Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
[email protected]

Copiando e colando, juíza usou 430 vezes o nome de Lula, por Armando Coelho Neto

Depois dos laudos, a sentença de mais um crime do “IA”. A JUÍZA usou 430 vezes o nome do Lula, quase sempre copiando e colando. Como? Usando verbos no condicional, ou seja, no futuro do pretérito.

Copiando e colando, juíza usou 430 vezes o nome de Lula

por Armando Rodrigues Coelho Neto

O termo patricinha é usado para designar mulher rica (que pensa que é ou quer ser), mimada, consumista, modista, protegida pelos pais. Fútil e superficial, tem o ego lá cima, é esnobe, desagradável, arrogante. Em alguns círculos sociais é sinônimo de adolescente chata, desagradável. É o que consta na “net” sobre esse perfil, tão em voga na ascensão da alfafocracia. Politicamente correto à parte, generalizações idem, configura bem o tipo das figuras femininas que foram para a Av. Paulista tomar espumante, durante o ensaio geral do golpe de 2016 que derrubou a Presidenta Dilma. Bem a cara do filme “As Patricinhas de Beverlly Hills.

Não sei por que, mas sempre que olho a cara da juíza que condenou Lula no caso do sítio de Atibaia, lembro do filme. A rigor, não queria falar dela, mas depois de ler e escrever sobre a hipocrisia dos laudos do sítio de Atibaia, tive que dar uma piscadela na sentença da tal juíza. Quis ver no que deu a obra pericial que vai além da técnica, para ser opinativa: o sítio foi comprado para uso da família de Lula. Parece coisa encomendada para o JN editar.

Dei uma espiadela na sentença e me lembrei do “Crime do IA”, texto que publiquei neste GGN, em março/2016.  Para ilustrar como a Farsa Jato inventou o “crime do IA”, destaquei: um promotor pediu a prisão de Lula por causa de um apartamento que ”IA” ser dele. Não se sabe se ”IA” comprar pelo preço normal ou subfaturado, com dinheiro dele ou roubado, mas os corretores afirmaram que o apartamento não foi vendido por que ”IA” ser do Lula. Depois surgiu uma OAS que “IA” beneficiar Lula. Lulinha, o falso dono da Friboi, “IA” intermediar e não foi. Mas, para o promotor, como Lula não tinha dinheiro, “IA” mesmo ganhar o imóvel.

Depois dos laudos, a sentença de mais um crime do “IA”. A JUÍZA usou 430 vezes o nome do Lula, quase sempre copiando e colando. Como? Usando verbos no condicional, ou seja, no futuro do pretérito. Para o professor Leandro Cabral é um tempo verbal que “exprime frequentemente o irreal, o imaginário… notícia não confirmada, fato imaginário, possibilidade”. Já Daniela Diana, Professora licenciada em Letras, diz que o condicional expressa incerteza, surpresa e indignação, é utilizado para se referir a algo que poderia ter acontecido numa situação no passado. Resumindo, exprime dúvida, que aliás, virou certeza na cabeça daquela…

A juíza usou 41 vezes a expressão TERIAM e 141 vezes TERIA. Exemplos: “Grandes empreiteiras do Brasil, entre elas a OAS, UTC, Camargo Correa… TERIAM formado um cartel, através do qual TERIAM sistematicamente frustrado as licitações da Petrobras para ”… contratos da Petrobrás nos quais TERIA havido acertos de corrupção e que TERIAM também beneficiado o ex-Presidente…” Quer mais? “… o principal interlocutor do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Grupo Odebrecht TERIA participado diretamente da decisão dos pagamentos das reformas do Sítio de Atibaia…” Aliás, entre os TERIA, duas vezes rolam “Lula teria dito”.

Onisciente, a juíza destacou: “comandava o esquema criminoso que TERIA possibilitado a arrecadação de valores a seu partido… parte desses valores TERIA ido para o ‘caixa geral’ do Partido dos Trabalhadores….” Esse conjunto de atos “configurariam o crime de lavagem de dinheiro TERIA ocorrido entre 27 de outubro de 2010 e junho de 2011 quando Lula… o crime TERIA sido praticado, segundo a denúncia, no âmbito do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás…“  Consta dos autos que Lula “teria abençoado o negócio”. Tem mais: “há apontamento de que contratos internacionais da Petrobrás TERIAM alimentado as contas utilizadas pelo Grupo Odebrecht…”

Cheia de “certezas”, a juíza citou 130 vezes a palavra SERIA ou SERIAM, como em: “Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente da República, SERIA o beneficiário das reformas…” Mais na frente tasca um “o custeio SERIA da Odebrecht…” para depois registrar que fulano de tal “SERIA amigo próximo do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. Já os pagamentos, “SERIAM feitos em espécie… Esta SERIA a pena de Marcelo Bahia Odebrecht, não houvesse ele celebrado acordo”… “Fernando SERIA um mero laranja…”. Misturando alhos e bugalhos, numa referência a outro processo, que o Marreco desistiu de forçar a barra, ela fala da “reforma do local em que SERIA abrigado o acervo da presidência da República”.

Tudo com base nas expressões usadas pelo Ministério Público Federal, cheio de convicções. Desse modo, a sentença segue entre saberia, receberia, afetaria, existiria, conseguiria… Sempre com expressões no condicional. Expressões vagas configuram uma constante, como por exemplo, a “OAS teria pago propina a agentes da Petrobrás e a agentes políticos…” Que agentes? Paradoxalmente, quando se trata de argumento da defesa aquela “funcionária” quer detalhes, quer especificidade. A defesa, que reclamou da interceptação de 25 advogados, teve como resposta: “não há concretamente o apontamento de diálogos interceptados no referido terminal de outros advogados”.

Em nova versão do crime do “IA”, tudo seria, teria ou beneficiaria, a barnabé judicial concluiu que não estava em discussão a propriedade do sítio. Por pouco não disse que o sítio SERIA do Lula, mas este SERIA beneficiário das reformas, todas atestadas nos tais laudos. TERIA sido recompensa por atos não especificados que em tese configurariam crimes disso e daquilo. Como diz o próprio ex-presidente, “Depois de tanta mentira, Dr. Moro, o senhor está condenado a me condenar”. Não só condenou no caso do tríplex do crime do “IA”, como também condenou a juíza substituta a dar o mesmo desfecho.

Coisa de filme. De novo me vem à cabeça comédia “As Patricinhas de Beverlly Hills”.

Armando Rodrigues Coelho Neto – Jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ja fiz alguns comentários neste mesmo blog/mídia a respeito desse tal de “IA” ou usar verbos no condicional, que é totalmente cabível num texto jornalistico de opinião ou texto de hipóteses…..ao contrario num texto que relata fatos o “IA” não é cabível, fazer passar opiniões por fatos esta longe de ser jornalismo, coisa que se fez durante anos em prol da perseguição aos governos do PT……..Aqui, no nosso Brasil varonil “inventamos” uma nova modalidade de direito……O modelo “O direito de opinião”……Direito acusa /condena em cima de fatos/provas, não em cima de “diz-que-me-disse” ou de “IA”…..Mas pelo jeito somos “criativos” até onde não se deve ser,no direito…..Recadinho aos juízes e MP “criativos”: Quer ser criativo ou “interpretar” a lei segundo o seu bel prazer, melhor fazer um curso de teatro, “bater” um violão ou praticar danças de salão….ai são os lugares de ser criativo ou “interpretar”. não no direito…..

  2. Primeiro um agradecimento a Armando Rodrigues Coelho Neto por esmiuçar o assunto tornando-o claro para nós. Será que algum dia, antes de Lula morrer, o STF vai fazer o mesmo ? Pensando nisso, com Lula preso, sem qualquer discordância sobre o principal, justamente pela clareza mostrada pelo articulista, me veio à cabeça não a comédia sugerida, mas filmes de terror. Em vez de patricinha está mais para Morgana chefiada por Freddy Krueger.

  3. O Futuro do Pretérito deve ser um tempo verbal proibido no texto jornalístico, informativo. Por razões muito mais graves, deve ser proibido nos textos jurídicos, que exigem ser assertivos para serem conclusivos. Frequentemente, o Futuro do Pretérito é usado por quem pretende difamar, caluniar, sem colocar “o seu ” na reta.

  4. Falando em patricinha, alguém viu a foto das três procuradoras do caso do porteiro do Vivendas da Barra?
    Parecem clones, aquele cabelo louro escorrido. Teve aquela fazendo palestra sobre o Abolicionismo Cultural.
    Pior que servem de modelo para um monte de meninas.

  5. Armandinho Kumunnista discordo do termo que vc usou para caracterizar a juíza do crime do IA.

    PATRICINHA é muito para essa Bruaca…

    Eu trocaria por todos esses adjetivos:

    ????
    Bruaca, Vaca, Bocó Suprema.
    Horrorosa Cretina….
    Bandida! Vendida!

    Criminosa pois plágio é crime além de burrice…

    Mas eu entendo Vc: suave, polido, etc etc

    Com certeza essa sentença do crime do IA já é um plágio de outro plágio, pois o JUIZECO ladrão não tem condições de elaborar uma sentença, com quase certeza penso e com muita convicção ELE é uma farsa e desses seres humano , se é que é humano que compra ou apenas repassa todas as sentenças elaboradas pelos seus CHEFES…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador