Argentina recua no pleito de ingresso aos BRICS
por Filipe Porto
O presidente argentino, Alberto Fernandez, cancelou planos de viajar à África do Sul nesta semana para a cúpula de chefes de estado do BRICS, que discutiria a adesão da Argentina e de outros 30 países ao organismo internacional.
Fontes da presidência disseram que Fernández cancelou a viagem planeada a Joanesburgo após os resultados desfavoráveis das eleições primárias de 2023.
Um dos principais temas a serem discutidos na cúpula é a expansão do grupo e os mecanismos que precisariam ser atendidos pelos novos membros do BRICS. Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Bolívia, Venezuela e Egito estão entre os 30 países que manifestaram interesse em aderir ao BRICS + .
Mais de 30 países solicitaram a adesão ao BRICS. Apesar da ampliação do grupo ainda estar em negociação e rodeada de incertezas, a Argentina desponta positivamente, a saber pelos sinais emitidos pelos representantes diplomáticos da Rússia e da China, que expressaram apoio à entrada da Argentina nos últimos dias.
O presidente Lula também expressou apoio e sugeriu que os membros do BRICS criassem uma moeda própria. “Por que o Brasil precisa de dólares para negociar com a China, Argentina? Você pode usar moedas locais. A Europa fez isso com euros, e nós representamos mais da metade da humanidade”, disse o presidente.
Embora o governo argentino ainda espere reforçar os seus laços estratégicos com os BRICS, as perspectivas parecem menos certas, uma vez que as dúvidas sobre a vitória da extrema-direita de Javier Millais nas eleições primárias ecoaram no fundo.
A atual situação diplomática na Argentina agora é incerta porque as propostas de política externa de Millay ainda não são conhecidas. Pelo fato de ter sido o candidato mais votado nas eleições primárias, seria ingênuo não considerar a ppossibilidade de o candidato vencer as eleições gerais.
Por que expandir?
A importância desta cupula do BRICS reside na discussão das questões-chave da expansão do número de estados membros e da promoção do comércio intra-bloco através de moedas locais, e até mesmo na consideração da emissão de uma moeda comum, reduzindo assim a dependência do dólar americano e oferecendo alternativas as instituições financeiras internacionais de longa data que remontam Bretton Woods.
Para um país tão vulnerável como a Argentina, a adesão aos BRICS traria algum alívio em todas as frentes. Sem dúvida, o mais urgente deles é o financiamento, especialmente porque as reservas do banco central argentino são gravemente insuficientes e a pressão do Fundo Monetário Internacional levou o governo argentino a anunciar uma desvalorização da taxa de câmbio.
A questão mais importante para a Argentina seria o acesso ao crédito do Banco de Desenvolvimento do BRICS, o NDB, que diversificaria as opções de fontes de financiamento externo para a Argentina, atualmente muito limitadas.
Filipe Porto é pesquisador do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil, o OPEB, da Universidade Federal do ABC.
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