Canja de galinha e cautela
por Francisco Celso Calmon
A demora do Lula em se manifestar quanto ao resultado do pleito da Venezuela dá azo à extrema-direita, coloca em dúvida o sistema eleitoral, visto que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país proclamou a vitória de Maduro por 51% e o segundo colocado com 44%.
Há uma diferença grande, se a aritmética valer, mas, para uma oposição golpista não há nada que poderia levá-la a admitir a derrota, como já fizeram em eleições passadas, pois, reconhecer a derrota, equivaleria e acabar com a fervura golpista.
Antes e durante o pleito, a oposição raivosa deu sinais claros de que, fosse qual fosse o resultado, não aceitaria.
O que ocorre na Venezuela, desde Hugo Chávez, é um conflito político-ideológico: de um lado, a revolução bolivariana, militar, patriótica e popular, de outro, a contrarrevolução neoliberal e pró imperialismo.
Não se posicionar no tempo certo alimenta a beligerância da ‘capitã Maria Guaidó’, cuja semelhança de método é semelhante ao que fez o ex-capitão insurgente da vitória do Lula e o títere dos EUA Juan Gaidó.
Desconfiar do CNE, equivalente ao nosso TSE, e esperar por boletins de urnas, lembra da narrativa bolsonarista. O CNE não é governo, é estado.
Rússia e China e os movimentos de esquerda sabem que o posicionamento em tempo hábil é importante no jogo da correlação de forças, contudo, a previdência pode levar a um peso maior de credibilidade.
Caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém, diz o ditado, porém, pode engasgar e perder o timing.
O Brasil, como o maior país da América do Sul, não pode perder a hora e esperar acontecer.
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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