Enviado por Paulo F.
Enquanto isso em Portugal…
Qual o jornalismo que se deseja? E quem deseja o que?
Do Diário de Notícias de Lisboa
Jornalistas sóbrios procuram-se, por Fernanda Câncio
O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas publicou uma “nota” sobre a participação de jornalistas nas redes sociais. O jornalista, diz, “não pode ser limitado na sua liberdade de pensamento e de expressão” pelo que “em princípio não possa ser condicionado o seu acesso e o uso que individualmente faz das redes sociais”. Mas – mas – “deve procurar a sobriedade”.
E exemplifica: “Um jornalista que acompanha a vida política não deve fazer nas redes sociais comentários depreciativos, jocosos ou elogiosos sobre essa área”, sob pena de “dar azo a perder [sic] a sua credibilidade ou o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional”. Então, jornalista que acompanhe todos os aspetos da vida – um diretor, grande repórter, pivô – não deve comentar nas redes sociais, certo? Não deve, ao ouvir o que sabe ser falso, indignar-se; concordar com esta ou aquela posição ou – escândalo – achar graça a esta ou aquela pessoa. Ou seja, expor em público o que pensa e sente põe-lhe em causa, CD dixit, a credibilidade e integridade. Mas, presume-se, só nas redes sociais; se tiver um espaço de comentário como este, na TV ou na rádio, já pode comentar – e ser jocoso, depreciativo, elogioso -, sob pena de, caso lho não permitam, se gritar censura. Aliás, ai de quem se queixar, aos tribunais, do jornalista-comentador: é logo acusado de atentado à liberdade de expressão.
E se surgir um projeto de lei sobre cobertura de campanhas eleitorais estipulando ser “expressamente proibida a inclusão na parte meramente noticiosa ou informativa de comentários ou juízos de valor”? É a guerra santa. Por acaso isso já consta da lei em vigor, de 1975 e assinada por Vasco Gonçalves, sendo apenas um dos muitos dislates nela contidos – bem mais gravosos do que a tonteria do malfadado projeto do PSD e CDS (apoiado e depois desapoiado pelo PS) de exigir a apresentação, com 40 dias de antecedência, de um plano de cobertura das campanhas. Mas interessa lá uma lei que ninguém conhece ou cumpre quando se pode dias a fio bradar contra a “tentativa de censura”?
Ah, a histeria dos jornalistas ante qualquer arremedo de regulação. Em 2006, em peso, apodaram de “maior atentado à liberdade de expressão desde 1974” a proposta de lei do Estatuto de Jornalista, por criar uma comissão – de jornalistas e patrões – com o poder de retirar a carteira de jornalista a quem viole deveres deontológicos no desempenho da profissão. Estando o horrífico atentado em vigor há oito anos, nada se notar significa decerto que ninguém viola os ditos deveres – motivo pelo qual os guardiões éticos do sindicato, sem nada para fazer, se debruçam sobre a vida social dos jornalistas. Procuremos pois a sobriedade. Se encontrar, aviso. É que nos faz mesmo falta.
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“Um jornalista que acompanha a vida política não deve fazer nas redes sociais comentários depreciativos, jocosos ou elogiosos sobre essa área”, sob pena de “dar azo a perder [sic] a sua credibilidade ou o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional”.
serve como uma luva para certo judiciário
Serve como uma luva para certo judiciário.
Posso garantir que tenho
Posso garantir que tenho noções muito boas da imprensa mundial, sem ser a de paises subdesenvolvidas. A do Brasil, sem sombra de duvida, não é das piores. É A PIOR mesmo.