Fechar fronteiras? Fechar o mercado financeiro!, por Rogério Mattos

E vamos começando com uma separação global dos bancos com base na lei Glass-Steagall, exatamente o que fez Franklin Roosevelt em 1933.

Fechar fronteiras? Fechar o mercado financeiro!, por Rogério Mattos

Franklin Roosevelt é uma figura da história sempre mencionada quando se quer justificar gastos públicos. Seu sinônimo é New Deal. Contudo, jamais é lembrada a lei criada por ele em 1933 chamada Glass-Steagall. Foi uma lei de separação bancária, onde os bancos que trabalham com fundos especulativos não poderiam gerir a poupança e a conta corrente dos cidadãos. Assim, ele pôs sob novas bases o sistema monetário estadunidense e permitiu o boom industrial do país depois da crise de 1929. Decretou um feriado bancário, reorganizou o sistema e inaugurou um amplo projeto de ciência, infraestrutura e criação de empregos. Sem falar da Comissão Pecora, que julgou os crimes cometidos pelo mercado e seus agentes e que culminou na crise de 29, algo que hoje poderia ser de importância similar ao que foi o Tribunal de Nuremberg no pós-guerra…

 

Fala de Helga Zepp-LaRouche, fundadora e presidenta do Instituto Schiller, em 18 de março de 2020
É absolutamente claro que, depois da montanha russa e as perdas dramáticas nos mercados financeiros nos últimos dias, a crise sistêmica está saindo de controle.

O único remédio para prevenir a maior devastação da economia real, o aumento dramático do desemprego massivo e a perda de vidas dos segmentos pobres e vulneráveis da população, é fechar os mercados financeiros.

Esse é o primeiro passo necessário, para logo utilizar esse feriado bancário para levar a cabo a reorganização do sistema financeiro, começando com uma separação global dos bancos com base na lei Glass-Steagall, exatamente o que fez Franklin Roosevelt em 1933.

As medidas adotadas pelos governos da Europa e dos EUA, como o crédito para empresas, prorrogação do pagamento de imposto e até entrega direta de dinheiro – o chamado “dinheiro por helicóptero” – ainda que pretenda manter o funcionamento das indústrias, das instituições e da força de trabalho, não será suficiente, porque o sistema está em uma quebra irreparável.

A maior parte das quantidades enormes de liquidez que se injetaram no sistema monetário em bancarrota depois de 2008, e logo de maneira intensificada depois de 17 de setembro de 2019, só aumentou a atividade econômica de cassino e o delírio dos especuladores. O esforço dos bancos centrais para manter o setor especulativo, só pode conduzir a uma explosão hiperinflacionária como ocorreu na Alemanha em 1923.

O fechamento dos mercados financeiro deve ser acompanhado por uma imediata e emergencial reunião de cúpula dos governos mais importantes do mundo – EUA, Rússia, China, Índia – respaldados por outros, para tomar decisões para a reorganização urgente do sistema financeiro e o estabelecimento de um Novo Sistema de Bretton Woods, como pretendeu Franklin Roosevelt e como exigiu Lyndon LaRouche, para fazer andar novamente a economia física mundial.

Tais passos imediatos são indispensáveis, já que a pandemia do coronavírus só poderá ser controlada caso se interrompa a propagação do vírus e se estabeleça um sistema de saúde adequado em todos os países.

Esta é uma prova se a humanidade tem a capacidade moral para sobreviver.

A sátira que brinca com a postura de Obama durante a crise de 2007-8 é o exato oposto da ampla intervenção de FDR (Glass-Steagall mais Comissão Pecora). Quando se fala de um novo Bretton Woods, nas bases originais como delineadas pelo mesmo Roosevelt, é para acabar com as taxas de câmbio flutuante inauguradas na década de 1970 e o amplo mercado de derivativos, impulsionado pelo desmonte gradual da lei de separação bancária até sua extinção total sob o governo de Bill Clinton. A crise de 12 anos atrás ampliou a crise ao jorrar de dinheiro os cofres dos tubarões financeiros. Não há solução para a atual crise, agravada pelo fechamento das fronteiras, sem uma medida radical que priorize a economia física, a ciência, tecnologia e a criação de empregos: um novo acordo de Bretton Woods ou de Yalta, como se queira chamar…

*Os dois textos acima, em itálico, legendando as imagens, foram escritos por mim, Rogério, que traduziu o texto de Helga Zepp-LaRouche.

 

Rogério Mattos: Professor e tradutor da revista Executive Intelligence Review. Formado em História (UERJ) e doutorando em Literatura Comparada (UFF). Mantém o site http://www.oabertinho.com.br, onde publica alguns de seus escritos.  

 

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