A máscara do poder

Esse artigo do Bruno Cava, em resposta ao artigo, “Baile de mascarados”, de Guilherme Scalzillino publicado no Le monde diplomatique deste mês, é perfeito na desconstrução de um discurso que tem se tornado recorrente sobre as manifestações que começaram em julho.

Em artigo para a edição impressa de março do Le Monde Diplomatique, o blogueiro Guilherme Scalzilli fez o papel do “contra”, no duelo de posições ao redor dos black blocs nos protestos. Pablo Ortellado escreveu o outro texto. Guilherme condensou o que já vem escrevendo desde o meio do ano passado sobre as manifestações, em seu blogue. A virtuose da redação não consegue evitar a sensação, contudo, de requentamento de posições pró-governo já presentes em abundância pela blogosfera “progressista”-governista.

Posições cujo método é avaliar todos os fatos e acontecimentos em função de sua imaginada repercussão sobre a popularidade e as chances de reeleição da presidenta Dilma, o maior bem a defender-se. O que muitas vezes se perde, ao deitar os protestos nessa cama de Procusto, são os próprios fatos e acontecimentos.

 
Guilherme diz que “a chegada dos depredadores marcou o início do esvaziamento dos protestos”. No entanto, desde os primeiros atos do Movimento Passe Livre (MPL), no começo de junho, a ação direta e o enfrentamento com a polícia estavam presentes nas manifestações e foram determinantes para a sua massificação. No Rio, o grito era “acabou o amor, isso aqui vai virar a Turquia”, em meio ao cheiro de querosene dos molotovs que portavam manifestantes já mascarados. Os “depredadores” não chegaram. Estiveram lá desde o dia um. E desde o dia um a grande mídia corporativa estampava “vândalos” e “baderneiros” em manchetes e reportagens.
 
Outro erro factual de Guilherme vem a seguir: “a pancadaria inevitável exime as autoridades de sequer encenarem a disposição para negociar”. Contudo, não foi isso que aconteceu. Os governantes realmente se assustaram com a magnitude e intensidade das jornadas de junho. O prefeito Haddad se sentou à mesa com militantes na faixa de 20 anos, do MPL, depois de protestos violentíssimos na capital paulista, em que manifestantes foram cegados pela polícia e o centro da cidade depredado.

No Rio, a redução das passagens anunciada em 19 de junho pelo prefeito Paes aconteceu depois da mais marcante ação ofensiva do movimento, que foi a Batalha da ALERJ, na noite do 17, quando o prédio do legislativo foi atacado e agências bancárias no entorno reduzidas a pó. Mais significativo do que isso, no 21, depois dos confrontos duríssimos da véspera, quando a PM protagonizou um autêntico pogrom pelo centro do Rio de Janeiro e os manifestantes incendiaram o “Terreirão do Samba” da Globo, a presidenta Dilma apareceu em cadeia nacional.

Ela disse que receberia lideranças dos protestos para propor um pacto, prometeu uma miniconstituinte, acelerar a reforma política e um pacotão de medidas para a saúde e a mobilidade urbana, esboçando uma guinada política que inflamou a esperança de todos os ativistas que ainda acreditam ser possível que a militante de esquerda sobreviva ao lado da burocrata do centrão. Além disso, o secretário de Dilma, Gilberto Carvalho, a partir de julho, passou a sondar interlocutores e tentar negociar com todos aqueles que pudessem de alguma maneira, mesmo que torta, representar o movimento.

 
O que chegou, na realidade, foi o nome “black bloc”. Ele se tornou o centro da disputa de sentidos, a partir de julho. Se, por um lado, se tornou um nome atraente, instigante, e até sexy na juventude inconformada, por outro, foi demonizado sem trégua por um bloco midiático que reuniu, com discursos ligeiramente distintos, os grandes meios e a blogosfera progressista. Voltemos aos fatos.

A primeira vez que o nome “black bloc” colou foi em 30 de junho, no protesto da final da Copa das Confederações, no Rio. Enquanto dentro acontecia a partida entre Brasil e Espanha, do lado de fora do Maracanã já dava para divisar grupos mais ou menos orgânicos, com a indumentária, a postura e a bandeira pretas, claramente determinados a resistir. Foi o momento em que a tática de autodefesa ganhou um visual próprio, que iria se repetir nos meses seguintes.

 
O que chegou, portanto, não foram os “depredadores”, mas um eixo de aglutinação daqueles que, desde o começo de junho, já praticavam as ações diretas, erguiam barricadas, quebravam vidraças de banco e queimavam lixeiras para atrasar a repressão violenta da PM, em sua tarefa de esmagamento dos protestos.

Esse eixo, ao contrário do que o artigo sugere, foi uma auto-organização gradual no interior das manifestações, que buscou de várias formas conter a violência — seja recebendo o primeiro impacto da repressão para que muitos pudessem fugir das bombas e tiros, seja aplicando mecanismos internos de controle e alguma racionalidade simbólica às ações, evitando que se atingissem pessoas, evitando que fossem usados meios perigosos, evitando descontroles próprios do calor dos embates.

 
Em outubro, durante a greve dos professores, aconteceram duas grandes manifestações na Avenida Rio Branco, ambas na casa das dezenas de milhares. Nesse contexto, os black blocs eram não somente tolerados, mas chamados para os atos e celebrados. É verdade que a brutalidade contra os professores legitimou a chegada dos black blocs: vários deles simplesmente os convocaram para participar da greve. E celebraram quando os mascarados apareceram às centenas, talvez milhares em 15 de outubro: os grevistas identificavam os próprios alunos exclamando “orgulho, orgulho!”, chegando a formar um grupo híbrido, o BlackProf.

O que não é verdade é que a resistência dos professores e apoiadores tenha legitimado ainda mais brutalidade policial. Isso é outro erro do artigo, um erro ético, que é nivelar a violência do opressor com a do oprimido, nivelando-as num plano abstrato de julgamento, eximindo-se da análise das causas, contextos, graus e da seletividade própria dos conflitos num país como o Brasil — o que obviamente está do lado de quem quer manter as coisas do jeito que estão.

 
Quem esteve nos protestos sabe como o grande problema da brutalidade policial está em provocar um clima de deus-nos-acuda, onde os mecanismos internos de controle e a racionalidade organizacional dão lugar à raiva, ao descontrole emocional e ao revide. O discurso maceteado pela mídia, do “bando de mascarados promovendo quebra-quebra”, escamoteia a responsabilidade da polícia em caotizar os atos, forjando as condições para que a irracionalidade e o espontaneísmo tomem o lugar da auto-organização, comprometendo o aprendizado de uma geração que quer lutar e luta por direitos.
 
Mas a tese do “esvaziamento” por culpa dos black blocs está errada em mais sentidos. Porque as jornadas de junho não esvaziaram. Não somente porque haja elementos delas na greve dos professores em outubro, nos atos contra o novo aumento das passagens deste ano, nos rolezinhos de shopping, e também na greve dos garis do carnaval. Aconteceram, também, uma disseminação e uma multiplicação de âmbitos, assim como mudanças qualitativas na composição das lutas, afetando movimentos e grupos preexistentes.

As jornadas de junho legaram uma constelação de novos grupos auto-organizados, coletivos de midiativismo, advogados militantes, assembleias de bairros e movimentos de novo tipo, debruçados sobre a questão dos sem teto, da mobilidade urbana, da desmilitarização da polícia, da urbanização das favelas. E também provocou uma transformação na própria esquerda de luta, como se viu, por exemplo, no Grito dos Excluídos do último 7 de setembro, quando a marcha de 3 mil pessoas era composta por um grupo de black blocs junto dos movimentos sociais mais tradicionais, sindicatos e coletivos.

 
Mas o que realmente compromete o artigo de Scalzilli é o uso cirúrgico da expressão “espírito fascista”. É o marcador máximo da posição discursiva que sua performance ocupa. Atribuir o risco de “fascismo” a protestos com pautas concretas, numa cidade onde um agente estatal pode subir qualquer favela e matar qualquer jovem negro e, no dia seguinte, o noticiário falará em “envolvido com o tráfico”, com a mesma leviandade da capa do Globo de 17 de outubro acusando manifestantes de “vândalos”.

Tente falar em direitos, Constituição, democracia para um policial numa manifestação, para se ter uma ideia do fascismo da resposta. Invocações de direitos humanos são consideradas insultos pessoais. No pogrom carioca do 20 de junho, eu mesmo vi policiais atirando contra passantes e pessoas em bares, se divertindo como se estivessem praticando tiro ao pato. Quando acertavam os tiros de borracha, sorriam e faziam o sinal do “coraçãozinho” com as mãos. E aí, o risco de fascismo estaria na manifestação, o golpismo estaria na maior mobilização democrática que o Brasil já viu desde sempre. Ora, Guilherme, o golpe já aconteceu, como sabem os moradores da Maré, que em 24 de junho, depois de um protesto, foi invadida pelo Bope e sofreu pelo menos dez mortos. Como sabem os tantos Amarildos que continuam sumindo, enquanto passamos a manteiga no pão e lemos “excessos serão apurados pela corregedoria”.

O golpe é para que as coisas permaneçam como estão, com as pessoas pacificadas em casa (as que não forem removidas, claro), lendo o jornal e exercendo a “democracia” a cada dois anos nas urnas. Falar em fascismo diante de mobilizações que incluem a campanha “Cadê o Amarildo”, a desconstituição das PMs e o fim do genocídio de negros e pobres, só pode ser tentativa de preservar a própria identidade ameaçada: a de pertencer à esquerda, de achar que se está do lado da transformação social, contra todos os fatos e acontecimentos espocando do lado de fora da bolha governista.

 
É verdade, sim, que seja necessário organizar e requalificar os movimentos de luta surgidos em junho de 2013, como todos os movimentos, uma tarefa árdua que exige a construção e o fortalecimento de espaços de organização, bem como a capacidade de implicar-se no processo para tentar, coletivamente, extrapolar-lhe as tendências positivas, isolando vanguardismos ou espontaneísmos. Mas isso é tarefa do próprio movimento, não só em respeito à sua autonomia para definir limites, métodos, meios e estratégias, como também porque é o único jeito eficaz de fazê-lo. Porque o movimento continuou e vai continuar, sem nenhum sinal que possa ser capturado pelas forças eleitorais e partidárias existentes, num sentido ou no outro.
 
Nos últimos tempos, articulistas e blogueiros, progressistas e/ou governistas, passaram a usar argumentos da mesma maneira como a polícia usa as bombas de gás, sonoras, pimenta: “jogo da direita”, “risco de fascismo!”, “quem está por trás?!”, “quem está pagando”, “o PSDB é pior” e tantos outros bordões. Um fogo de barragem que prenuncia o avanço da criminalização, com discursos tão mais escandalosos quanto mais saem da boca da “esquerda”. Sem pesquisa, sem qualquer implicação em movimentos e lutas de hoje, os argumentos são lançados no debate público. É um tipo de performance. O objetivo é que estourem bem no meio da multidão e causem um efeito, pelo menos, moral. É preciso chutá-los de volta.
Redação

19 Comentários

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      1. Crítica baseada em fatos

        Baseado em fatos que presenciei:

        O mantra “a violência sempre parte da polícia” é falso. Já vi manifestantes se aproximando de forma intimadora da porta da ALERJ em 13/06/13 até acuar policiais, brigando com sindicalistas na Av. Rio Branco em 11/07/13, jogando cabeções de nego na direção da polícia em 15/10/13. Os black blocs vão para brigar e destruir. Atribuir toda a violência à polícia é desonestidade intelectual, aproveitando que o acusado (polícia) já tem uma merecida má fama (todos os massacres mais famosos tiveram participação de policiais) e desculpa para dar álibi a mascarados que vão exatamente para criar um clima de exacerbação e ainda posar de vítima.

        1. “Atribuir toda a violência à

          “Atribuir toda a violência à polícia é desonestidade intelectual”:

          Marcio, sinto muito, concordo com o que disse mas os BB’s tem desonestidade intelectual saindo pelas orelhas e outros orificios e essa NAO eh uma delas.  Provado de novo e de novo atravez de decadas de historia brasileira:  policia brasileira eh violenta com brasileiros mesmo.  99 por cento de TODA violencia que aconteceu com todas as manifestacoes das utlimmas 3 decadas foi iniciada pelas policias brasileiras.

          Nao, eu nao estou tomando dois lados e ja o expliquei antes:  se a violencia dos BB’s fosse direta e precisamente enderecada aas policias brasileiras eu estaria comprando ingressos pra assistir.

          Nao eh.

          Oh, e por sinal, boicote ambos copa e olimpiadas.  Eu tambem ja cobri esse assunto extensivamente nos comos e porques.

          Se chegar a isso, eu vou apelar pras favelas brasileiras:  coxinhas nao tem poder nenhum de numeros, e a esquerda nao entendeu meu ponto ainda.

          Vai ser o que eu disse que vai e nada mais.  Ambos copa e olimpiadas vao sair do Brasil com o cabelo em chamas.

          1. Afirmação específica BBs

            Ivan,

             

            mantenho minha afirmação no caso dos BBs e seus correlatos que não usavam máscara até 01/07/13,  Eles não estavam falando da justificada má-fama da polícia (que, sim, tem um papel de deprezo pela vida e de extremínio nas periferias e na repressão de movimentos sociais). Eles falavam das manifestações específicas de junho, que já começaram com quebra-quebra antes da PM do Alckmin sair distribuindo pancadas pra todo mundo. Nas manifestações que os BBs participam, vão para provocar, brigar e quebrar. Tanto que em alguns casos, as forças de segurança ficaram acuadas. Como no caos que já mencionei na ALERj em 13/06/13 e no Itamarati em 20/06/13 – qual violência foi feita no palácio do Itamarati antes que ele fose cercado, ameaçado, parcialmente depredado?

            E, conquanto a polícia tem sim papel de repressão na perifieria, nas manifestações em locais como o centro ou zona sul do Rio, normalmente o comportamento deles é contido. Alguém lembra de tumulto com a polícia em comício das diretas ou no Fora Collor? 

            E até certo ponto, dentro de certos limites, a polícia ainda não se mete. Nas recentes passeatas dos garis em greve no Rio, não tivemos caso de prisões nem abuso policial – e, do outro lado, não houve provocações nem depredações… aliás, não houve nenhum black bloc nas passeatas dos garis. Será por que eles não “mereceriam” uma “tática de defesa”?

        2. Isso pode até ser

          Isso pode até ser discutido.

          Mas  artigo em questão em nenhum momento diz que manifestantes não jogam pedras ou queimam lixeiras em determinados momentos. Então  não sei contra o que ou contra quem vc está argumentando.

      2. Quais fatos?  Reivindicar as

        Quais fatos?  Reivindicar as manifestacoes como propriedade Black Bloc?

        Conheco o Guilherme ha 6 anos da internet, ja ate lhe escrevi pessoalmente:  quem eh Bruno mesmo?

        1. Pois é, eu conheço Bruno cava

          Pois é, eu conheço Bruno cava e não conheço Guilherme.

          Os fatos são: desde o primeiro dia das manifestações de junho havia os tais “depredadores”. Se vc não estava nas ruas, basta fazer ma pesquisa nos jornais da éóca para ver como eles falavam de “vândalos”, lixeiras quebradas, licos queimados etc. Portanto, é pura retorica vazia dizer que esses manifestantes que afastaram “as pessoas”. Se fosse assim as manifestaçõe sjamais teriam atingido as dezenas de milhares de pessoas.

          Dizer algo diverso é querer reescrever uma história tão recente. Hoje com a internet, basta ver as notícias do início de jnho de 2013 sobre as manifestações, a criminalização que havia, o ataque da imprensa aos “vândalos”.

          Como Bruno cava aponta, naquele momento não se falav de ‘black bloc’. O nome apareceu depois. E não, claro que as manfestações não eram só de black blocs, que sempre foram minoria, mas parte legítima das manifestações.

          Os fatos são: se existe um fascismo, certamente é o da polícia brasileira, que mata pobre todo dia, por ser pobre… não vou repetir o que o Bruno cava aponta.

          Enfim, Ivan, porque vc não escreve um artigo desmontando a argumentação do Bruno cava, já que vc nao concorda com os fatos que ele levanta para apoiarem os argumentos dele?

           

  1. Todos estes artigos escritos

    Todos estes artigos escritos por pessoas com teor emotivos caem sempre nas mesmas presunções: um coitadinho oprimido que quer ser ouvido contra um maior, a polícia, intransigente que só quer bater e não ouvir.

    Pérolas como invocar direitos constitucionais para um policial- até o santo Jesus quando invocaram o direito de vender nas proximidades de um templo deu uma porrada bíblica conhecida como ‘vendilhões do Templo”, ato de pura emoção, mesmo que as regras da época assim permitissem.  Vai invocar direitos a um policial, seja ele brucutu ou evangélico, quando você o  provocar com palavras ofensivas. A emoção e não a Constituição domina nesta hora. Todos sabem disto, pois todos já se viram em momentos de emoção fazendo coisas inimagináveis . Escrever sem levar isto em conta é hipocrisia, é jogar lenha na fogueira.

    Todos os mestres em conhecimentos da mente apontam a nossa mente ( consciência) com a figura de um iceberg flutuando. A parte externa seria o consciente e a parte interna a submersa. É comprovado que o nosso lado consciente representa somente 2% da nossa capacidade mental. 98% da nossa consciência estão submersas e são quem dominam os direcionamentos dos nossos atos exteriores, que podem ser suavizados pelo nosso lado consciente ( que representa as leis de convivência, a polícia, a Globo, a nossa educação familiar, a nossa sobrevivência), que sendo pouco, muitas vezes não filtra o inconsciente e aí as emoções que provocam os vandalismos , tão a gosto dos televisivos.

    Portanto, quaisquer análises que venham a querer determinar que os 2% são os responsáveis pelo o lado oculto serão falhas e contestáveis ( o STF usou o domínio do fato para julgar ( sem consultar especialistas) o mensalão 2%, que agora se torna um mentirão, julgou na emoção). Ninguém tem analisado as causas como parâmetros seculares de medo, prepotência, orgulho, machismo, egoísmo, preguiça elitista…..e  ninguém tem chamado pesquisadores na área da mente para proporem análises comportamentais para minimizar estas soluções 2%, que geram mais radicalizações e comprometem entendimentos e permitem espertalhões “do quanto pior melhor” que sabem manipular os 2% e ganharem dinheiro em manchetes de mortes de pessoas, fotos de garotos ensanguentados, mortes de fotógrafos ( gerou blá, blá $ $ por uns 20 dias, a Mídia adorou)  e tudo que possa ser vendável. Já está na época de acontecer $  nova $ porradaria, a Copa ainda leva um tempo eterno.

  2. Como assim sem pesquisas?

    Como assim sem pesquisas? Como pesquisar aquilo e aqueles que tem a caras e os nomes escondidos no anonimato?

    Como se vê pelo texto, muito bem articulado, diga-se, há uma pretenção de gestar lideranças autocráticas que manipulam “coletivos” e pretedem gerir movimentos de massa.

    O nome disso é facismo.

    E, mais, dada a relativa sofisticação logística, quem  ou o que está financiando?

    1. Pergunte a alguns cientistas

      Pergunte a alguns cientistas como Ruda Ricci e Esther Solano  como se pesquisa manifestantes.

      Eu diria que basta sair da cadeira, ir na rua, conversar com eles… como se conversa com pessoas. Coisa simples não?

  3. Mais um pássaro de Minerva…

    … com voo de codorna.

    Vamos dar novamente o exemplo de São Paulo.

    A PM desceu a borracha (governo estadual) e quem sentou pra negociar foi o Haddad (governo municipal).

    E o Alckmin?

    Sobrou uma Prefeitura depredada pela união de anarquistas e direitosos, sendo que, um dia antes do ocorrido, tinha PM parado perto da Prefeitura.

    A impressão que tenho é que são elaborados discursos que pouca relação tem com os fatos (que são mais heterogêneos, contraditórios). Aparadas as arestas, resta uma discussão entre posições em discursos igualmente aparados (isso sim é ideologia no sentido estrito da palavra!). Mídia e governo (sobretudo “qual governo”) não tinham discursos em paralelo – pior a mídia, que mudou rapidamente de discurso pois viu aí uma chance adicional de queimar Haddad e Dilma. Pode ser que, com o discurso-tromba, que se acha diferente do discurso-pata, e assim por diante, cheguemos ao discurso-paquiderme. E se suas partes aparecerem como contraditórias? 

    O MPL não fez até agora nenhuma análise digna do nome em que se verificasse o fascismo infiltrado sob o manto da novilíngua “manifestações”. Saíram de cena com os detritos até o pescoço.

    Passados alguns meses, os coxinhas não me parecem importunados com as derrotas que a prefeitura do Haddad sofreu na Câmara em relação aos corredores de ônibus. Sobre o caso do trensalão tucano, então… Vejam lá o PMDB, então, muito “a favor de tudo isso que está aí”.

    Essa é a “política de Facebook”: você entra numa lista de discussão sobre passe livre, mas encampa diminuição do preço da passagem, fala sobre mobilidade (sem que se tenha em foco Plano Diretor) e acaba trombando com gente que quer entrar na massa apenas, pois é contra o PT, ápice da paranoia antivermelha, ou mesmo por ressentimento em torno do partido.

    A alienação e a anomia em prol da “diversidade pós-moderna”. E nem o Michel Löwy, com todo aquele Lukács na cachola, se salvou.

     

  4. Comecei a ler, mas parei.

    Comecei a ler, mas parei. Para mim, ninguém entendeu até agora o que foi aquilo. Realmente surpreendeu e deixou perplexo, governistas, mas também a oposição. 

    Minto, quem entendeu, até prova em contrário, foi o nosso colega Wilson Ferrerira, ao desenvolver a tese da “bomba semiótica”. Para mim foi ele quem ofereceu as repostas mais verossímeis a questões irrespondíveis.

    Contra tudo que está aí? Tudo? Como assim? O Brasil estava maravilhoso, com a presidente aprovada avassaladoramente pela ampla maioria, e derrepente, pimba, tudo ficou uma merda? Descobriram que o BRasil não tem saúde de primeiro mundo? Que a educação é falha? Tudo isso do dia 31 de maio para 1 de junho?

    Nada disso faz sentido, por mais que se afirme que o governo estava superavaliado (o que concordo). Também não faz sentido a extrema-esquerda leninista marchar lado a lado com facistas, udenistas, anarco-punk iconoclastas e playboys e patricinhas coxinhas não querendo ser “alienados”.

    Só faz sentido se voce esquecer o significado daquilo, que não tinha, e atentar para os significantes. A analise semiótica do Wilson é que amarra e confere lógica aquele nonsense. Recomendo

    1. uma pena que você parou de

      uma pena que você parou de ler. Talvez esse trecho aqui fizesse você refletir um pouco mais a respeito de para quem o Brasil vive uma época de ouro. Creio que vivemos um momento onde os governistas e os conservadores (especialmente de esquerda) estão se esforçando ao máximo para dizer que quem é de classe média não pode querer se aliar às causas dos mais pobres (ou seja, a conciliação de classes só é possível na passificação dos mais pobres, e não no sentido dos mais abastados abraçarem a causa do povo trabalhador mais sofrido).

      “Mas o que realmente compromete o artigo de Scalzilli é o uso cirúrgico da expressão “espírito fascista”. É o marcador máximo da posição discursiva que sua performance ocupa. Atribuir o risco de “fascismo” a protestos com pautas concretas, numa cidade onde um agente estatal pode subir qualquer favela e matar qualquer jovem negro e, no dia seguinte, o noticiário falará em “envolvido com o tráfico”, com a mesma leviandade da capa do Globo de 17 de outubro acusando manifestantes de “vândalos”.”

    2. Olá, Juliano.Cada vez mais

      Olá, Juliano.

      Cada vez mais acho que não há muito o que entender dessas manifestações.

      Movimentos de massa e partidos políticos surgem no século XIX. A institucionalização dos direitos políticos ocorreu exatamente para a estabilização da vida social e política.

      Em outras palavras: o Brasil vive o mais longo período de eleições livres de sua história. Votam hoje mais de cem milhões de elitores. Portanto, não são mil, dez mil, cem mil, um milhão de pessoas nas ruas que vão falar por cima do que a maioria decidiu.

      Não nos representam. É de dois em dois anos que se constitui, sim, a autoridade politica.

      É claro que aqueles que sentem que sua voz não está sendo ouvida pelos representantes e pelos meios de comunicação podem se manifestar, mas não pra derrubar governo só porque ele não elegeu. Isso vale tanto para a minoria de “esquerda” quanto para a de “direita” que disputam quem vai montar no cavalo selvagem.

  5. Pobre coitado…

    Eu ia perder meu tempo. Mas depois li a reação dos colegas por aqui. Dei uma olhadela de soslaio no texto, e humpf…não dá!

    Os inquéritos e as ações processuais contra este bando de terrorista já começou a pipocar. Daqui um pouco vem as sentenças.

    A polícia já começa a entender a dinâmica do troço, como fez em SP, esganando estes bobocas antes que pudessem agir.

    O susto passou, a novidade perdeu a graça. Vamos ver quantos vão ficar quando os primeiros começarem a chorar nas cadeias, gritando mamãe, dormindo de baby-doll e no canto da cama.

  6. Juro que me simpatizo com 

    Juro que me simpatizo com  luta franca e honesta Sr. Leo V afins de legitimar

    e potencializaro MPL e as manifestações, ele é um incansável, merece respeito.

    Leo, conversei com  ” um camarada do MPL semana dessas ( calma não sou jornalista

    e não tenho fontes) sinceramente sugiro que voce faça uma espécie de rescaldo  e

    mantenha seu sonho, sonhe mais acordado,não sou do contra , nem melhor nem

    pior, mas estão te vendendo “ouro de tolo”.

     

    Abs

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