
Um Götterdämmerung sionista
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Em fevereiro de 1943, as tropas do III Reich foram derrotadas em Stalingrado. Esse foi o ponto de virada da II Guerra Mundial. Doravante, o Exército Vermelho passaria da defensiva à ofensiva, não existindo absolutamente nada que os alemães fossem capazes de fazer para impedir o avanço das tropas soviéticas até Berlim.
Uma após outra as linhas defensivas organizadas pelos nazistas começaram a ser consistente saturadas, envolvidas e esmagadas pelas tropas do marechal Gueorgui Júkov. No início de 1944 os comandantes da Wermacht sabiam que a derrota era inevitável e que o III Reich estava com os dias contados. A frustração e o desespero levaram os nazistas a acelerar a solução final.
Um quarto de todos os judeus exterminados pelo regime nazista durante o Holocausto morreram em agosto, setembro e outubro de 1942, ou seja, durante a batalha de Stalingrado (17/07/1942 a 02/02/1943). Estima-se que aproximadamente 3 a 4 milhões de judeus foram assassinados entre 1943 a 1945, com a maioria das vítimas morrendo nos campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau, Treblinka, Sobibor e Majdanek.
Portanto, é possível dizer com bastante segurança que o regime de Adolf Hitler descontou nos judeus indefesos toda a raiva acumulada durante e depois da batalha de Stalingrado. O sucesso dos contra-ataques iranianos contra Israel pode gerar no regime de Netanyahu uma sanha assassina semelhante àquela que dominou os nazistas em meados de 1943. Esse sentimento tóxico certamente será amplificado se os israelenses tiverem certeza de que não podem esmagar o Irã sem sofrer uma represália com misseis muito maior do que aquelas que já foram realizadas em duas oportunidades.
O último contra-ataque do Irã foi bem planejado e executado com muita precisão. Israel pode ou não ampliar o conflito, mas cometerá um erro mortal se acreditar que Teerã não está preparada para uma guerra de grandes proporções. Nesse momento, as Bases Schrödinger dos EUA na região estão paradoxalmente vivas e mortas. Em caso de guerra total elas sofrerão ataques semelhantes ou maiores do que aqueles que já foram executados contra alvos militares israelenses.
Após sofrer o segundo ataque iraniano, Israel voltou a atacar ferozmente a capital do Líbano. A fragilidade militar libanesa é evidente, um verdadeiro convite às expedições punitivas israelenses.
Netanyahu precisa desesperadamente de vitórias e, ao contrário de Teerã, não se importa realmente com as limitações impostas pela legislação internacional que impede um Estado de atacar populações civis indefesas. Isso, aliás, ficou evidente em Gaza. Os crimes de guerra cometidos contra os palestinos são tão evidentes que despertaram uma reação histórica da Corte Internacional de Justiça.
Os nazistas intensificaram o holocausto após Stalingrado. Os sionistas farão algo semelhante no Líbano, em Gaza e na Cisjordânia porque não podem atacar o Irã sem sofrer derrotas militares maiores e mais dolorosas?
É difícil saber realmente o que se passa na cabeça de Netanyahu. Mas a retomada da guerra no Líbano e a intensificação de bombardeios contra Beirute indicam claramente que Israel está sendo dominada pela mesma paranoia genocida que antecedeu a queda do III Reich. Isso é extremamente perigoso, porque os israelenses têm à sua disposição bombas nucleares e se ficarem muito desesperados eles podem fazer aquilo que os nazistas não fizeram: encenar um verdadeiro crepúsculo dos deuses em escala planetária.
Um problema adicional que geralmente tem sido minimizado por analistas é o reflexo econômico potencial de uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio. O novo contra-ataque iraniano contra Israel provocou um pico de valorização das ações de fábricas de armamentos nos EUA e na Europa. É realmente difícil conter a ganância do mercado e sabemos que os governantes dos países exportadores de armamentos (EUA, Inglaterra, Alemanha, França, etc…) geralmente não desafiam os interesses financeiros dos empresários que financiaram suas campanhas eleitorais.
Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.
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