
Vidas Paralelas: Bolsonaro e Galo Cego, por Fábio de Oliveira Ribeiro
Ao chegar nos EUA, Jair Bolsonaro imediatamente começou a bater continência para todo mundo que encontra. Ele foi eleito presidente de um país imenso e importante, mas se comporta como se fosse um militar subalterno à procura de aprovação e, quem sabe, de uma promoção.
A critica que a jornalista Hildegard Angel fez a Bolsonaro pelo Twitter me fez lembrar algo da minha primeira infância. Dos 3 aos 10 anos morei na mesma cidade em que o novo presidente do Brasil foi criado. O pai dele foi meu primeiro dentista.
Em Eldorado/SP existia um mecânico alcoólatra. Quando voltava para casa dele à noite embriagado, esse mecânico sempre tentava subir no poste de luz em frente da casa onde eu morava.
Ele subia alguns metros e inevitavelmente caia. Após praguejar um pouco, o mecânico ia embora machucado. Eu tinha uns 5 ou 6 anos de idade e adorava espionar aquele sujeito esquisitão pela fresta da janela.
Na época, eu não conseguia entender o comportamento dele. E nenhum adulto foi capaz de me explicar porque o mecânico fazia aquilo. Todos me diziam a mesma coisa: isso não tem explicação, é coisa de bêbado.
Bolsonaro caiu do Exército em meados da década de 1980, mas segue tentando subir na hierarquia. Ao que parece, ele continua agarrado a alguma coisa do passado. Apesar do sucesso, existe um problema mal resolvido na psique dele.
Por um motivo qualquer, aquele poste na frente da minha casa era o maior obstáculo que o mecânico eldoradense desejava derrotar. Hoje suponho que o alcoolismo o transformava em vítima da mania de alpinista que ele reprimia quando estava sóbrio. Bolsonaro parece ter uma obsessão semelhante.
Mais uma coincidência importante: o apelido do mecânico era “Galo Cego”, pois ele havia perdido a visão num olho, coitado. Jair Bolsonaro tem os dois olhos mais ou menos saudáveis, mas ele não consegue se enxergar como presidente. Ele também não vê o tamanho do país que deveria representar com mais altivez e dignidade.
Galo Cego caía do poste. Já ficou claro para muitos que Bolsonaro cairá do posto.

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