Saudação ao “quixotesco” Luiz Carlos Prestes, por Roberto Bitencourt da Silva

Falecido aos 92 anos de idade, o célebre Cavaleiro da Esperança foi um exemplo de dedicação às causas da soberania nacional e da revolução socialista.

Montagem Canal Curta

Saudação ao “quixotesco” Luiz Carlos Prestes

por Roberto Bitencourt da Silva

Nesse domingo completaram-se 123 anos da data de nascimento do lendário líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes. Capitão do Exército, nos anos 1920 liderou um movimento armado de setores militares de baixa patente, que denunciaram o regime oligárquico-liberal (a República do café e do “coronelismo” rural). Os insurretos combateram as tropas legalistas em vastas áreas do território nacional, por cerca de dois anos.

Talvez Prestes tenha sido o último grande revolucionário na América Latina a lutar com cavalo e garrucha. Falecido aos 92 anos de idade, o célebre Cavaleiro da Esperança foi um exemplo de dedicação às causas da soberania nacional e da revolução socialista. Um líder que estimulou e preconizava a emergência das classes populares, trabalhadoras e médias no centro das decisões e dos destinos do país.

Direta ou indiretamente, de maneira habitual na condição de uma incômoda sombra do poder, o Cavaleiro contribuiu em sua época para a conquista popular de direitos trabalhistas e de outras iniciativas oficiais decisivas para o país. O seu legado traduz-se em uma pergunta elementar: o que muda na vida em sociedade com passividade e bom mocismo? Nada.

Assim como Leonel Brizola, Carlos Mariguella e até mesmo Luiz Inácio Lula da Silva, Prestes demonstrou a força da exemplaridade de escolhas e atos políticos que muitos chamariam de românticos, irresponsáveis, inconsequentes ou quixotescos. Ações “disruptivas”, promotoras do “caos”, da “anarquia”, senão do “vandalismo”, diriam os meios massivos de comunicação.

A coluna Prestes incidiu, significativamente, no processo de erosão da legitimidade da República Velha. Influiu na valorização da questão social e em demais mudanças após os anos 1930. A liderança assumida por Prestes no Partido Comunista Brasileiro, durante os anos 1930 até, ao menos, a década de sessenta, enfrentando prisões, clandestinidade e exílio, não sem limitações e equívocos, propiciou a consolidação de um importante contraponto ao poder oligárquico-burguês no Brasil. Uma voz relevante e uma corrente da opinião pública que se impunham, tornando-se forçosamente audíveis e submetidas à apreciação, mesmo a contragosto dos poderosos. Elas foram fontes expressivas de uma ascendente politização e mobilização dos trabalhadores.

A campanha cívico-militar da Legalidade, liderada por Brizola, a posterior e incipiente guerrilha conduzida por Mariguella, mais tarde as greves do ABC paulista, sob a batuta de Lula, em que pese as diferenças dos contextos, das lideranças e motivações dos atos, foram todos modelos de ação política voltados a romper com a ordem opressiva e antinacional, a não deixar submeter docilmente os interesses da maioria aos imperativos das classes dominantes domésticas e estrangeiras. Ações contundentes, assim como as de Prestes, que propiciaram condições seja para a construção de direitos e demais instituições de interesse público, seja para a preservação dos mesmos.

No desencantado, árido e destroçado sistema político dos nossos tempos, as raposas táticas e os cínicos pragmáticos, que infelizmente vicejam por aí também nas hostes das esquerdas há muitos anos, estes se distanciam e muito do poderoso símbolo de Luiz Carlos Prestes.

Mas, os jovens e os ativistas sem compromissos de conveniência e acomodação, inspirando-se em Prestes, podem tentar recuperar aos partidos e círculos coletivos outros de esquerda, a necessária cabeça erguida, a imperiosa capacidade de iniciativa e proposição. Ousadia, credibilidade e moral. Conjunto de traços que marcam a trajetória e a memória do Cavaleiro da Esperança, grande líder político que foi norteado por elevados ideais. “Homência”, para usar o jargão de Guimarães Rosa, era outra virtude desse grande lutador social brasileiro.

Roberto Bitencourt da Silva – cientista político e historiador.

Redação

3 Comentários

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  1. Imbecil e Malandro ao mesmo tempo. Por que será que cabeça virou em rabo, nestes 90 anos? Deixou que seu parceiro, o Caudilhos Ditador Fascista Getúlio Vargas, mandasse sua Mulher com a Filha no ventre, para Campos de Concentração e Crematórios Nazistas. Mas o golpe foi bem planejado com o Fascista. Conseguiu a Filha de volta (como era generosos este tal de Hitler, não é mesmo?!) E ainda por cima ficou com ‘toda grana’ dos Russos, agora sem a sua Agente para controlar o uso de Fortuna Milionária. Em troca foi só dar apoio ao Assassino Fascista. Ou continuaremos a CENSURA criticando a CENSURA e não falando em FILINTO MULLER, Cemitérios Clandestinos., Paus de Arara e Prisões Políticas? Ou fingiremos que o ASSASSINATO de Carlos Lacerda e Comandante da Aeronaútica, não foi planejado e arquitetado no Gabinete da Presidência da República entre o Assassino Ditador Fascista Getúlio Vargas e o Nepotismo de seus Familiares dentro deste Governo, entre Filhos e Cunhados, como Bejo Vargas, Tancredo Neves, João ‘Jango’ Goulart, Alzira Vargas, Lutero Vargas, Leonel Brizola,…e seus Capangas Assassinos de Aluguel Alcino João do Nascimento e Gregório Fortunato, que depois foram devidamente silenciados nas Masmorras Fascistas de Filinto Mulller. Pobre país rico. Como isto foi possível nestes 90 anos? Cabeça torna-se em rabo. Diga para Nós, o tal ‘Povão’, medíocre Cavaleiro da Esperança. Mas de muito fácil explicação.

    1. Prestes estava preso e incomunicavél quando Olga foi extraditada. Sua mãe fez uma campanha internacional para tirar a menina Anita, nascida no campo de concentração, da Alemanha. Durante 10 anos ficou preso em condiçoes subhumanas Seu advogado Sobral Pinto exigiu ao governo a aplicação do artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais ao prisioneiro. Vou parar aqui. Você não é digno que eu continue.

  2. Wilton Assis : 10 anos presos nas Prisões e Masmorras Políticas, de Assassinatos Coletivos , Tortura, Paus de Arara e Penas de Morte Clandestinas no Governo do Ditador Facínora Fascista GETÚLIO VARGAS que comandava outra pária FILINTO MULLER ? Mas o Ditador Caudilho Fascista é tão bem visto por aqui? Tão prestigiado, protegido e ‘reinventado’ no Revisionismo Histórico que muitos descrevem neste Veículo?! Existem FGV’s por todo lado e ninguém reclama que é Apologia à Tortura e aos Governos Ditatoriais? Tortura Nunca Mais? Como se dá o milagre? E depois este lacaio Luiz Carlos Prestes fará parte deste Governo e ainda dará apoio? Pode se descer mais que isto? Pode ser mais canalha? O que Tancredo Neves, Jango, Leonel Brizola e o restante do Nepotismo Fascista estavam fazendo enquanto estes outros Criminosos praticavam suas barbáries? Por que é histórico e biográfico, que morreram dando apoio ao Ditador Fascista e suas Obras. Pobre país rico.’…é obsceno de tão óbvio…’ Como criamos estes 90 anos? Mas de muito fácil explicação.

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