Conib, uma confederação racista e de apoio ao terrorismo de Estado

Condenar o Hamas, tudo bem. Chamá-lo de terrorista, entende-se. Mas não ter uma palavra de empatia com os milhares de palestinos mortos?

A Conib (Confederação Nacional Israelita do Brasil) é uma organização a serviço de Cláudio Lottenberg, seu presidente. E ele faz da indústria do antissemitismo sua principal bandeira, alimentando o antissemitismo da sociedade brasileira.

Confira:

Logo abaixo, pode-se dar a impressão de um gesto de solidariedade às 274 pessoas assassinadas por Israel no Líbano, entre os quais mulheres, crianças e profissionais da saúde. Mas, não. Denunciam “grupos extremistas, que rejeitam relações com sociedades democráticas, a convivência pacífica entre diferentes religiões e com minorias”. Não se trata do terrorismo de Benjamin Netanyahu, mas do grupo Hamas. Abaixo, 19.398 assinaturas. E nenhuma lágrima derramada pelos órfãos, viúvos, pais que viram os filhos morrerem sob as bombas de Israel.

Depois, um festival de autopromoção de Cláudio Lottenberg.

Na home há uma foto dele com Michel Temer.

Com o governador do Distrito Federal Ibanez Rocha.

Com o presidente do Senado Rodrigo Pacheco.

Além de ter contribuído financeiramente para a campanha de Bolsonaro, Lottenberg se ofereceu para ser seu Ministro, como alinhavou o apoio da comunidade a José Serra e se tornou seu secretário. Perdeu o Ministério da Saúde para Nelson Teich quando, modestamente, aceitou a indicação de seu nome como vice da suposta candidatura de Joyce Hasselman – um espantalho político germinado no interior do bolsonarismo – em plena 50a Convenção Nacional da Confederação Israelita do Brasil, presidida pelo próprio Lottenberg.

A função da Conib

O crescimento avassalador do antissemitismo no Brasil se deve, é claro, ao genocida Benjamin Netanyahu. Mas se deve, também à ação da Conib, que não se preocupou em mostrar para o público interno que o judeu brasileiro nada tem a ver com o genocida – eleito pela população de Israel, saliente-se.

O Brasil nunca foi palco de conflitos raciais – a não ser o genocídio permanente contra pretos pobres. Mas a comunidade judaica é integrada à brasileira em todos os níveis.

Na pequena Poços de Caldas dos anos 50, as duas judias, donas da Casa Bela, eram amigas das duas libanesas, donas do Doces Mesquita. E disputavam, na cidade, o título de mais corteses vendedores do comércio local. Na política estudantil, esquerda e judeus sempre se deram, assim como no meio empresarial.

O que a Conib deveria fazer, quando estourou o conflito? Condenar o Hamas, tudo bem. Chamá-lo de terrorista, entende-se. Mas não ter uma palavra de empatia com os milhares de palestinos mortos? A frieza com que tratou a maior chacina dos últimos cem anos – fora das guerras – é detestável. A maneira como poupa Netanyahu é indecente e profundamente injusta com os judeus brasileiros. Passou ao brasileiro comum a falsa impressão de que todo judeu é frio, conivente com qualquer genocídio desde que não seja com seus patrícios – o que é falso.

O que a Conib deveria fazer, não fosse tão prisioneiro do personalismo de Lottenberg?

Primeiro, mostrar a integração dos judeus com o Brasil. Não são simplesmente judeus: são judeus brasileiro, com todo orgulho, como era Otto Gottlieb, Fritz Feigl, Bernhard Gross, o imenso Mário Schenberg; escritores como Moacyr Scliar, Clarice Lispector, Bernardo Ajzenberg.

Depois, mostrar a contribuição da comunidade para a construção do país. Apesar de bolsonarista, Elie Horn, fundador da Cyrela, doou 60% de sua fortuna em vida. Seu gesto, a destinação do dinheiro, as obras sociais que financia, tudo isso seria tema para aproximar a comunidade judaica do brasileiro.

Como declarou à Forbes:

“Pai de três filhos e avô de cinco netos, Elie acredita ter transmitido a eles a essência do que aprendeu com o pai, Raphael Horn. “Sem caridade, a vida não tem sentido. A reação [da sociedade na pandemia] foi muito positiva. O que precisa agora é ajudar todo dia, a vida inteira. O pobre não precisa comer só na crise.”

Os associados da Conib têm obras sociais. Foram solidários com a crise gaúcha, depois de um apelo da Federação Israelita local. Mas os holofotes da Conib estão apenas em Lottenberg e no antissemitismo.

É evidente, para qualquer pessoa que queira enxergar que esse obsessão por ver o antissemitismo por todos os lados é a maior alimentadora do antissemitismo. Mas é a única bandeira de Lottenberg perante seus patrícios. E tem-se uma organização – a Conib – incapaz de gerar uma reflexão sequer sobre os malefícios presentes e futuros para a causa judia.

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8 Comentários

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  1. O apoio integral e inconsequente a Netanyahu e seus crimes não salvará a civilização ocidental da nova Idade Média que está inevitável e celeremente entrando. Muito menos o Estado de Israel. Deus queira que não termine o século XXI como o I, mesmo atapetado de bombas atômicas.

  2. Parabéns Nassif pela sua coragem e autoridade conhecedor. Você é motivo de orgulho ler seus artigos e matérias. Concordo com você que esta entidade é uma vergonha. Aliada ao bolsonarismo fica mais evidente as mentiras e hipocrisia em nome dos bons costumes. Mas acredito que o problema seja realmente este ser que gerencia a conib em causa própria. Uma vergonha!

  3. Israel é uma democracia, nos moldes europeus. Parlamentarista. E é patrocinada (sustentada) pelos Estados Unidos, autointitulado de a maior democracia do mundo. Eu me pergunto: o que pode ser chamado de Democracia? Se a democracia de americanos e europeus está fundada sobre o sangue de séculos de guerras internas, invasões e exploração de terras estrangeiras, com os inevitáveis massacres de populações inteiras, além da consequente escravização dos infelizes que não tenham morrido, isso pode ser chamado de democracia? Se depois essa escravização assume o caráter de mero instrumento de economia política, isso pode ser chamado de democracia? Será ainda necessário enumerar mais atrocidades dessas duas admiráveis civilizações, para questionar a existência dessa falácia chamada democracia? Matar crianças – e velhos, mulheres, animais – não é moeda corrente nas narrativas bíblicas? Israel não é nem nunca foi uma democracia, assim como a Europa e os Estados Unidos. E deixem-me parar por aqui, antes que me sinta tentado a falar sobre as “democracias” abaixo da Linha do Equador.

  4. Todos que tem possuem discernimento, que são praticantes da justiça e amam os seres humanos deveriam boicotar todos os produtos, serviços, inclusive os tanques e tecnologias diversas, etc ligados a Conib e ao país de Israel, enquanto estas lideranças deles estiverem no poder. Cada um de nós temos este poder. Por favor Nassif relacione todas as empresas que bancam e patrocinam a conib e se for possível relacione todas as empresas israelenses que tiverem no Brasil. Vamos parar de financiar estes genocidas.

  5. O que o não judeu precisa entender que diante de deus somente eles, os judeus, são seres humanos: os demais, estão a serviço deles. Façam o bem aparente que fizerem, ostentem a bandeira que ostentarem, eles jamais verão o não judeu como semelhante, ainda que apoiem e amparem alguns com o amor sincero. Eles têm uma agenda de domínio imparável e um senso de prerrogativa inacreditável.

  6. Nassif, o que me espanta nessa história toda é a incapacidade de tantas nações árabes fazerem frente a Israel. Os vietnamitas, por exemplo, deram uma surra federal nos americanos. E no oriente médio, entra década sai década, os países inimigos de Israel estão sempre apanhando.

  7. Ás vezes passa uma impressão que estão colocando em execução um plano que vem sendo preparado há tempos. Netanyahu é apenas o carrasco, o executor. Toda propaganda e contrapropaganda já foram planejadas e já fazem os efeitos desejados. Todos os acordos políticos importantes já foram feitos. Depois de tudo que ele fez, ainda foi recebido e aplaudido em discurso no Congresso Americano. Não há dúvidas de que existe um plano sendo executado com apoio dos EUA, só não faço a menor idéia do que seja, é um campo fértil para teorias que não me arriscaria explorar. Só resta nos assistir.

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