Vanessa Grazziotin: Golpe tem usurpador assumido, Michel Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi convidada a escrever colunas às terças na Folha de S. Paulo. Em sua primeira publicação, “Plebiscito é a melhor saída para o Brasil”, a parlamentar elenca a “coincidência” de ser justamente nesta terça (02) a data em que o relator do impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresenta seu parecer.
 
“Assistiremos a um episódio triste da nossa história, pois é pouco provável que o voto do relator não seja pela pronúncia da presidenta Dilma Rousseff, mesmo diante das mais robustas evidências de que não há materialidade do fato, não há dolo e tampouco indício de autoria ou participação da presidenta nos alegados crimes de responsabilidade”, defendeu Grazziotin.
 
A senadora destaca que o próprio interino, chamado por ela de “usurpador”, Michel Temer, confirma a versão de que a estratégia foi um golpe, ao afirmar que o processo é eminentemente político. “Tal fato revela oportunismo e falta de apreço às nossas leis, instituições e à democracia”, afirma. “Como se vê, a discussão no âmbito desse surreal processo é toda em cima de fumaça!”, completa.
 
A parlamentar encerra a coluna concluindo que diante deste quadro “complexo e grave” que defende a realização de um plebiscito para eleições presidenciais antecipadas. 
 
Por Vanessa Grazziotin
 
Plebiscito é a melhor saída para o Brasil
 
Da Folha de S. Paulo

Recebi o honroso convite da Folha para escrever neste espaço às terças feiras, com absoluta liberdade de expressão, e aqui estou.

Preliminarmente, registro minha satisfação em colaborar com um dos mais tradicionais jornais do país que, tal qual o meu partido, o PCdoB, se aproxima de um século de existência. Ninguém sobrevive tanto tempo sem méritos.

Mas, vejam só, quis o destino que eu inaugurasse esta coluna justamente no dia em que o relator do processo de impeachment, o senador Anastasia (PSDB-MG), apresenta seu parecer à Comissão Especial.

Assistiremos a um episódio triste da nossa história, pois é pouco provável que o voto do relator não seja pela pronúncia da presidenta Dilma Rousseff, mesmo diante das mais robustas evidências de que não há materialidade do fato, não há dolo e tampouco indício de autoria ou participação da presidenta nos alegados crimes de responsabilidade.

Dos 21 membros da Comissão Especial, apenas cinco votaram contra o afastamento da presidenta. Apesar dessa enorme desproporção temos conseguido demonstrar que o processo não tem base legal. É um golpe!

Sobre as tais “pedaladas”, razão maior da denúncia, tanto a perícia do Senado quanto o Ministério Público Federal concluíram que não há crime. É assunto encerrado! Também não há qualquer ilegalidade nos decretos de suplementação orçamentária, prática reiterada e aceita pelo TCU.

Não é à toa que, apesar de toda a carga midiática, a maioria do povo brasileiro, segundo o Datafolha, não crê que o processo de impeachment se dê dentro dos requisitos legais e constitucionais.

O próprio usurpador, Michel Temer, confirma essa versão ao afirmar que o processo contra a presidenta é eminentemente político — o que não tem qualquer respaldo em nossa Constituição. Tal fato revela oportunismo e falta de apreço às nossas leis, instituições e à democracia.

Como se vê, a discussão no âmbito desse surreal processo é toda em cima de fumaça! Querem inventar crimes em situações não tipificadas pela lei.

A política, portanto, é a real razão desse golpe. Querem mudar o projeto que vem sendo implantado nos últimos 13 anos, o que trará graves e perversas repercussões para os trabalhadores e para a nossa gente mais humilde. Por isso, a efetivação do presidente interino é o pior de todos os cenários. E diferentemente do que alguns imaginam, não trará estabilidade política.

É diante desse quadro, complexo e grave, que defendo a realização de um plebiscito para decidir da antecipação das eleições presidenciais. É com essa bandeira que alcançaremos os votos necessários para barrar esse golpe, que tanto fere, envergonha e prejudica nossa nação e nosso povo.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Ao aceitar publicar seus

    Ao aceitar publicar seus comentáros na Falha de SP a senadora pisa feio na bola. Isso é reconhecer explicitamente a imparcialidade de um jornal parcial de ultra  direita e golpista. Inaceitável que a senadora deu uma bola fora dessas. A Folha de SP é um jornal que divide o páis e aposta no caos para sobreviver.

    1. CBarros

      Porém, todavia, contudo, é uma brecha para que os leitores do jornal possam conhecer um pouco do outro lado. Isto se não houver censura, claro.

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