Eleições 2018 – os zangados e os indecisos, por Sergio Saraiva

os zangados e os indecisos

Por Sergio Saraiva

Com Lula fora, as mulheres e os mais velhos poderão decidir as próximas eleições

Quando se analisa os dados sobre a intenção de votos espontânea da pesquisa Datafolha encerrada em novembro de 2017 chama a atenção que quase 3 em cada 10 eleitores já tenham decido o seu candidato, faltando ainda praticamente um ano para as eleições. Lula tem 17% de intenção de voto espontânea e Bolsonaro 11%.

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Reflexo muito possivelmente da campanha antecipada que ambos fazem pelo Brasil afora.

Apesar disso, 65% dos eleitores ainda não têm candidato. Os indecisos – os 46% que responderam “não sabe” à pesquisa e os zangados – os 19% que pretendem votar branco ou nulo.

Lula é certo

Quando é feita a pesquisa estimulada – apresentando nomes dos candidatos – o quadro muda completamente. O índice de indecisos cai surpreendentemente à meros 2% e mesmo os zangados diminuem um pouco indo a 13%.

Lula concentra 38% desses votos e fica muito à frente dos demais candidatos com o dobro de intenções de voto do segundo colocado, Jair Bolsonaro. Lula também ganha no segundo turno em qualquer cenário pesquisado.

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Ocorre que pesa sobre Lula a ameaça de não poder concorrer. Seria impedido pela Lava Jato.

Nesse caso, haveria de se perguntar se Lula conseguiria transferir seus votos para um substituto – o “poste”. As possibilidades são bastante grandes. A própria pesquisa Datafolha constatou que 50% dos eleitores disseram que votariam ou poderiam votar em um candidato apoiado por Lula.

Hipoteticamente, então, o candidato de Lula teria algo como 26% dos votos e, em uma eleição que naturalmente tenderia a pulverizar as intenções de voto, estaria no segundo turno. Venceria as eleições? Essa é outra história.

Logo, passa a ser crucial, para a campanha sem Lula, entender que massa de eleitores é essa a ser conquistada – os indecisos e os zangados.

Os zangados

Os zangados pouco mudam de opinião seja a pesquisa espontânea ou estimulada. Pretendem votar em branco ou anular seus votos.

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Mantêm em comum com os indecisos o fato de serem predominante mulheres – 55% e adultos – 65% desses eleitores têm 35 anos ou mais.

Diferem dos indecisos em relação à escolaridade. Estão nos níveis de maior escolaridade – 73% possuem escolaridade de nível médio e superior.

Em etnia e renda, não diferem da distribuição geral da população que a pesquisa captou.

No que diz respeito à religião também – a maioria é católica. Mas aqui há um dado significativo: o baixo índice de evangélicos – 28% nesse estrato, contra 33% no geral da pesquisa. Um estrato, portanto, fortemente católico e com presença significativa de Kardecistas e sem religião – bem acima do geral da pesquisa.

Estão principalmente no Sudeste 49%, mas com uma significativa presença no Nordeste – 23%. Só Marina Silva e Ciro Gomes se aproximam desse índice nordestino – mas, mesmo assim, com algo levemente abaixo. A pesquisa teria captado um Nordeste zangado? Lula tem 41% dos seus eleitores no Nordeste.

Os indecisos

Seu perfil se aproxima do perfil dos eleitores de Lula, mas há algumas diferenças significativas.

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Os indecisos essencialmente são adultos – 55% desses eleitores tem acima de 45 anos e mulheres – 68% (a maioria dos eleitores de Lula são mulheres, mas em proporção menor – 55%).

Possuem escolaridade de nível fundamental a médio – 82% – com índice de 54% de eleitores com ensino de nível fundamental. Típico eleitor de Lula.

Quanto à religião – a maioria católica com significativo componente evangélico – não se distinguem do perfil geral da população brasileira captada pela pesquisa. Assim também como na distribuição em faixas de renda. Aqui, talvez por serem mais velhos, há uma considerável presença de eleitores fora da PEA – população economicamente ativa – 40%.

Há duas características que, no entanto, distinguem esse estrato do eleitor típico de Lula: 52% se declaram brancos e 46% são da região Sul. Talvez a pesquisa tenha captado um momento de mudança desse eleitorado sulista que já foi bastante petista – mormente no Rio Grande do Sul.

Lula é incerto

O que dizer dos zangados e dos indecisos em relação às eleições de 2018? Dizer que, com Lula fora, talvez as mulheres e os mais velhos acabem por decidir as próximas eleições.

 

PS: na dúvida, vá de Oficina de Concertos Gerais e Poesia.

Redação

5 Comentários

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  1. Caro Nassif
    Muitos não estão

    Caro Nassif

    Muitos não estão indecisos.

    Estão apenas esperando o candidato da globo.

    A indecisão da globo é a indecisão da maioria.

    Saudações

  2. O problema não é Lula

    O problema não é Lula conseguir eleger seu candidato, o problema é que qualquer outro candidato que não seja o Lula, mesmo que seja um indicado por ele, é mais fácil de:

    – Dirigí-lo (como foi feito com Joaquim Levy);

    – Inviabilizar seu governo (como fez Eduardo Cunha);

    – Golpeá-lo (como conduziu Aécio/Globo).

    Por isso, a importância de inviabilizar a eleição de Lula. Com Lula à frente do poder, tudo fica mais difícil.

    O cara é quase imbatível no jogo do poder. E joga no time do Brasil e da maioria dos brasileiros, logo… Não deixem esse homem assumir o comando.

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