Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Defenestrar o terrorista virótico, por Francisco Celso Calmon

Estamos cada vez mais próximos de um dilema: ou ocorre um processo de impeachment ou Jair Bolsonaro se tornará onipotente

Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Defenestrar o terrorista virótico

Francisco Celso Calmon*

 

Trocar Bolsonaro par Mourão é trocar seis por meia dúzia, é trocar um capitão por um general, é trocar um fascista tosco por um fascista polido, são frases simplistas de quem enxerga o jogo político não como um xadrez, mas como um jogo de damas.

Na política as variáveis são muitas e os riscos inerentes, e estamos cada vez mais próximos do dilema: ou impeachment ou Bolsonaro se tornará onipotente.

É questão de vergonha na cara das instituições democráticas a abertura do processo de impedimento do miliciano continuar na presidência do Brasil.

A maioria esmagadora da militância de esquerda é a favor do Fora Bolsonaro, Impeachment já.

É dever das direções partidárias democráticas, mesmo quando eventualmente discordam, estar junto às suas bases partidárias e sociais no caminho escolhido por elas. Esse é o papel da vanguarda.

A esquerda, mesmo não tendo força institucional para protagonizar o impeachment, não pode ficar a reboque, tem que estar na “mesa” para influir, valendo-se de sua representatividade no parlamento, nos governos estaduais e dos 45% da eleição presidencial e de sua capilaridade social. Inclusive defendendo as eleições gerais para que haja efetivamente um novo concerto político.

Contudo, com a esquerda institucional enfraquecida e a esquerda social, sem as ruas, também debilitada, e considerando ser inexorável e imperiosa a queda do presidente, o mais crível é que o impedimento ocorra quando as forças institucionais da direita estiverem alinhadas nesse propósito.

A consciência de que o modo bolsonarista de governar é incompatível com a Constituição e as leis do país e que sua permanência no poder significa ficar para a história como um modelo que pode ser seguido e consagrar a impunidade como um modo de ser da política brasileira, impõe defenestrar o terrorista virótico da presidência da República o quanto antes.

A queda do presidente Bolsonaro e a assunção do vice Mourão vai levar ao seguinte cenário hipotético:

. o governo perde a base social do bolsonarismo;

. essa base poderá se fragmentar, sendo que um pedaço pode apoiar o governo Mourão;

. o vice, Mourão, não tendo cacife eleitoral próprio e não tendo base parlamentar formada, terá que negociar muito mais para a governabilidade;

. as FAs podem ficar coesas no alto oficialato e divididas nas patentes inferiores no apoio ao Mourão, mas também ganhará força aqueles oficiais que compreendem que está sendo uma aventura perigosa a participação no governo;

. os três mil militares no governo, com as contas bancárias três vezes maior, deverão, em regra, permanecer, mas também continuarão a causar inveja aos que não estão e um desconforto interno;

.  a extrema direita tenderá a se afastar da direita;

. o bolsonarismo não morrerá, mas se distanciará do lavajatismo, enfraquecendo os dois;

. o bolsonarismo não tem generais, não tem um partido, conta com políticos descentralizados partidariamente, tem o sociopata-mor, seus filhos, o pseudofilósofo, milícias paramilitares e os anarcofascistas, fora do poder ficará bem enfraquecido;

. as milícias bolsonaristas não deverão querer enfrentar as forças armadas, porém, poderão realizar ações visando provocar o caos;

. quando o pedido de impeachment for aceito o Centrão irá se dividir;

. o pedido será aceito pelo Maia quando a articulação estiver fechada com STF e tudo o mais;

. Bolsonaro deve perder seus direitos políticos, mesmo não perdendo, se candidato for será derrotado;

. Moro será visto pelos bolsonaristas como traidor e será onde estiver alvejado por eles;

. as eleições de 2020 deverão ter o covid-19 como cabo eleitoral e o resultado será um forte indicativo para o pós impeachment.

Por tudo, o tabuleiro político será novo e com novas peças posicionais.

O desfio da esquerda será saber explorar a divisão do bolsonarismo com o lavajatismo e apresentar ao povo um projeto de nação.

 

*Francisco Celso Calmon é Administrador, Advogado, Coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES; autor dos livros Sequestro Moral E o PT como isso?(1997) e Combates pela Democracia (2012), e autor de artigos nos livros A Resistência ao Golpe de 2016 (2016) e Comentários a uma Sentença Anunciada: O Processo Lula (2017).

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

5 Comentários

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  1. É isso! Numa guerra não se pode escolher de qual batalha participar. A batalha, agora, e pela vida. E passa pelo apeamento já, agora!, do presidente miliciano. Sendo ganha, não há dúvida que outras virão . Mas se a perdermos, não saberemos quem estará vivo para as próximas…

  2. “A maioria esmagadora da militância de esquerda é a favor do Fora Bolsonaro, Impeachment já.”
    Hoje em dia isso não vale PORRA NENHUMA”, como diria o asnopresidente.

  3. Não existe dilema algum. É apenas mais do mesmo. O Golpismo da Velha Política tentando manter a continuidade de 90 anos de NecroPolítica. As Elites do Estado Absolutista Ditatorial Esquerdopata Fascista buscando manter seus Feudos. É STF mancomunado com Maia. Maia mancomunado com Governadores. Governadores mancomunados com STF mancomunado com OAB mancomunados com Federações Patronais e Sindicais Ditatoriais mancomunados com a ‘Imprensa Marron e ABI’s da vida’, destas décadas todas. Afinal Chateaubriand fez escola e alicerces. O desespero é enorme frente a abismo que se aproxima. Mas temos que dar os parabéns. Foram 90 anos de sucessos, como metástases destruindo o Hospedeiro. Indústria do Atraso, da Miséria, do Analfabetismo, da Seca, da Desindustrialização, da Burocracia, da Bandidolatria,…Agora que o navio começa a emborcar, os “ratos” já promoveram sua nova casa, nova vida, nova cidadania entre NY e Paris, no Paraíso do Consumo e Capitalismo entre Meritocracia, Luxo e Potências Imperialistas !! Vocês pensavam no que? Cuba ou Albânia?!!!! Viva o Socialismo Tupiniquim !!!!!!!!!! Pobre país rico. Muito Obrigado e Adeus. O Caribe ou Riviera Francesa é logo ali !!! Mas de muito fácil explicação. E VOCES ACREDITARAM NESTA FARSA?!!!!

  4. Já lhe ocorreu que o exército está firme no golpe e que o bozo está fazendo o seu dever de casa?
    Eles só estão vasilinando o povo, mas estão no poder desde antes da posse do bozo.
    O stf e o congresso só não foram fechados ainda porque os verdesaúvas não quiseram.
    Puseram cantando no povo que foi abusado e nem percebeu. Agora pra tirar, só um chute bem dado no lugar certo.

  5. Já lhe ocorreu que o exército está firme no golpe e que o bozo está fazendo o seu dever de casa?
    Eles só estão vasilinando o povo, mas estão no poder desde antes da posse do bozo.
    O stf e o congresso só não foram fechados ainda porque os verdesaúvas não quiseram.
    Puseram cantando no povo que foi abusado e nem percebeu. Enquanto não acabarem com o país eles não saem, a menos que encontrem uma força que esmague a sua pretensão.

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