Minhocão em São Paulo e o fetiche do colonizado

Reproduzo texto protesto de Carlos Fernando Cantor/compositor (Nouvelle Cuisine) e arquiteto sobre as recorrentes discussões sobre o famigerado “Minhocão” paulistano.
 
Gente,
 
Não aguento mais ouvir falar do High Line de NY como sendo a salvação do mundo, como se pudessem ser simplesmente generalizadas suas exclusivíssimas especificidades !
 
O programa ‘Na Moral’ do Pedro Bial de ontem, por exemplo, foi inteiro dedicado a debater propositivamente o Minhocão. Os entrevistados: ‘técnicos’, moradores, xeretas, rappers, salvo um único arquiteto, que não identifiquei, só falaram da maravilha que seria implantar uma cópia ( pra variar ) do empreendimento novaiorquino!
Seria a culminação visual e histórica tristemente lógica de outra mimicagem ridícula da ‘Big Apple: aquela paródia pífia e constrangedoramente explícita do Empire Estate, que ocupa o começo da Avenida S. João, o prédio do antigo ‘Banco do Estado’ !
 
Vamos, então, primeiro, aos fatos:
 
– O High Line foi viabilizado por uma associação de ‘amigos’ ( do bairro em que se localiza, de outras regiões de toda a cidade, e até de fora dela ) da linha férrea centenária desativada, que achavam de interesse arquitetônico/histórico e não queriam que fose demolida.
 
– O projeto foi possível depois de oito anos de grana sendo angariada por essa associação, que também mantém o parque com a contribuição espontânea dos associados e de doações abertas.
 
– Exatamente ao contrário, em termos de proporção, se comparado com o Minhocão, tudo no entorno e ao longo do High Line está razoavelmente afastado dele, com esparsos prédios mais próximos. O efeito de sua mera presença física, portanto, não é por si só, como aqui, o de um trambolho grudado às fachadas habitadas, escurecendo uma avenida, amplificando o barulho do seu trânsito e desfigurando a arquitetura circunvizinha.
 
– A área da cidade em que o High Line se encontra é eminentemente industrial e comercial, pricipalmente o seu entorno imediato.
 
 Agora, opiniões:
 
– Sinceramente, acho o paisagismo do ‘parque’ ( denominação até discutível, já que é mais uma promenade ) High Line esparso, ralo e medíocre. Totalmente ‘na moda’ dita ‘minimalista’, com mais passarelas, planos e tábuas do que plantas; com equipamento urbano de desenho pesado, ponteagudo ( ergonômicamente questionável ) e sem graça. Parece mesmo uma versão alongada da nossa sempre desajeitada e horrenda ‘nova’ Praça Roosevelt !
 
– Imagine o que seria o nosso similar minhocônico do High Line, mantido pelo poder público ( em área de baixa renda ), com os problemas estruturais do viaduto que já se mostram insidiosamente crescentes, e nenhuma reurbanização radical no entorno ( que incluísse até a utilização racional das margens da via férrea da Barra Funda – já sendo dominada pela especulasção imobiliária – e toda a várzea do Tietê, aliás ), e que consiguisse, inclusive, redirecionar o fluxo violento de trânsito, que passaria pra baixo do elevado, pura e simplesmente.
 
– Manter vivo, saudável e frondoso um jardim suspenso ( como já bem sabiam os babilônicos ! ) é tarefa penosa e caríssima, que exige observação e ação constantes. Uma única estação do ano sem adubação abundante e rega frequente bastam para que tudo morra, até devido à pouca quantidade de terra ( rapidamente exaurível em nutrientes ) possível de acumular em floreiras e canterios sobrepostos à estrutura. Já posso até ver um desertto de galhos, gramadinhos, raízes e tronquinhos secos, mal cuidados, arrancados, mijados e esquecidos, imediatamente passado o período de novidade deslumbrada e politicagem !… Até o jardim existente no topo da Prefeitura ( Palácio Matarazzo ), como já pude constatar mais de uma vez, é ‘sofrível’ em sua manutenção e aparência, desde sempre !
 
– Se há algo de que o Minhocão não precisa é qualquer tipo de acúmulo de água, seja ela esporádica, natural ou – o que dirá – intencional, como teria que ser na terra plantada !!! A eterna drenagem capenga seria, sim, contornável, mas ao custo de uma quase recosntrução total. O mesmo dinheiro podeeria ser empregado em soluções muito mais profundas no tecido urbano do bairro, organicamente pensando-se em todos os problemas a serem reuqacionados juntos e resolvidos.
 
– Sem falar em bancos quebrados, grades entortadas, tábuas perigosamente lascadas etc etc. Vide a já citada Pça Rossevel, menos de um ano após a reinauguração.
 
Pra concluir: Nosso execrável Minhocão, com seu desenho escabroso e sua péssima qualidade construtiva, seu caráter memorial escroto, insensível, tecnocrático, ditatorial, militarista e Malufista, sob qualquer ponto de vista possível, deve ser pronta e totalmente DEMOLIDO !
 
Se quiserem, depois, transformar a Av.S. João/ General Olympio da Silveira em parque linear, calçadão etc, enterrar os carros e ônibos num imenso túnel ( à la Boston ) ou, ao menos, redesenhar toda a circulação de trânsito nas ruas e avenidas paralelas adjacentes, aí, sim, ótimo !
 
Mas, pra começar, implosão JÁ !
 
Esta é minha sincera e muito meditada opinião !
 
Bjs,
 
Carlos Fernando

 

Redação

31 Comentários

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  1. Tudo bem melhorar o

    Tudo bem melhorar o transporte publico, mas piorar a locomoção de carros propositadamente para estimular a deixa-lo na garagem é absurdo

    É fato que só se terá a solução do transito em São Paulo com o transporte coletivo, mas pequenas obras, como mudança de conversões e sinais inteligentes foram totalmente abandonados pela prefeitura.  Vejam o caso da Av. Dr. Arnaldo, é só antecipar a conversão a esquerda para o Pacaembu em 100 metros que melhoraria o transito e aliviaria até a  Heitor Penteado

    O Prefeito quer bater recordes de KM em corredores de onibus, mas  se esquece do bom senso

    1. N’ao sei se você percebeu,

      N’ao sei se você percebeu, mas você falou m#rd@.

      “o prefeito… se esquece do bom senso”?

      Não é compatível: ou carrinhos particulares de um monte de gordos, consumistas, egoístas, individualistas e transgressores das regras básicas de trânsito ou ônibus. Bom senso é priorizar o transporte público em detrimento do individual. No caso do prefeito(a) de SP, como ele administra apenas os ônibus, é o que ele DEVE fazer, ou seja, mais e mais corredores, aliás, têm que tornar todas as principais ruas, no eixo central, corredores exclusivos, como na Rebouças (acho que é esta a idéia do atual prefeito)

      O resto é papo para você discutir com o Neto da Bandeirantes.

      1. Acho que o senhor não

        Acho que o senhor não entendeu bem meu comentario.  A questão é que até agora a Prefeitura não fez nenhuma obra para melhorar o trafego de carros. o uso de carros é sim necessrio e deve ser um direito do cidadão.  Não defendo obras caras como tipo tuneis. Exemplifiquei de forma clara uma obra quase sem custo.

        Sobre seu preconceito contra gordos, gostaria de afirmar que tenho apenas 15% de massa gorda tendo 86 kg e 1,82.  E se eu fosse preconceituoso, como o senhor, diria que quem usa bicicleta é pobre ou viado, o que obviamente não é verdade

        1. Walter,
           
          Se você me chamar

          Walter,

           

          Se você me chamar de viado e/ou pobre, não é uma ofensa, então, fique à vontade.

          Pode ser coincidência, mas me parece que as pessoas que andam de carro em geral são mais gordos, além de apressadinhos.

          A maioria dos ciclistas que conheço, como eu, infelizmente, são quase todos de classe média. Pobre, por incrível que pareça, andam de carro, pois moram longe e a maneira, muitas vezes, mais econômica e ágil de chegar ao trabalho, é de carro, ao custo de serem escravo do carro, de terem de acordar três horas antes, de chegarem três horas depois, etc. Uma parte também considerável, usa transporte público (metrô, ônibus e trêm)

          Não existe esta “disputa” entre carros e bicicletas (ainda), pois as bicicletas são desprezíveis em número. Só aparecemos nas manchetes policiais, de mortes e atropelamento, mas não é isso que estamos falando.

          A prefeitura não fez nenhuma obra, não vai fazer e estamos discutindo aqui, destruir o minhocão, ou seja, diminuir ainda mais, para o teu desespero de “cidadão”, os espaços para carros particulares. Eu que não estou entendendo?

          Parece que aqui no blog, as pessoas têm lado. Como você deixou bem claro o teu lado, que é o do cidadão. Pois bem, vou colocar o meu lado:  que os ônibus coletivos, sejam portadores de câmeras de alta definição, para flagrar e multar os carros particulares, seja pelo uso indiscriminado de celulares enquanto dirigem, seja pelo não respeito aos semáforos, guinchar os carros nas calçadas, multiplicar por 100 a zona azul (tanto em valor como em extensão), aumentar o rodízio de veículos tanto o número de placas, quanto a região quanto extender o horário.

          Por último, instalar pedágio urbano para financiar o transporte coletivo de qualidade e barato. Assim, quando for permitido, você vai poder andar à vontade com o seu carrinho particular de “cidadão”, provavelmente sem congestionamentos, mas vai ter que colocar a mãozinha o bolso para uma cidade mais humana, mais solidária, mais até “cidadã”, o que você acha?

          1. Ando de carro pois necessito.

            Ando de carro pois necessito. Andar de carro não é um desejo em si, é uma necessidade. Creio não ter a vida assim tão tranquila como a sua que possa andar de bicicleta para meus compromissos.  Alguem quer ficar 3 horas diarias enlatado ??? Sobre o minhocão, se demolirem, a cidade para. Simples assim. E sabem quem deu esta ideia ?? Seu criador. O Maluf ao defender sua criação, de forma ironica, sugeriu que o implodissem. Desde então, como genio do mal, conseguiu matar a discussão.   Sobre bicicletas, acho um absurdo compartilhar o mesmo espaço com carros em vias onde a velocidade maxima ultrapasse 40 Km/h.  O risco de acidentes é muito alto. As ias para bicicletas então devem ser exclusivas nestes casos. 

          2. Ia me esquecendo, sobre

            Ia me esquecendo, sobre instalar pedagio, sou favoravel pois tambem é uma medida que a maioria das cidades desenvolvidas, com pouco espaço, adotaram

            O duro é que se  os tucanos voltarem, vão privatizar e 50% vai para a empresa privada gerir o negocio

            Mas demolir o minhocão sem outra alternativa para a zona oeste ou bicicleta em vias de alto fluxo como a Paulista, não

          3. São Paulo não depende do Minhocão

            Caro Walter,

             

            Cheguei tarde a esta discussão. Mas apenas me permita dizer 2 coisas:

             

            1 – O mesmo trajeto do Minhocão é percorrido por linha de metrô e corredor de ônibus. Existe, sim, alternativa pra quem dirige pelo Minhocão.

             

            2- Veja nesta matéria do Estado que, por conta de um carro quebrado, o MInhocão congestionou já no dia de sua inauguração: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,como-era-sao-paulo-sem-o-minhocao,9070,0.htm 

             

            Ou seja…. o MInhocão É o trânsito.

  2. “…sob qualquer ponto de

    “…sob qualquer ponto de vista possível, deve ser pronta e totalmente DEMOLIDO!” 

    Ontem estive no centro do Rio. Após o compromisso, dei um rolé na praça XV. Fiquei um tempo sentado no entorno da estátua de D.João VI observando o viaduto da Perimetral. O monstrengo divide a histórica praça ao meio.

    No projeto original de demolição do viaduto estava prevista somente a derrubada da parte localizada na zona portuária. O prefeito decidiu em boa hora demolir tudo, do aeroporto Santos Dumont a Rodoviária Novo Rio. O sumiço da Perimetra da paisageml permitirá aos visitantes e transeuntes da praça a visão de prédios históricos como o Paço Imperial e a restaurada antiga Catedral da Sé . O ideal é que o anexo da ALERJ fosse derrubada também. Dizem que existia um projeto de mudança para o prédio da Bolsa de Valores, mas o preço alto inviabilizou.

    Não vejo a hora de poder fazer uma caminhada das praças XV e Mauá  pela orla da baia sem o monstrengo. No caminho, além dos citados, teremos a visão da Candelária, CCBB, Casa França-Brasil. Entrando na área da Marinha, que espero seja liberada a ciclistas e pedrestes, e dando uma olhada para o morro , está lá o centenário Mosteiro de São Bento. Logo depois da ponte de acesso a ilha das Cobras, teremos uma visão espetacular e privilegiada do museu do Amanhã, obra em construção projetada pelo espanhol Calatrava. E por fim, a renovada zona portuário, o Porto Maravilha. 

    “Museu do Amanhã”

    http://www.youtube.com/watch?v=pU2A9Fq3XQs

    “Pedro Pedreiro” de Chico Buarque com Carlos Fernando & Toninho Horta  (vídeo by Lucianohortencio)                

     

    http://www.youtube.com/watch?v=VIgRLmQA5l0              

    1. Devolver a cidade a sua

      Devolver a cidade a sua civilidade e simbologia. Acabar com estes simbolos do arbítrio político e automotivo.

      E viva o fim de Toda Perimetral do Rio !

    2. A cidade vai dar um nó, o

      A cidade vai dar um nó, o centro do Rio vai entrar em colapso, mas vai ficar liiiiindo!
      A Av. Venezuela não anda durante todo o dia – nunca andou! não é por conta dos recentes canteiros de obras, não! No sentido contrário, a Pres. Antônio Carlos/1º de Março também é parada o dia todo, até a Candelária. Do “mergulhão” da Praça XV pra frente também fica um caos todo dia nos horários mais divertidos. 
      Na hora do ‘rush’, além delas, a Perimetral – que flui tranquila o resto do tempo – também enche e pára. Mas como ela é muito feia, boba e chata, vamos fazer o seguinte: a gente pega todos os ônibus e carros que estão vindo do Norte pela Perimetral e joga na Venezuela junto com os que já tornam esta avenida intransitável rotineiramente; depois a gente pega todos ônibus e carros que estão vindo do Sul pelo Aterro e pela Beira-mar e os obriga a entrarem junto com os que já lotam a Antônio Carlos/ 1º de março e o mergulhão da Praça XV.
      Imaginou que fantástico vai ser isso?!!
      Nenhuma linha de metrô passa pela região, não há sequer projeto disso e o novo tunelzinho ligando os dois lados do morro de São Bento passa em baixo da Praça Mauá, local óbvio para a construção de uma estação de uma eventual linha de metrô. Ou seja, não só não tem metrô hoje, como nunca mais poderá ter.   
      Ah, mas há um projeto de bondinho/VLT, como se o Rio de Janeiro fosse uma cidade do tamanho de Petrópolis, que obviamente não atende… Alguém esqueceu de dizer para o prefeito que se ele e o segundo colocado na eleição tiveram juntos mais de 3 milhões de votos, então é porque o Rio de Janeiro é uma cidade de, no mínimo, 3 milhões de pessoas. Um assessor mais cuidadoso iria consultar o site do IBGE e descobrir que o Rio tem cerca de 6 milhões e meio de habitantes, fora Niterói (~ 500 mil), Caxias (~ 860 mil), Nova Iguaçu (~ 800 mil), Nilópolis (~ 150 mil), etc., etc. 
      O Rio vai deixar de ser um centro metropolitano pra virar um balneário, A cidade talvez fique boa pra quem vive de renda ou brisa do mar.  
      E vamos aplaudir enquanto o elevado da Perimetral é DEMOLIDO!
      Somos mesmo num país de relativamente incapazes.

  3. Alexandre , assino embaixo,

    Alexandre , assino embaixo, se quiser ajudo implodir aquela mostruosidade que desvalorizou e acabou com uma região totalmente urbanizada, O pior é a proposta manter “aquela tranqueira” como jardim suspenso,imagino que um dia possa voltar  a “luz  solar para quem vive ali” como faz falta arquitetos lucidos como vc. Parabens pela sua iniciativa.

  4. Minhocão

    Bom dia!

    Não conheço a cidade São Paulo. Não faço ideia doq que seja o minhocão

    Apenas um pitaco: Pq não implantar no minhocão – substituindo os veículos motorizados- um sistema de transporte coletivo do tipo que foi apresentado recentemente em Porto Alegre; sem barulho, sem poluição etc ? É viável? Fala Nassif!

    1. O minhocão é uma avenida com

      O minhocão é uma avenida com dois pavimentos. No qual o pavimento superior é sustentado por pilares centrais e laterais assentados no pavimento inferior (chão).

      O problema é que ele não é continuo, acho que deve ter uns 3 quilômetros. Além disso, foi construído “recentemente” (acho que é da década de 70). Logo, os prédios de primeiro/segundo andar ficaram com um bloco de concreto da fuça. Fora o barulho e a poluição. Não que isto não acontecia antes e em outros lugares, mas piorou para quem mora exatamente ali.

      De fato foi construído para passar mais carros, o que é outro problema. Pois além de caro, esteticamente abominável, os congestionamentos continuam piores.

      Como estamos vencendo a ditadura dos carros, esta idéia está ficando cada vez mais forte, ou seja, derrubar.

      Só lembrar que parte das reinvidicações dos moradores, foram, com o tempo sendo admitidas, como fechar depois das 22h00. Domingo, o dia inteiro, é uma área lazer.

      E o fato de você nunca ter vindo a SP, não perdeu nada. Aqui não tem nada de interessante. Prefiro mil vezes POA

  5. Minhocão asfixia e mata vizinhança

    Bom dia a todos,

    Morei alguns anos no edificio sede da Casa do Estudante de Direito (do CA XI de Agosto), na Av. São João, que fica localizada defronte ao Minhocão.

    Meu apartamento ficava no quinto andar e o minhocão ficava na altura do terceiro andar.

    Era uma condição de vida horrível. Precisava deixar as janelas (venezianas) e vidraças fechadas o dia inteiro para que a fuligem produzida pelos veículos não entrassem no imóvel.

    Caso abrisse as janelas ou vidraças no horario de funcionamento do minhocão para entrar um pouco de ar, o chão; as camas e demais objetos acumulavam muita fuligem e também seria dificil ligar algum ventilador, pois a poeira se espalharia ficaria suspensa no ar.

    Somente no horário noturno, durante o fechamento do minhocão, se podia abrir as vidraças para que entrassem um pouco de ar fresco (?). Entretanto, devido ao acúmulo de fuligem nas venezianas ao longo do dia também entrava um pouco de fuligem.

    Ficava feliz quando chovia, porque a quantidade de fuligem era menor.

    A poluição sonora elevada e estressante o dia inteiro também provocava irritação constante e impedia que se falasse ao telefone ou se assistisse TV, salvo com som muito alto.

    Felizmente minha tortura durou poucos anos, mas fico imaginando quanto doentes e mortos são provocados pela poluição sonora e fuligem respirada por muitos moradores; comerciantes e trabalhadores que não podem se mudar para um local menos insalubre.

    1. Só lembrar que s situação que

      Só lembrar que s situação que você descreveu é a situação de qualquer apartamento/casa numa grande avenida/rua de SP.

      O minhocão apenas piorou para os primeiros andares, mas mesmo sem minhocão, a situação não seria diferente ali naquela avenida.

  6. O Minhocão é um desastre

    O Minhocão é um desastre total!!   A demolição é a única saída.  Há prédios antigos maravilhosos ao seu redor……que foram simplesmente largados…..demolindo o minhocão e deixando para a  iniciativa privada, comprar os edifícios que lá já existem, promovendo um retrofit, seria uma ótima  saída. 

  7. Concordo integralmente com o

    Concordo integralmente com o texto. Lembro que essa discussão de desmonte (ou implosão) do minhocão existia durante a gestão da Marta e que foi simplesmente abandonada pelos prefeitos que a sucederam.

    Concordo que o minhocão é uma aberração malufista e militarista. Deveria ser eliminado do nosso espaço e ficar apenas na triste memória fotográfica.

    Mas cá entre nós, quem disse que qualquer discussão em qualquer programa de tv (qualquer empresa) tem alguma consistência?

    Eu não perco meu tempo com essas baboseiras que passam na tv, realmente não servem para nada.

    1. Demolição do Minhocão Paulistano

      O problema é que esta discussão está num programa que está tendo razoável repercução. Já há a pagina do FB a favor do parque com uma visão bem pequena e sem nenhuma auto crítica. Política urbana se faz participando é nestas coisas mesmo que muitas vezes esteja na Rede Sonega

      1. Alexandre você tem razão.
        Eu

        Alexandre você tem razão.

        Eu tenho essa mania de querer detonar tudo que diz respeito à tv em geral.

        As vezes esqueço que certas coisas tem sim que serem discutidas com maior abrangência.

        Valeu pelo texto do Carlos Fernando que você trouxe.

  8. Eu não tenho opinão

    Eu não tenho opinão formada. 

    Por exemplo, se o problema é que enfeia a cidade. Isto é papo de classe média decadente. A cidade é feia, muito. Injusta, violenta, egoísta, corrupta (no sentido das regras básicas de convivência, especialmente dos motoristas de carros). Logo, com ou sem o minhocão, a situação, para mim é a mesma. Se o problema da cidade fosse esse o minhocão, eu concordaria em derrubar, mesmo que na marra. Mas os problemas da cidade passam bem longe do minhocão, literalmente, que é a situação de quem vive as periferias da cidade.

    Agora, derrubá-lo é também um significado político, pois foi feito no contexto de caber mais carros. Se você derruba, combinado com mais restrição aos carrinhos dos gordinhos, aumentando ainda mais os corredores de ônibus, propondo uma ampliação do metrô, aí sim cabe.

    E por favor, parem de comparar a cidade de São Paulo com as cidades européias/estadunidenses. As cidades do Brasil são verdadeiros lixos, com raríssimas exceções. Tanto é um lixo, que o grosso da classe média, quando vão viajar, não viajam pelo Brasil e sim para o exterior, não só porque são colonizados/abobados e adoram gastar no exterior para ficarem falando pelos cantos, mas também porque as cidades europeias/estadunidenses, são bem confortáveis, especialmente as europeis. Como sinto saudades de Moscou e Berlin

    1. O Minhocão Demolido

      Paulo Henrique

      A cidadania se faz com opinião sobre a cidade. Num momento que a cidade se questiona, que as ruas se movimentaram basicamente para garantir a mobilidade dos cidadãos fica difícil não pensar em propor que cidade queremos. 

      Do ponto de vista urbano o minhocão sempre foi um equívoco e não é de hoje que se quer a demolição. Se é algo que é realmente classe média é transformá-lo em jardizinho bonitinho. Detoná-lo para recuperar um tecido urbano que já tinha uma enorme quantidade de capital econômico humano e cultural investido e foi simplesmente desvalorizado e jogado no lixo é uma atitude civilizatória na minha opinião e, buscar embelezar a cidade não é “burguesice” é civilidade novamente.

      O que o texto fala com razão é que existe todo um “bucxixo” a respeito de transformá-lo num parque e usa-se o High Line de NY como comparação. Uma comparação equivocada, em escala, historicidade, simbologia e especificidade. Sempre se fala do parque em cima e nada sobre o parque embaixo e toda deterioração que implíca.

      1. Alexandre,
         
        Eu não sou

        Alexandre,

         

        Eu não sou religioso, pelo contrário, sou ateu.

        Então, acho que concordamos no mérito, mas não nos argumentos usados (talvez não por você).

        A cidade de SP é um lixo, assim como quase todas, especialmente as grandes cidades brasileiras. Só na propaganda o Rio é a cidade maravilhosa, como? do Galeão ao centro, por quase 20 km, é quase tudo favela, lugar feio, violento, etc. SP, se você for para as periferias é de chorar. Então, não me venham com argumentos que viram na Globo.

        Outra coisa, a classe média quer uma cidade limpa, despoluída, com um transporte de qualidade, com calçadas largas, sem violência, mas…

        Quer andar com seus carrinhos, não querem respeitar as regras básicas de trânsito, são truculentos com os pedestres, com idosos, colocam seus carrinhos na calçada, estacionam sem pagar um único centavo em espaços públicos e ainda não querem pagar para os flanelinhas, fecham as ruas, sempre acham que pagam muito imposto, colocam suas portarias nas calçadas, etc etc, etc. Talvez esteja fugindo um pouco do assunto que é o minhocão. Mas o que quero dizer é: o que nós da classe média podemos/devemos fazer além de reclamar que somos vítimas (quando não somos).

        O minhocão foi feito para os carrinhos dos gordinhos passarem, inclusive os que moram na rua do minhocão, então: somos vítimas ou algozes ou as duas coisas? e o que devemos fazer para mudar?

        1. Mas entre demolir e não.

          Mas entre demolir e não. Demula-se. A pesquisa já deu que 61% topariam largar o carro se o coletivo fosse digno. A hora de discutir estas questões é agora. E sim as cidades são em sua maioria feias por isto qualquer coisa na direção de embeleza-las já é um bom começo de discussão.

  9. Que os avalistas do Minhocão arquem com seus custos!
    Nassif, depois de ler que o empreendedor imobiliário  Kassab pretende concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, entendi a razão pela qual a Globo deu destaque à demolição do Minhocão – que, aventada por Erundina foi encampada por Serra e seu sucessor, que em maio de 2012 a transformou em pedra angular de seu projeto imobiliário Nova Luz, pelo qual a Odebrecht e a Company S/A teriam 103 mil metros quadrados dos 269 mil metros quadrados que separam a Lapa e o Brás para construir empreendimentos imobiliários voltados para quatro milhões de pessoas que trabalham no centro e hoje moram nas zonas Leste e Sul. Para supostamente acabar com a Cracolândia, prometia construir uma nova ligação Leste-Oeste sobre 12 quilômetros de trilhos ferroviários da CPTM e com isto, segundo dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos e Projetos), haveria uma valorização de 54% no preço do metro quadrado dessa área e seu retorno à condição de ponto nobre do mercado imobiliário paulistano. Desde que os 3.400 metros de extensão do Minhocão sejam destruídos, deixando de lançar sombra, ruído e poluição do ar principalmente numa faixa de 700 metros de largura ao longo de seu traçado, que desde sua inauguração, em 1971, já foi até chamada de “faixa de Gaza”, tamanha a degradação que sofreu. Entendi, voltando ao início que a Globo – que por conta do Minhocão teve de abandonar sua antiga sede no centro e ocupar o território da antiga favela do ribeirão das Águas Espraiadas, varrida do mapa após sucessivos incêndios durante as gestões Maluf/Pitta – está apenas consolidando, via Pedro Bial, a principal plataforma de Kassab, que vem a ser o fim do Minhocão e, em troca, a recuperação de 2.145 hectares para a especulação imobiliária. Com uma vantagem indiscutível: o Minhocão realmente é uma ferida horrorosa do tecido urbano e sua demolição tem o condão de atrair simpatizantes de todos estratos sociais, principalmente daqueles que desconhecem que o seu custo pode ultrapassar o custo de sua edificação, que no final dos anos 1960 foi considerado um dos mais caros do mundo, tão superfaturado quanto a atual avenida Roberto Marinho, antiga Águas Espraiadas. Com pilares gigantescos que ultrapassam os 20 metros de profundidade, inviabilizando a construção de túneis para o metrô ou tráfego motorizado, o Minhocão consumiu quase um milhão de sacos de cimento, dez mil toneladas de aço e ferro e ao contrário do que já se disse, não há como reaproveitar seus blocos maciços de concreto, da mesma forma como não há espaço viário capaz de acomodar e dar vazão aos 99.000 veículos que o utilizam todos os dias, segundo a CET. Por todas essas razões, sua desconstrução não é prioritária em uma metrópole que deveria ter 400 quilômetros de linhas de metrô e só possui 65 quilômetros. No entanto, como o Instituto de Engenharia foi o seu grande avalista nos anos 60 – contrariando o Plano Urbanístico Básico e todas as vozes que se ergueram contra a sua monstruosidade, desafiando a ditadura – a população merece ser ressarcida: por quê o IE e as grandes empresas de engenharia que o compõem não assumem o custo de recuperar o que ele destruiu? Para começar, poderiam ajudar a Prefeitura a revisar e aprovar o Plano Diretor Estratégico paulistano, caduco desde o ano passado, bem como novos códigos de Zoneamento e de Obras, uma vez que os atuais datam de 2004 e 1992. Antes disso, porém, o IE e a Fiesp bem que poderiam ajudar a cidade a recuperar a instância co-responsável por todas essas aberrações, qual seja, a Câmara Municipal, Ou será necessária uma Comissão da Verdade sobre os Crimes contra o Patrimônio Público para que os multimilionários associados do Instituto de Engenharia assumam a responsabilidade de terem sido avalistas e principais beneficiários dessa e outras obras faraônicas erigidas em plena ditadura?

    1. Minhocão

      São Paulo não tem, lógico, uma obra só para ser feita.

       Demolir o minhocão demandaria a revisão urbanistica da área.

      A área já é alvo de especulação e  melhor resolver com desenho.

      Os 99 000 carros já havia a proposta de desviar para os trilhos da fepasa p. ex.

      Sim é possível fazer o túnel mesmo com as estacas a mais de 20m …já existe engenharia para isto e provavelmente mais barata que cruzar debaixo de rio.

      Com certeza a grana do Maluf que já está presa deve sim dar para fazer parte disto.

      O local que tem ótima infraestrutura é deteriorada pelo minhocão.

      Os ganhos urbanos da DEMOLIÇÃO  valem a pena.

      1. Via expressa no lugar de metrô e ferrovia, não!
        Pois foi isso que o Kassab disse ao defender a implosão do Minhocão e demais entraves à implementação do Nova Luz, esquecendo-se de que substituir o metrô e a ferrovia por uma via expressa é mais que uma triste piada sobre o paulistano bronco e ignaro que financia tais descalabros. É um blefe, pois a citada via expressa Lapa-Bras não substitui ou absorve o tráfego do Minhocão, que desceria ao rés do chão viário para agravar o engarrafamento diário, a média diária de congestionamentos de 260 quilômetros de veículos subiria, assim como as 3,5 horas gastas entre a casa e o serviço pela maior parte da população. Implosão, não: as fundações dos prédios vizinhos ao elevado não suportam mais abalos, sua demolição teria de ser cuidadosa e onerosa, sob pena de desabamentos e solapamentos ruinosos nas chamadas áreas envoltórias. Todos esses riscos foram elencados pelos técnicos contrários à sua construção, em 1969/1970, porém não houve oitiva, Maluf construiu a obra em 11 meses, principalmente depois que anunciou que lhe daria o nome do marechal Artur da Costa e Silva, que morrera de derrame cerebral em dezembro de 1969 e foi substituído pelo general Garrastazu Médici. Passados 42 anos de sua inauguração, o elevado com nome do pior dos ditadores militares do golpe de 1964 não pode ser destruído como uma espécie de desagravo ideológico ou revanche contra o malufismo, primeiro por ser uma demolição que favorece a especulação imobiliária e as mesmas empreiteiras, como a Odebrecht, que mais lucraram com o Brasil Potência da ditadura; segundo por ser obra que no mínimo custará R$ 4 bilhões, o suficiente para construir 20 quilômetros de linhas de metrô, ou seja, um terço da atual rede em operação. Desativar os trilhos metroferroviários da CPTM e da linha 3 Vermelha Corinthians/Itaquera – Barra Funda para construir uma via expressa dispensa comentários, assim como o custo de relocá-los para túnel a ser aberto no solo de várzea da região, semi-contígua ao Tietê. Em resumo, engenharia e tecnologia não é problema, mas, sim, seu custo numa metrópole carente de tudo, principalmente depois que Maluf e sucessores deixaram a Prefeitura endividada e cada vez mais entregue aos especuladores. Os US$ 200 milhões de Paulo Maluf que a Justiça internacional bloqueou no paraíso fiscal das Ilhas Jersey não fazem diferença nessa contabilidade bilionária. razão pela qual repito a sugestão de se criar uma Comissão da Verdade para os Crimes contra o Patrimônio Público, exigindo-se de seus beneficiários o ressarcimento dos cofres públicos e a reparação dos danos infligidos à coletividade. Isto, sim, é fazer justiça, punir quem lucrou e lucra com o propinoduto da Alston, Siemens e de um mercado imobiliário corruptor por excelência, sem precisar engrossar a campanha eleitoral de seu candidato ou corretor.

  10. Demolição do Minhocão Já

    Será que se naquela época a imprensa fosse livre o Minhocão seria construído ? Símbolo da ditadura, é uma aberração arquitetônica, querem transformar em parque até o momento em que jogarem um cidadão de cabeça na avenida lá embaixo, quem vai garantir a segurança dos frequentadores ? , “DEMOLIÇÃO JÁ”, não precisa nem pensar, embaixo dele é local mais ermo e inóspito que conheço em São Paulo, seria lindo ver uma bela avenida com canteiro central arborizado no lugar deste viaduto.

  11. Sou favorável a demolir o

    Sou favorável a demolir o minhocão e não criar um parque suspenso.Tenho dúvidas sérias se um parque seria sustentado pela estrutura do viaduto,além de acumular água e precisar de manutenção constante.Mas creio que a demolição do minhocão deva ser feita num contexto de planejamento global da mobilidade urbana na cidade, com a criação de mais linhas de metrô  ,modernizaçãoe ampliação do sistema de trens e criação de sistemas de média capacidade,como linhas de bondes(VLTS) e corredoresde ônibus operados por veículos não poluentes.Entendo que  a degradação atual do minhocão  e do Parque dom Pedro,por exemplo, tem forte influência dos viadutos que foram feitos lá.Só vai recuperar se  demolir mesmo.Não sei se uma nova ligação leste-oeste seria viável.Entendo que a prioridade seja investir no metrô e também criar polos de desenvolviemnto em regiões mais populosas,como a Zona Leste,por exemplo,evitando ,assim, grandes deslocamentos de veículos.Tanto no caso do minhocão, como no parque dom pedro, deve se buscar recuperar o desenho urbanísitico que tinha há uns 70 anos atrás, com mais áreas verdes e praças.

    Minha sugestão,lomgo prazo:

    1) Criar uma nova linha de trem subterrânea da CPTM ,entre a estações Lapa da CPTM e a Penha do metrô,passando por baixo das atuais , o que aumentaria muito a  capacidade de transporte  leste-oeste.

    2) agilizar  a construção da linha 6 do metrô, no seu trecho total ,entre a Brasilândia e  Cidade líder.

    3) prosseguir na modernização das linhas de trens da CPTM.

    4) uma outra linha de metrô leste-oeste, saindo da Lapa,passando  pela  Av MArques de  São vicente,bom retiro, estação tiradentes,pari,largo da concórdia, av celso garcia, até a região do itaim paulista.

    5) fazer um corredor de ônibus entre o parque dom pedro e itaquera,pela av radial leste-oeste.

    6) criar linhas de ônibus circulares, não poluentes, no centro,integrando os corredores de ônibus e linhas de metrô e trem.

    7) no lugar do minhocão,onde têm hoje as pilastras que sustentem o viaduto, fazer uma linha de bonde ligando a lapa até o braz.

    8) outras linhas de metrô mais curtas,ligando a linha leste oeste à região da paulista.Uma linha poderia sair da Vila Gulherme(Zona Norte),passar pela estação bresser e dali ir até a estação paraíso.

    9) agilizara cosntrução do trecho vila prudente-dutra da linha 2 do metrô.

    10) extender a linha 2 do metrô até a estação leopoldina da linha 8 da CPTM.

    11) corredores de ônibus complementares na  AV Celso Garcia, com término no parque dom pedro.

    12) deslocar o terminal dom pedro para próximo da estação de metrô Dom Pedro.

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