O Fascismo Eterno relançado na Itália, por Arnaldo F. Cardoso

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O Fascismo Eterno relançado na Itália

por Arnaldo F. Cardoso

Oportuno, mas atropelado pela história, foi o relançamento na Itália, no começo deste ano, do livro “O Fascismo Eterno” do filósofo e consagrado escritor Umberto Eco . Além do cenário europeu mais geral, o que estava por vir, nas eleições de março na Itália, atestaria, infelizmente, a oportunidade do relançamento do livro sobre o fascismo.

Pelo menos desde a recusa nas urnas da proposta de reforma constitucional apresentada pelo então primeiro ministro italiano Matteo Renzi, de centro-esquerda, resultando na sua renúncia e início de uma violenta disputa pelo poder que resultaria na ascensão da extrema direita ao comando do país, que aquilo que Eco chama de “ur fascismo” passou a espreitar de forma mais insidiosa a sociedade italiana.

Em “O Fascismo Eterno”, livro de pouco mais de 50 páginas, originalmente escrito em 1995 para uma palestra na Universidade Columbia em Nova York, Eco apresenta 14 lições para identificar o neofascismo e o “fascismo eterno”.

Antes de apresentar as tais lições, o autor expõe memórias dos últimos anos da Segunda Guerra Mundial, quando ainda tinha dez anos e, como nos conta, descobriu o significado de palavras como ditadura, resistência e liberdade. Sobre o Holocausto, conta-nos que sua primeira compreensão se deu por meio do horror das fotos para depois conhecer o sentido da palavra.

Nas lições para identificar o neofascismo ou o fascismo eterno, destaca características como o culto do tradicionalismo associado a recusa da modernidade, o culto da ação pela ação e a condenação do espírito crítico.

Ao reler as 14 lições me causou nova admiração a pertinência da sexta lição, que vai muito além da realidade italiana, em tempos em que a cultura fascista se propaga pelo mundo. “O Ur-Fascismo provém da frustração individual ou social. O que explica por que uma das características dos fascismos históricos tem sido o apelo às classes médias frustradas, desvalorizadas por alguma crise econômica ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais subalternos.”

Consultando sites de importantes livrarias brasileiras não se encontra disponível o “O Fascismo Eterno” de Umberto Eco.

Se para os italianos o relançamento do livro, tragicamente se viu oportuno, a realidade brasileira está nos impondo, um tanto tardiamente, a ampla leitura da referida obra que, pelas características da escrita, pode alcançar público mais numeroso que o de obras de autores como Hannah Arendt, Castoriadis, Norberto Bobbio que brilhantemente versam sobre conteúdos afins.

A motivação de Umberto Eco para a escrita da palestra tornada livro foi “recordar o que aconteceu para declarar solenemente que “eles” não podem repetir o que fizeram.” Mas em seguida o autor lança a incômoda indagação, que também devemos nos fazer: “Mas quem são “eles”?”

Arnaldo F. Cardoso é cientista político (PUC-SP), pesquisador e professor universitário.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Do que mais sei sobre o

    Do que mais sei sobre o avanço do fascismo e nazismo, como premissa, é que sempre se organizam com militares, igreja igrejas.

    Aqui no Brasil estamos vendo como Edir Macedo, Malafaia, Feliciano, e tantos outros ditos pastores, supostos cristãos, como o é Bosonaro, entraram de cabeça nessas propostas hediondas de crimes, de balas, de suáticas pintadas em igrejas, na barriga de uma mlher, etc. 

    Mas, há quem nem tenha se dado conta, como com certeza a maioria dos seguidores do hommi, em especial essa avalanche de homens sarados, ou não, de baixa renda, sem escolaridade, seguidores das seitas neo-pentecostais, ou não. Refiro-me às divisões entre judeus, por exemplo, o que é mais insano que tudo, e entre católicos.

    Já vi o padre Moacir da Igreja de são Pedro em Taguatinga/DF, na cara de pau, em sua homilia fazendo sua propaganda particular. Ele é poderoso, como são aqueles da Canção Nova, porque seguem quase a mesma linha dos neopentecostais. A atração maior é a cura, e o ódio contra aborto, contra gays, que veem serem curados, etc. 

    Tem um padre José Augusto, da Canção Nova, que é preto, já acostumado a aparecer em tempos de eleição pra detonar contra o PT. Nunca mais tinha visto esse idiota. Hoje, porém, tava lá o vídeo de setembro passado, seguido de muitos mais, com ele se repetindo. “PODEM ATÉ ME PRENDER OU ME MATAR, MAS EU OUVI A VOZ DE JESUS. É NELE QUE EU CREIO. SE EU SUMIR DE UMA HORA PRA OUTRA VOCÊS JA SABEM,…”. Ou seja, ele escracha o PT, diz que Jesus foi quem o mandou, e, por fim, nas entrelinhas, faz as pessoas acharem que se ele sumir é porque um petista qualquer o matou. Gente assim é tão imunda que nem duvido ser capaz de forjar algum incidente desagradável para jogar nas costas do PT.

    Foi depois dessas coisas horríveis que me afastei da Igreja Católica. Essa tal de Carismática é uma caricatura do que já existe de pior.

    Também ouvi hoje um rabino, falando de Israel, e pedidno voto para bolsonaro, sob o argumento dele ser em prol da família, d ordem, etc.

    Em compensação, não faltam judeus para execrarem esses tantos, como os da Hebraica, naquele encontro com o camarada, quando o aplaudiram de pé depois daquelas baboseiras todas. Judeu é conhecido como quem mais gosta de dinheiro. Nessas horas, danem-se os que morreram no Hocoausto e a prórpia História do Nazismo de Hitler. O que eles querem é dim dim.

     

  2. O que é a lava a jato?

    Primary key, para entender o que é a lava a jato.

    A lava a jato é um instrumento político para destruir o PT.

     O objetivo da lava a jato não é combater a corrupção, seu objetivo é destruirpoliticamente o PT, instrumentalizando diariamente a mídia, Rede Globo paraatacar nos cinco telejornais da emissora o Partido dos Trabalhadores. Uma cilada que tem que ser desmontada na cabeça dos brasileiros. O mensalão foi outra cilada. Um ensaio do que viria. Ambos são instrumentos POLÍTICOS, e não JURÍDICOS para destruir o PT. Serviu para instrumentalizar a mídia, em especial a Rede Globo para ataques diários,nos cinco telejornais a saber: G1, às 5hrs de madrugada, para pegar os trabalhadores rurais;Bom dia Brasil, às 7:30;Jornal Hoje, às 13:30, meio-dia;Jornal Nacional, às 08:00 hrs, horário nobre;Jornal da Globo, às 23:00 hrs, para o povo ir dormir com a cabeça cheia. Todo santo dia, durante 13 anos. Foram 5 ataques diários, desde o mensalão em 2005. Portanto, são 13 anos de ataques diários ao PT. Martelando na cabeça dos brasileiros, dia e noite, suposições, acusações, dúvidas. Taí o resultado do ódio implantado. Isso tudo serviu para dar munição aos militantes de direita, claro, que se armaram com frases do tipo: FACÇÃO CRIMINOSA, ORCRIM, LADRÕES, BANDIDOS. Depois de Lula preso, com: Presidiário, condenado, etc. E os petistas se fragilizaram, sem forças, para combater essa onda de ódio. Petistas e os brasileiros duvidavam do pT. Não da operação política mas do próprio partido. Portanto, LAVA A JATO é um instrumento político e o PT não pode de jeitonenhum dar crédito a lava a jato, nem ao mensalão de Joaquim Barbosa. É preciso desmontar essa CILADA denunciando: “LAVA A JATO não é para COMBATER CORRUPÇÃO COISA NENHUMA, é para instrumentalizara boca dos jornalistas para atacar diariamente o PT nas mídias, nos telejornais.” Veja que os militantes e toda uma população xingam nas ruas os petistas. Foram instrumentalizadospara isso, e os petistas não tem força nem para sair às ruas. Como vocês poderão desmontar isso? Com poucos minutos de televisão? em apenas 10 dias? O Bolsonaro é tanta aberração que é pior que mil lava a jatos. A imprensa poderia destruir o Bolsonaroem um dia, se quissesse. Resta ao PT, ter a sabedoria de fazê-lo. O Bolsonaro é frágil, basta saber fazer. Aproveitem o horário eleitoral. É a última chance.

  3. Us + Them ou Balada do Falso Roger Waters

    “Quem são eles?”

    Alguns deles talvez sejam:

    O proxeneta que, contando com os préstimos de uma prostituta, homenageou Moro e Carmem Lúcia na porta de seu bordel, em São Paulo;

    O dono da Havan, um dos financiadores do cabo eleitoral de Bolsonaro, as fake News do whatsapp.

    http://www.tijolaco.net/blog/a-fraude-dos-bolsomillions-no-whattsapp/

    Creio que não vale a pena enumerar. Eles são tantos.

    “Eles” são, além do 1% que efetivamente possui a riqueza, a classe média que se julga próxima ao 1%, e a uma distância astronômica do pobre.

    É bem o contrário, mas esses “eles” se abrigam, em suas mentes confusas ou simplesmente sórdidas, sob o pronome errado.

    Porque o pobre – e disso sou testemunha diária – também se julga próximo à classe média.

    Tenha renda de 1 SM, ou cinco mil reais: “Eles são pobres, eu não.”

    Olha o “eles” aí de novo. “Eles” estão em toda parte.

    E decidem eleições, por um simples equívoco gramatical.

    Pergunte-lhes o nome, e eles não dirão: “Meu nome é legião.”

    Eles são aqueles que nunca passam, e aqueles que “não passarão”.

    Os que nunca passam, nunca passam; os que não passarão, sempre passam.

    Estão passando aqui, agora, debaixo de nossos narizes.

    Nesse caso, 2018, são aqueles que vem dentro do carro alegórico da escola de samba: por fora, verde-amarelo, por dentro, verde-oliva bolorento.

    https://www.diariodocentrodomundo.com.br/e-muito-estranho-esta-tudo-muito-estranho-mesmo-por-afranio-silva-jardim/

    Enfim, acho que eles somos nós, que os colocamos lá.

    Talvez com a esperança de nos tornarmos eles. A lógica dirá que nós temos que continuar a ser nós mesmos, a fim de que possamos coloca-los lá, mas, como em post de hoje no GGN, a lógica é o que convém a “eles”.

    Sempre a eles, nunca a nós.

    Nessa barafunda de pronomes, continuaremos onde estamos todos: nós aqui, eles lá.

    Enquanto existirmos, nós e eles.

    Até nos convencermos que nós somos eles, e eles somos nós: aí tudo poderá continuar como sempre foi, pois seremos todos iguais perante a lei.

    Existindo ou não lei, ou seja lá qual for a lei.

     

  4. “O fascismo eterno” está disponível

    O autor do artigo diz que o livro de Eco não se encontra disponível no Brasil. No entanto, a palestra “o fascismo eterno” é um capítulo da obra “Cinco escritos morais “, disponível no Brasil para venda:

    https://www.saraiva.com.br/cinco-escritos-morais-413250.html

     

    Este mesmo blog já publicou o texto da palestra:

    https://jornalggn.com.br/noticia/umberto-eco-14-licoes-para-identificar-o-neofascismo-e-o-fascismo-eterno

     

  5. Fora da pauta do post em tela!

    Por favor GGN,  não  sei  se  é   meu   computador  ou  o GGN. com  problemas.  Quero   informar  sobre o escândalo  Caixa 2 que a Folha denuncia.   E está rolando   no Twitter ; #Caixa2doBolsonaro.  

  6. Fora da pauta do post em tela!

    Por favor GGN,  não  sei  se  é   meu   computador  ou  o GGN. com  problemas.  Quero   informar  sobre o escândalo  Caixa 2 que a Folha denuncia.   E está rolando   no Twitter ; #Caixa2doBolsonaro.  

  7. É texto-referência aqui no GGN

    Entre outros posts, de outros autores, que referenciam este trabalho de Umberto Eco, desde 2014 até abril deste ano colaborei com oito posts que o utilizaram como referência básica, listados a seguir na ordem do mais recente ao mais antigo.

    Pelo teor texto de 2018, aparentemente, embora seja um ensaio muito difundido (quiçá, infelizmente, por isso mesmo…) os historiadores – e outros acadêmicos das Ciências Humanas – não o acolheram da mesma forma que intelectuais com formação em outras áreas.

    Uma solução na interpretação sobre a onda fascista no Brasil

    O capo de capa preta saiu do armário

    O Brasil sob fogo cerrado da velha, e cada vez mais eficaz, arma de propaganda

    Uma década de imposição de falsos dilemas

    Telefilósofos e tele-historiadores alimentam a obsessão pelo complô

    A tentativa de implantação do populismo qualitativo no Brasil

    A resistência à nebulosa fascista


    Está na hora dos democratas de centro tomarem partido

     

     

     

     

     

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