Nós fomos te buscar, por Lygia Jobim

Não queremos mais ver a bandeira que é de todos limpando o sangue do chão deste país

Foto: Elineudo Meira (via fotospublicas.com)

Da Carta Maior

Nós fomos te buscar, por Lygia Jobim

Não queremos mais ver a bandeira que é de todos limpando o sangue do chão deste país

Por Lygia Jobim*

As manifestações de hoje por FORA BOLSONARO, vacina no braço e comida na mesa, trazem um sopro de esperança no sentido do país voltar a se unir. Pela primeira vez em muitos anos bandeiras de diversos partidos puderam conviver, pacificamente, com a bandeira de todos.

O destino de nossa bandeira nunca foi ser emporcalhada no lombo de animais raivosos, nem pela baba que escorre da boca de um rebanho de oligofrênicos. Seu lugar não é a lama em que os porcos que nos governam chafurdam, nem sua serventia limpar a imundície que deixam atrás de si.

Não a vamos deixar no esgoto em que a jogaram, pois é ali que vivem os ratos que a sequestraram e usaram para a custa de mentiras ditas em seu nome, usurparem nossa dignidade.

Não podemos continuar a deixar que a usem como símbolo de um patriotismo vazio que só serve a interesses espúrios. Seu lugar não é junto daqueles que deturpam as leis e condenam inocentes destruindo o devido processo legal. Não vamos continuar a deixar que a usem para, brandindo a falsa moral que é a única que possuem, induzir a erro inocentes úteis e ferir nossa democracia. Democracia onde cada partido tem direito à sua bandeira e todos temos direito a uma só bandeira.

Não queremos mais vê-la olhando, de mãos atadas, o fim de um país do qual, em seu nome, dia a dia, destroem o meio ambiente, envenenam plantações e apagam nosso futuro.

Não vamos deixar que, pouco a pouco, nos transformem, à sua sombra, de um estado laico em um estado fundamentalista.

Seu lugar não é na boca daqueles que, com seus hálitos fétidos, disseminam perdigotos putrefatos para nos jogar numa crise sanitária sem precedentes. Nem tampouco no mastro de uma casa de vidro quando, aquele que a habita, não merece o cargo que ocupa.

A partir de hoje, quando, de forma espontânea, a vemos de volta às ruas em nossas mãos, passamos a ter a certeza de que, todos juntos, vamos conseguir sair do atoleiro.

O que não podemos é continuar a deixar que a usem como mortalha para quinhentos mil brasileiros, enquanto milhões choram seus mortos, nem que sirva de pano de fundo para psicopatas e escudo para um genocida.

Não, não queremos mais ver a bandeira que é de todos limpando o sangue do chão deste país.

*Lygia Jobim é filha do diplomata José Jobim, assassinado pela ditadura militar.

Redação

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