
PM é entulho da ditadura militar
por Francisco Celso Calmon
Entulho não se limpa, joga-se fora. Não é de armamentos que ela precisa e sim de saneamento radical. Só uma nova polícia não Militar, uma polícia cidadã, voltada para a proteção de todos, sem discriminação e sem promiscuidade com as milicias é que pode dar segurança à sociedade.
A PM viola os direitos humanos diuturnamente e nada acontece, a não ser os delituosos saírem das ruas para os gabinetes da administração.
Ocorre que os governadores, quando não são adeptos da truculência e do extermínio, temem a polícia.
Mortes por intervenção policial quase triplicaram em 10 anos, o alvo está nas costas da população preta, que constituem a maior parte das vítimas da violência policial. (Fonte: Agência Brasil).
Analisando os dados por completo, vemos um aumento significativo de mortes do lado da policial também. Pesquisas de 2022 para 2023 mostraram que o número de policiais mortos subiu em 30%. (Fonte: Jornal Globo )
De acordo com o Ministério Público, o número geral de suspeitos mortos pela Polícia Militar no estado de São Paulo saltou de 69 para 134 do 1º bimestre de 2023 para 2024. (Fonte: G1)
Os estudos mostram ainda que: “Os policiais ganham salários, em média, de R$ 9 mil, quase o dobro do restante do funcionalismo – cerca de R$ 5 mil -, sendo que as folhas de ativos e inativos da Segurança Pública respondem por 23% do total. O salário médio dos inativos é ainda maior: R$ 11 mil ante R$ 6 mil para as demais carreiras do funcionalismo. E 33 mil dos 739 mil policiais e guardas do País (5,4%) receberam salários acima do teto do funcionalismo em 2023 (R$ 39.293)” (Fonte: CNN Brasil)
Este crescimento apavorante nas estatísticas, também estão presentes nos dados de assassinatos contra crianças e adolescentes. A polícia foi responsável por 16,5% das mortes violentas intencionais de adolescentes no balanço geral dos últimos 3 anos, 6 mortes por 100 mil habitantes na faixa de 15 aos 19 anos. (Fonte: G1)
Não é por salários baixos que a polícia é promíscua, corrupta, violenta e assassina. Também não é por ser de machos brancos, pois nela há pretos, pardos, mulheres, e mesmo assim a truculência e a delituosidade é prática comum. O que não equivale dizer que não haja exceções. Há, e muitas, porque antes de responsabilizar os indivíduos fardados, temos que analisar a história da corporação e sua cultura de décadas, sobretudo o seu caráter militar.
Em números absolutos por mortes pelas ações da PM por estado: Bahia: 1.464;
Rio de Janeiro: 1.330; Pará: 621; Goiás: 538; Paraná: 479 (Fórum Brasileiro de Segurança Pública – 2023. Também não é pela cor partidária.
Depoimento de uma moça, negra, LGBTQI+, 20 anos, estudante do sexto período numa faculdade pública: Estamos vivendo uma realidade de guerra civil constante. O homem preto é “moleque favelado”, logo, se ele morre no fogo cruzado, basta divulgar na mídia que ele foi um dos traficantes mortos na operação antidrogas.
A mulher, ainda mais as vulneráveis economicamente e pretas, já são pessoas que estamos tão acostumados a ignorar as dores, normalizar a vida sofrida, que pouco importa se um policial lhe ameaça e/ou leva um filho, um ente querido, nem se sair na mídia irá ser uma ameaça à carreira do policial transgressor. Em torno de 18 jovens morrem por dia pelas ações da PM.
Alguns relatos de pessoas LGBTQIA+ nos mostram que elas passam rápido, e sem olhar nos olhos quando tem algum policial na rua, a violência e desmoralização só por serem quem são, é muito facilmente coberta pelo discurso religioso de que é contra a vontade de Deus, não querem testar sua sorte contra nenhum possível fiel.
Entre o povo e a PM, apenas um dos lados é legitimado pelo Estado para se defender.”
A polícia necessita ser admirada pelo povo e não temida. Para isso, precisa proteger os direitos da sociedade e não os transgredir. É ser exemplo e não caricatura de monstro.
É estar ao lado dos favelados e de suas associações, carnavalescas, de futebol, de cultura e lazer, e de representantes das comunidades marginalizadas pelo Estado.
O modelo está errado, comprovada pela história. Aprofundar o modelo é tornar a segurança pública em insegurança da cidadania geral.
O que fazer? Criar uma polícia única, com departamentos preventivos e repressivos, com inteligência e tecnologia.
Os quadros viriam das atuais policiais, militar e civil, após cursos e seleções para ingresso nessa polícia única e protetora dos direitos humanos da sociedade.
É artigo para alertar, não é uma receita.
A PM é o entulho da ditadura mais danoso que persevera na barriga desta democracia das elites brasileiras. É a escória lumpem fardada.
O governo da ampliada frente partidária, não reúne condições político-ideológicas e coragem para desmilitarizar e transformar numa polícia cidadã, são os atingidos no passado e do presente e a sociedade que têm o dever de pressionar os políticos, e a militância democrática o direito de atuar fortemente para avançar na plataforma civilizatória do país.
Cumprir as resoluções da Comissão Nacional da Verdade, órgão de estado, é obrigação governamental.
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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De ocordo, más Dilma e Lula nao mudaram nada na PM e Dilma deu super poderes a delegados federais.
Dilma e Lula armaram as guardas municipais e deixaram elas agirem como policia e pior os guardas são treinados pela PM è pior ainda hoje tem até a imitação da rota nas guardas quê chama romu, a cosntituicao è clara nos estados tem PM e civil, o que era um horror, hoje é um terror, aqui nas periferias è melhor tomar enquadro de PM do que guarda, porque o PM sabe que é policial o guarda quis ser e nao consegui, o fator psicológico è cruel.
Guarda só para cuidar de prédios e nada mais, precisamos de reendustrializacao, mais emprego e nao mais policia.
Obs, è impossível fazer uma reclamação contra guarda, a PM ainda bem ou mal têm a procuradoria, essa é a tragédia.