Privatizações e concessões contrariam imagem de gestor de Doria

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Da Rede Brasil Atual

Plano de privatizações e concessões contraria imagem de gestor de Doria
 
Para economistas, proposta pode ser danosa à população de São Paulo e prefeito poderia elaborar políticas para melhorar gestão dos locais
 
por Rodrigo Gomes

A proposta de privatizações e concessões de equipamentos e serviços públicos, anunciada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), é considerada uma demonstração de incapacidade de gestão pelo economista da Unicamp Guilherme Mello e pelo diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski. Para ambos, o projeto pode levar à exclusão da população mais pobre e ao sucateamento dos projetos menos rentáveis na cidade, além de ser uma forma de desobrigar o poder público a garantir acesso, estrutura e manutenção de serviços e equipamentos públicos para toda a população.

A gestão Doria anunciou em fevereiro, durante visita do prefeito a Dubai, nos Emirados Árabes, que o governo municipal pretende privatizar ou conceder a gestão de parques – inclusive do Ibirapuera, cartão postal da cidade –, serviço funerário, Bilhete Único, autódromo de Interlagos, estádio do Pacaembu, entre outros. Segundo a gestão, a cidade não tem condições financeiras de manter esses equipamentos e, com a parceria da iniciativa privada, a população teria acesso a serviços melhores. Porém, a gestão ainda não divulgou detalhes sobre a proposta.

“A iniciativa privada busca lucro. Pode prestar um bom serviço, desde que o ganho seja interessante. O poder público deve garantir universalização de acesso e o melhor serviço possível. São coisas que não se misturam. A privatização tende a causar problemas graves no futuro, porque se o lucro não crescer pode levar ao sucateamento ou a uma mercantilização cada vez maior do serviço. Tivemos um exemplo terrível, recentemente, nos presídios que foram privatizados. Crer que só por privatizar vai melhorar é um absurdo”, avaliou Mello.

Para ele, esse tipo de proposta busca transferir a responsabilidade da gestão dos equipamentos e da verba para a iniciativa privada. O que contraria o próprio discurso do prefeito, que na campanha dizia não ser político, mas um gestor. “Essa medida tira do poder público a capacidade decisória e aliena o povo de reivindicar políticas para aquele equipamento ou serviço, por que deixa de ser cidadão para ser consumidor. Se Doria foi eleito com um discurso de gestor, porque agora  abre mão de gerir?”, questionou Mello.

Para Grzybowski, o discurso de que o privado é melhor omite que o dinheiro utilizado pelo concessionário continua sendo público, só que administrado por uma organização de direito privado. Como no caso das Organizações Sociais de Saúde, que administram Unidades Básicas de Saúde e hospitais em São Paulo, mas que não investem no serviço, apenas administram o dinheiro público. “De onde vem o ganho destas organizações? De economia de dinheiro e aplicações de verba pública no mercado de valores. É o mesmo dinheiro que a prefeitura poderia trabalhar para administrar melhor. Mas que está gerando lucro sem melhoria nos serviços”, afirmou.

Outro risco é de as empresas criarem regras cada vez mais excludentes quanto ao acesso das pessoas aos parques, por exemplo. Eventos exclusivos, áreas de acesso restrito, podem ser utilizados como forma de garantir ganhos. Grzybowski lembrou também que muitas vezes a recuperação do serviço depois da concessão pode ser ainda mais onerosa para o poder público. “Se não houver o retorno esperado, a iniciativa privada vai buscar meios de economizar para garantir o lucro. E não vai hesitar em abandonar o projeto. Daí vai voltar pra mão do poder público para reconstruir”, explicou.

O diretor do Ibase defendeu que o melhor seria envolver os cidadãos na gestão do espaço, garantir que eles tenham controle sobre a aplicação dos recursos e as decisões. “Em vez de privatizar, porque não tornar mais público e colocar o povo para fiscalizar? Essa proposta é, além de tudo, antidemocrática. A participação pode ser muito mais efetiva do que a concessão. Até porque uma empresa certamente não vai querer intervenção da população nas suas decisões, que buscam ampliar os lucros”, concluiu Grzybowski.

 

Redação

7 Comentários

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  1. Das propostas do prefeito

    Das propostas do prefeito paulistano para concessões/privatizações, algumas me deixam sérias dúvidas:

    => o Anhembi: a cidade de São Paulo possui pelo menos dois centro de exposições nos moldes e dimensões do Anhembi (Expo Center Norte e Centro de Convenções Imigrantes); são de propriedade da iniciativa privada até onde sei; existem tantos eventos na cidade para ocupar todos essas estruturas? Quem na iniciativa privada irá investir no Anhembi?

    => Autodromo de Interlagos: o complexo abriga todos eventos programados com relativa comodidade e organização; para que não conhece, o Estado de São Paulo abriga outro autodromo mais novo, e na minha opinião, mais bonito e moderno – de propriedade da fabricante de automóveis Mitsubishi – no municipio de Mogi Mirim; algum investidor se interessa por Interlagos realmente?

    => Parques municipais: essa sem comentários, ainda mais em São Paulo, com seus 12 mihões de habitantes;

    => Bibliotecas municipais: de todas propostas do prefeito no campo de privatizações, essa foi a que me causou a maior estranheza; quais interesses realmente estão envolvidos? Ainda mais com a fama dos brasileiros serem pouco afeitos à leitura de livros….

    Prefeito João Dória, nos explique melhor suas propostas….

  2. Reconheço uma qualidade do Doriana:

    ele está implementando o que anunciou na campanha. Portanto quem o elegeu que aguenta as consequências.

    Quando motorista de táxi começa a reclamar dele, pergunto se votou nele: a resposta é um silencio que me poupa das idiotices oriundas das TV ‘s.

  3. A questão é que o ativista

    A questão é que o ativista Guilherme Melo e Cândido Grzybowski não são isentos.

    Outra questão é que ambos eram a favor da politica economica de Lula e Dilma que nos levou a recessão. 

    Não fale nada suas considerações.

  4. O prefeito é comprovadamente

    O prefeito é comprovadamente um excelente gestor. Provávelmente com essas privatizações e/ou concessões o resultado final para a população seja excelente. Na dúvida, o ideal seria que iniciassem por períodos curtos a título piloto, até porque é preferível pagar uma pequena taxa para entrar num Parque Ibirapuera limpo e com segurança.

  5. de onde veio a fortuna do joao doria

    Meu, a gente tem visto pessoas muito mais ricas do que o João Doria, algumas até que começaram de baixo sem ter recebido herança; mas SÃO PESSOAS COM TALENTOS ESPECIAIS para: O ESPORTE (como o Neymar, o Ronaldo Fenomeno e etc); A MUSICA (como o Michael Jackson, o Roberto Carlos e etc); A PINTURA (como o Romero Brito) e para INVENTOS (como o Bill Gates). – O que NÃO É O CASO DO DORIA, que disse que sua fortuna de 180 MILHÕES DE REAIS declarada ao TSE; provem de SEUS 45 ANOS DE TRABALHO. Então vejamos: SE O JOÃO DORIA COMEÇOU A TRABALHAR COM 17 ANOS, como ele mesmo disse; E SE TIVESSE UM SALARIO IGUAL AO QUE ELE GANHA HOJE COMO PREFEITO DE SÃO PAULO, desde aquela epoca com 17 anos; algo em torno de 30.000,00 mensais; em 45 anos de trabalho o João Doria TERIA UMA FORTUNA DE 17.550.000,00 (DEZESSETE MILHÕES E QUINHENTOS MIL REAIS). Uma FORTUNA SEM DUVIDA, mas QUE REPRESENTARIA APENAS 10% DA FORTUNA de 180 MILHÕES DE REAIS que ele declarou ao TSE. Então, de onde vem esta fortuna do Doria? – VALE LEMBRAR que durante a campanha dele à prefeitura de São Paulo, HOUVE DENUNCIAS DE QUE AS REVISTAS, “POUCO CONHECIDAS” DO DORIA do PSDB FEZ CONTRATOS com o GOVERNO ALCKMIN do PSDB e até com com VARIOS OUTROS GOVERNADOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DO PSDB DE OUTROS ESTADOS,  com “VALORES QUE SERIAM MAIORES DO QUE SE FOSSEM FEITOS COM REVISTAS MUITO MAIS CONHECIDAS COMO: A VEJA, A EPOCA E A ISSO É”. O que levantou A DESCONFIANÇA DE QUE OS GOVERNADORES E PREFEITOS DO PSDB, TERIAM FEITO CONTRATOS MILIONARIOS COM AS REVISTAS DO DORIA,que “APENAS O FAVORECEU”, pois OS ANUNCIOS PUBLICITARIOS FEITOS PELOS ESTADOS E MUNICIPIOS GOVERNADOS PELO PSDB, nas revistas POUCO CONHECIDAS DO DORIA, não seriam lidos como seriam lidos em revistas como:  a VEJA, A EPOCA E A ISTO, de modo que, “A INFORMAÇÃO DOS GOVERNOS E PREFEITOS DO PSDB, NÃO CHEGARAM ATÉ O POVO, como chegariam se fossem feitas NAS REVISTAS MUITO MAIS FAMOSAS E MAIS CONHECIDAS.

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