Depois do golpe, dois cenários: conservadores no poder ou resistência até novas eleições

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A jornalista Tereza Cruvinel, em artigo publicado nesta quarta (17) no Brasil 247, diz que é necessário se preparar para a vida depois do “golpe” do impeachment, porque é o que nos espera. Segundo ela, dois cenários serão possível a partir de setembro: as forças conservadores se agarram ao poder sem nenhuma resistência popular, deflagrando reformas que reduzem direitos, sem que os afetados percebam ou se incomodem com isso.

Ou as forças progressistas se unem para impôr alguma resistência – provavelmente fortemente reprimida pelas autoridades – até que novas eleições sejam deflagradas. Isso, claro, sem esquecer que essas novas eleições ainda podem configurar o pior dos mundos – com o Congresso elegendo o novo presidente no lugar do povo.

Por Tereza Cruvinel

No 247

A vida depois do golpe

Com a vitória da coalizão golpista na votação da pronúncia de Dilma como ré, só falta o juiz apitar:  fim de jogo, tudo dominado, o golpe prevaleceu. O que será feito até o final de agosto são jogos ilusórios: a carta de Dilma aos senadores e ao povo, apelos ao Supremo e a cortes internacionais, manifestações Fora Temer ignoradas e reprimidas. Tirar Dilma do cargo foi fácil como tomar doce de criança. Depois vem o pior, a restauração conservadora e autoritária. É para a vida depois do golpe que as forças democráticas e progressistas devem se preparar. No horizonte, dois cenários. No de hegemonia conservadora absoluta, Temer consegue unificar a coalizão golpista (parlamentar, empresarial, judiciária e midiática) para lhe dar sustentação e viabilizar sua agenda, usando ferro e fogo contra as forças que resistirem. Seria o pior dos mundos. Em outro, crescerá o Fora Temer nas ruas e tomarão forma as dissensões na coalizão vitoriosa, vindas sobretudo do PSDB e de setores empresariais, que já estão no ar. Chamemos de Brasil conflagrado a este cenário. Temer poderá contornar as defecções na coalizão golpista descartando sua candidatura à reeleição e implementando com rigor a agenda neoliberal, o que leva ao primeiro cenário.  Visitemos o horizonte.

O pior dos mundos

Neste cenário, farão parte da vida depois do golpe:

1) Escalada autoritária – Tanto por sua natureza ilegítima como pela agenda que se propõe a implementar – com retirada de direitos, sucateamento dos serviços públicos como educação e saúde e  entrega do patrimônio nacional – o governo Temer adotará conduta autoritária na relação com os segmentos sociais que tentarão resistir. O ensaio da repressão já veio com a proibição de protestos políticos nas arenas olímpicas. Não será surpresa se as Forças Armadas forem empregadas, depois de terem sido utilizadas em Natal (RN) para combater o crime organizado.

2) A grande pizza – A estratégia de Romero Jucá, apresentada na conversa com Sergio Machado, vai tomando forma: tirar Dilma para “estancar a sangria”, para que todos se salvem. Maria Cristina Fernandes publica, no Valor, as primeiras informações sobre um projeto que anistiará  todos os beneficiários dos esquemas de corrupção, no bojo de um projeto de reforma política a ser votada depois do golpe. Algo assim: daqui para a frente, doações eleitorais ilegais passam a ser crime de corrupção, e não mais apenas crime eleitoral. Todas as doações nebulosas apuradas pela Lava Jato (caixa dois ou propina?)  ficam caracterizadas como crime eleitoral e não serão punidas. Exceto as do  PT. Daqui para a frente, tudo será diferente, com a aprovação (e prévia desidratação) das medidas anti-corrupção propostas pelo Ministério Público.

3) Censura e supressão do contraditório – Efetivado, e unificando a coalizão, Temer continuará contando com o beneplácito das grandes mídias e retomará a ofensiva para controlar a EBC, reduzindo a empresa de comunicação pública a mero aparelho governamental.  As mídias alternativas na Internet, que já tiveram os patrocínios cortados, resistirão a duras penas mas o espaço para o contraditório será cada vez mais exíguo. De preferência, desaparecerá.

4) Criminalização das oposições – O ministro Gilmar Mendes já deu o sinal (depois amenizado) de que o PT pode ter seu registro cassado. Só o PT, embora outros partidos também tenham recebido doações ilegais que se situam na zona hoje indistinguível entre propina e caixa dois. Mas as do PT serão classificadas como propinas derivadas do Petrolão. Os movimentos sociais serão reprimidos e criminalizados.

5) Delenda Lula – Na escalada contra a esquerda, Lula pode até não ser preso mas responderá a processo, poderá ser condenado sem crime e sem prova, como Dilma. O importante será torná-lo  inelegível em 2018. Já as denúncias que envolvem Temer, Serra, Aécio e toda a turma do PMDB entrarão na “anistia” ampla e quase irrestrita.

6) Regressão social – Na interinidade, jogando para a plateia e o Senado, Temer sustentou que manterá os programas sociais da era petista. Efetivado, o jogo será outro. O INSS já está mexendo por portaria nas aposentadorias por invalidez e auxílios-saúde do INSS. Pressionado pelo empresariado e pelos tucanos, como já está sendo, o governo deflagrará a reforma previdenciária, impondo a idade mínima mesmo para os que já estão no sistema (e nele entraram sob outras regras). O abono do PIS-Pasep já acabou mas os que ganham até cinco salário-mínimos só perceberão isso quando não o receberem, no ano que vem.  Na reforma trabalhista, fará prevalecer os acordos sobre as leis, o que pode envolver garantias que vêm do trabalhismo e da Constituição de 1988, como as férias, o adicional de férias e o 13º. Salário. A terceirização será autorizada em todas as atividades produtivas, precarizando o trabalho e reduzindo a renda de milhões de trabalhadores. As universidades federais já estão tendo investimentos cortados. E se for aprovado o congelamento do gasto público por 20 anos, o SUS e o Plano Nacional de Educação irão para o espaço das utopias descartadas. Encerrado o ciclo de conciliação de classes do lulismo, em que os ricos ganharam muito e os pobres ganharam alguma coisa, voltaremos ao modelo concentrador e ao aumento da mais valia, enquanto o setor financeiro engorda com o pagamento dos juros da dívida publica. Pois superávit, pelo visto, com a gastança do governo, não haverá tão cedo. E, é claro, por alguns anos o déficit será posto na conta de Dilma Rousseff, embora o rombo fiscal venha sendo todos os dias alargados pela gestão “austera” de Temer-Meirelles.

7) Entrega do patrimônio nacional – A Petrobrás já entregou, por metade de seu valor, o campo de Carcará ao capital estrangeiro. A mudança no pré-sal será aprovada, novas privatizações vão entrar em pauta e o capital internacional vai tornar-se sócio majoritário, através do programa PPI, de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Estrangeiros poderão comprar terras e explorar a radiodifusão.

8) Política externa subserviente – O Mercosul já está tendo suas pernas quebradas  com o veto brasileiro à posse da Venezuela na presidência pro-tempore. A integração sul-americana, depois do primeiro avanço efetivo em séculos, voltará a ser uma miragem.  Em lugar da ênfase no multilateralismo, o alinhamento ao mundo unipolar sob o tacão dos Estados Unidos. Brics? Para quê isso? As boas relações serão com o Banco Mundial e o FMI.

O Brasil conflagrado

Nas redes sociais, no campo derrotado, há um espanto com a  consumação do golpe. Há certa revolta com o PT, por não ter sido capaz de defender-se com vigor, denunciando sua própria capturação por um sistema de financiamento  ilícito da política e das eleições pelo velho conluio entre as empresas e o Estado. O PT não inventou o velho conluio mas acreditou que seria aceito no jogo, e agora paga o preço sofrendo o golpe e correndo o risco de sua própria extinção.  Há certa revolta com as ilusões,  alimentadas ao longo dos últimos meses, sobre a possibilidade de derrotar as forças poderosas que se uniram para desfechá-lo. Esta perplexidade  que se nota nas redes parece acompanhada, entretanto, pela disposição de resistir a Temer pedindo eleições diretas para presidente.  Se isso se confirmar, vamos ter um Brasil conflagrado pelos próximos dois anos e meio.

No cenário de Brasil conflagrado fará parte da vida depois do golpe:

1) Manifestações crescentes “Fora Temer”, através de manifestações, greves, invasões de terras e ocupações urbanas.

2) Repressão aos movimentos sociais e forças da resistência.

3) Tentações populistas de Temer, de tornar-se menos rejeitado, o que comprometerá a agenda neoliberal da “austeridade” e fomentará as dissensões dentro da coalizão golpista.

4) Em busca de uma saída, a elite que está acima do instrumento Temer buscará saídas legais. Uma delas poderá ser a condenação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Há cinco ações neste sentido no tribunal, e são claros os sinais de que, só com um casuísmo descarado, haverá separação entre Dilma e Temer no julgamento. Nunca um governador cassado por crime eleitoral deixou de ter seu vice também condenado.

5) Acontecendo no ano que vem a cassação da chapa, que já estará reduzida a Temer, com a condenação de Dilma, haveria a eleição presidencial indireta, como prevê a Constituição. Pior dos mundos. Mas a Constituição, que vive sendo alterada para atender a tantos interesses, poderá ter esta cláusula (que não é pétrea) modificada para  atender a um clamor da ruas pela eleição direta de nova chapa presidencial. 

Teríamos assim, ao final da conflagração, de duração imprevisível, o desfecho para a crise e alguma pacificação.

Pensemos na vida depois do golpe. Ela é que nos espera.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. A menos que vocês brasileiros

    A menos que vocês brasileiros tenham a espinha feita de geléia, esse é um cenário para uma guerra civil. Pois os golpistas, escravocratas parados no tempo,  não têm a competência e muito menos o tato para propor idéias de forma não-violenta e como consequência irão causar uma resposta ainda mais violenta. Pois quem vai ficar quieto vendo os seus direitos sendo esmagados por um rolo compressor? Quem vai obedecer as autoridades quando estas autoridades deixam claro que não devem ser obedecidas por terem jogado no lixo o Pacto Social que mantém a integridade do país? Porque o Joe vai obedecer o juiz se tudo o que o juíz faz é para tornar a vida de Joe em um inferno?

    Ouso fazer uma previsão: Se o brasileiro não for bovino e manso como foi até agora, em 2018 Temer não estará vivo.

  2. Resistencia, comece por aqui.

    A resistencia pode começar já, solicitando uma auditoria contábil nas contas da Previdencia e INSS para sanar as dúvidas existentes sobre sua viabilidade ou não. Esse deveria ser o papel principais de Centrais de trabalhadores e seus sindicatos.

    Resolvi tomar a iniciativa e qustionar o MPF para saber se é dele tal competencia, caso queira cerrar fileira o endereço se encontra abaixo.

    Não devemos esquecer que a reforma para pior da previdencia é uma das cerejas do bolo golpista.

     

     

    Pedido de informação SIC

    Gostaria de saber se o MPF é o órgão indicado para proceder a uma auditoria contábil e pública nas contas da Previdência Social e do INSS, em face da controvérsia existente sobre a sua viabilidade financeira ou não?

    Caso seja este o órgão adequado, qual o procedimento para que tal seja feito.

    Caso a resposta seja negativa qual é o órgão indicado para tal procedimento?

    Seria o MPT – Ministério Publico do Trabalho?

     

    Manifestação 20160081685 cadastrada com sucesso! Um email com a confirmação do cadastro da manifestação foi enviado para o endereço de e-mail informado

    http://aplicativos.pgr.mpf.mp.br/ouvidoria/portal/cadastro.html?tipoServico=2

    Parte superior do formulário

     

  3. Brasil conflagrado?

    Trata-se da melhor análise conjuntural política que vi neste espaço em vários meses.

    Brilhante, Thereza! Repliquei onde pude.

    Pessoalmente, tenho apenas um comentário: não acredito que tenhamos somente um dos cenários no futuro próximo, mas uma combinação de variantes de cada um, com prevalência daquele prevendo a tal anistia quase irrestrita.

    A conferir.

  4. Resumindo

    É tudo o que os coxinhas queriam: Tomar gostoso no fiofó, mas com um sorriso no rosto por terem derrotado a “ditadura comunista” do PT.

  5. Análise perfeita, mas

    não vejo chances de evitar a eleição indireta dios próximos presidentes, a classe que desfilavam na Paulista já fala que é mais barato uma eleição indireta, “não precisa de caixa 2” (kkkkk), e tem a possibilidade de se livrar de concorrentes não bem nascidos.

    Fudeu.

    1. Maldade

        Não trata-se de ser mais “barata”, é apenas uma questão aritmética, afinal “adquirir “/ “convencer” uns 300 congressistas, é muito mais em barato do que conseguir mais de 40.000.000 de votos, nem precisa viajar, basta ficar em Brasilia.

  6. Papai Noel

         Que Temer encontrará Papai Noel no Alvorada é um fato, mas se ele não tomar tenência, o Rei Momo só o visitará em São Paulo, e nem na ” tribuna de honra ” ele estará.

          Quanto a “resistência” : As supostas forças de “esquerda”, após acusarem-se mutuamente, debruçarem-se em copiosos discursos, publicarem varias teses, reunirem-se muitas vezes para sessões de autocritica, com uma facção batendo na outra, vão reunir alguns “gatos – pingados “, em locais diferentes ou sairia uma briga, e depois vão falar que estão resisitndo ao golpe fascista,  mas sem esquecer que  grande parcela de culpa é do PT.

  7. Atenção Senhorese Senhoras.
    O

    Atenção Senhorese Senhoras.

    O MUNDO NÃO VAI ACABAR.

    O MUNDO NÃO VAI ACABAR.

    Estamos fartos desse pessimismo e derrotismo.

    Há males que vem para o bem.

    Essa Lava-Jato, por exemplo. Significa o fim da impunidade no Brasil. Isso é uma coisa extraordinária. O bem que vai fazer ao brasil ter um presidente cassado por incompetencia, outro preso por corrupção, deputados e senadores perdendo seus mandatos por corrupção, donos de empreiteiras presos vai fazer um bem extraordinário ao país

    O fim do capitalismo dos eleitos “capeões nacionais”, o respeito ao dinheiro público, não é uma opção, mas uma necessidade.

    Em vez de lutar contra, devemos gastar nossas forças para conduzir o governo no bom caminho. não para pará-lo.

    Ninguém é dono da verdade.

    A esquerda falhou.

    É necessário se admitir isso.

    Distribuiu riquesa enquanto havia alguma, mas depois distribuiu a pobreza porque é o que restou ao Brasil.

    Essa é a verdade.

    Caiu da escada, agora tem de subir novamente degrau a degrau.

     

    1. Chapa branca
      Amigo, quanta chapabranquice. O que a Lava Jato tem a ver com fim da corrupção? Não é possível que alguém vai ter que lhe explicar tintin por tintin o que está acontecendo. Quanta alienação, meudeus!

    2. Derrotismo meuzovo
      Deposição de Presidente da República sem crime de responsabilidade é crime e configura um Golpe de Estado.

      Golpe de Estado. Golpe de Estado. Golpe de Estado.

      Lugar de golpista é na cadeia e não gestando a Ditadura. #ForaTemer #VoltaQuerida

  8. Terceiro cenário

    O pessoal sai para protestar. Temer decreta o AI-5, balas de borracha, gás lacrimogênio, e tudo o mais que tem direito, e que não tem.

    Aí a esquerda passa a publicar poemas de Camões e receitas de bolo na mídia para protestar.

     

    O problema da esquerda não é protestar, e sim perceber onde erraram. O problema da esquerda é falta de rumo… Vão protestar pelo que, com que bandeira, e em nome de que líder? Vão pedir a volta de Dilma, a pulsilânime… Ou de Lula, o que foi esculachado pela mídia e está sendo perseguido pelo judiciário… E acham que a mídia e a elite iriam permitir… E mesmo que Lula voltasse ao poder, seria para fazer nomeações republicanistas, e nomear mais inimigos para perseguí-lo.

    Todos os poderes no momento estão caçando furiosamente Lula. Legislativo, Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, a mídia, e se tiver mais alguns poderes também estão caçando ele…

    Ninguém pode com o Maquiavel, e quem lê-lo melhor, sairá vitorioso, os outros não terão a mínima chance.

    Enquanto não lerem Maquiavel, a esquerda só volta ao poder se for para apanhar mais.

  9. A suposta esquerda vem

    A suposta esquerda vem morrendo na curva da História pela sua obsessão em ser o bom síndico do condomínio capitalista. O resultado é o surgimento da Esquerda síndica, composta por políticos profissionais, burocratas e corporativistas, gente do marketing e outros profissionais liberais que tomaram de assalto às lideranças políticas ou são muito influentes nos rumos dos tradicionais partidos de esquerda, como o PT, o PC do B. Sumiram as reflexões e os projetos de desenvolvimento. Além disso, falta accountability, quer dizer,  ‘esses caras’ nunca prestam contas aos eleitores, nunca são cobrados pelas suas derrotas e fiascos e assim vai.

    Esses “líderes” esperam um eleitor e militante acrítico, cujas críticas e a própria pessoa são descaracterizadas.  Um eleitor lobotomizado, que faça vista grossa aos acordos de veludo regados a champanhe.  

  10. Num país de retardados,

    Num país de retardados, imbecilizados pela mídia não há outra alternativa: conservadores no poder e pelo menos 20 anos de retrocesso.

    A coisa só vai reverter quando surgir uma esquerda absolutamente consciente do que tem que fazer e quem são seus inimigos e como combatê-los. Apesar dos seus muits méritos o PT não soube, claramente, fazer isso. Agora todos pagamos o preço.

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