Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Onda mudancista abala sistema político, por Aldo Fornazieri

Onda mudancista abala sistema político

por Aldo Fornazieri

A principal característica das eleições de 2018 foi a onda mudancista de natureza antissistêmica ou contrária ao sistema político-partidário vigente estabelecido no início da década de 1990. Na maior parte do tempo, esse sistema arruinado pelas eleições tinha a marca da polarização PT-PSDB. Essa marca se desfez no plano nacional mas, ao menos nesse nível, o PT permaneceu nela como antagonista do pólo de extrema-direita. A onda mudancista levou o Brasil para a direita, não porque a maioria dos eleitores são de direita, mas porque os candidatos de direita representavam melhor a ideia de uma oposição antissistêmica, a ideia de uma varredura dos partidos e dos políticos tradicionais. Mas, sem dúvida, desde 2013 vem se constituindo uma extrema-direita política, que se fortaleceu no golpe e, agora, chega ao poder.

A onda mudancista de natureza antissistêmica foi consequência da profunda crise política, econômica, social moral que atingiu o sistema político e os partidos que dele faziam parte como protagonistas desde a Constituição de 1988. O PT, mesmo tendo sido tirado do poder por um golpe, fazia parte desse sistema, tendo governando o país por 13 anos e alguns meses. Em boa medida, tanto no primeiro quanto no segundo turno, foi apontado como o principal responsável pela crise do sistema.

Em que pese ter sofrido uma dura derrota, o PT, contudo, não saiu destruído. Duas razões foram determinantes para que isto não ocorresse: a herança positiva dos governos Lula e o fracasso retumbante do governo golpista de Michel Temer. Como o governo sempre é o ponto de referência principal numa disputa eleitoral, o PT também se apresentou como força de mudança das eleições, mas como, em boa medida, o contexto político do presente tem também determinações dos governos petistas, a candidatura petista não incorporava uma ideia de mudança tão forte como aquela agregada por Bolsonaro e a direita, aos olhos do eleitorado. E como a conjuntura era extraordinariamente mudancista, as forças que mais representavam essa aspiração protagonizaram a polarização final. Em suma: o fracasso do governo Temer manteve o PT no jogo, destruiu as chances do centro político e viabilizou Bolsonaro.

Além disso, o PT elegeu quatro governadores no Nordeste e conta com mais cinco governadores aliados na região. O Nordeste poderá ser o bastião da defesa da democracia se Bolsonaro descambar para o autoritatismo. Mesmo com a redução do número de deputados, o PT conseguiu eleger a maior bancada e obteve 47 milhões de votos no segundo turno, o que lhe dá uma enorme força de oposição. Fernando Haddad saiu fortalecido como liderança nacional. Mas terá que consolidá-la e, para isto, terá que enfrentar problemas internos ao PT e definir que tipo de relação estabelecerá com Ciro Gomes, que saiu vivo das eleições e disposto a ser um polo de oposição ao governo Bolsonaro. Tanto Haddad, quanto Ciro terão que encontrar maneiras de ter uma presença política nacional permanente para não sofrerem o efeito Marina Silva que aparecia apenas de quatro em quatro anos, minguando seu capital político. Ainda no campo da esquerda, o PSol, que aumentou sua bancada parlamentar, precisa avaliar o seu insucesso na eleição presidencial.

Dentre todos os partidos do sistema, o mais atingido foi o PSDB, mesmo contando as vitórias em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. No Rio Grande manteve-se a maldição de Borges de Medeiros: até hoje, nenhum governador conseguiu se reeleger depois que este instituto foi implantado. Mas o PSDB amargou o quarto lugar na eleição presidencial e foi o partido que mais perdeu deputados – 20 ao todo. Terá também enormes problemas internos para enfrentar, principalmente com João Dória, que traiu Alckmin e aspira tornar-se dono do partido.

O PSL de Jair Bolsonaro, sem dúvida, conseguiu um feito inédito ao constituir-se em partido nacional saindo praticamente do nada. Além do presidente, elegeu 52 deputados federais (a segunda maior bancada). quatro senadores e três governadores. A sua bancada na Câmara deverá tornar-se a maior, com novas adesões. A vitória de aliados de direita nos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais também fortalecem o presidente-eleito. Se o PSL se consolidará como um partido forte de forma permanente ou se apenas é um epifenômeno que surfou na onda mudancista é algo que terá que se ver no futuro. Bolsonaro e o PSL ou reformarão o sistema ou capitularão a ele. Tudo indica que a segunda alternativa é a mais provável.

Como será o governo Bolsonaro é uma grande incógnita. Mas o que é óbvio é o risco que ele representa para a democracia. Risco que pode se traduzir em violência dos seus partidários, em censura, em perseguição à oposição, e ataque aos direitos sociais e no reforço dos preconceitos contra os negros, mulheres, LGBTs e pobres em geral. A oposição terá que ser intransigente na defesa das liberdades, dos direitos e da democracia. Duas instituições poderão ter um papel relevante na contenção dos arroubos ditatoriais de Bolsonaro e dos bolsonaristas: o Judiciário e a cúpula das Forças Armadas.

O Judiciário teve uma atuação desastrada em vários episódios no passado recente e violou a Constituição e as leis. Alguns generais fizeram pressões e manifestações indevidas no que tange às decisões judiciais envolvendo o ex-presidente Lula. Mas agora, momento em que os riscos são grandes, o que se espera e se exige é que o Judiciário defenda a Constituição e que as Forças Armadas se mantenham dentro de uma linha legalista e que impeçam Bolsonaro de agredir a Constituição e as liberdades.

O PT perdeu a eleição presidencial no primeiro turno. Os erros foram vários: a definição tardoa de Haddad como vice e como substituto de Lula; a campanha errou a mão em como apresentar Haddad ao eleitorado como um mero reflexo de Lula; o programa trazia propostas confusas, principalmente na economia; não havia uma estratégia de combate às mentiras e fake news e Bolsonaro foi subestimando, sendo que o PT veio a atacá-lo praticamente na última semana do primeiro turno. Alguns desses erros não havia como consertar e outros foram superados na campanha do segundo turno, com ataques mais duros e diretos a Bolsonaro e com a definição de três propostas que tocavam na vida das pessoas: reajuste do Bolsa Família em 20%, gás de cozinha a R$ 49 e reajuste do salário mínimo acima da inflação. Haddad, por sua vez, apareceu com mais energia, vigor  autoridade.

Mas a campanha do PT enfrentou  e não resolveu um problema que vem se arrastando nos últimos anos: o antipetismo fincado na questão da corrupção e dos erros do governo Dilma. Se o PT não enfrentar estas questões de forma clara e resoluta elas continuarão a contaminar as futuras campanhas até que as gerações que vivem hoje desapareçam. O PT precisa examinar, sem fugir de suas responsabilidades, as razões que, após 13 anos de governos seus, levaram a direita ao poder no Brasil. Em resumo: o PT precisa despir-se das veste do triunfalismo e da arrogância.

Ademais, o PT precisa renovar-se. A sua bancada parlamentar é constituída por parlamentares das antigas, analógicos, acomodados em seus esquemas de poder, com baixa combatividade e caminhando para o ocaso. Se o PT não se renovar com urgência, apoiando jovens e empoderando-os dentro do partido, o Tempo erodirá o seu poder. Na última eleição, por exemplo, os candidatos jovens e de primeira candidatura receberam migalhas do fundo eleitoral, enquanto que os deputados antigos receberam os maiores nacos, numa clara política de manutenção de uma aristocracia gerontocrática.

Por fim, o PT precisa tirar duras lições das sucessivas derrotas que vem sofrendo desde 2015. Não é mais possível que o partido continue anunciando triunfos vindouros e colhendo derrotas. O partido precisa olhar mais para as dificuldades e as advertências para, prudentemente, prevenir-se, preparar-se e planejar estratégias. Precisa perceber que sem força organizada poderá até ter vitórias eleitorais, mas serão efêmeras, e, nos momentos de  crises e confrontos decisivos, sem forças organizadas, principalmente nas periferias, será derrotado. As forças progressistas serão derrotadas. É preciso saber que sem a virtude da organização, do comando e do combate, o Tempo, a Fortuna e os inimigos arruínam todas as coisas do poder político.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

 
Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

28 Comentários

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  1. “Duas instituições poderão

    “Duas instituições poderão ter um papel relevante na contenção dos arroubos ditatoriais de Bolsonaro e dos bolsonaristas: o Judiciário e a cúpula das Forças Armadas. “

    Agora vou fazer igual a um bolsominion: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Do lado de minha casa tem um prédio construído por membros do judiciário para servir de moradia para eles. Ontem, para comemorar a vitória do bolsonaro, soltaram um foguetório e fizeram uma gritaria muitas vezes maior do que a patrocinada pela prefeitura no reveillon da cidade.

    A loja de sapatos femininos que minha esposa é gerente em muitas clientes que trabalham no judiciário- vende sapatos caros do jeito que elas gostam – mandavam fake news do watshapp a favor do bozo todos os dias, inclusive ontem.

    O judiciário e todas as forças repressivas do estado são majoritariamente bolsonarianas.

    Se depender dessa gente vamos tomar porrada no lombo o tempo todo.

  2.  “e definir que tipo de

     “e definir que tipo de relação estabelecerá com Ciro Gomes, que saiu vivo das eleições”

    Tá bom que o Ciro vai se juntar numa frente democrática. Como parte da elite e coronel do Nordeste envernizado, depois que descansar mais um pouco,  vai bater o pé com sapatos de cromo comprados na Europa e dizer sou eu, sou eu, sou eu o rei do da oposição. 

    E tem mais, se o Ciro saiu vivo das eleições chega morto na próxima. Vai contar com voto de quem? Do eleitorado dele que votou no Bolsonaro? Vai minguar feito a Marina porque os votos democráticos que teve e que foram para o Haddad, frente a decepção de sua omissão, vão migrar para outro candidato. 

    1. Ciro

      O PT fez o possível e o impossível para inviabilizar Ciro, o que foi um grande erro, pois ele poderia derrotar o Bolsonazi. Ciro, agora, errou ao não apoiar Haddad decisivamente. O PT errará novamente se não compor com Ciro na oposição.

       

      1. Ciro é quem foi

        Ciro é quem foi intransigente. Ele não conseguiu fechar com o “centrão” por méritos próprios. Ele não sabe dialogar e sempre quer se impor. Ele é extremamente arrogante e autoritário, por isso não permanece em nenhum partido. Sua capacidade de liderança é bem limitada. Isso sem falar da sua instabilidade emocional.

      2. Não é o PT que não quer

        Não é o PT que não quer compor, é o Ciro que vai se apartar . E foi o Ciro que, desde o inicio da campanha deixou bem claro seu desprezo pelo PT e por tabela, pelos seus militantes/eleitores. Trabalhou a campanha inteira em cima do preconceito construido sobre o PT e os eleitores petistas. E nesse aspecto igualou-se ao Dória e Bolsombrio.

        Ele fez questão de humilhar o Haddad  num momento em que ele não era mais o candidato de um partido mas representante de uma frente de resistência ao fascismo. É um político que coloca suas ambições pessoais, porque partido ele não tem, acima do Brasil .

        1. O ciro(minúsculo) se igualou

          O ciro(minúsculo) se igualou ao fhc e a marina.

          Está morto para a política, a não ser que se aproprie do discurso de ódio do bozo.

    2. Sobre isso

      Ciro Gomes teve boa votação na França no primeiro turno e ontem logo que saiu o resultado varias pessoas, no local que estavamos, disseram Ciro nunca mais. Pode ser efeito apenas da enorme tristeza e decepção de todos ontem, mas muitas falas ontem indicavam a tibieza e a ambição de Ciro à qualquer preço e a rejeição a ele ontem foi grande. Esta no mesmo patamar que o pavãozão covardão do FHC. 

  3. Agora o Brasil vai ter que encarar seu destino

    Professor Aldo, concordo com seu diagnostico sobre as eleições e  que Fernando Haddad deve lutar para não tornar-se figura palida no cenario politico. Não sabemos o que vira do governo de um maluco aficcionado por armas, no entanto esse é um governo que fara tudo para aniquilar a esquerda e suas lideranças. Inclusive a nos aqui. 

  4. Prezado Mouro
    Bom dia 
    Em

    Prezado Mouro

    Bom dia 

    Em nenhum momento, essas eleições foram para resolver os problemas do Brasil, mas sim para acabar com o petismo, pelo resultado, não conseguiram, e o PT ainda é o maior partido da Câmara, porem estará sozinho na fiscalização do “governo”, pois, outros partidos corruptos como o DEM, MDB, PSDB e PP, (ex-partido do capitão – se continuasse lá, não venceria),  estarão unidos na rapinagem do país, juntamente com o corrupto Michel Temer, seu aliado -percebeu que ele não tocou no nome do Temer nessa eleição? Como diz um amigo, “agora Inês é morta”. …!!!…..

    Abração

  5. De uma maneira geral, foi

    De uma maneira geral, foi positivo a “eleição” dos militares. Explico: As “forças ocultas” trataram de início de desmoralizar os poderes executivo e legislativo, via poder judiciário; a curriola do judiciário, pensando que era sua vez, começou a agir fora da lei, naquela de tudo posso. Aí, veio o descrédito da população com esse poder e em seguida o flagelamento em via pública através do “jairzinho”: “pra fechar o STF, basta mandar um cabo e um soldado”. Pois bem, com a ascensão da extrema direita incrustada no “exército”, nada garante que a economia vá reagir. E, se não reagir, daqui a seis meses nós vamos sair de dia nas ruas com uma lanterna acesa para ver se encontramos um eleitor do bolsonaro, o que acho improvável. Taí o lado bom: Essa meninada, que não viveu 1964, vai tomar uma aula de ditadura nos couro pra aprender que “babado não é bico”. E, os militares irão pro umbral órfãos de pai e mãe. MAKTUB! PS: Como Ciro Gomes foi citado, pergunto ao seus eleitores: Vcs já viram a  “Folha Corrida” partidária desse(desse o que mesmo(?))??? E a da família Ferreira Gomes? desde a origem? Pois é. Pois é, Pois é!!

  6. Não consigo ver essa onda
    Não consigo ver essa onda mundancista como professor está dizendo.

    Só o PSDB perdeu.

    PSL – aumentou em função das Fake New. A longo prazo isso não se sustenta. Se a besta fizer um mau governo este partido vira o PRN do Collor, some do mapa. Não tem consistência, terá duração curta

    Apesar do bombardeio de 12 anos, o PT mostrou ser um partido consistente e enraizado. Elegeu a maior bancada e 4 governadores.

    A besta ganhou com uma diferença de 5pp, mentindo e se omitindo. Se tivesse participado de pelo menos um debate correria o risco de perder por uma diferença de 10 pp.

    Segundo o TSE, essas eleições teve a maior quantidade de abstenções, votos brancos e nulos. Equivalente a população de Portugal.

    A besta teve 57 milhões de votos.
    89 milhões não votaram nele, incluindo os votos do Haddad.

    Quem sou eu para discordar do professor. Mas não vejo tanta mudança no quadro político.

    É isso.

    Até a primeira crise do governo da besta. Como diz o singelo adágio popular “a mentira tem pernas curtas”

  7. Os ecologistas são mais inteligentes!

    Foi muito fácil, o canto de sereia seduziu com muita facilidade…

    Conheci uma senhora humilde que paga R$ 32,00 de Minha casa, minha vida, tem creche para seus filhos e recebe bolsa família e votou no Bolsonaro por que o pastor disse que o Haddad faria “sem-vergonhice” com as crianças da creche…

    Entre o que falei e o que disse o pastor ela ficou com o pastor…

    Talvez quisessem isso a entender as contradições produzidas pelos processos do mensalão e agora da Lava-jato!

    Atingiu a classe média, pequenos empresários que trabalham o dia inteiro e não tem tempo ou vontade de saber com maior profundidade!

    Essa onda desceu até os mais pobres que estão próximos a essa classe média!

    Isso matou o PT!

    Analisar, refletir dá trabalho, é mais fácil absorver o que diz o PIG!

    Os ecologistas sabem que quando se elimina uma espécie, você pode acabar produzindo excedente de outras espécies que podem colocar em risco sua própria sobrevivência!

    A energia interna que se produz dentro de cada país só termina, quando acaba, que parece óbvio, mas não é!

    Os Donos do golpe enxergaram a oportunidade de faturar e muito com o povo brasileiro!

    A primeira mudança do governo Temer foi a PEC da Morte!

    Pelos lucros que estão tendo é mostra inequívoca que estão canibalizando a economia.

    O segundo nível de empresários vão canibalizar os trabalhadores, os aposentados, os impostos!

    O povo viverá atordoado com a luta pela sobrevivência e com a criminalidade que vai tirar o foco da atuação dos políticos, do ataque aos cofres públicos!

    E como as instituições serão aparelhadas, elas deixarão de olhar para o povo – a razão de ser de qualquer país, do estado e a cada vez que a ciranda financeira exigir vão apertar os cintos da população!

    De uma certa forma o Brasil acabou em 2014 e de agora em diante serão espasmos de crescimento e queda até que sejamos absorvidos por outra nação, em forma de país depósito, ou país doador de recursos naturais, doador de recursos energéticos, país entreposto de produção de alimentos…

    É para este lugar que estamos indo…

    Não haverá outra direção quando a potência pai age de forma imperialista!

    Esse energia interna só vai acabar quando os empresários compreenderem que terra arrasada não dá lucro!

    Seria como, por exemplo, os madeireiros que devastam regiões até entender que sem controle ou reflorestamento chega uma hora que tudo acaba…

    Por isso, os ecologistas são mais inteligentes que nossa elite, nossos empresários e liberais econômicos…

    E essa compreensão só chegará tarde, pois os empresários agirão em ondas…

  8. Noves fora… nada…
    Aldo gasta caracteres para nós dizer que há uma onda antissitema e que o Processo foi uma das vítimas mas depois é obrigado a se render ao fato de que a única mudança foi o aumento da polarização… já que o PT ganhou o Nordeste, parte do Norte e tem a maior bancada.

    O suposto estudioso não compreende que o aumento da polarização é fruto, dentre outras coisas, da tensão resultante dos processos, muito tímidos é verdade, de inclusão petista que acirrarram os ânimos conservadores ao ponto deles precipitarem o esquema autoritario de sempre!!!!!

    A única coisa antissistema no capitalismo é a luta anticapitalista.
    O resto está tudo dentro do sistema.

    Talvez o único dado concreto a ser considerado como opção política antissistema seriam os 40 milhões que não votaram ou votaram Branco e nulo.

    21 por cento de ausências mais 10 de brancos e nulos…

    Mesmo aí não se pode dizer que estas 40 milhões de cabeças sejam por um sistema político e econômico diferente… eles são apenas o esbirro da narrativa niilista da mídia que deu azo ao golpe e ao coiso.

    É o pessoal do tanto faz… é sabemos que tanto faz diante do que virá tem um sentido bem grave.

  9. Os grandes vencedores dessas
    Os grandes vencedores dessas eleições foram os Bolsonaros, o centrão representado pela bancada BBB e o Edir Macedo. Esse último quando apontou o dedo para o seu ungido, viu a rejeição desse diminuir e o seus votos crescerem.
    Os grandes perdedores foram os partidos e a mídia mais tradicionais, a democracia e o povo brasileiro. Ciro? Não sei. Vamos ver como se posicionará daqui para frente. Teremos tempos difíceis, mas não muito diferentes diante do que já foi enfrentado.

    1. Mídia tradicional
      O ponto a ser analisado foi derrota mídia hegemônica. Embora ajudou muito o Bolso quando se negou a dar espaço a Hadadd-Manuela quando ele se negou a participar dos debates.
      Será muito bom ouvir sobre o que os comentaristas acham disso.

  10. O autor como sempre culpa o
    O autor como sempre culpa o PT e não mídia, o judiciário e intelectuais. Coisa normal!
    O PT sobreviveu a tudo isso, e se não tivesse tantos inimigos nessa eleição midia-judiciario-militares venceria novamente. Mas…
    Ciro seguiu a estratégia, se tornar uma liderança incontestável em 2022. Pode ser pode não ser.
    Acredito que se futuro e o de Marina.
    A questão é o PT irá estar forte ao longo desse período de trevas e com qual liderança? O futuro será de um governo autoritário? O partido vencedor dos próximos pleitos será de direita?

  11. Entrevista de WGS ao Valor
    Entrevista de WGS ao Valor publicada no Conversa Afiada

    https://www.conversaafiada.com.br/brasil/so-uma-frente-apartidaria-contera-o-governo-de-ocupacao

    “Só uma frente apartidária conterá um governo de ocupação”

    Wanderley Guilherme dos Santos passou os últimos tempos recebendo insultos e apelos. Insultos por ter advertido, no início de 2017, que a esquerda não ganharia a eleição com o PT à frente. E apelos por não ter aderido às frentes que se formaram no segundo turno em apoio a Fernando Haddad.

    Decano da ciência política brasileira e uma das principais referências do pensamento de esquerda no país, Wanderley Guilherme não deu ouvidos ao assédio. Manteve-se longe do segundo turno da mesma maneira que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um amigo de décadas, que a política afastou.

    Já lhe parecia muito concreta a ideia de que o ex-presidente assustava a direita quando Luiz Inácio Lula da Silva e Wanderley Guilherme se encontraram no Rio, no início do ano, no apartamento de um amigo comum. Com a prisão, continuou a advertir contra a ideia de que eleição sem o líder petista seria um golpe. Depois bateu-se contra a obsessão de se levar ao limite a defesa de sua liberdade como plataforma de campanha. Uma hora cansou.

    Optou por Ciro Gomes, sumiu do debate público e se voltou para tentar entender o que deu no Brasil. Aos 83 anos, o pensador que um dia previu o golpe de 1964 diz que um outro pode vir a ser evitado com uma frente, acima dos partidos, que reúna esquerda e centro, para proteger as instituições democráticas contra o que chama de um governo de ocupação.

    Não contem com ele para teorizar sobre o fascismo no Brasil. O que vê em curso, diz, é um ataque à democracia pela própria democracia. “É bom informar o público que um governo reacionário é uma possibilidade democrática”, diz.

    A seguir, a entrevista, realizada durante um almoço, no Rio, na semana passada, e arrematada ontem, com o fim do segundo turno.

    Valor: É um Brasil fascista que emerge das urnas?
    Wanderley Guilherme dos Santos: Fascismo é uma expressão bastante trivializada que esquece aspectos fundamentais como o da organização paramilitar, toda a população organizada com uma hierarquia estabelecida e com uma estratégia de ação de violência, mas sob coordenação. Nada disso existe no Brasil.

    Valor: A violência que emergiu desse Brasil miliciano não caraçteriza isso?
    Wanderley Guilherme: As milícias não estão subordinadas ao Bolsonaro. Se ele tentar pacificar o país, certamente enfrentará as estruturas de violência existentes, as milícias e o crime organizado. Tanto o nazismo quanto o fascismo já se constituíam como tal quando chegaram ao poder. Tanto Mussolini quanto Hitler tinham organizações paramilitares prévias, que promoviam atos de violência localizada. Isso não existe no Brasil.

    Valor: Mas a afronta às minorias, a ameaça contra opositores e o constrangimento ao Supremo não sinaliza essa escalada?
    Wanderley Guilherme: Isso não é novidade no Brasil. A questão é saber por que venceu agora. O preconceito contra as chamadas minorias, que, aliás, não são, como negros e mulheres, é de sempre. Seus assassinatos estão todos os dias nos jornais, desde sempre.

    Valor: Mas a novidade não é que alguém com esse discurso ganhe uma eleição?
    Wanderley Guilherme: Mas por que? Seus eleitores não estão interessados nisso. Acham que sempre aconteceu e vai continuar a acontecer.

    Valor: A campanha de Haddad acusou a campanha de Bolsonaro de ter trabalhado sua chegada ao poder pelo falseamento da realidade. Isso também não caracteriza um regime totalitário?
    Wanderley Guilherme: A repercussão dos discursos absolutamente delirantes de Bolsonaro na Câmara jamais tiveram a mesma repercussão do impacto e do clima anti-política que foi feito pela imprensa tradicional brasileira e pelas televisões contra o PT. Foi muito pior. Durante o período petista, a quantidade de noticias falsas foi permanente. Há um caldo de cultura fascistóide no sentido trivial, não no sentido político do fenômeno

    Valor: E que fenômeno político foi esse que deu nascimento ao governo Bolsonaro?
    Wanderley Guilherme: A esquerda não se perguntou até agora como é que depois de 12 anos de votação maciça no PT, do Nordeste ao Sudeste, à exceção de São Paulo, 40 e tantos milhões de pessoas, inclusive aqueles que recebem menos de dois salários mínimos, passaram para o outro lado. O problema fundamental é esse. O que fez com esse capital político da esquerda deixasse de ser majoritário em quatro meses de campanha?

    Valor: Haddad disse que foram as ‘fake news’. Não foram?
    Wanderley Guilherme: Esta é a opinião dele. Acho uma análise sociológica e política pobre e crua, de quem está bastante impactado por aquele apoio que parecia prometido para ele na hora em que Lula dissesse que o candidato não era ele, era Haddad e que se revelou uma falsidade. Certamente o PT não se recuperou de ter quase ganho no primeiro turno quando, na realidade, quase perde. E isso aconteceu em 15 dias. Acreditar que mais de 50 milhões de brasileiros sejam fascistas é entrar num discurso delirante semelhante aos discursos delirantes de Jair Bolsonaro. Não existem 50 milhões de fascistas no Brasil.

    Valor: E o que foi que aconteceu?
    Wanderley Guilherme: O que aconteceu foi que esses 50 milhões deixaram de votar nos seus candidatos e votaram em Bolsonaro. É isso que tem que ser entendido e não qual foi o efeito da ‘fake news’. O que precisa ficar claro é que se trata de um governo de ocupação, como o candidato do PSL deixou claro nos discursos dele.

    Valor: O que é um governo de ocupação?
    Wanderley Guilherme: Quando ele estima considerar movimentos de sem-terra como organização terrorista ou diz que os vermelhos ou vão embora ou vão para a cadeia isto é um governo de ocupação que transforma toda a oposição em inimigo. A visão que Bolsonaro transmitiu é que seus opositores são estrangeiros ao Brasil. Não são brasileiros propriamente ditos. São estranhos ao Brasil. É importante entender que um governo de ocupação não é necessariamente fascista. Ele vai usar as leis que existem. Leis que estão no código penal e na Constituição e que podem ser aplicadas de uma forma perfeitamente violentadora daqueles direitos que supúnhamos adquiridos mas que não têm respaldo institucional nas leis do país. A legislação brasileira é extremamente conservadora. E até mesmo Fernando Henrique Cardoso se valeu dela, ao dar início ao seu governo enquadrando uma greve na Petrobras na Lei de Segurança Nacional.

    Valor: Bolsonaro não precisará fazer mudanças legislativas para reprimir movimentos e opositores?
    Wanderley Guilherme: Não. Basta se considerar um governo de ocupação. Basta ouvir sua concepção de poder. Ele vai ocupar o país. E vai expulsar todos aqueles que gozavam de liberdade, pela benevolência da interpretação das leis por parte dos governos democráticos. Não será necessário violentar a legislação para se exercer um governo de ocupação. Ele vai tratar seus adversários como opositores do país.

    Valor: É plausível a ideia de que ele se fie no respaldo militar, e no sistema de informações que foi recentemente centralizado na Abin, para coagir e constranger sua base política a votar como lhe convém?
    Wanderley Guilherme: Talvez seja desnecessário. De saída, ele já começa com 243 deputados se somar os votos dos partidos que formarão a maioria com ele. E não se incluem aqui os adesistas que virão do MDB, do DEM ou do PSDB. Já tem maioria absoluta. Faltam uns cento e poucos votos para a maioria constitucional. Ele não terá muita dificuldade nem precisará um esforço maior para ter aquiescência parlamentar. É um Congresso que foi eleito na onda do Bolsonaro, bem como os governadores. Certamente vão surgir as cobranças, como em qualquer outro governo, mas esta próxima Câmara será muito mais fácil para Jair Bolsonaro do que foi para os governos do PT.

    Valor: Ele resistirá ao loteamento dos cargos estratégicos do governo por esta base, como prometeu?
    Wanderley Guilherme: Tenho dúvidas. Em 2016 tivemos uma coalizão entre Executivo, Legislativo, imprensa, empresariado e Supremo. Foi esta coalizão que, dentro da lei, sem violência alguma, destituiu [a ex-presidente] Dilma [Rousseff]. Esta coalizão tem vários interesses contraditórios mas tem um comum que é o de impedir que a centro-esquerda volte ao poder. E isso foi feito. Agora estão com tudo na mão, com um elemento novo que é a infiltração de militares para o exercício do poder executivo. Não importa se são da reserva. É uma convocatória. Ao que parece o que Bolsonaro pretende fazer é blindar todas as áreas estratégicas de governo, de infraestrutura, com os projetos que estão sendo elaborados por engenheiros e toda a elite tecnológica do Exército. Estão organizando, fazendo seminários, propostas e vão ocupar os cargos. O comando dessas áreas pelos militares é fundamental para o sucesso do governo. É um passo complicadíssimo para romper aquela coalização conservadora que continua majoritária e firme sempre que se trata de atingir a esquerda.

    Valor: É com o Exército que ele vai conter o loteamento?
    Wanderley Guilherme: Imagino que sejam esses seus planos. Se vai funcionar ou não é outra coisa. Porque a agenda de problemas, fosse quem fosse o presidente, é muito complicada. Mesmo havendo uma retomada sólida do desenvolvimento econômico via investimento privado ou publico será no sentido do mundo moderno e da revolução tecnológica por investimento na automação. Não haverá lugar para 13 milhões de desempregados.

    Valor: Uma população gigantesca como esta mantida à margem não vai gerar muita conturbação social?
    Wanderley Guilherme: Certamente. No período petista esses problemas foram minimizados com crescimento e políticas sociais modestas, diria até vergonhosas porque são o índice de extensão da nossa miserabilidade. Você ter como algo meritório um programa como o Bolsa Família de R$ 83 por mês é uma vergonha.

    Valor: Qual será o papel da oposição?
    Wanderley Guilherme: Se eu tivesse algum papel político tentaria romper essa coalizão via Supremo Tribunal Federal. Como instituição democrática, o histórico do STF é pífio, menor. Porém, sempre tem grandes nomes capazes de chamar à razão.

    Valor: Mesmo na ditadura?
    Wanderley Guilherme: Não, na ditadura sempre foram subservientes ao poder. Com toda a pompa e circunstância do discurso, sempre concederam o que lhe pediram, exceto quando os governos estavam no fim. Este é o histórico do nosso Supremo. Mas nunca deixou de ter, por outro lado, personagens ímpares, nos períodos democráticos, como Vitor Nunes Leal e Adauto Cardoso. As estruturas partidárias estão destruídas do ponto de vista do crédito. É urgente e importante que se crie uma instância extrapartidária, civil, para se contrapor a um governo de ocupação, capaz de ir englobando pessoas e não instituições.

    Valor: Mas de que natureza seria essa instância?
    Wanderley Guilherme: Incluiria toda a oposição, mas não como representantes dos partidos, como pessoas, a integrar uma instituição civil não partidária.

    Valor: Uma frente, então?
    Wanderley Guilherme: Sim. E tem que trazer o PSDB. Uma grande frente anti-governo de ocupação que englobe todos os derrotados nessa eleição.

    Valor: Mas foi muito difícil formar uma frente democrática neste segundo turno. Isso não antecipa as dificuldades de vir a fazê-lo depois?
    Wanderley Guilherme: Não. Não é uma frente partidária e ninguém entra partidariamente. E tem instâncias nacionais e locais.

    Valor: Quais seriam os pressupostos dessa frente?
    Wanderley Guilherme: A defesa da democracia. O país não é fascista. Pode ser conservador e ter um conceito limitado de democracia, mas fascista não é. Vamos ter muitos motivos de continuada intranquilidade social. Esta eleição não vai acabar. Agora é que vai começar porque os conflitos não vão ser resolvidos. Não tem nada que permita antecipar que essa polarização vá diminuir. Muito pelo contrário. Por isso é preciso tentar retomar um modo de interpretação da legislação coercitiva que já existe e que vai ser usada na sua literalidade. Por isso é importante a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal.

    Valor: Mas de que maneira a gente pode acreditar que o Supremo vá agir nessa direção se o presidente da Corte, ainda que tenha reagido a ameaças, colocou um general no seu gabinete e já chama a ditadura de 1964 de movimento?
    Wanderley Guilherme: O histórico recente não autoriza otimismo, mas o Supremo, como instituição, não tem caráter, é suscetível a pressões. Por isso é importante que haja essas pressões sobre nomes do Supremo e de outras instâncias para que chamem a ordem. Dentro de lugar nenhum vai acontecer nada sem pressão. Conto com a imprensa.

    Valor: Com a entrada dos militares em setores da infraestrutura, com planejamentos de longo prazo, não vai ser difícil tirá-los de lá? Vão montar tudo isso e entregar para um governo eleito que precise, novamente, compor sua base?
    Wanderley Guilherme: Por isso acho que é muito importante a lição que a gente aprende em diretório acadêmico. Um novo presidente do diretório acadêmico precisa aproveitar a primeira oportunidade que surja para ganhar a batalha contra as autoridades. Senão ele está perdido. Com isso quero dizer que tem que haver um primeiro ministro militar demitido. E aí você joga.

    Valor: Mas um presidente como Bolsonaro vai demitir um ministro militar?
    Wanderley Guilherme: E por que não? As coisas não são inamovíveis e invencíveis. Essa era vai ser longa? Em princípio, sim, mas pode não ser. Não sei se o governo Bolsonaro termina.

    Valor: Como é que o senhor distribui a responsabilização do resultado entre PT e PSDB?
    Wanderley Guilherme: É difícil falar sobre isso logo depois de uma derrota. Ainda é uma coisa obscura se essa estratégia do PT foi imposta sobre Lula ou o inverso. De onde veio essa maluquice da campanha de fazer de Lula candidato e substituí-lo de última hora? A bipolaridade da campanha, a esquizofrenia. Essa coisa de xingar o Judiciário de tudo. Tudo errado. É o que o Ciro falou, Haddad foi o candidato escalado para perder.

    Valor: E qual será o papel do Ciro daqui por diante?
    Wanderley Guilherme: Vai ter que participar, senão é ‘fake’. E não na condição de candidato em 2022. O candidato presidencial pode ser qualquer um. Não dá para entrar num movimento com cartas marcadas. É uma coisa muita séria para ser comprometida por projetos pessoais. Não pode tirar casquinha.

    Valor: O lulismo acabou?
    Wanderley Guilherme: Haddad não seria Lula. Dilma foi Lula. Fez um grande governo. Agora o Lula está acabado. Não lidera mais a esquerda. Quando deixou de ser candidato, passou uma semana ali no noticiário depois ninguém mais falou nele. E ele sabia que isso ia acontecer. Ninguém mais disse ‘Eu sou Lula’. Acho que ele leu isso.

    Valor: O partido entrou na campanha disposto a manter o mito do Lula vivo e acabou por enterrá-lo?
    Wanderley Guilherme: Acho que sim. A análise do que aconteceu vai ser pouco elucidativa do que se deve fazer. Constatar que o lulismo acabou não deve nos levar a xingar o Lula. Acabou. É daqui pra frente que se deve planejar o que fazer para recuperar a democracia. Num governo que não precisa violar as leis para ser antidemocrático. É o problema que o mundo inteiro está discutindo só aqui que não. As democracias estão sendo corroídas pelas leis democráticas, depende como estas são aplicadas. Dependendo como se usa a lei essa nossa conversa aqui pode ser considerada um atentado contra a democracia. As instituições democráticas, pelas suas virtudes, de tolerância interpretativa, abrem um espaço para se governar autocraticamente em nome da democracia.

    Valor: Dessa onda de direita que agora chegou ao Brasil, dá para vislumbrar uma reação da sociedade?
    Wanderley Guilherme: A base da sociedade não está em aí porque o custo de participação política é muito elevado, a não ser que estejam protegidas porque o custo do fracasso é elevadíssimo. O que não é para segmentos como os intelectuais. Se o povão quiser fazer passeata vão levar pancada e vão ser demitidos. Por isso é que tem que começar por nós. É papel dos intelectuais pôr as ideias em circulação e fazer contatos. Estamos nos acertando com o passo da história da pior maneira possível. O modo de organizar, as relações sociais, o tempo que se gasta na internet está acabando a interação pessoal. Não há de se ficar contra porque não tem jeito. A questão agora é ver o que dá para fazer para não se perder a humanidade.

    1. Com qual classe social WGS se relaciona?

      “Você ter como algo meritório um programa como o Bolsa Família de R$ 83 por mês é uma vergonha.”

      Foi justamente por causa destes R$ 83 por mês que a “classe média” brasileira iniciou seu caminho até o fascismo.

      Aliás ontem num destes famigerados jantares com brasileiros de “classe média”, um dos últimos que eu ainda não consegui retirar da minha agenda, eu escutei frases típicas de fascistas. Mas segundo WGS a “classe média” brasileira não é fascista. OK vai conta outra.

       

  12. O grande derrotado da eleição

    O grande derrotado da eleição foi o pobre. Este perderá seus direito trabalhistas, previdenciários, bolsa família e em muitos casos a própria vida. O maior culpado? 

    O PT, que se juntou a escória pmedebista, sujou o nome da esquerda e ainda por cima no momento que poderia ter dignidade de apoiar Ciro Gomes optou salvar o partido e condenar o país.

    Ainda bem que existe um Deus e Ele escreve por linhas tortas. Depois de 7 anos seguidos de neoliberalismo pode surgir uma liderança de esquerda não petista que salve o que restar do país. 
     

  13. Eleições livres!!!!

    O cenário mais provável é que estaremos todos juntos novamente na luta por democracia e eleições livres nos próximos anos ou décadas.

    Como já foi dito em alto e bom som, não haverá um segundo erro com as torturas, e os opositores, pelo menos “uns 30 mil” membros da oposição serão mortos, alguns seguirão para o exílio , a guerrilha ou a clandestinidade.

    Se sobrarem partidos, serão apenas aqueles que aderirem ao Governos da Família dos Bolsonars, não vai demorar muito para que a Família se torne  proprietária da maior emissora de televisão, talvez meses.

    Mas tudo pode acontecer, ainda estamos no campo da especulação.

    Mas se a democracia resistir e tivermos eleições livres em 2020 e 2022.

    Teremos dois cenários,

    um de terra arrasada, com a Família Bolsonaro em algum paraíso fiscal com tudo que puderem levar, e o PT como principal alternativa de poder.

    Outro, estaremos diante de um populismo de direita, com aumentos reais do salário mínimo,  abandono total das teses neoliberais, com proteção da indústria nacional, inclusive coma retomada da Embraer, e uma a provável reeleição de um membro da Família Bolsonaro.

    Vamos aguardar os próximos meses.

     

     

  14. Do PSDB não sobrou nada

    Os três governadores foram eleitos apoiando Jair Bolsonaro, inclusive ainda no primeiro turno, e já avisaram ou PSDB apoia o novo governo ou deixarão o PSDB, como já o fizeram na prática no primeiro turno.

    O PSDB ficou literalmente sem base partidária, já que 95% do seu eleitorado aderiu ao fascismo.

    Ou seja em qualquer cenário, será um figurante no próximo período, com ou sem eleições.

     

     

     

  15. O PT que faz uma ampla aliança política

    Lebrando que o PT que resistiu, foi o PT que faz uma ampla aliança política, inclusive com os setores mais conservadores da sociedade.

  16. Em janeiro, Bolsonaro encontra Bannon. A questão do globalismo

    Bolsonaro encontrará Bannon em janeiro. Vale ler tanto a entrevista do “estrategista” da direita na BBC Brasil como na UOL hoje. Leitura crítica, claro.

    O Brasil está no centro de uma guerra que pode determinar a hegemonia econômica e militar. Se a Venezuela for invadida agora, que países sairão além de um protesto na ONU ? Brasil Colômbia EUA Israel …

    E se o PT e esquerda votarem contra a guerra no Congresso ? O que a Constituição e as leis dizem sobre declarações de guerra ? Lei marcial ? LSN ? Lei de greve ? Pode ter manifestações contrárias ?

    Mas a Europa parece pender para o bloco globalista (Macron, Merkel, Obama) que a princípio não gostou do Bolsonaro.

    É necessário, analisar corretamente as peças deste xadrez cada vez mais internacional.

    Que estratégia usar ? Bob Fischer (ofensiva)? Capablanca (ultradefensiva) ? Spassky (psicológica) ? Mequinho …

    Nem manjo muito de xadrez… só tirei um pouco de onda

    Não concordo que a cúpula das FFAAs sirvam de contrapeso, ao contrário !

    Militares gostam de guerras, no passado, no presente e futuramente. Os junkers, a nobreza dona de terras em pleno século XX, que formava a oficialidade do exército alemão bateram continência para um subalterno, lembra ?

    Mas acreditamos que para o Brasil ser a Alemanha falta justamente o povo alemão, e não apenas Hitler e Goebbels.

     

     

     

     

  17. Em suma, para o articulista
    Em suma, para o articulista qualquer coisa que não seja a vitória na eleição presidencial é uma derrota. Pra não falar naquilo que já virou um bordão político, que o PT tem de fazer autocritica. Aquela autocrítica que nenhum outro partido faz.

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