Presidente da OAB não pode falar que tem lutado pelos negros e negras
por Djefferson Ferreira
Este texto é uma resposta de um advogado negro ao Presidente da OAB – de forma respeitável – sobre a afirmação feita por ele de que é “militante de Direitos Humanos, das causas das mulheres e dos negros…”
Pois muito bem.
A possibilidade de uma Democracia no Brasil, segundo acredito, passa por três pilares: vergonha, alteridade e antirracismo. Para demonstrar-lhes o que ora afirmo, cito o suicídio de Hanna Schmitz, personagem da obra O Leitor, escrita por Bernhard Schlink.
Muitas são as interpretações para o seu suicídio. Entendo – e isso não significa que seja a interpretação correta, nem a melhor – que o seu suicídio representa um dos marcos da vergonha e alteridade como os pilares da democracia, ou seja, Hanna Schmitz, depois de aprender a ler, adquiriu consciência crítica, envergonhou-se dos atos que praticara durante o nazismo e, por isso, num ato de dignidade, como forma de tentar reparar os males que causara, suicidou-se.
Vergonha e alteridade, isto é, vergonha pelo que fez: apoio ao nazismo; e alteridade, por ter causado sofrimento aos seus semelhantes: seres humanos.
E o que isso tem a ver com o fato do Presidente da OAB não poder dizer que tem lutado pelos negros e negras? – é a pergunta que vocês, leitores e leitoras – naturalmente – hão de fazer.
Muito – para não dizer: tudo! –, pois dizer que se luta pelos negros e negras – presidindo um Conselho Federal da OAB cuja composição é de apenas 1% de negros – é um sintoma da falta daquilo que levou Hanna Schmitz ao suicídio: vergonha e alteridade.
Por isso, embora eu reconheça o Presidente da OAB como um militante de direitos humanos e das causas das mulheres, como ele mesmo afirmou, não o reconheço enquanto militante das nossas causas (povo negro), o que faço a partir de uma demonstração empírica, como, por exemplo, a de presidir – sem nenhuma vergonha e constrangimento – um conselho praticamente sem negros e negras, numa população de maioria negra.
A crítica aqui lançada, portanto, não tem nada de pessoal, dado que se fundamenta em fatos os quais podem – empiricamente – ser refutados, caso o que se afirma aqui não condiga com a verdade.
Sigo.
A tomada de uma posição, seja ela qual for, tem seu preço. Por isso, se se diz defensor das causas que envolvem as pessoas negras, isso tem conseqüências, como diria Angela Davis, não bastando, portanto, não ser racista, mas sim antirracista.
Ser antirracista significa entrar nos Conselhos da OAB, verificar a ausência de negros e negras, e ser invadido por um daqueles sentimentos que levou Hanna Schmitz ao suicídio: a vergonha! Se se tem compromisso com o que se afirma, então que se transforme palavra em ação, concedendo bolsas para negras e negros nos cursos da ESA, colocação de advogados negros e negras entre os quadros de professores da ESA, projetos que incentivem a contratação de estagiários negros e negras, implementação de matérias que envolvam direito e as relações raciais nas grades curriculares, obrigatoriedade de negras e negros nos conselhos da OAB, facilidades de pagamento da anuidade da OAB em favor de negras e negros que estejam em início de carreira, entre outras coisas.
Numa palavra final: ser antirracista é entender que a defesa dos direitos humanos reduzida à consciência humana é insuficiente; insuficiente porque, em países como o Brasil, onde o racismo sequestrou e assassinou a cultura, a consciência negra é condição de possibilidade para o início de qualquer luta pela democracia.
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Essa vou falar mesmo!
Identitarismo Pós-Moderno novamente atacando aliados e deixando o Bolsonaro tranquilo!
“POVO NEGRO”? Você está separando biologicamente as pessoas e impedindo a expressão de quem não se enquadra? Meu pai é negro, minha mãe branca, minha irmã nasceu negra eu nasci branco como minha mãe. Explique como se mede o grau de melanina na pele para a permissão da fala, por favor. Em 1964 as pessoas pelo menos resistiram ao golpe, agora brigam entre si, sem conseguir se unir minimamente graças ao Filósofo favorito da CIA: Michel Foucault!
Foucault serve para isso mesmo: transformar minorias em semi-incluídos do capitalismo que passam a fazer guerras pelos espaços como qualquer burguês. É para aburguesar uma porcentagem mínima do grupo excluído do capitalismo e depois coloca-lo para brigar de maneira individualista contra a “ANTI-IDENTIDADE”: Mulher X Homem, Branco X Negro, Hetero X Gay! Não existe solidariedade entre os diferentes! Quanto as poucas pessoas negras na OAB reclame com as fascistas que foram as ruas chamar cotistas de vagabundo e gritar “BOLSA ESMOLA”, quem você acha que atrasa o Brasil e a vida da maioria do povo? Foram as ruas na sua frente, na minha e na de todo mundo gritar:”COTAS É PARA VAGABUNDOS”… Eles é que são os inimigos, Racistas Declarados que ficaram revoltados vendo a ascensão social da maioria do povo! Menos Foucault e mais amor ao Povo de verdade!
Denilson, em 64 as pessoas “não resistiram ao golpe.” Na verdade apoiaram, como agora o fizeram ao bolsonarismo. Naqueles duros tempos, os socialistas tinham a herculea tarefa de primeiro escapar das garras da sociedade civil, para somente depois cair nas da policia. A resistência, como diz vc, foi construída pelo arrocho salarial. O povo não se importava e nem se importa com aqueles que verdadeiramente resistiram. Aliás, nem hoje. Eu estava lá.