Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Políticas compensatórias e políticas estruturantes, por Francisco Calmon

Sobreviver abraçado ao mercado ou morrer asfixiado pelos juros, o governo deve sair fora desse jogo perde-perde.

Arte na Rua

Ideologia e gestão. Políticas compensatórias e políticas estruturantes

por Francisco Celso Calmon

Assertivas do Lula: “A fome no mundo não é falta de dinheiro. É falta de vergonha na nossa cara “.

“Há trilhões de dólares navegando pelos céus, enquanto 733 milhões de pessoas vão dormir sem ter o que comer. O que falta não é dinheiro, mas vergonha dos que governam o mundo”.

 “A fome não se resolve com caridade, mas com políticas públicas sólidas e investimento no povo pobre. O Bolsa Família foi a prova disso, e continuamos a usá-lo para acabar com a fome novamente no Brasil”.

Será que a questão é subjetiva, moral, de caráter e personalidade? Ou objetiva, do sistema econômico capitalista e sua democracia burguesa? Será que líderes com vergonha na cara resolveriam o problema mundial da fome?

Discursos que tocam e emocionam os povos, porém, não tocam na estrutura do problema e o caminho para reformas estruturantes.   

A sociedade no sistema capitalista não tem condições e capacidade de auto-organização, daí porque o Estado é necessário. E qual é o seu papel senão o de garantir o desenvolvimento para a satisfação de todos, conforme suas necessidades e capacidades, à luz do que estabelece a Constituição e as leis do Estado de direito.

As forças produtivas e o modo de produção não conseguem planejar autonomamente o desenvolvimento e crescimento econômico do país, não há mecanismos para isso.

Sobreviver abraçado ao mercado ou morrer asfixiado pelos juros, o governo deve sair fora desse jogo perde, perde.

Cercado por fora, minado por dentro, Lula permanece sem estratégia.

A sociologia de esquina que afirma que os novos trabalhadores não querem carteira assinada, estão se referindo aos trabalhadores que ficaram tanto tempo em situação precária de sobrevivência e que não sabem os direitos que uma carteira assinada assegura, como: férias, 13o salário, previdência social, FGTS, seguro-desemprego, e estão fazendo da via encontrada de sobrevivência como única boia de salvação. Também os terceirizados que não tiveram escolhas, ou aceitavam ou demissão.

Num cenário de 120 milhões de brasileiros na insuficiência alimentar e 33 milhões na miséria, reformas enfiadas goela abaixo pelo traidor Temer e pelo genocida Bolsonaro, precarizaram o mundo do trabalho, produziram traumas, marcas, fraquezas, desesperanças, e com quase dois anos de governo o povo não voltou a sonhar com um projeto de nação – pois não há, nem produzido pelo governo e nem pelos partidos do campo progressista.

É absolutamente falsa a dicotomia entre gestão e ideologia, suscitada pelo prefeito reeleito de Recife.

Gestão é a capacidade político-administrativa, enquanto ideologia são os valores e concepções de sociedade e mundo.

A ideologia orienta a gestão em princípios, valores e vetores, mas não substitui a gestão, assim como a gestão não É ISENTA DE IDEOLOGIA, mesmo que não visível, a gestão inexoravelmente está a serviço de alguma ideologia.

A chamada gestão pragmática é uma forma de encobrir a política e a ideologia que convém, geralmente, às classes dominantes.

Se a disputa for de capacidade de gestão, voltaremos ao tecnocratismo que dominou uma época o Brasil, e nada mais foi do que a técnica a serviço do sistema e de suas elites mandatárias.

A disputa de concepções e ideias é a única maneira de fazer o contraditório explícito com o neonazifascismo bolsonarista.

O anseio da pequena burguesia de uma sociedade sem contradições, conflitos de classes, é uma quimera perigosa e pelega, principalmente por parte de uma juventude política, formada em institutos e escolas criadas por milionários americanos.

A práxis bolsonarista é impregnada de ideologia.

Desde a queda do muro de Berlim, a burguesia e seus representantes vêm pregando o fim da história, o fim das contradições e fim da luta de classes, a diluição do contraponto à ideologia das classes dominantes, de forma a que não haja alternativa ao capitalismo, a sua política neoliberal, ao imperialismo, como se tudo fosse normal e inevitável, e do qual não há saída senão mertiolates e band aids para as chagas que o sistema produz.

A polarização só não interessa a Globo e o seu sonho da 3ª via.

Os candidatos de esquerda neste segundo turno deveriam assumir a polarização entre a extrema-esquerda bolsonarista e a esquerda democrática, entre o fascismo e a social-democracia, entre o crime organizado/milicianos e a segurança da população periférica abandonada pelo estado. Entre uma PM que mata mais de 20 jovens, pretos e periféricos, por dia no Brasil e a necessidade de uma polícia desmilitarizada e protetora da cidadania.

No Brasil não há falta de dinheiro, o que há é gasto exorbitante com pagamento dos juros. Consciente disso e com o Lula tem vergonha na cara, desejamos e esperamos uma política de desconcentração e distribuição de rendas em cumprimento aos mandamentos CONSTITUCIONAIS.

No ensejo de vitórias, desejo ao presidente Lula pronta e total recuperação.

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

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