Interesses de se prolongar a denúncia de Temer, por Kennedy Alencar

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

Jornal GGN – Se antes o presidente Michel Temer preferia que as denúncias que chegassem contra ele na Câmara dos Deputados, como consequências dos avanços da Operação Lava Jato, fossem analisadas e derrubadas o quanto antes, agora a estratégia é outra. A segunda denúncia enfrenta cenário distinto: sem muita margem para negociar com os parlamentares por tantas emendas que já foram liberadas, e cargos que já foram ocupados até último escalão, a estratégia é prolongar o julgamento da denúncia, sem muito espaço a novidades, abafando-a e matando-a gradualmente.

Foi o que trouxe o GGN nesta segunda-feira, na reportagem “Base agora vê cenário positivo em desmembrar denúncia de Temer“. Já em sua coluna desta terça, Kennedy Alencar ressalta os diferentes interesses dos deputados em prolongar o caso: “O interesse de partidos do centrão é pressionar o Palácio do Planalto para obter mais benesses, cobrando novamente uma conta alta. (…)  Para a oposição, uma análise prolongada serve de palco para desgastar mais o governo.”

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Por Kennedy Alencar

Debate sobre fatiar denúncia serve ao fisiologismo

Governo tem menos margem de manobra para negociar

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O debate sobre eventual fatiamento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer une partidos da oposição e do centrão, favoráveis ao desmembramento. Motivo: prolongar ao máximo a análise da denúncia. Isso aconteceria com o fatiamento.

Mas a concordância acaba nesse ponto. O interesse de partidos do centrão é pressionar o Palácio do Planalto para obter mais benesses, cobrando novamente uma conta alta para avaliar preliminarmente as acusações contra Temer e os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria Geral.

Para a oposição, uma análise prolongada serve de palco para desgastar mais o governo. Permite centrar fogo em Temer e nos ministros em processos separados.

No entanto, dificilmente prevalecerá a tese do fatiamento. A assessoria jurídica da Câmara já se manifestou contra. Mas a simples discussão dessa possibilidade mostra a que ponto chegou o debate político no país, no qual são criados falsos problemas que demandam gasto de energia e abrem o balcão de negócios entre Executivo e Legislativo.

Depois, os políticos se queixam da baixa popularidade deles. Mas cavaram o abismo no qual se jogaram e levaram junto o Brasil.

A segunda denúncia contra Temer chegou à Câmara na quinta-feira passada. Na sexta e ontem, não houve o quórum mínimo de 51 deputados para a abertura de sessão e leitura da denúncia.

Temer não perdeu a pressa. Ainda quer analisar logo a denúncia, mas a avidez de setores da base do governo por mais cargos e verbas cresceu novamente numa hora em que o Palácio do Planalto tem menos o que oferecer.

Já houve insatisfações na votação da primeira denúncia em relação a acordos para barrá-la. O governo avalia que a pressa ajuda a reabrir fortemente o balcão de negócios justamente quando lhe falta munição. A eventual delação do ex-ministro Geddel Vieira Lima, se acontecer, tende a demorar alguns meses.

Temer possui menos margem de manobra para realizar o tradicional varejo de cargos e verbas. No atacado, o governo reabriu a negociação em torno de um novo Refis, um programa de refinanciamento e perdão de dívidas com a Receita Federal. Em resumo, o governo ainda prefere fazer uma análise rápida, mas está com menos poder de fogo para negociar com deputados fisiológicos.

*

Sem cacife para bancar

O desgaste internacional foi o fator que mais pesou na decisão do presidente Michel Temer de desistir do decreto de extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados). Durante a viagem aos Estados Unidos, o presidente Michel Temer sentiu o dano político ao seu governo.

O fator doméstico também influenciou Temer, porque a opinião pública do país majoritariamente se posicionou contra a extinção. A decisão de Temer também ajuda o governo a priorizar a batalha contra a denúncia na Câmara, tirando da mesa presidencial um tema incômodo.

Desde a decisão de adiamento da extinção, estava claro que a atual administração não teria cacife para bancar o fim da Renca. Mas a repercussão internacional foi decisiva para o recuo presidencial.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Cadeia a juizes pgrs e promotores Blindadores e Blindados AntiPT

    TÁ TUDO NA INTERNET!!! É CTRL-C, CTRL-V E SAI TODA A CAPIVARA DESSES CRIMINOSOS DITADORES QUE ROUBARAM OS NOSSOS 55 MILHÕES DE VOTOS E A NOSSA DEMOCRACIA!!!….

     

    Enquanto esses caras ficam enchendo linguiça numa boa por falta de compromisso com o que teria que estar sendo realizado no país…..

     

    Nenhum texto alternativo automático disponível.

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