Documentário palestino-israelense vence o Oscar e denuncia genocídio

“No Other Land” conquista Melhor Documentário e leva questão palestina ao centro do Oscar 2025 com discurso arrebatador

Equipe de “No Other Land” sobe ao palco para receber o Oscar de Melhor documentário

do Vermelho

Documentário palestino-israelense vence o Oscar e denuncia genocídio na Palestina

por Cezar Xavier

O documentário “Sem Chão” (“No Other Land”) venceu o Oscar 2025 na categoria de Melhor Documentário, trazendo a crise humanitária na Palestina para o centro da principal premiação do cinema mundial. A obra, dirigida pelos palestinos Basel Adra e Hamdan Ballal e pelos israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor, denuncia a ocupação israelense e os abusos cometidos contra os palestinos na Cisjordânia e em Gaza.

Na cerimônia de entrega do prêmio, os diretores fizeram discursos contundentes. Basel Adra, ativista e jornalista palestino, destacou sua esperança por um futuro diferente para sua filha. “Minha esperança é que ela não precise viver a mesma vida que vivo agora — sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e os deslocamentos forçados que minha comunidade, Masafer Yatta, enfrenta todos os dias sob a ocupação israelense”, disse Adra.

Uma história de ocupação e resistência

“No Other Land” acompanha a jornada de Adra enquanto documenta a destruição de sua cidade natal, Masafer Yatta, localizada na Cisjordânia ocupada. O documentário também registra a amizade crescente entre Adra e Yuval Abraham, jornalista israelense, que passa a compreender a realidade da ocupação e a discriminação enfrentada pelos palestinos.

O filme já havia conquistado reconhecimento internacional antes do Oscar, vencendo o prêmio de Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema de Berlim em 2024 e o de Melhor Filme Não-Ficcional do Círculo de Críticos de Cinema de Nova York.

Tática de guerrilha para chegar ao Oscar

Diante da recusa de distribuidoras para exibir o documentário nos Estados Unidos, a equipe adotou uma estratégia “de guerrilha” para garantir sua elegibilidade ao Oscar. Os cineastas organizaram uma exibição independente de uma semana no Lincoln Center, em novembro de 2024, cumprindo os requisitos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para concorrer à premiação.

“Sem Chão reflete a dura realidade que temos suportado por décadas”, afirmou Adra. “Pedimos ao mundo que tome ações concretas para acabar com essa injustiça e interromper a limpeza étnica do povo palestino.”

Yuval Abraham também se manifestou no palco do Oscar, reforçando a importância da colaboração entre israelenses e palestinos em busca da paz. “Fizemos este filme juntos porque nossas vozes unidas são mais fortes. Vemos uns e outros a destruição atroz de Gaza e de seu povo, que deve acabar”, afirmou Abraham, que também pediu a libertação dos israelenses feitos prisioneiros após os ataques de 7 de outubro de 2023.

Repercussão e resistência

O discurso de Abraham também criticou diretamente o apoio dos Estados Unidos a Israel. “A política externa deste país está ajudando a bloquear esse caminho [da paz]”, declarou, sendo aplaudido pelo público. “Vocês não percebem que estamos interligados? Meu povo só estará verdadeiramente seguro se o povo de Basel for verdadeiramente livre e seguro. Não há outro caminho.”

A vitória de “No Other Land” no Oscar representa um marco para o cinema documental e para a causa palestina, colocando em evidência o sofrimento de milhares de pessoas sob a ocupação israelense. Apesar das dificuldades de distribuição e das resistências políticas, o documentário conseguiu romper barreiras e se consolidar como uma das obras mais impactantes do ano. Seu sucesso reforça a força da resistência palestina e a necessidade de manter o debate sobre a crise humanitária na região.

Ouça o discurso [clique aqui]

2 Comentários

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  1. “No Other Land” e “Ainda Estou Aqui”, também conquistaram um encontro não programado.
    Um encontro, porém e talvez, predestinado a possibilita-los a ampliar mundialmente
    voz e a ação do protesto justo e unânime.
    Protesto que é digno, veemente, merecedor, resistente e corajoso.
    Protesto duplo, vencedor, lúcido, autêntico e indignado contra a audácia do autoritarismo, da covardia, da ditadura, do colonialismo e das criminosas tentativas que fazem constantemente, para nos tornar eternos submissos e eternas vítimas, das suas eternas inconstitucionalidades.

  2. A guerra é um dos campos de investimento mais rentável e seguro. Os EUA vão lucrar demais com a guerra da Ucrânia, caso o Zé Lensky entregue o ouro ao Trump pela “ajuda militar” dada à Ucrânia. O financiamento da guerra pelos EUA era um empréstimo disfarçado de ajuda e cuja cobrança está sendo feita com taxa de juro é escorchante. Terras raras em troco de casca de alho.
    O Povo Ucraniano não merece nem o Zelenski nem seu batalhão de Azov e muito menos merece o Ocidente sugando-lhe a jugular

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