As tarifas de Trump e o Brasil, por Luís Nassif

Depois de um período maior de déficit comercial para o Brasil, nos últimos anos a balança comercial com os EUA se equilibrou.

Shutterstock

Vamos a um pequeno exercício em torno dos principais produtos das exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Os EUA respondem por 16,36% das exportações brasileiras, com um total de US$ 21,8 bilhões no acumulado de 12 meses até março de 2021, para US$ 40,3 bilhões em março passado. Mesmo com esse crescimento, aumentou pouco na pauta de exportações brasileiras: passou de 10,08% para 11,97%;

No mesmo período, as importações dos Estados Unidos passaram de US$ 26,7 bilhões para US$ 41,9 bilhões. E o saldo comercial saiu de US$ 4,9 bilhões negativos para US$ 1,7 bilhão negativos.

Depois de um período maior de déficit comercial para o Brasil, nos últimos anos a balança comercial com os EUA se equilibrou.

Mesmo assim, a dinâmica de exportações brasileiras para a China é bem mais forte.

Dos Produtos exportados para os Estados Unidos, o maior grupo é de Bens Industriais Elaborados, com US$ 15,5 bilhões, respondendo por 29,29% do total do grupo.

Há um peso grande no grupo Equipamentos de Transporte Industrial, de 40,34%, mas em um volume menos expressivo, de US$ 2,6 bilhões.

Vamos ao grupo de maior peso, Insumos Industriais Elaborados.

Entram nesse grupo:

  1. Maquinário e Equipamentos Industriais:
    • Tornos, prensas, compressores, sistemas de esteiras automatizadas.
  2. Veículos e Componentes Automotivos:
    • Motores, transmissões, chassis, automóveis, caminhões.
  3. Equipamentos Eletrônicos Industriais:
    • Controladores Lógicos Programáveis (CLPs), sensores de aplicação industrial, inversores de frequência.
  4. Equipamentos de Informática e Telecomunicações:
    • Servidores, roteadores para uso industrial, sistemas de automação industrial.
  5. Produtos Químicos Complexos:
    • Fertilizantes de formulação específica, resinas sintéticas, tintas para uso industrial.
  6. Materiais de Construção Processados:
    • Cimento, produtos cerâmicos industriais, estruturas metálicas pré-fabricadas.
  7. Produtos Metalúrgicos Avançados:
    • Ligas metálicas especiais, peças usinadas de precisão, chapas galvanizadas.
  8. Instrumentos de Precisão e Equipamentos Médicos:
    • Equipamentos de diagnóstico médico, instrumentos de medição eletrônicos, balanças de uso industrial.

Mas quando se analisa o desempenho dessas exportações, nos últimos 48 meses, nota-se que o maior crescimento (em US$) foi para os Estados Unidos, seguido da China e da Holanda.

Em termos percentuais, a maior variação também foi para os EUA.

Em desempenho, percebe-se uma linha de tendência positiva para EUA, China e Holanda.

No grupo Combustíveis e Lubrificantes Básicos, a China lidera, mas os EUA adquirem um volume expressivo, de US$ 5 bilhões no acumulado de 12 meses.

No gráfico de linha, nota-se crescimento em alta das exportações para EUA, Holanda e China e estagnação para a Argentina.

Outro ítem é Alimentos e Bebidas Elaborados, destinados principalmente à indústria. Mas os EUA respondem pela compra de apenas 6,6%.

Mas adquirem US$ 3,1 bilhões em Bens de Capital

Entram aí Máquinas e equipamentos industriais, como máquinas de engenharia civil, como escavadeiras e carregadeiras; Aeronaves e peças aeroespaciais; Produtos siderúrgicos semi acabados, como ferro e aço semiacabados; e Equipamentos elétricos e eletrônicos: Incluem-se motores elétricos, geradores e outros equipamentos utilizados em diversas indústrias. Finalmente, Instrumentos médicos e de precisão: Equipamentos utilizados na área médica e em processos industriais que exigem alta precisão.

Leia também:

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Poderia explicar (explicitar?) para os alunos do 1° grau o que realmente significará o aumento das tarifas Trump para os produtos exportados daqui pra lá.

    1. O que ele está tentando dizer é o seguinte: o comércio entre Brasil e EUA é bem mais equilibrado do que com a China, pois para os EUA as empresas brasileiras exportam em sua maioria produtos industrializados, de maior valor agregado, e também importa bem de maior valor agregado. Logo, a relação é bem mais “equilibrada”. Já com a China a relação comercial é bem mais desequilibrada, pois as empresas brasileiras exportam basicamente “commodities”, embora as exportações para a China sejam bem maiores, a relação comercial não é tão equilibrada como é com o EUA. Produtos industriais tendem a gerar melhores empregos mais qualificados, pagam impostos, além de dinamizar a economia, diferentemente dos produtos agrícolas exportados para a China, que em sua maioria degradam o meio ambiente com agrotóxicos, devastação, não geram empregos de qualidade e não pagam impostos. Com o aumento das tarifas do Trump pode ser que haja um crescimento nas exportações de bens industrializados para os EUA, uma vez que as alíquotas aplicadas aos produtos chineses são maiores que as aplicadas aos produtos brasileiros.

  2. Nassif, frente a esse quadro, qual é a resposta que dá a elite empresarial brasileira, através de sua principal entidade de representação? Peço, por favor, que comente o fato que, nesse contexto, essa elite escolheu Paulo Skaf, o industrial sem indústria, como candidato único para a eleição da FIESP, apoiado por todos os ditos grandes empresários. OS EUA são o principal mercado para a indústria brasileira. Nossa dita elite industrial não tem mais Antônio Ermírio de Morais. Tem Paulo Skaf.

  3. “As tarifas do Trump fazem tanto sentido quanto se um dono de pizzaria quisesse punir o feirante porque compra mais tomates deste do que lhe vende pizzas”. – Bernardo Guimarães

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador