Documentos da CIDH e do MPF mostram que Bolsonaro sabia da situação Yanomami

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Documentos comprovam omissão e responsabilidade de Jair Bolsonaro na crise de saúde e humanitária da população Yanomami

Fotos: URIHI – ASSOCIAÇÃO YANOMAMI

Jair Bolsonaro sabia da situação dos indígenas Yanomami, na Amazônia, foi alertado por entidades e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da ONU e tomou medidas “feitas para não funcionar”.

Essas são as informações de órgãos oficiais, que comprovam a omissão e responsabilidade do ex-presidente do país na crise de saúde e humanitária que vive a população Yanomami.

Por parte da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, foram diversos os alertas e cobranças, ao longo dos últimos 4 anos para o governo brasileiro.

Segundo reportagem de Jamil Chade, do Uol, em uma dessas comunicações, de julho de 2020, a entidade mundial diz expressamente que o povo Yanomami vive uma situação “grave e urgente”, com riscos eminentes de “danos irreparáveis” e que se deveriam tomar ações imediatas.

Chegou ao conhecimento do órgão da ONU a situação por meio de denúncias protocoladas pela Associação Hutukara Yanomami e pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos, diante da desnutrição e malária e, à época, do risco grave de contaminação disseminada de Covid-19.

As respostas de Bolsonaro

Com as cobranças, o governo de Jair Bolsonaro enviou respostas genéricas e a Comissão chegou à seguinte conclusão, em parecer: “As informações apresentadas pelo Estado eram apenas gerais e programáticas, e não permitiam ver as ações implementadas diretamente à população beneficiária.”

No último domingo (22), Bolsonaro escreveu no Telegram que foram feitas 20 ações de saúde em territórios indígenas: “Os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo Federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS.”

Além da conclusão da CIDH da ONU, essas ações, listadas pelo ex-mandatário, foram feitas “para não funcionar”. É o que manifestaram os procuradores da República que desde 2017 vêm denunciando a crise humanitária dos Yanomami.

Denúncia do MPF

Um dos principais fatores para a situação degradante dessa população indígena é a prática do garimpo, com as invasões dos territórios indígenas e contaminação dos solos e áreas de preservação. Entenda abaixo:

Em entrevista ao Estadão, o procurador Alisson Marugal, do MPF-RR, disse que em cerca de 400 pontos de garimpo na região, o governo Bolsonaro atuou em somente 9.

“O governo fez operações para não funcionar, com ciclos de cinco a dez dias. (…) Foram três ciclos com o mesmo resultado: nenhum resultado”, explicou.

Ao mesmo tempo, acrescentou o procurador, houve a deterioração dos índices de saúde dos indígenas, com a falta de atedimentos e ações insuficientes, que sequer chegaram aos povos indígenas.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. De acordo com o Bolsobosta: “Quando falam em terminal de contêiner, vale a oena. Há anos um terminal de contêiner no Paraná, se não me engano, não sai do papel porque precisa agora também de um laudo ambiental da Funai. O cara vai lá, se encontrar, já que está na moda, um cocozinho petrificado de um índio, já era. Não pode fazer mais nada ali. Tem que acabar com isso no Brasil. Tem que integrar o índio na sociedade e buscar projeto para nosso país”. Ora, Bolsomerda deve ter liberado a garimpagem no território dos Yanomamis para integrar os Índios na sociedade e buscar projeto para o nosso Bananistão, pois terminal de contêiner vale a pena, Índio não vale a pena.

  2. De um lado, o carnaval/farra com o cartão corporativo, do outro, a fome total. Oh, Mundo tão desigual, tudo é tão desigual. E não é uma desigualdade alicerçada na meritocracia, mas na esperteza

  3. Deveria bastar esta imagem para que Oligarquias nacionais, Fiesp, Rede Globo, bancos, Faria Lima, Imprensa jamais erguessem um Celerado ao posto de Presidente!

  4. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) eh um orgao da OEA, criado pela Carta de San Jose, e nao da ONU (a qual tem seu proprio Comite de DH)… alguém supostamente formado em jornalismo deveria ao menos conhecer o basico do basico a respeito de organizações internacionais. Lamentável.

  5. Nassif, investigarem direito verão, lá foi um laboratório, como era um lugar de difícil acesso e fiscalização, testaram lá imunidade de rebanho, Cloroquina e se não desse certo dizimaria aqueles indígenas e até as suas próximas gerações, e culpariam a Covid, esses indígenas foram cobaias de algo muito macabro. Assim as terras ficariam livres para todo tipo de exploração. É uma teoria pessoal, mas seguindo a cronologia e recusa das ações de socorro solicitadas, essa tese faz sentido. Em algum lugar deve ter um cientista negacionista que planejou isso, e o governo bolsonaro deixou passar a boiada. É uma tese que precisa ser investigada, cobaias humanas eram usadas também pelo Nazismo, que é referencia desse pessoal extremo, não custa nada investigar essa tese. De lá alguém ou alguns aqui da civilização, eram informados de alguma coisa, As mortes não foram só essas, foi muita Cloroquina, alguém receitava isso, quem foi o médico que prescreveu?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador