As marcas de um governo de trapalhões, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Um governo marcado por gafes, confusões, planos de gaveta e muita trapalhada. Assim o descreve o jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na Folha. Os planos emergenciais bolados pelo governo Temer só demonstram isso: um plano para segurança pública marcado como engodo antiquado que cria vagas mas não tira do horizonte os motivos que criam mais marginalidade, um plano de salvamento de Estados que é um horror de autoritarismo e violência, e outro para recuperação do estado do Rio que, de tão ruim, ou é barrado na Assembleia ou na Justiça. É esta a face deste governo.

Leia a coluna a seguir.

da Folha

Planos antiquados ou que empacam e gafes marcam governo de trapalhões

por Janio de Freitas

O governo Temer lançou o Plano Nacional de Segurança Pública. Foi recepcionado, por merecimento, como um engodo antiquado.

O governo Temer elaborou um plano de socorro aos Estados em crise financeira. Tão autoritário e violento que nem os governistas mais serviçais deram-lhe voto na Câmara.

O governo Temer apresenta um plano de recuperação do Estado do Rio que, ou não passa na Assembleia, ou cai na Justiça, caso saia de onde está.

Três casos emergenciais. Não são os únicos. São os escolhidos pelo governo para mostrar-se vivo. Embora em coma.

O elemento gerador da segurança pública, no plano que entusiasmou Temer, é a construção de numerosos presídios. Uma ideia velha, que a realidade demográfica derrubou sem precisar dos argumentos técnicos e científicos. A se manterem as condições sociais e educacionais, a cada encarceramento de marginal haverá dezenas ou centenas de jovens criados –pelo meio e pelo Estado– para substituí-lo, com a habilitação conveniente. Não há quantidade de presídios capaz de responder à realidade criminal brasileira (crescente, ainda por cima).

O alegado deficit de 250 mil vagas é outro chute no escuro. Não há conhecimento do número de presos provisórios em excesso de prazo, dos que já cumpriram a pena, nem mesmo da quantidade real de presos e da capacidade comprovável do sistema carcerário. E muito menos de quantos, pela concepção vigente, deveriam estar presos e vivem soltos. É admissível a necessidade de mais presídios invulneráveis, destes sim, mas não de decidi-los e aos seus altos custos com base em plano sem base.

Nada disso significa que Alexandre de Moraes esteja deslocado no governo Temer. Ao contrário. Ministro que só brilha quando a luz incide sobre ele, contribui muito com os acidentes e cruzeiros de Temer, e com o cai-cai de ministros e outros, para o retorno dos Trapalhões. E o faz até com certa originalidade: nega documentos que tem em mãos, solta informação sigilosa e até, depois de antecipar a operação que prendeu Antonio Palocci, deu uma entrevista coletiva em que os repórteres receberam o pedido de nada perguntar a respeito. Pedido ministerial de censura. Não menos ilustrativo, foi atendido.

Diz-se que o ministro Henrique Meirelles está com ares de cansaço, mais lento, menos loquaz. Sua entrada, há oito meses, foi quase a de general americano. Esperava que em horas tivesse feito os cortes, amputações, dispensas, reduções, fechamentos, dos quais falava com uma certeza antecipatória inflexível. Precisou de seis meses podando o seu plano do teto de gastos, para amoldá-lo ao aprovável pelos parlamentares. Mais um mês e meio, o plano de impor às administrações estaduais o seu comando e suas concepções restritivas, foi destroçado na Câmara: aquilo, só na ditadura, e talvez nem então.

Ao final de dezembro, Meirelles decretou: “Sem contrapartidas, o Rio não terá programa de recuperação”. O general americano, apesar de cansado. Para obter a admissão do que chama de contrapartida, Meirelles seduz o governador Pezão, que paga pela obra alheia: três anos sem pagamentos da dívida do Estado do Rio. E entre as contrapartidas: demissões em massa e redução de salários e pensões. Dois carregamentos de pólvora, o segundo até ilegal.

A crítica da resistência vai cair nos funcionários. Mas, contou no “Globo” o repórter Marcello Corrêa, uma corrente de empresas, beneficiadas com redução do ICMS, recorre à Justiça: não aceitam ceder à recuperação do Estado do Rio nem 10% do ganho extra que têm com o benefício, como pretende lei de novembro. A incitação parte da própria Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a Firjan.

Em contribuições de beneficiados o governo Temer não pensa para os seus planos. 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. Primeiro: não sei se são tão

    Primeiro: não sei se são tão trapalhões assim. Pra mim a ideia é criar o caos mesmo. Quanto maior o caos mais fácil oferecer e aplicar as tais “medidas amargas”;

    Segundo: o que se esperava de um Governo que assumiu o poder para administrar o país em nome de banqueiros? Queriam que eles resolvessem os problemas? Essa gente não resolve problemas, simplesmente agrava os que já existem criando mais caos;

    Terceiro: cadê os panelereiros de plantão? Viram o que fizeram? Devem estar contentes agora.

     

  2. A velhacaria em ação não tem

    A velhacaria em ação não tem um centavo de credibilidade. Fico pensando nesse horrendo ministério da segurança- segurança de quem, cara pálida? Se houvesse um pingo de vergonha, de honestidade e de seriedade,e mais, se houvessse um pingo de emergência nessas medidas, não seria mais humanitário obrigar, como a China (menos hpócrita embora autoritária) fez, a reduzir a natalidade no pais? A tal solução de 20 anos com menos escolas, menos sáude, menos emprego, menos aposentadorias, menos presídios, menos povo, menos votos, menos democracia, menos tudo para ter ;;;Menos governo. Outra solução é a criogenia, congela o povo até o país sair da crise…Porca miséria! Mas daí, vai ter que congelar as instituições e elites incompetentes que ‘governam’ o Brasil.

  3. Razões

    Jânio brilhante, como sempre. Na análise do plano de segurança, acho que se poderia acrescentar que o problema das prisões brasileiras não se resume à carência de vagas.  Se fosse,bastaria arrendar Buchenwald e Dachau, onde nossos detidos ficariam em situação muito melhor e a um custo muito mais barato.  Em meu entender, o processo que resultou em uma centena de mortes – e outras tantas ameaças – deriva da existência de um Poder paralelo dentro do Estado. Esse Poder é chamado de “facções criminosas”, e a multiplicação do número de presídios nada tem a ver com o aumento ou a redução das ações do PCC, do CV ou da FDN. A raiz do problema, portanto, estaria na área do tráfico de drogas, e não seria afetada pela construção de mais prisões. Mas sempre tem gente interessada na aplicação de dinheiro público…

  4. SEM VOTO nem legitimidade

    SEM VOTO nem legitimidade ..golpista SEM CARATER   ..e pra piorar, SEM a força das armas

     Pra dar certo ? ..só por milagre  ..azar o nosso que teremos que aguardar por mais não sei quanto tempo até que alguma Instituição volte a funcionar pra remover este cancro de onde ele esta

  5. as marcas….

    Não creio que seja um governo trapalhão. É um país trapalhão (alguém ouviu o discurso do Obama? Não abandonar a democracia e arregaçar as mangas). Refizemos a Constituição há 30 anos e tinhamos toda a liberdade para construir o que quisessemos. Era só se atirar do penhasco e voar. Então começamos a ser mais brasileiros que sempre fomos. Uma hora era o penhasco que estava muito perto, outra que era muito alto, outra porque chovia, outra porque fazia muito sol, outra porque fazia muito tempo que não voavamos, outra porque ventava muito, outra porque outras aves poderiam nos atacar….e outra e outra e outra. Mas nossa covardia nunca assumimos. Golpe agora? Já fora golpe no governo Collor. Contra ele? Não, contra nós brasileiros. Governo deposto? Novas eleições. Agora temos o destino da nação sendo leiloado por alguém que não nos representa e que não votamos para esta função. Rodamos e rodamos e não saimos do lugar. Condições sociais animalescas. Se alguém tomou o Poder é porque alguém o sustenta. Foi você? Culparemos a quem? 

  6. É pura perda de tempo querer

    É pura perda de tempo querer discutir qualquer ação dos golpistas.

    Nenhum deles teve ou tem interesse em governar nada. Quem tem minimamente interesse se candidata,discute com a população e,se eleito,governa.

    Essa gente não foi eleita.Estão aí pagando ,com o dinheiro ,o patrimônio e o suor do povo brasileiro,o preço que foi exigido para não irem para detrás das grades.

    Entendo que é desta forma que devemos analisar os golpistas e desta forma que devemos discutir com a população. O resto,são detalhes comparados aos malefícios causados ao país.

    1. de acordo!

      De acordo.

      Estão lá para atender os interesses proprios e os que os puseram lá. 

      Não têm outro interesse. 

      O que mais me espanta tem gente que ainda não se deu conta. Boa parte da classe media está nessa.

      Quanta inocencia!

       

  7. O que esperavam de um governo

    O que esperavam de um governo de criminosos e agentes estrangeiros?

    O meu palpite sobre o plano básico dos donos dos conspiradores continua o mesmo (tornar o Brasil em uma fonte de matéria-prima e força de trabalho barata e dócil para os cabeças-brancas, uma “China” sem o inconveniente de tentativas de independência), mas a incompetência dos marionetes locais é tão grande que estou começando a duvidar que consigam isso. Ou estariam propositalmente destruindo a estrutura e a economia do país para que depois o PSDB possa surgir como “salvador da pátria” vendendo a ilusão de que estão salvando o país quando na verdade estariam no máximo recuperando parte do estrago causado por Temer? Que é um velho truque do livro: Destruir para depois dar a impressão de que houve uma melhoria quando o que realmente aconteceu foi uma recuperação para o que estava antes.

  8. Esse Governo se Instalou, não

    Esse Governo se Instalou, não para Governar, mas sim,  para  ” Parar Essa Porra Jucá “!!!!!!……

  9. O governo do Rio tem duas

    O governo do Rio tem duas alternativas: reduzir os salários ou demitir. Demitir é ilegal? Atrasar salários ou deixar de pagar também é, então melhor demitir, que o governo pode acertar com a Assembleia Legislativa e o Judiciário.

  10. Como esperar seriedade

    e competência administrativa de ratos e membros de máfias criminosas que assaltaram o Planalto, tirando de lá a Dilma e os “petralhas”, pra “estancar a sangria”?

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