Campos Neto consegue derrubar a indústria, por Luís Nassif

Níveis atuais da Selic - e de toda a estrutura de taxas de juros - continuam emperrando a economia

Roberto Campos Neto não conseguiu sustentar a especulação com o dólar. O movimento era tão desconectado da realidade que bastou um pequeno álibi – declarações de Lula sobre ajuste fiscal – para o dólar desabar, com o mercado trazendo-o para níveis mais civilizados.

Mesmo assim, os níveis atuais da Selic – e de toda a estrutura de taxas de juros – continuam emperrando a economia, permitindo apenas voos de galinha.

Os dados da Pesquisa Mensal da Indústria (PMI), do IBGE, referente ao mês de maio, mostra uma queda de 0,92% na indústria geral, uma alta de 2,6% na extrativa e queda de 2,23% na indústria de transformação, justamente aquela que impacta mais a economia.

Os setores de maior crescimento são aqueles que dependem menos de financiamento.

Já os setores que mais demandam financiamento foram os mais afetados.

Mesmo assim, em 12 meses houve alta significativa nos setores de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e de outros equipamentos de transporte, setores que alavanam novas indústrias.

Mas máquinas e equipamentos tiveram queda de 8,8%.

Todas as grandes categorias econômicas sofreram em maio.

No mês, houve alta de 39 setores e queda em 43. Mas, de janeiro a maio houve alta de 69 setores e queda de 13.

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5 Comentários

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  1. Nassif,

    Sim, Campos Neto é um funcionário da agiotagem internacional, até as pedras da Torre de Belém sabem disso.

    Como assim o foram Meirelles e tantos outros.

    Em 2003 até 2006, a taxa nominal de juros ou taxa de juros nominais, espreitou patamares de hoje, ou até mais altos, alguém diria.

    Não é economia que move a taxa, é política econômica, que se confunde com uma mistura de quiromancia, tarôt e outras advinhações.

    Depois, lançada a previsão, correm os demais agentes para que a versão prevista se comprove, aí incluídos as “agências de risco”, mídia “especializada” e outras quitandas.

    É mais ou menos como os esquemas de extorsões da máfia, e por aqui, das milícias, criam o ambiente inseguro, depois vendem “proteção” e “serviços”, que só podem operar dentro do ambiente deles (os chamados vetores macroeconômicos, leia-se, dane-se tudo em volta, paguem os juros).

    O fim da indústria se dá desde 1970/1980, eu faço isso aqui há meses.

    O PIB indústria cai severamente desde 1980, enquanto o PIB financeiro já ultrapassou o primeiro em muitas e muitas vezes.

    É um processo irreversível, e hoje as rendas da indústria estão confinadas em rincões de altíssima exploração de mão-de-obra ou em ilhas de tecnologia, cujo valor agregado é bem alto, mas a geração de empregos é bem reduzida e localizadíssima.

    Campos Netto tem culpa nesse cartório todo, mas ele tem tanta quanto Haddad ou Lula.

    Os únicos instrumentos, eu repito, os únicos instrumentos que permitem ao Estado Nacional minimizarem os efeitos dessa brutal concentração de riqueza anti-valor (juros) é tributando e revertendo tais receitas tributárias para o financiamento de arranjos econômicos locais, que podem até serem de baixa dinâmica, mas têm alto valor social agregado.

    É preciso usar o dinheiro dos juros e das empresas de tecnologia para que financiemos as medidas de proteção social, já que o desemprego é causado por estas empresas.

    Não se trata de uma lógica de socialismo utópico, tipo Proudhon, nada disso.

    É atacar o fluxo de anticapital em sua natureza intrínseca, ou seja, o movimento entre mercados assimétricos.

    Os fluxos de juros se movimentam como correntes elétricas, que têm na diferença de tensões (diferença entre mercados e países, câmbios, etc) a potência que dá movimento aos fluxos de energia, que se movem em circuitos.

    O problema é que esses “circuitos” (economia fictícia) se multiplicaram de forma exponencial, e não mais correspondem a “tensão” nominal (no caso dos mercados, a economia chamada real).

    Os tributos são os capacitores, ou desvios, que permitem acumular parte da energia gerada para outros usos, que não só os movimentos de energia (juros).

    Quando centramos a crítica apenas em Campos Netto, fazemos exatamente o que os agiotas pretendem:

    – Criar falsos antagonismos, falsas instâncias, enquanto o núcleo da política econômica (o governo) se esfacela e se omite em pautar o debate.

    Uai, o “mercado” diz o preço do dinheiro, mas o governo não pode cobrar o pedágio (imposto) pela especulação?

  2. Dizem que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Os sabotadores do braZil em proveito próprio e sua míRdia vomitam que os juros altos tem razões diversas, como “prevenção” à inflação, “perigo” de desemprego muito baixo (©Campos Neto), etc. Ora, supondo que a economia fosse “matematicamente” correlata com o monetarismo (e não com os desejos e sentimentos exacerbados entre o egoísmo, a ganância e o pânico), por que aqui os juros reais precisariam ser um múltiplo de outro países com as mesmas preocupações… némêz?
    E nós interminavelmente pagando a conta!

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