciado enquanto os EUA tenta se posicionar melhor em virtude das dificuldades que encontra em razão da competição com a União Européia e a China.

Sem amor próprio não há nem país respeitado, nem política externa eficiente, nem desenvolvimento econômico. A maior lição que Lula deixou nos anais republicanos brasileiros foi essa, mas ela está sendo ignorada. Bolsonaro prefere se igualar a FHC porque seu discurso anti-petista o obriga a se distanciar da era Lula. Nada mais tenho a dizer sobre esse assunto.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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