Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

O alvará da manicure e outras irrelevâncias do plano econômico inexistente, por Andre Motta Araujo

É uma loucura completa em qualquer País, rico ou pobre, achar que o mercado resolve todos os problemas econômicos, isso é uma fantasia louca.

O alvará da manicure e outras irrelevâncias do plano econômico inexistente

por Andre Motta Araujo

O neoliberalismo é uma máquina de transferência de renda dos mais pobres aos mais ricos. O neoliberalismo NUNCA FOI UM PLANO ECONÔMICO DE GOVERNO. O mercado é apenas um espaço que o Estado estabelece para atuação de agentes privados na troca de mercadorias e serviços, mas esse espaço não tem por obrigação criar um projeto de País, é apenas um espaço de trocas. É impossível um Governo atuar sem políticas públicas que coordenem o CONJUNTO das necessidades da população. O mercado não tem nem a obrigação e nem a capacidade de administrar essas necessidades e carências.

É uma loucura completa em qualquer País, rico ou pobre, achar que o mercado resolve todos os problemas econômicos, isso é uma fantasia louca.

Nos EUA, exemplo para tantos idiotas neoliberais, o Estado é o mais forte do mundo e opera por políticas públicas fortíssimas, O ESTADO GUIA A ECONOMIA.

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Há um enorme Departamento do Trabalho, de nível ministerial, criado em 1913, com orçamento de 14 bilhões de dólares e 19.000 funcionários, algo que no Brasil extinguimos irresponsavelmente. Um Departamento de Energia que traça TODA A ESTRATÉGIA de petróleo dos EUA, criou o fracking, o projeto de exploração da rocha betuminosa, criou do zero uma política de etanol de milho com mega subsídios. Um poderoso e tradicional Departamento de Comércio, algo que também extinguimos no Brasil, com políticas de turismo, um banco para pequenas e médias empresas (Small Business Administration). O Escritório de Comércio Exterior (USTR) que cuida de tarifas e acordos comerciais.

São ESTATAIS nos EUA aeroportos, portos, rodovias, água e esgoto, usinas hidroelétricas (porque envolve água), trens de passageiros, metrôs, ônibus coletivos nas metrópoles, seguro rural, muito mais amplo que no Brasil, seguros de hipotecas para moradias (duas companhias), o banco de exportações (Eximbank), o banco para indústria naval (Maritime Commission), o banco para exportação de armas (Defense Security Cooperation Agency). Os Estados Unidos são administrados por POLÍTICAS PÚBLICAS e não pelo mercado, como pretendem os toscos ultra neoliberais brasileiros, o time da “PUC-Rio” e Casa das Garças.

Na crise de 2008, que desmontou o mercado e ameaçava quebrar os maiores bancos e seguradoras americanos, assim como a General Motors, foi o Tesouro que emitiu o cheque de US$ 708 bilhões que salvou todos.

O ESCAPISMO DO PLANO GUEDES

Agora os neoliberais cariocas (com raras exceções, os que comandam a economia são todos do Rio, o Estado mais falido do Brasil) apresentam como projeto de País providências ridículas, como dispensar de alvará cabeleireiros, manicures e botecos. Isso não tem nada a ver com crescimento. O Brasil teve o maior crescimento do mundo entre 1950 e 1980 com todos os alvarás e burocracias. Tudo pode ser melhorado, mas não é isso que faz crescer.

O mais poderoso automóvel não sai do lugar sem motor de arranque e este é o Estado, aqui, em Washington, em Berlim, em Pequim, em Nova Delhi.

A manicure que poder fazer as unhas sem alvará precisa, antes de mais nada, de CLIENTES e esses só existirão quando voltarem os empregos.

Os empregos dependem de indústria e infraestrutura, grandes compradores de indústria eram as ESTATAIS, uma vez vendidas tudo vai ser comprado nos países donos das empresas, é da lógica, o Brasil chegou a ser o maior fabricante de hidrogeradores do mundo (Siemens e Voith) para o grupo Eletrobras e de motores elétricos a prova de explosão para refinarias e plataformas de petróleo para a Petrobras  (minha firma foi a primeira), as estatais PUXARAM o crescimento, agora 100% dos navios sonda e navios petroleiros são comprados na Ásia, para alegria dos neoliberais cariocas, fecharam os estaleiros nacionais e, por baixo, 60.000 empregos. Os EUA não cometeram esse erro, parte dos navios que compõe a frota americana tem que ser fabricados nos EUA.

OS NEOLIBERAIS NÃO TEM A MINÍMA IDEIA SOBRE O FUTURO DA ECONOMIA BRASILEIRA

Não tem ideia, não tem projeto, não tem visão, não tem a mínima preocupação da URGÊNCIA das famílias sem renda, não se comovem com as 23.000 fábricas que fecharam nos últimos dois anos, das 270.000 lojas que enterraram sonhos de pequenos empresários, não são economistas de País, são operadores de mesa de câmbio e juros, e seu único tema é ” BRASIL VENDE TUDO”. Esse pessoal vai enterrar o futuro do Brasil.

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8 Comentários

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  1. O neoliberalismo é fenômeno dos EUA de Reagan e da Inglaterra de Thatcher, nunca existiu no Brasil, onde o que se chama de neoliberalismo nada mais é do que o conjunto de medidas de corte e privatização que qualquer governo tem que tomar quando gasta mais do que arrecada. O termo, aliás, já se encontra em desuso no resto do mundo.

    O mercado não é um espaço estabelecido pelo Estado, nem pode ser, pois o mercado já existia antes do estado moderno existir. Já existia no tempo de Cristo, tanto que ele expulsou os vendilhões do templo. O mercado não tem nenhum plano para o país, pois é o somatório de interesses privados e não de interesses públicos, portanto não pode substituir o Estado. Mas sempre que o Estado tentou substituir o mercado, os resultados foram desastrosos.

    Os países que você citou têm de fato poderosas políticas públicas e um Estado forte e atuante, mas a comparação com o Brasil é falsa. Naqueles países hoje desenvolvidos, o setor privado cresceu antes do aparecimento do Estado moderno. Aqui o Estado tenta induzir o crescimento de um setor privado raquítico de modo artificial, distribuindo dinheiro público para um séquito de empresários amigos-do-rei, que não têm nenhum planejamento para o futuro exceto obter mais dinheiro público.

    Como consequência, nos países desenvolvidos os papéis do setor privado e do Estado são bem definidos e não se confundem. Aqui a confusão é total. Basta dizer: lá os políticos loteiam os ministérios, que são cargos de natureza estritamente política; aqui os políticos loteiam diretorias de estatais, que deveriam ser cargos de natureza técnica e administrativa. É por isso que as estatais devem ser privatizadas.

    Um espaço para a criação de um setor público poderoso existia no tempo de Vargas. Agora, há pelo menos três décadas os principais problemas econômicos do país têm sido causados pelos gastos excessivos do Estado e a manipulação dos preços por parte de empresas estatais conduzidas por interesses políticos.

  2. quantos liberais são necessários para trocar uma lâmpada queimada?

    nenhum, segundo estes neoliberais brasileiros, a lâmpada vai se trocar sozinha

  3. Há casos que são bem piores do que mero “ultra neoliberalismo”. A única bússola é desse aglomerado de estúpidos é “a esquerrrda”. Ou seja, se “a esquerrrda” é contra, são a favor; se “a esquerrrda” é a favor, são contra. O caso do acordo com a UE foi claríssimamente este: se “a esquerrrda” esta cozinhando o galo pra assinar, então, “assina logo”, mesmo sem ter A MENOR NOÇÃO do que estava escrito no bendito papel.

    E por aí vai em um montão de outros assuntos: o importante é contrariar, confrontar, se opor, seja lá qual for o slogan, asneira ou sandice.

  4. Ontem um empresário me disse num almoço de família que o Brasil vai melhorar muito com Bolsonaro. “A previdência vai tirar o pais do buraco”. Disse que até pode ser boa para meia-dúzia, mas na hora em que os assaltos e roubos aumentarem exponencialmente, quem sabe essa meia-dúzia pense melhor sobre o Brasil que se quer para si, para os seus, para todos.

  5. O truque, caro André, é que se o estado dos EUA tem forte atuação no mercado, isso se dá porque quem dirige esse estado são pessoas comprometidas com a iniciativa privada, não com o povo de lá e menos ainda com povos de países estrangeiros a eles. Estatizar, no caso daquele país, não é democratizar.

    Veja que, nesse texto, o único exemplo do estado fomentando o vulnerável é o ministério do trabalho. No entanto poucos trabalhadores do mundo têm tão poucos direitos trabalhistas quanto os dos EUA. E para completar nenhum dos 3 sistemas “públicos” de saúde dos EUA são considerados modelos de amparo aos vulneráveis. E se falarmos de educação pública, então, aí é que vira verdadeira catástrofe social. Mas tem mais: o sistema carcerário, o de Justiça (se o chamado “plea bargain” já é um desastre em países que adotam o “commom law” porque amiúde se torna mera compra de sentença, aplicado em países que adotam o sistema teuto-romano é a base para corrupção) e, só para que o texto não se alongue, a cereja do bolo: moradia. Política habitacional. Será que há financiamento público para quem quer comprar uma barraca de nailon para morar, porque o banco tomou sua casa? Acho que não, hein? Ainda mais num país em que morar na rua já é crime em alguns estados…

    https://www.conjur.com.br/2019-ago-10/estados-unidos-leis-municipais-criam-crime-morar-rua

    Enfim, esse negócio de estatizar, se o objetivo é o bem estar público e democrático, só funciona em democracias. E os EUA, apesar do que dizem de si mesmos, na prática são a mais cruel plutocracia do mundo, não são?

  6. “…Estudos mostram que indústria em crise não causa só desemprego, mas também aumenta desigualdade social …” (uol/hoje). AntiCapitalismo de Estado. A aberração é que ‘nossos gênios de sucessivos Governos’ (coincidência serem novamente da turma da PUC/RJ de Privatarias Tucanas? Não aprendemos nada com tamanha desgraça?) creem que a solução é jogar o ‘sofá’ fora. Mais uma ‘bigorna’ da AIRBUS cai no meio de milharal na Rússia. Vai se juntar a Linha A 380 que ninguém quer e não encontra comprador. Outro fiasco medíocre, agora da BOEING nunca mais voará. Quem comprará, mas principalmente que viajará nos 737MAX? Ainda mais depois do fiasco monumental da BOEING com a Linha DreamLiner? Entregamos a Empresa mais promissora do Setor Aeronáutico Mundial ao Concorrente. Quando a EMBRAER faz meio século de história de ininterruptos sucessos. Não sabemos porque chegamos à esta aberração miserável em 2019? Somos Surreais. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

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