Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
[email protected]

O impeachment é via ilusória para a esquerda, por Gilberto Maringoni

NÃO HÁ A MENOR POSSIBILIDADE do impeachment alterar a correlação de forças em favor dos setores populares ou servir de obstáculo ao andamento da agenda ultraliberal. Cai o capitão, entra Mourão.

O impeachment é via ilusória para a esquerda

por Gilberto Maringoni

Começa a se disseminar nos meios políticos – e nas redes sociais – a ideia do impeachment de Jair Bolsonaro. Quero tecer algumas ponderações a respeito:

1. BOLSONARO ULTRAPASSOU todos os limites da civilidade e da convivência democrática, depois de suas declarações sobre o assassinato de Fernando Santa Cruz. Seu governo significa a propagação da barbárie e da brutalidade na vida social;

2. COM TAL DEMONSTRAÇÃO DE ESTUPIDEZ, Bolsonaro se isola até mesmo de parcelas de sua base política. João Dória e Miguel Reale Jr., também partidários da extrema direita, investiram duramente contra o presidente;

3. BOLSONARO SE TORNOU UM fardo para a direita tradicional, que tem o mesmo projeto econômico da extrema-direita, mas dela difere na ação política. A primeira acha possível dar curso à agenda privatizante de desmonte, entrega e desnacionalização do Estado e das riquezas nacionais atuando de forma mais civilizada na seara institucional;

4. EXPRESSÕES CLARAS DESSA PERCEPÇÃO têm sido a ação de Hamilton Mourão e de Rodrigo Maia, além dos já citados. Com eles estão todos os grandes meios de comunicação e os representantes do grande capital (alta finança, agronegócio e o que resta do setor produtivo);

5. O QUE BUSCAM PRESERVAR? A reforma da Previdência, a MP 881 (do desmanche geral), a privatização de várias estatais e das Universidades públicas e o sucateamento dos serviços públicos em favor da especulação financeira;

6. O DESGASTE DE BOLSONARO e de Sérgio Moro e seus capangas pode criar ruídos nas negociações no Congresso para o andamento dessa agenda destrutiva;

7. DESSA FORMA, TIRAR BOLSONARO DE CENA, através do impeachment, é manobra que entra também no radar do conservadorismo ultraliberal;

8. NÃO HÁ A MENOR POSSIBILIDADE do impeachment alterar a correlação de forças em favor dos setores populares ou servir de obstáculo ao andamento da agenda ultraliberal. Cai o capitão, entra Mourão;

9. A ESQUERDA DEVERIA – em meu modesto entender – centrar fogo no que importa, nessa agenda reacionária, e valer-se do desgaste de Bolsonaro e de seu ministro da Justiça para tentar impedir a continuidade da hecatombe em seu aspecto principal;

10. ASSIM, O IMPEACHMENT SERIA PÉSSIMO NEGÓCIO para quem deseja alteração de rota no terreno econômico. Resolverá um problema da direita. Para os setores progressistas pode funcionar como as más línguas falavam das antigas pílulas da vida do Dr. Ross, “alivia, mas não cura”;

11. POR FIM, É PRECISO NÃO BANALIZAR o instituto do impeachment. Seu uso em situações duvidosas tende a colocá-lo como solução mágica para tudo. Nessa toada, nenhum governo de esquerda sobreviverá mais de seis meses, caso contrarie interesses das classes dominantes.

12. A HORA É DE RADICALIZAR e mobilizar para o que é essencial nessa guerra assimétrica e não dispersar forças no que é acessório.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

38 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Há uma certa desorientação na esquerda sobre a conveniência política de uma convocação do impeachment do asno. Claro que não é uma questão trivial, mas concordo inteiramente com a opinião abaixo transcrita.
    Acrescento que, muitos dos que são contrários à palavra de ordem do impedimento por razões de cálculo político, não sofrem na pele as consequências trágicas da maré montante de violência que acomete a população desprotegida e alvo preferencial do neofascismo: pretos, pobres, índios, mulheres, LGBT.

    Sylvia Moretzsohn
    6 h
    Ok.
    O impeachment pôde ser usado contra nós, mas nós não devemos apoiar esse instrumento porque é fazer o jogo deles.
    (“Eles”, suponho, são a direita que, embora eleitoralmente vitoriosa, estaria perturbada com a presença de um presidente incontrolável).
    Então, não devemos apoiar o impeachment, devemos “desgastar” o falastrão.
    Como se tivéssemos força pra isso, como se não fosse ele que nos desgasta (e ofende, e humilha, e debocha de nós) o tempo todo.
    Ora!
    É urgente conter esse sujeito.
    A única forma legal para isso é o impeachment.
    Tirar de cena esse sujeito é retirar o fator de perturbação permanente que ele representa. É limpar a área para travar o combate necessário à política de destruição do país, que está sendo promovida sem resistência.
    É isso, e é urgente.

  2. A esquerda, do jeito que está, só voltará ao poder quando o país estiver totalmente quebrado – o mesmo roteiro que foi a passagem do poder militar ao civil, motivado não porque a sociedade civil impôs isso aos militares. Para a elite, Bolsonaro é um pangaré de troia carregando em seu intestino podre Paulo Guedes e Moro e Mourão. Talvez esteja no momento em que após sairem do pangaré é o momento de seu sacrifício. E duvido que será por impeachment – pois isso representaria uma humilhação pras forças armadas indiretamente. Provavelmente seria forçar Bolsonaro a renunciar em troco de não irem pra cima dos podres dos filhos podres dele.

    1. Só voltaremos ao GOVERNO (ao poder, NUNCA ninguém chegará) dentro de uns 20 anos ou mais. Enquanto não estiver tudo “garantido” nas mãos das MEIA DUZIA DE FAMIGLIAS (o poder real), dificilmente chegaremos lá. O sistema de urnas eletrônicas garante as próximas “vitórias”de idiotas ao governo. Os interesses “estrangeiros” garantem o resto.

  3. Tá misturando tudo tb.
    BOZO carece de dessência HUMANA ..de dignidade, de caráter, de civilidade e de razão ..é um ESTERCO que enlameia todo dia TODAS as Instituições brasileiras que demoraram séculos pra serem erguidas
    Legalmente, sem chance de erro, podemos dizer que ele é um CRIMINOSO no exercício do Poder.
    Posto isso ..pensar de forma mesquinha que isso mudaria a composição política das Casas Legislativas ..ou que impedira o movimento pendular que hoje esta mais pro lado dos que querem a LIQUEFAÇÃO DO ESTADO de bem estar social (confundido que é com o ESTADO opressor, permanente, que somos cotidianamente forçados a tolerar), são outros quinhentos, e outra batalha que precisaremos travar.
    Aora, numa democracia, o campo de batalha tem que ter regras claras e éticas ..e não seria com um sociopata no comando, que se vale de técnicas de guerras INFAMES, que chegaremos a algum lugar como Nação.
    BOZO não é um caso de política, mas de hospício (ele e família)
    e pra quem ainda tem duvidas:
    Nepotismo, racismo, homofobia, prevaricação, PECULATO, atentado contra a segurança e interesses da Nação, falta de decoro, crime de responsabilidade, associação com o crime, lavagem de dinheiro, uso de funcionários fantasmas, exaltação e comemoração da ditadura são algumas das barbaridades praticadas cotidianamente por essa criatura

    1. Exatamente. Temos um mafioso imbecil no governo, tratar ele como um político convencional está errado, então tudo o que puder ser feito pra tirá-lo de onde está é válido, mesmo que pra isso precisarmos engolir o Mourão.
      Temer, Mourão, Alckmin, Amoedo, Alvaro Dias, Meirelles, …., qualquer um desses é muito melhor que o BozoAsno, pois ao menos estaríamos tratando de política, não de demência.

      1. Concordo plenamente. Na altura do campeonato, com deterioração de todo o tecido social, não vejo outra saída que não seja o impeachment. Sai ele e entra o Mourão. Engulamos o Gen. e venha o que tiver pra vir!

  4. VAMOS LÁ ESQUERDOPATAS,NÓS NÃO GANHAMOS UMA HÁ ANOS MAS AGORA SOZINHOS CONSEGUIREMOS DERRUBAR BOLSONARO, DEIXEMOS PRA LÁ A DESTRUIÇÃO DOS DIREITOS E A COMPRA DAS ESTATAIS POR ESTRANGEIROS DEPOIS RESOLVEMOS ISSO,VAMOS LÁÁA !!!
    OBS:. S Q N (SÓ QUE NÃO)

    1. Gente, nós nem conseguimos evitar a prisão do Lula quanto mais derrubar Bolsonaro sozinhos,o Glenn tá jogando a verdade toda nua e crua e TODOS(menos a esquerda)estão fazendo cara de paisagem, não caio nessa de Impeachment logo agora perto da segunda votação da Previdência,na primeira já veio o Glenn com timing perfeito, NEM FALO QUEM É Q ESTÁ SE QUEIMANDO NESTA HISTÓRIA TODA!!!

  5. Arquitetura de um novo golpe !!!!! No país onde a Sociedade Civil nada representa, em Eleições de Urnas Eletrônicas de Biometria Fascista e Escravocrata !!! Em alguns períodos da Humanidade já foram numerações em tatuagens. Nosso ‘Campo de Concentração’ tem nome de Pátria. Alguém argumenta sobre Eleições Livres e Facultativas, num Estado onde o Poder Judiciário tenha prazo breve e módico para dar suas respostas? E os Poderes, o total controle da Sociedade Civil? NÃO?!!!! Então o Golpe Civil Militar Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista continua a todo vapor. Chegará a 1 século. Apoiado por Elites como OAB, entre tantas da Ditadura de Federações e Corporações, Entidade tão ditatorial quanto o Estado que defendeu nestas décadas todas. A Democracia Brasileira está nas mortes de uns 60 Brasileiros, sob a tutela do Estado Brasileiro, chacinados e decapitados no dia de ontem. Deu menos repercussão, notícia e manchetes que a fala do Presidente. E dizem que não sabem como chegamos à esta barbárie construída por 9 décadas? Deve ser tudo culpa do Bolsonaro. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

    1. Sr. Zé Sérgio, desculpa-me o declarado “pré-conceito”, mas penso que és um paulista que ainda não aceitou a derrota da tal “revolução constitucionalista de 32″…, aventura que saqueou até dentes de ouro do povo para financiar a tal empreitada dos fazendeiros da província SP…

  6. Penso exatamente o contrário do que argumentou o Maringoni.
    A luta pelo impedimento do Celerado seria um importantíssimo catalisador da luta contra o desmonte nacional. A mobilização e convocação da população para o impedimento seria o grande chamariz para que se pudesse esclarecê-la sobre algo que ela já começa a perceber: que está havendo a liquidação da Nação.
    Se o impeachment vai ser banalizado ou não, isso é discussão pra depois.
    O urgente, neste exato momento, é a derrubada da insânia.

    1. Penso mais ou menos como você MArco.
      Acho que o pedido de impedimento do presidente serviria para unir a esquerda completamente perdia. Serviria para mostrar para a sociedade passiva o que está sendo urdido pelos cantos de Brasilia e informar, nem que seja de forma rudimentar, quais são as perdas que nos estão sendo impostas.
      Não acredito entretanto que um impeachment vingasse. É necessário 2/3 do Congresso e depois do Senado. Até lá as burras de dinheiro publico se abrirão todas para salvar o pescoço dele.
      Mas o efeito de marcar para a história a aglutinação dos movimentos progressistas já estaria registrada.

  7. O Maringoni é infalível: se aponta pra baixo, vá para cima; se aponta para cima, o certo é para baixo.

    Não se trata mais de política, mas de civilização! Esse sujeito tornado presidente não tem as mínimas condições morais, intelectuais e sequer emocionais para ocupar o cargo! A direita ganhou as eleições, isso é fato, mas o demente-em-chefe é pior que qualquer um!

  8. Considero que as posições colocadas nesse artigo estão completamente equivocadas e ensejam um perigo enorme.
    Antes porém quero deixar claro que não tenho ilusões quanto a um processo institucionalizado de impeachment. Acho que a palavra de ordem é “FORA BOLSONARO”, que deve reverberar através da mobilização popular. Nenhuma ação parlamentar ou judicial vai surtir efeito e nem me preocupo qual via vai ser utilizada para manter a fachada institucional da queda do Boçalnazi. Somente a pressão popular pode levar a essa queda e é ela que realmente importa no atual quadro político.
    É incorreto dizer que a queda do Boçalnazi iria ser melhor para a esquerda. Se não cair, os abusos desse criminoso vão se consolidar em uma ditadura aberta e é esse o grande perigo que a estratégia equivocada deste artigo enseja. É ilusório que ele vai se manter na atual posição. Ou ele cai ou se consolida no poder. E se consolida nos seus próprios termos, ou seja, em uma ditadura clássica, sem o tênue verniz democrático que ainda se mantém precariamente.
    Dizer não para o “FORA BOLSONARO” é dizer sim para o “fica Bolsonaro” e abrir espaço para ele consolidar seu governo.
    Se o Boçalnazi cair o sistema político vai se fragilizar. Mesmo que entre o Romão, este estará muito mais fraco do que o Boçalnazi está e não terá a mesma massa de manobra deste.Terá que fazer concessões, até para poder satisfazer a pressão popular. Outro erro seria, em um quadro desse, permitir a desmobilização após a queda do mal maior. Nesse quadro a mobilização poderia e deveria ser mantida, abordando aí a recuperação dos retrocessos e prejuízos provocados por ele.
    Acho ideias como as colocadas neste artigo um enorme retrocesso e grande revés para a mobilização popular , além de ser uma excelente estratégia para a manutenção do Boçalnazi no poder e a consolidação da ditadura que está, já agora, evidente ser seu principal objetivo.
    única saída é a mobilização popular co duas palavras de ordem de grande apelo popular, fácil entendimento e que estão no cerne do processo político: “FORA BOLSONARO” e “LIBERDADE PARA LULA”.

  9. É verdade, caro Marangoni. Às pessoas da “direita” que escondem as garras sob luvas de pelica interessa o “impeachment” porque o que Bolsonaro faz é deixar essas garras expostas. Mas o projeto desse pessoal para a Economia – e eu acrescentaria que também para a Política, incluindo noções como soberania nacional e participação popular direta nas instituições democráticas nacionais – é exatamente o mesmo da turma de Bolsonaro. O que a turma que pretende destruir o estado democrático de direito para substituí-lo por simulacro privado quer é o que, na prática e tirando a aparência incivilizada, o governo Bolsonaro vem fazendo.

    Aí fica como se o retrocesso em civilidade estivesse apenas na deselegância do indecoroso ex-militar, quando, na verdade, tal retrocesso está no que pode realmente nos prejudicar: na orientação privatista ao cuidar da coisa pública. Ou seja, o palhaço que os privatistas colocaram para nos distrair do fato de que estavam roubando o estado para si mesmos era, afinal, um palhaço mesmo e não alguém que atina com a teatralidade de seu papel.

    Tirar Bolsonaro no momento em que as instituições públicas estão administradas por esses privatistas não só pouparia a ordem democrática como provavelmente os privatistas arrumariam novo palhaço, e dessa vez um palhaço mais convincente.

    Não creio que essa palhaçada dure muito. Na hora em que ficar claro que seus bolsos estão vazios de dinheiro e suas cidadanias vazias de significado, não haverá espetáculo capaz de impedir o voto pelo fim do privatismo no estado. Foi assim no final do governo FHC, por exemplo. Me lembro bem de ouvir de alto administrador de banco privado que “esse cara (FHC) está destruindo a classe média, está nos destruindo.” Esse momento ocorrerá e é nesse momento que o convite poderá ser mais bem recebido:

    “Que tal recuperar sua cidadania?”

  10. Tem um povo (a maioria ligada a partidos), que é contra “impichar” o bozo, porque o Mourão assume, ou porque querem “radicalizar”, fazer “sangrar”, “nada vai mudar”, etc.
    Nada contra radicalizar e mobilizar, isso é política. Porém, embora seja um eleitor frequente do PT, formo na esquerda, não sou de partido nenhum e não tô nem aí para “estratégias” partidárias. Eu quero o bozo fora, porque ele não tem caráter nem inteligencia para exercer o cargo e vai ferrar muito os brasileiros pobres se ficar 4 anos. Se entrar o Mourão, que entre, ponha a agenda dele e igual ou diferente, a luta continua…
    Aliás já ouve uma estratégia do “quanto pior melhor” e só prejudicou a esquerda… Lembram?
    Também gosto da tentativa de anular a eleição do ano passado (TODA, não só a da presidência). Considero causa justa e com uma linha argumentativa sólida, houveram fraudes eleitorais em todos os níveis, comprovadas até pelos sítios estrangeiros (e o judiciário vendido – juiz do TSE querendo aparecer – condenou o Haddad. Um horror!), mas considero uma causa muito difícil neste momento. Também não esqueço do Congresso, eleito nessa eleição farsesca. Com o Congresso atual, ninguém da esquerda conseguiria governar, inclusive o que segura essa situação ultrajante é a agenda econômica, onde toda a direita se une na destruição do que é público, fim de direitos trabalhistas e previdenciários, etc…
    Uma luta de cada vez, assim sendo, esse “ser” que infesta o cargo mais importante do Brasil, tem que sair para o bem de todos, mas principalmente dos que mais precisam.

  11. Revolução não é fruto do oportunismo.
    .
    Vamos deixar claro duas posições de setores que tentam representar uma esquerda revolucionária, por exemplo setores ligados a pessoas ou partidos que não querem a derrubada de Bolsonaro e outro setores que são favoráveis a derrubada de Bolsonaro já.
    .
    Diria que o primeiro setor tem dois erros básicos na sua análise que simplesmente desconhecem a dinâmica dos processos políticos e caem num oportunismo tremendamente maléfico para a luta das massas.
    .
    Como raciocinam estes setores que achando que a correlações de forças não é favorável a esquerda dever-se-ia deixar que as condições do povo brasileiro e da economia se degringolasse mais e com uma maior fraqueza da extrema direita, configurada pela figura de Bolsonaro, seria mais conveniente que se esperasse esta situação para depois fazer uma proposta de revolução socialista, pois se neste momento caísse Bolsonaro poderia assumir Mourão e continuaria toda a política de demolição do Estado brasileiro.
    .
    Diria que esta hipótese além de oportunista é BURRA, pois estas pessoas querem que o povo brasileiro fique mais ainda na miséria para que se crie condições revolucionárias devido uma mudança na correlação de forças. Vamos aos fatos, povo mais ainda na miséria fica com mais fome, mais incapacidade de se mobilizar e sem a mínima capacidade de se politizar corretamente. Além disto tudo a experiência internacional deixa claro que qualquer tentativa revolucionária é produto de uma evolução do espírito revolucionário dado por vitórias e não por derrotas.
    .
    Estas pessoas que pensam que uma derrubada de Bolsonaro no momento seria uma maneira da direita se reorganizar esquecem que as condições objetivas de qualquer discurso mais radical vêm exatamente da quebra de esquemas mais conservadores e se o povo tiver vontade de seguir adiante, que ele siga.
    .
    Enganam-se redondamente aqueles que pensam que as lideranças de esquerda é que deverão conduzir pela mão o povo, quando deve ser quase ao contrário, o povo quando tiver disposição pela mudança a função das lideranças deverá de colocar claramente quais são as alternativas. Ser de esquerda é ser profundamente democrático, ou seja, seguir num caminho correto junto e não a frente do povo. Ninguém vai esperar que a população tenha uma visão completa do que pode ser feito, logo aí é que está a função de qualquer organização que queira levar o processo adiante, está em colocar claramente as possibilidades a serem seguidas. Se neste caminho a população não seguir as consignas de uma vanguarda revolucionária é um problema da vanguarda e não da população.
    .
    O que leva estas atitudes protelatórias é o medo de perder a liderança no processo e que grupos de direita mais bem organizados e com mais dinheiro para promover um discurso diversionista levarão o proletariado na direção errada. Esta chance sempre existe e no caso brasileiro se num período pós Bolsonaro este caminho for seguido será por erro não do povo em geral, mas sim de uma vanguarda de esquerda mal preparada e indecisa na sua linha política.
    .
    Talvez para muitos representantes de uma esquerda mais revolucionária achar que uma disputa verdadeiramente democrática não é o caminho para o futuro, uma disputa que colocasse em questão todas as organizações de domínio e submissão da população, que na verdade são antidemocráticas como, por exemplo, a polícia, o judiciário, a forma de eleição para os representantes populares, a inexistência de um sistema de ensino público e de saúde que atendam corretamente a população, enfim toda a superestrutura de domínio da burguesia.
    .
    O que deveria ser feito pela vanguarda revolucionária é um real desnudamento de todas as características do Estado que impedem a verdadeira liberdade democrática da população, não a farsa democrática que alija não só o proletariado fabril, mas também camponeses, mulheres, negros, LGBTs e todos os explorados.
    .
    Há uma esquerda que de tanto ouvir a direita dizendo que esquerda é antidemocrática, internalizou a mentira que acham ser necessário para o início de um processo revolucionário são necessárias situações antidemocráticas e autoritárias chegando até colocar partidos com o nome de Socialismo e Liberdade, como isto não fosse uma redundância.

  12. Desde quando a covardia virou virtude? Desde 2016 estamos nos encolhendo mais e mais com medo do pior e tudo sempre piora um pouco mais.

  13. Não concordo. Apesar da questão econômica, os aspectos civilizacionais atacados pelo Bolsonaro são caros à esquerda também. A sucessão de barbaridades proferidas por esse psicopata tem que ser enfrentada de modo duro e exemplar pelas instituições, caso contrário a normalização dessas atitudes no seio da sociedade vai se tornar um problema muito maior do que a agenda neoliberal. Em uma sociedade minimamente civilizada essas questões podem ser enfrentadas dentro do jogo político. No mundo de Bolsonaro, não. Impeachment, já!

  14. Bolsonaro é um sujeito tão infame que até a direita golpista quer livrar-se dele. Por que ? Porque ele está ATRAPALHANDO o projeto neoliberal que destrói o futuro do Brasil como nação soberana.
    Os democratas (socialistas e liberais) devem contribuir com o que interessa à direita golpista ?
    Ou devem contribuir para revelar que Bolsonaro e os neoliberais são duas formas da mesma coisa ?
    As eleições foram fraudadas (fake news financiada por estrangeiros; república de Curitiba; Globo). Com a saída de Bolsonaro haverá novas eleições livres e democráticas ? Mourão foi escolhido pelo povo ?
    As leis devem ser obedecidas somente quando são do interesse da direita golpista ?

  15. Pedir o impeachment do Bozo não é banalizar o impeachment. Os motivos não são nada banais, nem são poucos. Acho que não tem alternativa, não dá pra ficar como está.
    Até porque a alternativa seria ser CONTRA o impeachment do Bozo, e essa é uma posição impensável sob qualquer ângulo.
    Por outro lado, não vejo nada que não vá piorar ou se agravar com ele ficando. Se retornarmos ao nível da civilidade, já será um ganho. Some-se a isso, como bem exposto por outros aqui, o perigo de, em ele ficando, agravarmos a destruição das instituições.
    A reversão do desmonte do estado, a recuperação das instituições, a reconstrução do que havia de seguridade social, como já disse o grande Nassif, será um processo que levará décadas.

  16. O impedimento não muda a política de desconstrução do Estado. Isso e claro. Esse movimento só desgasta o governo de Bolsonaro e o presidente.
    As esquerdas nesse momento só pode gritar. As derrotas serão contínuas.

  17. Vejo por outro ângulo. O que a esquerda ganha ao se engajar no impeachment:
    1) Protagonismo: se deixar o impeachment só na mão da direita, perderá a eleição de 2022 para um Dória ou Luciano Huck da vida. E ainda será acusada de ter apostado no “quanto pior, melhor”.
    2) Agenda política: campanha por impeachment nunca é apenas contra o presidente, é sempre por mudança em cima do que ele está fazendo. A esquerda deve usar o desejo de mudança direcionado para sua agenda política popular.
    3) Imagem e visibilidade de suas propostas: impeachment coloca de volta os debates em que Bozo faltou na campanha eleitoral.
    4) Conquistas: a esquerda deve propor nas ruas um pacto de governo (com Mourão mesmo) com pontos de sua agenda (melhor distribuição de renda em reforma tributária e da previdência, política de emprego, de valorização do salário mínimo, reduzir juros do consumidor e da dívida pública, priorizar saúde, educação e segurança pública no orçamento, reduzir a violência e dissuadir a juventude do crime (não deve ser uma bandeira só da direita), defesa da economia e soberania nacional, preservação ambiental, multilateralismo externo, restabelecer direitos civis, reforma política, além de reformas polêmicas como previdência serem levadas mais de uma proposta diferente do Congresso a plebiscito). Óbvio que muita coisa não será aceita pelo governo neoliberal de Mourão, mas conseguirá algumas concessões pela pressão da vontade popular, e o que não conseguir vira capital político da oposição contra a impopularidade do governo nas medidas neoliberais anti-povo.
    5) Mobilização: acho que dispensa explicações pelo já dito.
    6) Queima mais uma etapa na curva de aprendizado da democracia: Mourão será o terceiro governo de direita e neoliberal seguido (Temer, Bozo e Mourão). Em 2022 não terá como a direita tirar candidato “novo” do colete dizendo que o problema era de incompetência de um imbecil de direita e não de um governo de direita em si.
    7) Queima a “intervenção militar”: Mourão será a experiência de poder dos gorilaminions, simbolicamente mais do que Bozo. Terão seu general (e não um capitão) no poder, responsável por toda a agenda anti-povo do neoliberalismo.
    8) Redução de danos: Mourão é outra desgraça neoliberal, mas pelo menos não é tão imbecil na política externa. O Itamaraty deve voltar a ter mais equilíbrio e não fazer tanto estrago.
    9) Mourão não tem o carisma popular do Bozo. Não é ironia, Bozo tem carisma em setores da população tipo “bandido bom, é bandido morto”, “escola não pode ensinar seu filho a ser gay”, e ele tem imagem de homem simples, cujo elitismo é comer em churrascaria, não aparece badalando em alta sociedade, seus amigos mais íntimos é padrão Queiroz, não tem os vícios do Aécio.

  18. O impeachment da Besta fará com que todos caíamos nas garras do general em pele de cordeiro. Não se pode esquecer que este milico foi à China plantar notícias contra a Rússia, sinalizando que tem um dono.
    O impeachment da Besta é a assunção de um golpe enviesado que foi cirurgicamente costurado para trazer “democraticamente” os milicos de volta ao poder, o Justiceiro de Curitiba manda lembranças. Apesar de hoje já sermos governados por uma junta militar, pois a Besta é alguém totalmente descartável que está servindo apenas para a destruição de tudo, que depois será reconstruído, de fato e ao seu modo, pelo governo militar.
    A Besta tem de criar cortinas de fumaça, quase que diárias, para que passem sem que percebamos alterações na legislação que estão criando um Estado de Exceção. Criado este estado a Besta será deposta e irá para os EUA bater continência à sua verdadeira bandeira.

  19. Que o Mourão não é “flor que se cheira” é indiscutível, vide suas declarações pré-eleitorais, mas aparentemente não é um psicopata como o Bozo e família! Como o ideal seria impossível: impeachment dos dois, vamos aceitar o mal menor possível!

  20. O Maringoni acha que a radicalização parlamentar ou o que seja irá deter o fascismo crescente praticado pelo Bozo e que a substituição dele pelo Mourão seria a continuação pura e simples do projeto neoliberal.

    Ora, uma massa reunida que coloque o Bozo de volta na latrina de onde saiu significará junto o enfraquecimento das bases do Mourão e das iniciativas do desmonte neoliberal.

    Todas as tentativas, praticamente, de tentar barrar a destruição bozista com base no respeito e clamor às instituições têm fracassado e é justamente a falta de mobilização das lideranças por uma causa catalisadora das insatisfações gerais das multidões atônitas o que está sustentando esse desgoverno.

    Por essas e outras discordo frontalmente do articulista e defendo o

    FORA JAIR BOZO!!!

    Que o fascista em apreço VTNC, como bradam os foliões, as torcidas e os insatisfeitos (70% da população), sempre que lhes é dada oportunidade de manifestação, apesar da leniência das lideranças desorientadas da oposição à esquerda.

  21. Se esse governo cai uma nova coalizão de forças surge e deve enfraquecer a direita com Mourão, Bozo e Moro candidatos em 2022. Acho que o analista não está levando em conta o enfraquecimento do poder executivo caso seja deposto o Capitão Miliciano

  22. Todo mundo vai querer tirar o bode da sala porque ele está fedendo muito.

    Trocar Bolsonaro por Mourão é trocar 6 por meia dúzia.

    O que vai mudar? Os golpistas vão nos enrabar com um pouco de vaselina?

    O que os golpistas querem com o impeachment ou o impedimento do
    capetão é fazer tudo aquilo proposto por Paulo Guedes, com mais tranquilidade. Se Mourão assumir, Paulo Guedes provavelmente continuará no governo. Na melhor das hipóteses ele passará o bastão para um outro chicago-boy que pense da mesma forma que ele.

    E as propostas de Bolsonaro/Paulo Guedes para as áreas de educação, saúde, meio ambiente, ocupação da amazônia, destruição da Petrobras e privatização até do Palácio do Planalto continuarão sendo postas em prática. Temer estava certo quando dizia: o governo Bolsonaro é a continuidade do meu governo. E eu complemento: o governo Mourão será a continuidade do governo Bolsonaro. A diferença é que cada um tem seu estilo de atuação, claro. Não adianta ficar puto somente com o ministro da educassão (assim mesmo), quando quem manda no dinheiro é o Paulo Guedes

    Com raríssimas exceções, os generais brasileiros sentem nojo do povo brasileiro, do povo que paga os seus salários. Até mesmo Freud teria dificuldade de explicar o porquê de tanta estupidez. E teria que apelar para os livros de Jessé Souza para não enlouquecer, também.

    Daqui a pouco a Globo vai aderir ao “tira o bode da sala”. O capetão andou brigando com a Miriam Leitão, mas não e por esse motivo que os irmãos Marinho vão aderir ao Mourão.

    Perguntem aos golpistas se eles topam tirar o bode da sala e convocarem novas eleições, já que está mais do que comprovado que a eleição de Bolsonaro foi a maior fraude de todos os tempos, de todas as galáxias. Se toparem, eu topo.

  23. O problema não é o $aco de Bosta, é o capitalismo.
    A grande maioria quer afugentar as moscas mas quase ninguém quer remover a merda capitalista.

    Diria Raul Seixas, o Maluco Beleza:

    E não adianta vir me dedetizar pois nem o ddt pode assim me exterminar
    Porque cê mata uma aí vem outra em meu lugar

  24. Sr. Zé Sérgio, desculpa-me o declarado “pré-conceito”, mas penso que és um paulista que ainda não aceitou a derrota da tal “revolução constitucionalista de 32″…, aventura que saqueou até dentes de ouro do povo para financiar a tal empreitada dos fazendeiros da província SP…

  25. Esse artigo já começou errado. Faltou pesquisa.

    No caso de Impeachment de presidente, antes de completar dois anos de mandato, o vce também cai e são convocadas novas eleições. Temer só foi suplente de Dilma porque o prazo de dois anos já havia acabado.

    Então, se houver impeachment, a hora é agora.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador