Os arrastos no dégradée da sociedade brasileira

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Por Francy Lisboa

Os arrastos no dégradée da sociedade brasileira

O dégradée é a sequencia de diminuição da intensidade de uma cor, e a transição entre tonalidades nem sempre é suave. Muitas vezes o caráter abrupto facilita a percepção de fases, em suma, da evolução. O dégradée do tempo sob a ótica da perspectiva humana mostra que as fases da humanidade são difíceis de serem bem definidas, apesar dos esforços dos pensadores de todo o planeta. Quando a lupa do desenrolar humano entra em ação, e as ações da dinâmica da vida são avaliadas,  dogmas, ideologias e crenças são o que há de mais importante para a formação do dégradée da história.

Os fatos que marcaram a história do Brasil são conhecidos por muitos, mas apenas sobre a ótica macro. Entre os mais nefastos para a moral da época de hoje foi a escravidão brasileira, fato esse que se pudesse poderia ser negado por muitos que formam o arraste das escalas de tom anteriores. As negações do racismo, do apartaide social aqui e no mundo são  apenas fragmentos de tons anteriores. Assim como são as afirmações de que o Brasil foi divido em ricos e pobres pelo PT. Ora, confesso que também acho muito mais confortável associar a defesa de direitos fundamentais ao peleguismo estatal, à esquerdismo utópico, à coisa da Esquerdolândia, et al. Pasmem, eles realmente acreditam nisso.

Nessa lógica Kameliana, o Brasil jamais teve diferenças entre ricos e pobres, jamais teve racismo. Tudo seria fruto de uma estratégia para se perpetuar no Poder e começado em 01 de Janeiro de 2003 com o sapo barbudo (e depois dizem que só nós temos cantilenas). Eu bem queria que essas negações fossem verdade, se não fosse o fato disso ser apenas uma exteriorização de um incômodo com aquilo que foi e está sim sendo exacerbado depois de aumento de renda da população. Não é difícil fazer esforço mental e lembrar que frases do tipo – “aeroporto está parecendo rodoviária” e “corro risco de encontrar meu porteiro em Paris”,  ou mesmo, “ficar dando dinheiro pra pobre vagabundo” – são coisas que soam recentes em função da amplificação das redes sociais. Mais esses tons anteriores estiveram sempre por aí.

É a partir da amplificação pela internet que vemos que no degrade da história da sociedade brasileira não há de se ter esperança em eliminação rápida de cores mais antigas. Eles estão por aí, uns mandando combater fogo contra fogo, outros negando o racismo, outros taxando qualquer adolescente negro de potencial marginal, outros achando absurdo gente pobre receber o mínimo para comer. Sim, essas cores estão aí, e são parte do nosso degrade, da nossa evolução histórica. Resta saber em quanto tempo esses arrastos serão completamente diluídos.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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